Capítulo 11

A atmosfera na sala de estar da mansão de Débora era carregada de tensão quando Eliza entrou. O semblante preocupado de Débora deixou Eliza surpresa. Ela fica surpresa de ver a reação de Débora de preocupada.

— O que está acontecendo, mãe? —, perguntou Eliza, tentando mascarar sua própria apreensão.

Débora respirou fundo, lutando para conter as lágrimas que ameaçavam transbordar: — Aí meu Deus, isso tudo está acontecendo por minha culpa —, confessou ela, com a voz embargada.

A perplexidade tomou conta de Eliza: — Agora não é hora de ficar se culpando —, retrucou, tentando manter a calma.

Débora olha nos olhos de sua filha, a angústia estampada em seu rosto: — Minha filha, eu quero que você saiba...

Eliza a interrompeu, sua determinação transparecendo em suas palavras: — Mãe, não precisa explicar nada agora. O importante é encontrarmos o Gustavo.

Débora assentiu, mas não conseguiu conter o impulso de compartilhar seus segredos: — Tenho que explicar, você precisa entender...

— Quando eu achar o Gustavo —, insistiu Eliza, firme em sua decisão —, aí sim, você pode dar sua explicação.

Débora pareceu aliviada, mas ainda preocupada: — Você tem certeza disso? —, indagou, procurando nos olhos de Eliza por qualquer sinal de hesitação.

— Sim. Absoluta —, respondeu Eliza, sua determinação inabalável.

Débora sentiu um misto de gratidão e alívio ao ouvir as palavras de sua filha: — Minha filha, eu sou sua mãe, estou aqui para o que der e vier.

— Eu sei —, disse Eliza, emocionada. — Pode acontecer muitas coisas, mas você nunca vai deixar de ser nossa mãe.

Débora envolveu Eliza em um abraço apertado, as lágrimas finalmente escapando de seus olhos. No calor desse gesto, Eliza sentiu o amor incondicional de uma mãe, e soube que, não importasse o que o futuro reservasse, elas enfrentariam juntas. Eliza olha para sua mãe com ternura, sentindo uma mistura de emoções enquanto se preparava para partir.

— Mãe, eu te amo muito. Mas agora eu preciso ir —, disse ela com um nó na garganta.

Débora segurou a mão de Eliza, implorando silenciosamente para que ela ficasse: — Fica aqui comigo? —, pediu, com os olhos marejados.

Eliza respirou fundo, lutando para conter as lágrimas: — Sinceramente não dá, eu não ia me acostumar morando nessa casona —, explicou, evitando o olhar da mãe.

Débora abaixou o olhar, compreendendo a angústia da filha: — Eu sei como é difícil para você —, murmurou, lutando para manter a voz firme.

O relógio na parede marcava o passar do tempo implacável: — Tá ficando tarde, eu tenho que ir —, disse Eliza, interrompendo o momento de despedida.

Débora assentiu, tentando esconder a tristeza que pesava em seu coração: — Ok. Mas como você sabia onde eu morava? —, perguntou, curiosa.

Eliza sorri fracamente, lembrando-se de um gesto de carinho da tia: — A tia Carol que me deu o seu endereço —, revelou, reconhecendo a ajuda da familiar.

Débora olha para Eliza com uma chama de esperança nos olhos: — Se você quiser vir morar comigo pode vir —, ofereceu, desejando profundamente reconstruir o vínculo perdido.

Eliza sentiu um aperto no peito diante da oferta da mãe: — Prometo que eu vou pensar —, respondeu, sabendo que essa decisão poderia mudar o curso de suas vidas.

Deborah sentiu seu coração transbordar de felicidade ao redescobrir sua filha que não vê há tanto tempo. Enquanto Eliza se despedia de sua mãe, ela sabia que o caminho a seguir seria cheio de escolhas difíceis e desafios inesperados.

À medida que a noite chegava ao fim, o céu escuro começava a clarear lentamente, revelando os primeiros tons de azul e rosa no horizonte distante. O ar estava impregnado com uma suave brisa noturna, enquanto as estrelas desapareciam uma a uma no firmamento. À frente da antiga pousada, a rua principal agora estava deserta, apenas algumas luzes fracas emitiam uma tênue luminosidade. O silêncio da madrugada era interrompido apenas pelo suave farfalhar das folhas ao vento e pelos distantes sons dos primeiros pássaros começando a acordar.

As mesas e cadeiras vazias no pequeno restaurante ao ar livre testemunhavam a quietude da noite que se foi, enquanto os últimos clientes se retiravam para seus quartos, deixando para trás um leve aroma de comida caseira e risadas compartilhadas. No tranquilo quarto da pousada, Eliza ouviu uma batida na porta, e para sua surpresa, lá estava Stephanie.

— Posso te ajudar em alguma coisa? —, Eliza perguntou gentilmente.

— Sim, claro que pode —, respondeu Stephanie com um tom sério.

— O que posso fazer por você? —, Eliza insistiu.

— Aquele menino que você trouxe aqui hoje, onde ele mora? —, perguntou Stephanie com urgência.

— Eu não perguntei a ele, mas parece que ele pode ser um morador de rua —, respondeu Eliza, preocupada.

— Isso mesmo, deve ser ele —, murmurou Stephanie, sua voz embargada pela emoção.

Eliza ficou confusa: — Eu não estou entendendo —, disse ela, franzindo a testa.

— Eu tenho um filho que me foi tirado, e até hoje estou à procura dele —, confessou Stephanie, com os olhos marejados de lágrimas.

— Meu Deus, deve ser ele —, exclamou Eliza, fazendo a conexão.

Stephanie implorou: — Mas por favor, não conte a ninguém sobre isso.

— Você pode confiar em mim, não direi uma palavra a ninguém —, prometeu Eliza, estendendo os braços para um abraço reconfortante.

— Você é uma verdadeira amiga —, disse Stephanie, retribuindo o abraço com gratidão.

...{...}...

O sol começava a iluminar timidamente o apartamento de Lígia e João, enquanto Daniel adentrava o local, no início da manhã. Ao entrar, deparou-se com Olívia.

— Onde é que você estava? — perguntou ela, com um misto de preocupação e reprovação.

— Eu estava na praia —, respondeu Daniel, buscando uma desculpa para sua ausência.

— Na praia? Enquanto nossa amiga está morta, você foi tomar um banho de mar? — retrucou Olívia, com um tom de incredulidade.

— Eu precisava esclarecer minha cabeça —, justificou-se Daniel, tentando explicar sua necessidade de estar naquele lugar.

— Mas por que na praia? — indagou Olívia, curiosa e preocupada com o comportamento do namorado.

— Eu não sei, apenas o som do mar me acalma —, admitiu Daniel, revelando um pouco de vulnerabilidade.

— Eu sou sua namorada. Se precisar desabafar, pode falar comigo —, ofereceu Olívia, tentando confortá-lo.

— Tá bom. Mas o que você ainda está fazendo aqui? — questionou Daniel, mudando de assunto.

— Fiquei preocupada com você, especialmente depois de como você saiu da delegacia —, explicou Olívia, demonstrando sua preocupação.

— Estou bem. Estou muito cansado, vou tomar um banho e cair na cama —, anunciou Daniel, decidido a encerrar a conversa.

Enquanto Daniel se dirigia ao banheiro, Olívia pegou sua camisa e começou a cheirá-la, percebendo um aroma diferente.

— É perfume de mulher... com quem ele estava até essa hora? — pensou Olívia, deixando a incerteza pairar no ar.

Enquantoisso, Pneu acordou cedo naquela manhã, decidido a encontrar Gustavo. Com um pedaço de papelão como sua única companhia, ele se deitou no chão da pracinha, fitando o céu em busca de respostas. A preocupação e a determinação marcavam sua expressão enquanto pensava em várias maneiras de localizar seu amigo perdido.

— Como eu vou encontrar Gustavo? —, murmurou Pneu para si mesmo, desafiando o silêncio da manhã.

Foi então que uma ideia surgiu em sua mente. Um vislumbre de esperança iluminou seus olhos cansados.

— Talvez Gustavo esteja com Cabeça e Garoto —, ponderou Pneu, sua voz carregada de expectativa. — Hoje mesmo irei até a estação de trem abandonada. Talvez eles estejam por lá.

Com a convicção de que Gustavo estaria com Cabeça e Garoto, Pneu decidiu agir sem hesitação. Assim que os primeiros raios de sol iluminassem a cidade, ele partiria em direção à estação de trem, determinado a encontrar seu amigo perdido.

Na manhã cinzenta, dentro do trem abandonado, uma pequena fogueira crepitava, lançando sombras dançantes sobre os rostos de Cabeça, Garoto e Gustavo. Os três contavam o dinheiro furtado durante o dia, uma rotina que se tornara familiar para eles. Cabeça parabenizava Garoto por seu desempenho no primeiro dia de furtos, enquanto Gustavo expressava sua incerteza sobre a moralidade de suas ações.

— Olha, relaxa —, disse Cabeça —, tentando tranquilizar Gustavo —, há pessoas com tanto dinheiro que nem vão perceber que falta algo.

— Mas roubar é errado! — insistiu Gustavo, sua voz carregada de conflito interno.

— Deixa de conversa —, interveio Garoto, oferecendo-lhe mais um baseado para acalmar os ânimos.

Enquanto Gustavo se entregava ao efeito da droga e ia dormir, Cabeça e Garoto trocavam palavras em murmúrios, preocupados com a quantidade de substância que estavam oferecendo a ele.

— Você não acha que estamos exagerando com os baseados? —, sussurrou Cabeça, inquieto.

— Não se preocupe, sei o que estou fazendo —, respondeu Garoto, sua determinação evidente em cada palavra.

Mas Cabeça ainda tinha suas dúvidas, enquanto Garoto estava decidido a seguir adiante com seu plano, determinado a manter ele sob seu controle, sem que ninguém interferisse. Naquele ambiente sombrio e impregnado de incertezas, o destino dos três jovens estava sendo traçado sob a sombra da escuridão.

Revelações matinais no silêncio da manhã ainda adormecida, um som insistente ecoa pelo apartamento de Lígia e João. É o som insistente de batidas na porta. Daniel, sonolento, levanta-se para atender, surpreso com a visita inesperada de Thiago e Pedro.

— Dani, precisamos falar com você —, anuncia Thiago, com uma seriedade que faz Daniel se sentir instantaneamente alerta.

— O que está acontecendo? E vocês está fazendo tão cedo aqui? — questiona Daniel, visivelmente preocupado com a possibilidade de acordar seus pais.

Pedro toma a palavra: — É melhor você olhar no grupo do WhatsApp. Temos algo sério para discutir.

Sem hesitar, Daniel conduz os dois para seu quarto, onde a privacidade permite uma conversa mais franca. No entanto, ao entrarem, são recebidos por uma surpresa inesperada: Olívia, está lá, visivelmente surpresa com a presença dos visitantes.

— O que está acontecendo aqui? — questiona Olívia, perplexa com a atmosfera tensa que domina o quarto.

Daniel, com mãos trêmulas, pega seu celular e abre o grupo do WhatsApp. À medida que lê a mensagem, sua expressão se transforma em choque absoluto, ecoado pelos rostos de Pedro, Thiago e Olívia.

Thiago quebra o silêncio: — Então, o que vamos fazer?

Olívia, sem entender totalmente a gravidade da situação, pergunta novamente: — O que está acontecendo, Daniel?

Com um olhar assombrado, Daniel responde: — Teremos que incendiar o velório de Gabi.

O som do coração pulsante ecoa no quarto, enquanto o impacto dessa revelação se instala nos corações e mentes de Daniel, Olívia, Pedro e Thiago, anunciando o início de uma jornada tumultuosa e cheia de consequências imprevisíveis. Um minuto de silêncio pairou no quarto, enquanto expressões assombradas se refletiam nos rostos dos presentes.

— Como assim incendiar o velório? — questionou Olívia, perplexa.

— Leia você mesma a mensagem! — insistiu Daniel.

Olívia pega o celular e abre o grupo. Ao ler a mensagem, uma onda de choque percorreu o pequeno círculo.

— Vamos brincar de remandinha mandou agora! Remandinha mandou vocês incendiarem o velório da Gabi —, lia Olívia em voz alta, com incredulidade.

— Está querendo brincar com a gente? — exclamou ela.

— Parece que sim —, murmurou Thiago.

— Mas o que vamos fazer? — indagou Pedro, buscando orientação.

— Eu não sei. Isso é desumano —, protestou Daniel.

— Mas não temos outra escolha —, rebateu Olívia.

— Não, jamais. Não podemos fazer isso —, insistiu Daniel.

— Ela já está morta mesmo —, argumentou Olívia, com frieza.

— Mas ela é nossa amiga —, ponderou Daniel.

— Concordo com Olívia. Precisamos fazer —, apoiou Thiago.

— Não! —, exclamou Pedro.

— Nós não vamos fazer isso. Ok —, declarou Daniel, firme.

Quando Daniel se dirigiu para a porta, um estrondo ecoou pelo ambiente, seguido por um grito agudo. O desespero invadiu a casa quando a mãe de Daniel, Lígia, clamava por socorro. Correndo para o quarto dos pais, Daniel se deparou com uma cena terrível: seu pai, jazia no chão, coberto de sangue. O som estridente do disparo ecoou pela casa, dilacerando a tranquilidade do dia. Daniel, atordoado, correu para o cômodo onde sua mãe estava, encontrando-a em estado de choque ao lado do corpo inerte de seu pai, João. O cheiro de pólvora pairava no ar, enquanto o mistério envolvendo o incidente se intensificava.

— O que aconteceu? —, perguntou Daniel, tentando compreender a cena diante dele.

— Eu não sei —, murmurou Lígia, sua voz trêmula de medo. — Acordei com o barulho do tiro e encontrei seu pai caído. Parece que ele levou um tiro no braço.

A confusão e o temor se misturaram no rosto de Daniel. Enquanto Lígia se preparava para levar João ao hospital, Daniel ficou sozinho no quarto, sua mente girando com perguntas sem resposta.

Enquanto isso, do lado de fora, Olivia, Pedro e Thiago, amigos da família, se juntaram à confusão. A notícia do incidente se espalhara rapidamente, deixando todos perplexos.

— O que aconteceu? —, perguntou Olivia, com os olhos arregalados de surpresa.

— Meu pai levou um tiro —, respondeu Daniel, sua voz carregada de angústia.

A tensão aumentou quando Daniel sugeriu algo inesperado: incendiar o velório de Gabi, uma ideia que deixou todos chocados e incertos do que estava por vir.

— Por quê? —, perguntou Thiago, incrédulo.

— Para evitar mais tragédias —, explicou Daniel, determinado.

Com corações pesados e mentes cheias de apreensão, o grupo seguiu em direção ao posto de gasolina. À medida que o sol se punha no horizonte, lançando tons de laranja e rosa sobre a paisagem, os amigos Pedro, Thiago, Daniel e Olívia dirigiam-se ao posto de gasolina mais próximo. O ar estava carregado de uma tensão palpável, cada um deles absorto em seus próprios pensamentos enquanto o carro avançava pela estrada deserta.

Pedro, com as mãos firmemente no volante, lançou um olhar de relance para seus amigos: — Vocês acham que estamos fazendo a coisa certa?

Tiago suspirou, passando a mão pelo cabelo: — Eu não sei, Pedro. Parece uma loucura.

Daniel permaneceu em silêncio por um momento antes de finalmente falar: — Temos que fazer isso. Não podemos ficar parados e esperar.

Olívia olhou para fora da janela, observando as árvores que passavam rapidamente: — Mas e se algo der errado? E se nos arrependermos?

Pedro apertou os lábios, uma expressão de determinação em seu rosto: — Não podemos pensar assim. Precisamos fazer o que for necessário para proteger aqueles que amamos.

A discussão continuou enquanto se aproximavam do posto de gasolina. Cada um deles carregava o peso da incerteza e da responsabilidade em seus ombros, questionando suas decisões enquanto se preparavam para o que estava por vir. Finalmente, o carro parou em frente às bombas de gasolina. Com um suspiro coletivo, os amigos saíram do veículo, prontos para enfrentar o desconhecido juntos, mesmo que cada um carregasse suas próprias dúvidas e receios.

A luz fraca do sol filtrava-se através das janelas quebradas, pintando sombras distorcidas nas paredes do velho terminal de trem abandonado. Pneu adentrou a estação com cautela, seu coração martelando dentro do peito enquanto seus olhos vasculhavam o ambiente sombrio. E lá estava ele, o Garoto, encarando-o com olhos frios, como se estivesse esperando por sua chegada.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou o Garoto, sua voz ecoando no vazio.

— Eu sei que você está com o Gustavo —, respondeu Pneu, sua determinação mascarando o medo que sentia.

O Garoto negou veementemente, mas Pneu não se deixou enganar. Ele sabia que o Garoto estava envolvido, de uma forma ou de outra.

— Olha o que você fez comigo, você não vai fazer com o Gustavo —, advertiu Pneu, sua voz tremendo de raiva contida.

O Garoto apenas sorriu, um sorriso sinistro que enviou arrepios pela espinha de Pneu. Antes que ele pudesse reagir, o Garoto já tinha um soco inglês em mãos e o empurrava contra a parede, desferindo golpes implacáveis. A dor era avassaladora, e Pneu mal conseguia manter-se consciente enquanto os punhos do Garoto caíam sobre ele. E então, tudo se tornou escuridão.

Quando Pneu recobrou os sentidos, estava caído no chão frio e úmido da estação, seu corpo latejando de dor. O Garoto já havia desaparecido dentro do trem, deixando-o ali para se recuperar sozinho. Enquanto isso, dentro do vagão, o Garoto despertava Cabeça e Gustavo com a mesma brutalidade com que havia atacado Pneu. O trabalho sujo nunca tinha hora marcada. Eles saíram da estação, mergulhando novamente na escuridão da vida, prontos para mais um roubo.

Na penumbra crepuscular da antiga Capela, os últimos raios de sol lutavam para penetrar através dos vitrais empoeirados, lançando sombras sinistras sobre o lugar desolado. Ali, no velório de Gabi, os amigos se reuniram com um propósito sombrio e pesado no coração. Daniel, Olívia, Thiago e Pedro chegaram em meio ao silêncio opressivo, seus passos ressoando como sussurros fantasmagóricos na vastidão vazia do recinto sagrado. A decisão que tomaram pesava sobre eles como uma âncora de desespero, arrastando-os para as profundezas da escuridão.

— Vamos realmente fazer isso? — a voz de Thiago tremia no ar, sua expressão dilacerada pela incerteza.

— Não temos escolha —, a resposta de Olívia era dura, seus olhos refletindo a determinação de uma alma perdida.

Pedro, a angústia estampada em seus traços, murmurou quase para si mesmo: — Ela sempre foi nossa amiga desde a infância... como chegamos a isso?

Daniel, com mãos trêmulas, derramou o líquido inflamável em cada canto sombrio da Capela, os vapores tóxicos envolvendo o ar com um aroma pungente de desespero. O isqueiro parecia uma tocha de condenação em sua mão trêmula, seu brilho vacilante refletindo o medo que se espalhava como uma praga entre eles.

— Acenda isso logo, antes que alguém chegue —, a urgência na voz de Olívia era palpável, sua impaciência cortante como uma lâmina afiada.

Mas Daniel recuou, suas mãos trêmulas incapazes de dar o passo final rumo ao abismo. O silêncio pesado pairava sobre eles, interrompido apenas pelo som sinistro do isqueiro escapando de sua aderência e caindo no chão de pedra, um eco macabro da decisão que se desenrolava diante deles.

— Eu não posso... eu não consigo... — a confissão de Daniel foi um sussurro carregado de desespero, suas palavras ecoando como um lamento fúnebre na Capela silenciosa.

O desespero crescia entre o grupo, cada um consumido por seus próprios demônios internos, cada respiração uma luta contra o inevitável. Pedro tentou intervir, suas palavras soando como um eco distante em meio ao caos crescente.

— Por favor, vamos... vamos parar com isso —, sua voz era um apelo desesperado, uma tentativa frágil de deter o imparável.

Mas Olívia, com olhos desvairados e determinação feroz, pega o isqueiro e o acendeu, lançando as chamas para o caixão onde repousava Gabi. O fogo irrompeu em vida própria, uma tempestade de chamas vorazes consumindo tudo em seu caminho, devorando memórias e amizades em seu rastro ardente.

— Vamos sair daqui, antes que seja tarde demais —, o grito de Thiago cortou o ar como um chicote, sua voz tingida de pânico e desespero.

Daniel olhou para Olívia com olhos arregalados, a incredulidade se misturando com horror em seu semblante contorcido: — O que você fez, Olívia? Meu Deus...

— Era... era preciso —, a resposta dela foi um sussurro rouco, sua voz afogada pela culpa e pelo desespero que se agitava em seu peito.

Enquanto a Capela antiga era engolida pelas chamas vorazes, os amigos se afastaram, testemunhando o resultado de suas escolhas irreversíveis. O som do fogo crepitante ecoava em seus ouvidos como um coro de condenação, acompanhado pelo ritmo acelerado de seus corações, marcando o início de uma jornada permeada pela sombra da culpa e do arrependimento eterno.

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Comments

jane

jane

tô achando que o renner não está morto ou ele tem um irmão ou namorado alguém que está se vingando

2024-04-30

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