Capítulo 15

A noite envolvia a Delegacia Geral de Polícia com um manto sombrio enquanto Mateus aguardava ansiosamente a chegada de João. O som de uma batida na porta anunciou a chegada esperada, e uma policial entrou na sala.

— Ei, a visita que você estava tão aguardando acabou de chegar —, ela disse.

— Pode mandar entrar —, respondeu Mateus.

João entrou na sala e se sentou, enquanto Mateus o observava atentamente.

— Você ligou para mim e disse que queria falar comigo —, disse João.

— Sim, eu tenho um assunto muito sério para discutir com você —, respondeu Mateus.

— Já estou aqui, pode falar —, disse João, impaciente.

Mateus entregou a João uma pasta, e ao abri-la, João viu as últimas informações sobre o piloto do helicóptero.

— Como você pode ver, está tudo aqui —, disse Mateus.

— Mas o que isso significa? — perguntou João, confuso.

— Antes de morrer, o piloto me disse que fez uma viagem para os Estados Unidos com o Renner —, explicou Mateus.

— Mas eu não estou entendendo. Onde você está querendo chegar? — indagou João.

— Tudo bem. As últimas pessoas que viram o Renner com vida foram Olívia, Thiago e Pedro. Agora Gabi está morta —, continuou Mateus.

— Sim, mas o que você está querendo dizer com isso? — questionou João, preocupado.

— Eu estou querendo dizer que seu filho agora é suspeito —, afirmou Mateus.

João se levantou da cadeira, encarando Mateus intensamente.

— Você está insinuando que meu filho assassinou o Renner? — acusou João.

Mateus olhou para João e começou a sorrir, desvendando um mistério ainda mais profundo por trás das sombras da noite na delegacia.

A cidade com um véu sombrio, envolvendo o apartamento em um silêncio quase tangível. Na penumbra do quarto de Daniel, a tensão flutuava no ar como uma névoa espessa, carregada de expectativa e segredos ocultos. Olívia, com movimentos meticulosos e silenciosos, retirou uma faca afiada de sua bolsa, cujo brilho prateado reluzia à luz fraca do abajur. Seus olhos faiscavam com determinação enquanto ela se aproximava furtivamente de Daniel, cujo sono tranquilo parecia inconsciente do perigo iminente. Entretanto, antes que Olívia pudesse desferir qualquer golpe, o destino lançou sua intervenção na forma de Pedro, que adentrou o quarto alheio à cena crítica que se desenrolava. Com reflexos ágeis, Olívia ocultou a arma, seu rosto impassível escondendo os turbilhões de emoção dentro dela.

— Daniel, você nos chamou aqui? — A voz de Pedro ecoou pelo quarto, quebrando o silêncio opressivo.

Surpreendido ao ver Olívia ali, Daniel virou-se na cama, mas ela foi rápida em esconder a faca de seu olhar curioso.

— Olívia, quanto tempo você está aqui? — Daniel questionou, uma sombra de desconfiança pairando em seu tom de voz.

— Apenas cheguei. O que precisava nos dizer? — Olívia respondeu com calma, embora sua mente estivesse em turbulência.

— É urgente!" Daniel exclamou, levantando-se da cama com uma determinação séria.

Pedro aproximou-se, seu olhar carregado de antecipação: — Estamos aguardando Thiago ainda —, observou ele, como se estivesse esperando por uma revelação iminente.

— Vamos esperá-lo então —, concordou Daniel, sua mente claramente pesada com o peso dos segredos não revelados.

— É algo grave? — Pedro indagou, uma expressão preocupada marcando sua testa.

Daniel assentiu com um olhar sombrio: — Sim, é melhor estarmos todos juntos.

Enquanto a conversa se desenrolava, Olívia discretamente escondeu a faca debaixo da cama de Daniel, e ele guardou uma máscara misteriosa em uma gaveta. Os segredos da noite permaneciam ocultos, mas uma coisa era certa: a verdade estava prestes a emergir, trazendo consigo mistérios e tensões ainda mais profundas.

A luz fraca da lâmpada da sala de interrogatório da Delegacia Geral de Polícia lançava sombras longas e distorcidas nas paredes descascadas. Mateus, um detetive com anos de experiência marcados em seu rosto, mantinha seu olhar fixo em João, que estava sentado à sua frente. O silêncio entre eles era carregado, cada segundo esticando-se como uma corda prestes a arrebentar.

— Eu não estou acusando você de nada —, disse Mateus, sua voz baixa e controlada, mas com uma borda afiada que não podia ser ignorada.

— Mas é como se você estivesse jogando na minha cara, dizendo que meu filho é um assassino! — João retrucou, sua voz elevando-se em desafio, as palavras carregadas de um misto de indignação e medo.

— Investigar é o que faço. Não levo para o pessoal —, Mateus respondeu, sua postura rígida e olhos inquisitivos não deixando espaço para dúvidas.

— Você está dando murro em ponta de faca, Mateus — João exclamou, levantando-se abruptamente, a cadeira rangendo sob o movimento súbito.

— Porque, você sabe de alguma coisa que deveria me contar? — Mateus perguntou, inclinando-se para frente, sua expressão intensa e calculista.

— Eu sei que meu filho não é um assassino. Eu conheço ele — João afirmou, batendo a mão na mesa para enfatizar seu ponto.

— Espero que ele e os amigos dele sejam inocentes. Por todos nós —, Mateus disse, sua voz suavizando um pouco, revelando uma centelha de empatia por trás da fachada do detetive.

João caminhou até a porta, sua figura imponente projetando uma sombra que engolia a luz ao redor.

— Essa conversa termina agora —, João declarou, antes de sair da sala, deixando um rastro de tensão no ar.

Mateus fica sozinho, o silêncio retornando como um velho amigo. Ele pegou a foto de Renner, estudando cada detalhe como se pudesse desvendar os segredos escondidos dentro dela.

— Nesta família existe um segredo... E eu vou descobrir o que é —, ele murmurou, mais para si mesmo do que para qualquer outra pessoa, a determinação ardendo em seus olhos como uma chama inextinguível.

{...}

O sol, um grande esfera de fogo, começava a ceder seu domínio ao crepúsculo, tingindo o céu com uma mistura magnífica de tons de laranja, vermelho e rosa. Nesse espetáculo da natureza, Gustavo caminha sem rumo, seus passos ecoando na quietude do entardecer. Seu coração pesava, carregado de pensamentos sobre o trágico destino de Cabeça. Cada passo parecia afundá-lo ainda mais na sombra de sua própria culpa.

Os passos desgastados de Gustavo o conduziram a uma pracinha deserta, onde a poeira da estrada de terra dançava suavemente sob a brisa vespertina. O silêncio ali era quase tangível, envolvendo-o como um manto sombrio. Exausto, ele se deixou cair no chão, a poeira se levantando em redor dele, como se até mesmo a terra compartilhasse de seu peso.

Olhando para suas mãos trêmulas, Gustavo murmurou para si mesmo: — A culpa foi minha, eu matei uma pessoa. — As palavras saíram como um lamento abafado, carregadas de dor e remorso, ecoando pela pracinha deserta. Ele estava tão imerso em sua própria tormenta que mal percebeu o som distante de uma viatura se aproximando.

Quando o carro finalmente parou ao seu lado, Gustavo ergueu a cabeça lentamente, seus olhos encontrando os do policial. O oficial, uma figura imponente de meia-idade com um olhar cansado, observava-o com uma mistura de preocupação e curiosidade.

— Algum problema, rapaz? — sua voz cortou o silêncio como uma lâmina afiada.

Gustavo, com a voz embargada pela emoção, confessou: — Eu quero me entregar.

— E por que você quer se entregar? — perguntou o policial, sua expressão agora séria, um véu de desconfiança pairando sobre ele.

— Eu matei uma pessoa —, Gustavo admitiu, sentindo como se cada palavra fosse um fardo a mais sobre seus ombros já sobrecarregados.

O policial avaliou Gustavo por um momento antes de finalmente dizer: — Muito bem, rapaz. Entra aí. Vamos dar uma volta.

Gustavo entrou na viatura, seu movimento mecânico, como se estivesse em transe. A viatura começou a se mover, afastando-se da pracinha e adentrando uma estrada de terra sinuosa que se estendia pela paisagem rural. O caminho parecia interminável, os segundos se arrastando como se o próprio tempo estivesse em conluio com seu tormento.

Subitamente, o policial parou o carro, e Gustavo, ainda de cabeça baixa, ouviu um grito abafado. Seus olhos se arregalaram de terror quando ele olha pela janela e testemunhou o horror diante dele. O policial jazia no chão, sua garganta cruelmente cortada, um halo de sangue formando-se ao seu redor. E então, como um pesadelo ganhando vida, Garoto entrou no carro.

— Está surpreso em me ver? — Garoto perguntou, sua voz uma melodia sinistra que ecoava na mente de Gustavo.

— Você matou esse policial? — Gustavo conseguiu articular, sua voz mal mais que um sussurro trêmulo.

— Sim, e agora é a sua vez —, o Garoto proclamou, um sorriso cruel brincando em seus lábios, seus olhos refletindo a escuridão da alma.

Gustavo fica paralisado, seu corpo tenso de terror, enquanto a realidade ao seu redor parecia desmoronar em uma cascata de desespero. Sabia, com uma certeza sombria, que não havia palavras que pudessem salvar sua alma da escuridão que se aproximava.

A Delegacia Geral de Polícia estava mergulhada na rotina frenética típica de uma manhã movimentada. O som constante de telefones tocando, conversas abafadas e o eco ocasional de portas batendo preenchiam o ar tenso. Na sala de Mateus, a atmosfera era um pouco mais calma, mas não menos carregada de expectativa. Mateus estava inclinado sobre sua mesa, examinando um relatório recente, quando a porta se abriu com um rangido suave. Lígia adentrou, sua expressão preocupada contrastando com o ambiente agitado ao redor.

— Eu preciso muito falar com você — Lígia anunciou, sua voz cortando o zumbido constante da delegacia.

Mateus ergueu os olhos, surpreso com a presença inesperada: — Eu estou surpreso. Não esperava ver a senhora aqui tão cedo!

Lígia avançou com determinação, seus passos ecoando pelo chão de linóleo da delegacia: — Mas é urgente. Por isso que eu estou aqui!

Os olhos de Mateus se estreitaram em preocupação: — Então, o que eu posso fazer por você?

Lígia respirou fundo, reunindo sua coragem: — Tem alguma coisa acontecendo com meu filho, e eu quero descobrir o que é.

Um sorriso enigmático brincou nos lábios de Mateus, seus olhos perscrutando os dela com uma intensidade penetrante: — Eu vou ajudar você a descobrir o que está acontecendo com seu filho.

Lígia sentiu um misto de alívio e gratidão inundando seu ser. Ela se aproximou de Mateus, seus corações batendo em uníssono naquele momento de entendimento mútuo. Os dois se abraçaram, encontrando consolo um no outro em meio à turbulência que os aguardava. O silêncio da sala foi quebrado apenas pelo som distante da delegacia em pleno funcionamento, enquanto Mateus e Lígia se preparavam para mergulhar de cabeça no mistério que os aguardava, determinados a descobrir a verdade, custe o que custar.

O sol estava prestes a se despedir do céu, tingindo as nuvens com tons de laranja e rosa, enquanto Eliza percorria a praia com sua cesta de empadas caseiras. O aroma tentador das iguarias flutuava no ar, misturando-se com a brisa marinha que acariciava a costa.

— Olha a empada da Eliza! Tem de camarão, tem de frango e muito mais —, ela anunciava, sua voz animada competindo com o som suave das ondas.

Após algumas vendas bem-sucedidas, seus olhos encontraram um rosto familiar entre os banhistas: Pneu. Um sorriso iluminou o rosto dela quando se aproximou dele, oferecendo-lhe uma empada como cortesia.

— Tá afim de uma empada de graça? —, provocou Eliza, os olhos brilhando com uma pitada de malícia.

Pneu reconheceu-a de imediato: — Olha é você.

— Então, vai aceitar a empada? —, insistiu ela, com um sorriso travesso nos lábios.

— Sim, eu quero uma, por favor —, respondeu ele, aceitando o gesto gentil.

Sentando-se juntos na areia macia, Eliza observou com prazer enquanto Pneu saboreava a empada, seus dedos habilidosos desfazendo a massa delicada.

— Nossa, tá muito bom. Parabéns —, elogiou ele, com um brilho de apreciação nos olhos.

A gratidão brilhou nos olhos de Eliza: — Obrigada! —, ela respondeu, sentindo-se orgulhosa de seu talento culinário reconhecido.

Num momento de intimidade, Pneu quebrou o silêncio que pairava sobre eles: — Então, já conseguiu achar o seu irmão?

— Ainda não, mas estou procurando. Mas eu achei outra coisa —, revelou Eliza, com um brilho de expectativa nos olhos, antecipando a reação dele.

— O que foi que você achou? —, perguntou ele, curioso, inclinando-se ligeiramente para ela.

— Sua mãe —, anunciou ela, com um sorriso caloroso.

Emocionado, Pneu envolveu Eliza em um abraço apertado, sentindo um misto de gratidão e esperança invadir seu coração. No crepúsculo sereno, seus destinos se entrelaçaram mais uma vez, unidos pela magia da amizade e pela promessa de um futuro cheio de possibilidades.

A atmosfera no apartamento estava impregnada de tensão naquela tarde ensolarada. Enquanto o sol lançava sombras angustiantes pelas cortinas entreabertas, os habitantes se encontravam reunidos no quarto de Daniel, envoltos por um véu de mistério. O som da porta se abrindo abruptamente anunciou a chegada de Thiago, cuja expressão ansiosa denunciava a urgência de sua visita.

— Cheguei o mais rápido possível —, anunciou Thiago, sua voz carregada de preocupação.

Todos os olhares convergiram para a máscara de LED que Daniel depositara sobre a cama, emanando uma aura sinistra à sua volta.

— O que diabos é isso? — murmurou Pedro, incapaz de desviar o olhar da máscara enigmática.

— Eu fui atacado por alguém usando exatamente essa máscara —, confessou Daniel sombriamente, seus olhos refletindo a lembrança do terror que havia vivenciado.

— Onde você conseguiu essa máscara? — perguntou Olívia, seu tom de voz carregado de apreensão.

— Minha mãe disse que era dela —, respondeu Daniel, mas sua resposta apenas adicionou uma camada a mais de mistério ao enigma.

— Isso é loucura —, murmurou Thiago, sua mente incapaz de compreender a gravidade da situação.

— Não importa agora. Precisamos ficar juntos —, declarou Daniel, sua determinação ecoando no quarto, embora o propósito por trás de suas palavras permanecesse obscuro.

— Por que? Qual é o seu plano? — questionou Thiago, a necessidade de respostas pairando no ar como um véu de neblina sobre um pântano enevoado.

Enquanto a discussão se desenrolava, o silêncio foi interrompido pelo toque estridente do celular de Pedro. Uma voz grave e desconhecida sussurrou do outro lado da linha, suas palavras como garras afiadas rasgando o ar.

— Olá, Pedro. Vamos brincar de um jogo perigoso. Eu começo. Remandinha mandou você envenenar Thiago. Se falhar, a morte será o seu destino. Guarde segredo.

Pedro sentiu o frio da morte percorrer sua espinha enquanto a ligação terminava abruptamente. Seus pensamentos se transformaram em um turbilhão de medo e incerteza, pois ele sabia que o destino estava prestes a lançar sua sombra sobre eles, e as consequências seriam terríveis.

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