Capítulo 19

Na meia-noite e o vento selvagem sibilava sobre o penhasco isolado, onde o destino de Débora estava pendurado por um fio frágil. A lua lançava seus raios prateados sobre a cena carregada de tensão: ela, paralisada pelo medo, segurando com firmeza uma mala branca; ele, o Garoto, com uma pistola sinistra apontada diretamente para ela, uma sombra ameaçadora na escuridão.

— Então, dona, onde está o ouro? — a voz rouca do Garoto ecoava pelo ar noturno, impregnada de ameaça e desejo.

Débora, com os olhos fixos na arma reluzente, respondeu com uma calma forçada, tentando esconder o tremor em sua voz: — Primeiro, eu quero ver meu filho.

— Você só vai ver o seu filho quando me entregar o ouro —, retrucou ele, impaciente, seu tom carregado de impaciência e perigo iminente.

Com um suspiro resignado, Débora concordou. Ela abaixou a mala com cuidado, o coração martelando em seu peito, e a abriu lentamente. A luz pálida da lua banhou o interior da mala, revelando seu precioso conteúdo: barras reluzentes de ouro, uma visão que fez os olhos do Garoto brilharem com ganância e admiração: — Isso é a coisa mais linda que eu já vi.

Ele se inclinou para frente, a mão estendida para tocar o tesouro cobiçado, mas Débora foi mais rápida. Com um movimento ágil, ela fechou a mala com um estalo decisivo e exigiu —, onde está Gustavo? — sua voz ecoando com determinação.

O Garoto, pego de surpresa por sua repentina mudança de tática, entregou-lhe uma chave com relutância: — Seu filho está na mala do carro. Vá buscá-lo.

Débora caminhou com passos hesitantes até o veículo, seus passos ecoando no silêncio da noite. Com mãos trêmulas, ela abriu a mala e lá estava Gustavo, seu rosto pálido e assustado iluminado pela fraca luz da lua: — Mãe, é você? — Sua voz era um sussurro de esperança, cortado pela ansiedade.

— Sim, meu filho, sou eu. — As palavras mal tinham deixado seus lábios quando o Garoto a empurrou para dentro da mala, junto com Gustavo, e a fechou com um estrondo.

Débora gritou desesperadamente de dentro da escuridão claustrofóbica, implorando por misericórdia: — Tire-nos daqui! Você já conseguiu o que queria!

Mas o Garoto estava ocupado demais com seus próprios planos sinistros. Enquanto ele preparava o carro para a explosão iminente, uma figura apareceu das sombras, interrompendo seus intentos malignos. Era Pneu, determinado a impedir o caos iminente: — A festa vai ficar ainda mais animada quando você estiver atrás das grades!

Garoto riu, desafiando o destino que se aproximava rapidamente: — Então, é você que vai me prender?

— Não eu, mas eles. — Pneu apontou para os carros da polícia que se aproximavam rapidamente, com Eliza entre os oficiais, determinada a fazer justiça prevalecer.

— Ninguém vai me pegar! — Garoto acendeu o fósforo, mas antes que pudesse causar mais danos, Eliza abriu a mala do carro e libertou Débora e Gustavo, salvando-os do destino terrível que os aguardava.

O veículo explodiu em uma chuva de chamas e destroços, consumido pelo fogo da destruição. Garoto, atingido pela explosão, caiu do penhasco, sua queda marcando o fim de sua reinado de terror.

Eliza correu para abraçar Débora e Gustavo, lágrimas de alívio escorrendo por suas bochechas: — Meu irmão, que saudade!

Gustavo, com os olhos úmidos de gratidão, abraçou Pneu com força: — "Você é um verdadeiro amigo.

— Sempre estarei aqui por vocês —, respondeu Pneu, com um sorriso reconfortante.

Eles se afastaram do penhasco, deixando para trás a escuridão da noite e as chamas do passado, caminhando em direção à mansão e a um novo amanhecer, onde a esperança brilhava como uma luz no horizonte.

Após um almoço demorado, João retornou ao apartamento, sentindo um misto de apreensão e determinação enquanto se dirigia ao quarto de Daniel. Ao abrir a porta, ele se deparou novamente com Olívia, cuja presença sempre trouxera uma aura de conforto e familiaridade.

Com um nó na garganta, João reuniu coragem e desabafou com ela: — Olívia, por mim, está tudo bem você ter um filho com o Daniel.

Olívia, surpresa com as palavras de João, sentiu um misto de emoções transbordar dentro dela. Seus olhos encontraram os dele, percebendo a sinceridade por trás daquele gesto inesperado. Um sorriso tímido brotou em seus lábios, enquanto um peso parecia ser retirado de seus ombros.

Sem hesitar, ela se aproximou e o abraçou, agradecida pela compreensão e apoio inesperados que encontrara em João. A troca de calor humano entre os dois era uma expressão de gratidão e vínculo, transcendendo as palavras. João, por sua vez, sentiu um alívio profundo ao compartilhar sua verdade com Olívia. Ele compreendeu que, apesar das complexidades da situação, a felicidade e o bem-estar de seus amigos eram prioridades absolutas. O momento culminou com um beijo suave entre João e Olívia, selando um novo entendimento e fortalecendo os laços que os uniam nesta jornada inesperada de revelações e aceitação mútua.

Olívia olha nos olhos de João, deixando as palavras fluírem com uma sinceridade inabalável: — João, na moral, prefiro ser sua amante e que o filho seja seu. Eu prefiro continuar assim.

João fica momentaneamente surpreso com a revelação, mas logo um sorriso curioso se formou em seus lábios. A ideia, embora inesperada, pareceu-lhe atraente. Era como se uma nova possibilidade se abrisse diante dele, repleta de emoção e desejo.

Sem hesitar, ele concordou com um aceno suave, sentindo uma onda de excitação percorrer seu corpo. Juntos, eles caíram na cama novamente, envoltos em beijos apaixonados e carícias ardentes. Naquele momento de entrega mútua, João e Olívia mergulharam em um mundo de desejo e cumplicidade, explorando os limites de sua conexão intensa e proibida.

A pousada estava imersa em um silêncio profundo, apenas interrompido pelos passos incansáveis de Stephanie, ecoando no quarto à meia-noite. Cada passo era um eco de sua angústia, uma dança frenética de preocupação pela ausência de Pneu, seu filho amado.

— Onde estará meu filho? — A voz trêmula de Stephanie preenchia o modesto espaço do quarto, carregada de uma angústia palpável.

Sem encontrar consolo na quietude da noite, Stephanie se via presa em um ciclo de incerteza e desespero. Seu corpo tremia imperceptivelmente enquanto ela caminhava de um lado para o outro, incapaz de encontrar repouso. Seus olhos, repletos de temor, buscavam incessantemente pela janela, esperando avistar o retorno de Pneu a qualquer momento.

Em um gesto de busca por conforto, Stephanie abriu a gaveta e retirou uma vela. Com mãos trêmulas, acendeu-a diante de uma pequena imagem de Nossa Senhora, a chama vacilante espelhando o ritmo acelerado de seu coração.

— Minha Nossa Senhora, guie meu filho de volta para casa, seguro e são —, sussurrou Stephanie em uma prece entrecortada pela emoção, implorando por um raio de esperança em meio à escuridão.

De joelhos, Stephanie se entregou à oração, suas palavras silenciosas elevando-se ao céu como um pedido desesperado por misericórdia. A luz da vela brilhava como um farol de esperança na penumbra da noite, enquanto Stephanie permanecia ali, uma mãe vigilante, até que os primeiros raios da aurora rompessem a escuridão da madrugada.

Com a noite sombria encobrindo a cidade, o apartamento de Lígia e João se transformou em um cenário de segredos obscuros e traições ardentes. No quarto de Daniel, a cena proibida desenrolava-se como um enredo trágico, com a nudez de Olívia e os beijos furtivos de João como personagens principais de um ato impetuoso, ignorando completamente as consequências.

O retorno inesperado de Lígia foi como uma tempestade anunciada por um silêncio pesado, ecoando pelos corredores escuros do apartamento. Seu instinto a conduziu até o quarto do filho, onde gemidos traidores ecoavam como o presságio de uma tragédia iminente. Ao abrir a porta, o golpe cruel da traição trespassou seu coração, transformando sua serenidade em uma tempestade de emoções incontroláveis.

— Mas o que é isso? — Sua voz, carregada de incredulidade, cortou o ar como um chicote.

João, surpreso e culpado, tentou articular desculpas, mas diante da fúria justa de Lígia, suas palavras se perderam na voragem da traição. As mãos que antes acariciavam com ternura tornaram-se instrumentos da ira, punindo Olívia pela sua infidelidade com golpes carregados de amargura e desespero.

— Sua desgraçada, sua piranha! — Cada palavra era um raio que cortava a escuridão, acompanhada pelo som dos golpes que puniam a traição.

Enquanto Olívia se debatia entre súplicas e acusações, tentando se defender do furacão de indignação que era Lígia, esta última se entregava à fúria como uma tempestade descontrolada. Cada golpe era uma manifestação da sua dor e da sua ira, ecoando pela sala como um trovão em meio à noite.

— Você não merece piedade! — Lígia vociferava, seus olhos faiscando de raiva e desespero.

João tentava interceder, mas encontrava apenas o vazio gelado do desprezo e da repulsa. O amor que um dia Lígia sentira por ele jazia agora morto e enterrado sob as ruínas do lar que construíram juntos.

Foi então que Daniel, testemunhando a cena como um espectador atônito, irrompeu no cenário caótico, contemplando a traição de seu pai como se estivesse diante de uma tragédia grega. A ordem de expulsão foi proferida, e João e Olívia partiram na escuridão da noite, levando consigo a desolação de um lar despedaçado.

Lígia, exaurida pela batalha emocional, retirou-se para o refúgio solitário de seu quarto, enquanto Daniel, enclausurado em seus próprios pensamentos, tentava decifrar a magnitude da traição que dilacerara a sagrada união entre seu pai e sua mãe.

— Eu não posso acreditar que meu pai traiu minha mãe com Olívia. — Sua voz ecoava no silêncio, carregada de descrença e desespero diante do abismo que se abrira sob seus pés.

...{...}...

Com o sol se erguendo majestosamente no horizonte, seus raios dourados penetravam pelas janelas da mansão de Débora, pintando os móveis e as paredes com tons de calor e esperança. Na sala de estar, um cenário de tranquilidade se desenrolava enquanto Débora desfrutava de um momento de paz na companhia de Gustavo e Pneu, seu fiel companheiro de quatro patas. No entanto, a calmaria foi interrompida pela entrada súbita de Eliza, seguida por Stephanie, cuja presença trouxe consigo uma atmosfera carregada de emoções contidas e expectativas silenciosas. Pneu, ao avistar sua mãe, não conteve a emoção e correu para seus braços, expressando alívio misturado com uma pitada de reprovação.

— Nunca mais faça isso. Você quase me matou do coração! — repreendeu Stephanie, embora o alívio em sua voz fosse inegável.

— Me desculpa, Mãe, mas eu precisava salvar meu amigo! — respondeu Pneu, seus olhos transmitindo a sinceridade de suas palavras.

Com a tensão amenizada, Stephanie reconheceu a coragem de seu filho com um sorriso amoroso: — Eliza já me contou tudo. Estou orgulhosa de você; você é muito corajoso.

Após as apresentações formais, Stephanie anunciou sua partida, deixando Débora, Eliza e Gustavo com a ansiedade do que estava por vir. Com despedidas trocadas e promessas de um reencontro, Stephanie e Pneu deixaram a mansão, deixando os três restantes para enfrentar as revelações iminentes. Débora, com a voz carregada de anos de segredos guardados, convidou Eliza e Gustavo a se acomodarem, preparando-se para abrir seu coração e compartilhar os eventos que haviam levado ao seu afastamento.

— Então, mãe, o que você quer falar conosco? — perguntou Eliza, a curiosidade e o medo misturados em seus olhos.

Débora respirou fundo, reunindo coragem para desvendar os mistérios do passado que haviam moldado seus destinos.

— Eu vou contar para vocês dois o motivo de eu ter abandonado vocês —, anunciou, enquanto Eliza e Gustavo se entreolhavam, mãos entrelaçadas, conscientes de que as próximas palavras mudariam suas vidas para sempre.

À medida que o sol despontava no horizonte, pintando o céu com tons dourados, Stephanie e Pneu se encontravam diante da pousada, imersos em um momento de despedida carregado de emoções. O calor matinal envolvia-os, enquanto os primeiros raios de luz acariciavam seus rostos.

— Mãe, posso ficar aqui na frente jogando bola? — Pneu perguntou, seus olhos brilhando com a ingenuidade típica da juventude.

Stephanie sorriu, embora uma sombra de preocupação dançasse em seus olhos: — Claro, querido. Fique aqui na frente. Se precisar de algo, estarei lá dentro —, ela respondeu, tentando transmitir tranquilidade, embora seu coração se apertasse com a ansiedade.

Pneu, completamente alheio ao turbilhão de preocupações que assolava sua mãe, começou a brincar com a bola, cada chute ecoando como uma explosão de pura alegria. No entanto, do outro lado da rua, oculto pelas sombras do amanhecer, estava o Garoto. Seus olhos faiscavam com uma mistura tóxica de raiva e ressentimento, enquanto observava Pneu com uma intensidade perturbadora. As marcas de seus ferimentos recentes em seu rosto pálido eram testemunhas silenciosas de sua amargura.

— Olha só quem tem uma mãe para cuidar dele. Pneu, você vai se arrepender de ter cruzado o meu caminho. — A voz do Garoto era um sussurro ameaçador, carregado de uma promessa sinistra que pairava como uma nuvem negra sobre o cenário sereno do amanhecer.

Enquanto Pneu continuava suas brincadeiras inocentes, a figura sombria do Garoto gradualmente se desvanecia nas sombras da manhã, mas sua ameaça persistia, lançando uma sombra inquietante sobre o novo dia que começava a desabrochar.

Com a alvorada ainda tímida, mal iluminando o céu, Lígia já estava acordada, inquieta, organizando meticulosamente a mala de João. O silêncio da manhã foi bruscamente interrompido pelo som estridente da campainha. Ao abrir a porta, ela se deparou com Mateus, o policial, cuja presença matutina fez seu coração afundar em um poço de apreensão.

— Policial, o que o traz aqui tão cedo? — Lígia perguntou, a surpresa se misturando com uma angústia crescente em sua voz.

— Desculpe o incômodo, mas preciso falar com você. É uma questão urgente —, respondeu Mateus, sua expressão séria como uma nuvem pesada anunciando uma tempestade iminente.

Convidando-o a entrar, Lígia sentiu um frio na espinha enquanto se sentavam, a tensão se instalando no ar, palpável e sufocante: — Então, qual é o assunto tão urgente? — ela indagou, tentando em vão disfarçar a tremulação em sua voz.

— É sobre seu marido... e também sobre sua filha —, Mateus revelou, fazendo o coração de Lígia saltar para a garganta.

A menção de sua filha fez Lígia se apegar desesperadamente à esperança, mas o que Mateus entregou não trouxe conforto, apenas uma carta que carregava palavras capazes de despedaçar sua alma. Reconhecendo de imediato a caligrafia de sua filha, Lígia começou a ler, suas mãos tremendo descontroladamente. As palavras escritas naquela folha de papel a atingiram como uma lâmina afiada, cortando fundo em sua essência, deixando-a transpassada pela dor e pelo desespero.

— Não pode ser. Isso não é verdade! — ela exclamou, a negação e a dor se entrelaçando em um lamento angustiante.

Com a carta ainda entre os dedos trêmulos, Lígia sucumbiu ao peso do sofrimento, cada lágrima que escorria por seu rosto uma expressão palpável da agonia que inundava sua alma, afogando-a em um mar de tristeza sem fim.

Enquanto isso, Pedro caminhava pelos corredores do hospital com um sorriso radiante estampado em seu rosto, segurando delicadamente um buquê de rosas brancas. Seu coração transbordava de alegria e expectativa para ver seu amado Thiago. As flores representavam seu amor e desejo de compartilhar momentos felizes ao lado dele. Ao chegar ao quarto de Thiago, Pedro sentiu seu peito apertar com uma sensação estranha de inquietação. Ele abriu a porta com cuidado, esperando ser recebido com o sorriso caloroso de Thiago, mas o que encontrou o deixou petrificado.

Thiago estava deitado na cama, imóvel e pálido, cercado pelo silêncio que só a morte traz. Seu corpo estava marcado por feridas cruéis, cada uma um golpe profundo em seu coração e na alma de Pedro. As rosas que ele segurava caíram de suas mãos, espalhando-se pelo chão em um gesto simbólico de perda e desespero. O mundo dele desabou naquele momento, suas esperanças e sonhos diluídos em lágrimas que escorriam por seu rosto.

Ele se aproximou do corpo de Thiago, sentindo-se incapaz de compreender como algo tão terrível poderia acontecer com alguém tão querido. Pedro se ajoelhava ao lado da cama, abraçando o corpo frio de Thiago, jurava vingança em nome do amor que compartilhavam. A busca pela verdade e justiça se tornou sua única missão, enquanto a lembrança das rosas brancas agora estava envolta em uma aura sombria de tristeza e perda.

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