Capítulo 4

A atmosfera pesada pairava na elegante sala de estar da mansão de Fernando. O homem de negócios, com o semblante tenso, confrontava Olívia, uma mulher determinada.

— Você tem certeza? —, indagou Fernando, sua voz carregada de preocupação.

Olívia, sem hesitar, respondeu com convicção: — Sim, absoluta!.

A cena tensa prosseguiu, revelando acusações sérias e uma mentira intricada. Fernando confrontou Olívia sobre a última pessoa a ver seu filho vivo, o piloto da família.

— Se você estiver falando a verdade! —, exclamou Fernando, sua expressão endurecida pela gravidade da situação —, este homem tem que ser preso.

Daniel, que observava em silêncio até então, rompeu a tensão com uma pergunta crucial: — Mas o que você pretende fazer agora?.

Fernando, com uma determinação fria, respondeu: — Muito simples. Vou botar o assassino do meu filho na cadeia!.

Mas nem todos na sala estavam convencidos da necessidade imediata de justiça. Pedro, com um tom mais cauteloso, questionou a ação proposta por Fernando.

— Mas é preciso? —, ponderou Pedro.

Fernando não hesitou em reafirmar sua posição: — Mas é claro que sim, ele matou meu filho e vai ter que pagar.

A tensão entre os presentes era palpável, e Olívia tentou suavizar o ambiente tenso: — Claro, a gente ainda tá muito chocado.

Fernando, mostrando pouca disposição para prolongar a conversa, declarou: — Tá bom, agora eu preciso ir, tenho muita coisa para fazer.

Após a saída de Fernando, a atmosfera na mansão permaneceu carregada. O destino trágico do filho de Fernando lançou uma sombra sobre todos os presentes, enquanto cada um lidava com suas próprias emoções. Enquanto isso, Fernando subiu para o escritório, seu coração pesado com a responsabilidade de organizar o sepultamento de seu filho, e com a determinação feroz de buscar justiça para o crime cometido.

O apartamento de Lígia e João estava silencioso quando Daniel, Olívia, Gabi, Pedro e Thiago chegaram. No entanto, a tensão pairava no ar enquanto a conversa continuava.

Gabi exclamou, seu rosto cheio de preocupação: — Aí meu Deus, Olívia, o que você fez?.

Daniel interveio, sua voz carregada de dúvida: — Eu acho que isso não está certo.

Olívia defendeu suas ações com firmeza: — O que foi? Eu fiz isso pelo bem de todos.

Thiago questionou, sua expressão séria: — Incriminar uma pessoa inocente?.

Pedro tentou justificar: — Mas o homem, ele pode ser preso?

Olívia respondeu com determinação: — Sim... mas... mas era ele ou nós.

Daniel expressou sua discordância: — Eu não sei. Sou contra tudo isso..

Gabi tentou encontrar uma solução: — Ainda há tempo, vamos nos entregar para a polícia.

Mas Olívia rejeitou a ideia com convicção: — Nunca. Já cruzamos essa linha, agora vamos até o fim.

Com rostos chocados, todos se voltaram para Olívia, percebendo que ela estava disposta a qualquer coisa. A tensão no ambiente era palpável, e as consequências de suas ações pairavam sobre eles como uma sombra sinistra.

O sol já se despedia no horizonte quando Eliza ouviu uma batida tímida na porta do seu modesto quarto na pousada. Intrigada, ela se levantou e foi atender. Ao abrir, deparou-se com a figura acolhedora da dona da pousada, a senhorita Stephanie.

— Stephanie —, Eliza saudou, surpresa com a visita.

A dona da pousada entrou no quarto com um sorriso amigável no rosto, e imediatamente pôs-se a conversar com Eliza.

— Então, vai dar certo de você vender as suas empadas? — Stephanie indagou, expressando seu interesse genuíno.

— Se Deus quiser, vai dar tudo certo amanhã — respondeu Eliza, mantendo a esperança em seu coração.

— Desejo toda sorte para você — Stephanie desejou, oferecendo palavras de encorajamento.

— Muito obrigada — Eliza agradeceu, tocada pela gentileza da dona da pousada.

Em seguida, Stephanie mudou o tom da conversa, demonstrando interesse em conhecer mais sobre Eliza.

— Mas me fala, você veio de onde? — Stephanie perguntou curiosa.

— Eu sou de Natal, do Rio Grande do Norte — Eliza respondeu, compartilhando um pouco de sua história.

— Nossa, seja bem-vinda —, Stephanie disse calorosamente. — Eu quero fazer uma proposta para você

— Obrigada. Mas uma proposta sobre o quê? — Eliza questionou, intrigada com a oferta.

— Se você quiser, você pode trabalhar conosco na cozinha. Eu posso vender as suas empadas aqui na minha pousada — Stephanie revelou sua ideia, oferecendo uma oportunidade tentadora.

— Mas é claro que sim, eu aceito! Muito obrigada mesmo — Eliza aceitou com gratidão, sentindo-se abençoada pela oportunidade.

— Então, quando você chegar amanhã de vender as suas empadas na praia, você vem trabalhar na cozinha — Stephanie delineou os planos, estabelecendo uma nova jornada para Eliza.

— Não se preocupe, você não vai se arrepender. Eu não tenho medo de trabalho nenhum — Eliza afirmou com determinação, pronta para abraçar essa nova fase em sua vida.

Enquanto o crepúsculo coloria o céu lá fora, dentro do quarto da pousada, Eliza e Stephanie selavam um acordo que poderia mudar o rumo dos dias de Eliza naquela cidade costeira.

A brisa noturna da Avenida Paulista mal conseguia dissipar a tensão que pairava entre os quatro jovens: Gustavo, Pneu, Cabeça e Garoto. A polícia irrompeu na cena caótica, suas luzes piscando freneticamente, como se tentassem apaziguar os ânimos exaltados.

— O que está acontecendo aqui? —, perguntou o policial, sua voz ecoando autoridade.

Gustavo, com um semblante conturbado, tentou articular uma resposta coerente: — Nada, senhor. Foram eles que começaram a me bater.

Pneu interveio rapidamente em apoio a Gustavo: — É verdade, estou de prova.

Cabeça, com uma expressão de inocência forçada, negou veementemente: — Mentira, eu não fiz nada.

Garoto, o mais silencioso do grupo, apenas murmurou: — Eles estão mentindo, não acredite em nada do que estão dizendo.

O policial, cansado das justificativas conflitantes, ordenou que todos entrassem na viatura, em silêncio. O motor roncou enquanto o veículo partia pela avenida movimentada. No entanto, o silêncio foi quebrado pelo som metálico de um canivete sendo retirado do bolso de Garoto. Um momento de pânico se instalou quando o policial foi atingido no pescoço, perdendo o controle do carro. O impacto do veículo contra um poste foi ensurdecedor. Gustavo e Pneu despertaram do desmaio causado pelo acidente, apenas para descobrir que Cabeça e Garoto haviam fugido da viatura, deixando-os para trás em meio ao caos da noite paulistana.

A noite brilhava timidamente através das cortinas semiabertas, pintando o quarto de Eliza com tons azuls suaves. Sentada na beira da cama, Eliza olhava para o nada, seu coração batendo com a ansiedade de um sonho prestes a se realizar. Stephanie, sua mentora e agora amiga, sorria com satisfação enquanto observava Eliza absorver a magnitude do momento.

— Eu gosto assim de pessoa determinada — disse Stephanie, seus olhos brilhando com admiração pela determinação de Eliza.

Eliza sentiu um calor reconfortante espalhar-se por seu peito: — Muito obrigada mesmo por essa oportunidade —, murmurou ela, sua voz carregada de gratidão sincera.

— De nada! — respondeu Stephanie com um sorriso caloroso, ecoando o alívio e a felicidade de ver Eliza abraçar a oportunidade que lhe fora oferecida.

Sem pensar duas vezes, Eliza estendeu os braços e envolveu Stephanie em um abraço afetuoso, transbordando de felicidade e gratidão pelo novo caminho que se abria diante dela.

Lígia entrou no quarto, o coração apertado pela preocupação que a camisa manchada de sangue havia despertado. Se aproximou de João, em busca de conforto e orientação sobre Daniel, seu único filho.

— Estou preocupada com o Daniel —, ela começou, buscando no olhar de João alguma resposta reconfortante.

Mas João, sempre calmo, parecia não entender a gravidade da situação: — Por que? Isso é motivo para se preocupar? —, ele questionou, sem perceber a angústia nos olhos de Lígia.

— Claro que é —, respondeu ela, a voz embargada pelo medo. — Eu já perdi uma filha, não quero perder o filho também.

As palavras de Lígia ecoavam no quarto, reavivando memórias dolorosas que ela havia tentado enterrar. João tentou acalmar os ânimos, assegurando que o que aconteceu com a filha deles não se repetiria com Daniel. Mas para Lígia, aquela mancha de sangue na camisa era mais do que uma simples coincidência. Era um presságio sombrio, um sinal de que algo terrível poderia estar se aproximando.

— Não se preocupe, eu vou falar com Daniel —, disse João, tentando tranquilizá-la mais uma vez. — Você vai ver que não tem nada demais.

No entanto, a mente de Lígia já estava tomada por dúvidas e temores. Ela temia pela saúde de seu filho, temia pelos segredos que ele poderia estar escondendo.

— Mas o nosso filho pode estar doente, e está escondendo isso de nós —, desabafou ela, os olhos marejados de lágrimas.

João tentou acalmar os receios de Lígia, mas no fundo também sentia um desconforto crescente. A viagem de Daniel havia deixado marcas nele, marcas que não podiam ser ignoradas.

— Está tudo bem —, disse João, mais para si mesmo do que para Lígia. — Está tudo bem.

Mas Lígia sabia que não estava. Aquela camisa manchada de sangue nunca sairia de sua mente, era um lembrete constante de que algo sinistro estava se aproximando. E ela estava determinada a descobrir a verdade, custasse o que custasse.

A noite escura envolvia a rua onde a viatura policial se chocara violentamente contra um poste. Vultos se aproximavam do local, curiosos e preocupados com o que poderiam encontrar ali. Entre os destroços, o Policial, ainda inconsciente, e dois adolescentes, Gustavo e Pneu, estavam enredados na teia do destino. O Pneu despertou primeiro, urgindo Gustavo a se levantar e fugir dali.

— Ei, acorda. Anda, vamos fugir daqui! —, sussurrou Pneu, sua voz carregada de tensão.

Gustavo hesitou, questionando a necessidade de ajudar o Policial ferido.

— Não podemos ajudá-lo agora. Tem gente chegando. Vamos sair daqui rápido —, insistiu Pneu, agarrando o braço de Gustavo.

Com um suspiro resignado, Gustavo concordou, cedendo à pressão do amigo. Juntos, eles se esgueiraram para longe do acidente, buscando refúgio nas sombras da noite. Enquanto isso, sirenes ecoavam ao longe, anunciando a chegada da ambulância para socorrer o Policial caído.

...{...}...

Na manhã seguinte, o sol despontou sobre a cidade de São Paulo, iluminando as ruas ainda adormecidas. No centro da metrópole pulsante, a Igreja Santo Antônio se erguia majestosa, pronta para receber um visitante indesejado. O corpo de Renner havia chegado ao Brasil, trazendo consigo uma sombra de mistério e intriga. Enquanto a cidade se preparava para prestar suas últimas homenagens ao falecido, um pacto de silêncio pairava sobre aqueles que testemunharam o trágico acidente na noite anterior.

A luz pálida da manhã filtrava-se pelas janelas da Igreja Santo Antônio, onde os corações pesados se reuniam para se despedir de um ente querido. O caixão aberto de Renner ocupava o centro do espaço, um símbolo sombrio da partida prematura de um jovem cheio de vida. Débora, a mãe devastada, aproximou-se com passos pesados, seus olhos turvos de lágrimas refletindo uma dor insuportável.

— Meu Deus, meu filho! — ela murmurou, sua voz trêmula com emoção.

Fernando, o pai em luto, tentou encontrar conforto nas palavras que fugiam dele: — Agora ele está com Deus —, ele disse, seus próprios olhos úmidos com a dor compartilhada.

Débora soluçou, incapaz de aceitar a cruel realidade: — Eu não me conformo. Meu único filho está morto —, ela lamentou, sua voz quebrando com a intensidade da perda.

Fernando segurou sua mão, uma âncora frágil em um mar de sofrimento: — Eu estava esperando você chegar de viagem, para a gente sepultar o nosso filho junto —, ele disse, sua voz trêmula com a tristeza. Ignorando o peso do seu próprio coração partido, ele tentou oferecer conforto a sua esposa.

— Eu quero me despedir dele —, Débora murmurou, sua voz um sussurro frágil de desespero.

— Como você quiser, amor —, Fernando respondeu, sua voz embargada pela tristeza compartilhada.

Enquanto as lágrimas continuavam a fluir, as pessoas começaram a entrar na igreja para prestar suas últimas homenagens a Renner. Entre elas estavam os pais de Daniel, cujos rostos estavam marcados pela dor da perda de um amigo próximo. Logo, Olívia, Pedro, Thiago e Gabi chegaram, seus semblantes sombrios refletindo o impacto da tragédia. Lígia, a amiga próxima da família, aproximou-se de Débora com palavras de conforto.

— Eu sinto muito mesmo, imagino a dor da sua perda —, disse Lígia, sua voz suave e compassiva.

Débora agradeceu com um aceno fraco, gratidão misturada com tristeza em seus olhos: — Muito obrigado por seu apoio, amiga —, ela murmurou, sua voz um sussurro frágil.

À medida que todos encontravam seus lugares na igreja, uma aura de tristeza envolveu o espaço sagrado. O padre começou a missa, suas palavras de consolo ecoando entre os fiéis reunidos. Mas a tragédia não cessaria ali. Enquanto Fernando se aproximava do caixão de seu filho para uma despedida final, um calafrio percorreu seu corpo. Uma sensação de opressão tomou conta dele, e de repente, ele caiu no chão, sua consciência se dissipando em escuridão. Daniel, observando a cena angustiante, sentiu seu coração acelerar.

— Meu Deus, o que está acontecendo com Fernando? —, ele murmurou, o som de seu próprio batimento cardíaco ecoando em seus ouvidos enquanto o mundo ao seu redor congelava em uma sombria incerteza.

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