Miguel fez o que pode para acalmar a menina: deu outro banho, fez massagem com loção, deu a mamadeira, mas ela parava um pouquinho e voltava a choramingar. Tentou fazê-la dormir no colo, mas ela continuava choramingando e apontando para a porta, até que a campainha tocou.
Ele foi abrir a porta com a menina no colo e parecia que ela sabia quem era. Quando a porta abriu, ela se jogou no colo da vizinha e se ele não estivesse segurando firme, tinha caído ou se machucado. Jéssica a pegou, assustada e perguntou:
— O que foi que aconteceu?
Ele cruzou os braços e não respondeu, aborrecido ao ver a menina deitar no colo da vizinha e dormir, balançou a cabeça e entrou, sendo seguida por ela, que entrou e fechou a porta atrás de si. Ele foi até a sala e ia se servir de um whisky, mas parou ao lembrar que estava sem babá, então olhou um tempo pela janela e depois sentou-se no sofá.
Jéssica observava o movimento do homem acorsoado e ficou com pena dele.
— O que foi Miguel?
— Você encontrou algum problema nela?
— Não.
— Acha que fico beliscando ela?
— Claro que não!
— Então o que acha que seja o problema?
— Não sei.
— É você, Jéssica. Ela choramingava apontando para a porta, desde que voltamos da sua casa. — disse ele sério.
Jéssica nunca tinha visto ele tão sério e amargo. Parecia estar maior do que era. Ela se encolheu no sofá, com a menina no colo, dormindo plácidamente.
— Desculpa, Miguel, eu não sabia. Não sei o que fiz para ela se grudar em mim.
Ele não falou nada, estava taciturno, sem entender muito bem o que estava acontecendo e como resolveria aquela questão. Talvez a menina só precisasse de uma mãe, Denise supria essa necessidade durante o dia, mas à noite não tinha ninguém para ficar com ela desta forma.
A sala parecia uma guerra fria entre os dois, ela se sentindo culpada e ele sem saber o que fazer e acusando ela por estar naquela situação.
— O que sugere que façamos? — perguntou ele.
— Talvez eu deva me afastar e você aguentar uns dias com ela choramingando, pois assim ela desacostuma de mim.
— Qual é o seu problema, ela é só um bebê.
— Você quer que eu faça o quê, venha toda noite fazer ela dormir?
— Por quê você foge tanto de uma relação, é frigida mesmo, ou o problema sou eu, que já venho com brinde?
Os olhos dela se encheram d'água, pois entendia muito nem o que ele estava querendo dizer, não eram mais adolescentes descontrolados pela libido. Ela sabia que existia algo entre eles, uma atração forte, que surgiu desde a primeira vez que se viram, mas ela era incompleta, como poderia ceder aqueles sentimentos se não podia lhe dar tudo o que uma mulher podia dar?
Ela levantou e foi levar Gabriela para o bercinho. Beijou a menina com carinho e a ajeitou com o edredom. Achava lindo aquele quartinho, a decoração, as coisas pequeninas. Olhou tudo, inspirando o cheiro gostoso e sentiu dois braços envolvendo-a pela cintura.
— Fala comigo, Jéssica.
Ela se virou, olhando para cima, para fitá-lo direto nos olhos.
— Não sei se tenho condições de ser uma mulher completa, se poderei ter filhos, sequer sei se sou ou não frígida…
Ele a beijou, inesperadamente e ela não conseguiu resistir e correspondeu, sentindo um prazer como nunca antes sentiu e se deixou envolver pela emoção. Até que sia mente a traiu trazendo lembranças dolorosas a sua cabeça e ela o empurrou.
— Você não é frígida, Jéssica, você só tem medo. Algo lhe aconteceu e você não consegue vencer a barreira que se formou, mas eu estou aqui e não vou desistir de você.
Ela cedeu e apoiou a cabeça em seu peito e deixou as lágrimas rolarem, ensopando a camisa dele, chorou toda a mágoa que estava trancada a muito tempo dentro dela e não tinha tido coragem de contar para ninguém. Ainda não tinha coragem, mas pelo menos deixou a dor sair.
Quando, enfim, se acalmou e se afastou dele, vendo o quanto ele ficou molhado com suas lágrimas, brincou:
— Eu quase te dei um banho!
— Estou precisando de um, você pode ficar aqui mais um pouco, para eu tomar um banho. Essa criança me deu uma canseira por sua causa.
— Ah, nem vem, eu fico, mas não precisa fazer chantagem.
Ele beijou seus lábios e dali para frente ele a trataria assim, com intimidade de namorados. Respeitaria seu tempo, mas não a deixaria escapar. Talvez tivesse que se controlar muito, já que estava acostumada a ter sexo quando quisesse, mas valeria a pena, pois Jéssica eta muito especial e se encontrasse quem a fez mal, ele lhe quebraria a cara.
Tomou um banho gostoso e vestiu um moletom. Voltou ao quarto de Gabriela e elas estavam dormindo, as duas. A bebê, tranquila em seu bercinho e a doutora, na bicama. Ele puxou a cama com cuidado, abrindo e deixando a cama espaçosa. Pegou travesseiros, lençol e o edredom de sua cama. Deitou por trás dela, cobriu-os e dormiu abraçando-a de conchinha.
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Atualizado até capítulo 65
Comments
Rosa Hosana Santos
sei não mais pensando aqui será que alguém comentou ela agente ouve tantos relatos sei lá só uma suposição
2025-03-22
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Tânia Principe Dos Santos
o que Jéssica esconde? o que aconteceu com ela?
2025-03-20
1
Expedita Oliveira
🤫🤫🤫🤫🤫🤫🤫🤫🤫🤫🤫🤫🤫🤫🤫🤫🤫🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰
2025-03-20
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