Jéssica amanheceu cansada e com olheiras. Escolheu tanto um apartamento que fosse tranquilo, mas vivia um inferno com aquele vizinho. Na verdade, a culpa era das paredes que não vedam o som, pareciam cascas de ovo e se ouvia tudo. Mas estava ficando difícil trabalhar estando tão cansada.
Resolveu deixar outro bilhete no carro dele:
" Se sua namorada teve bebê, mande que cuide, preciso dormir."
Saiu com seu carrinho vermelho, que foi a melhor compra que fez, deixando o bentley do seu pai na casa dele. Foi para o hospital bocejando e dando graças a Deus pelo quadro de funcionários estar completo e não precisar cobrir a falta de ninguém.
*
Miguel não sabia fazer uma mamadeira e nem como lavar a que estava suja. Pior foi ver a fralda suja e ter que trocar, mas foi corajoso e fez. Pegou as coisas que comprou e levou para o seu quarto. Levou as coisas que usaria para o banheiro e voltou para buscá-la. Tirou sua fralda, com nojo e querendo tampar o nariz, mas ou segurava a bebê, ou tampava o nariz.
Pelo menos ela parou de berrar, pois para ele, ela não chorava berrava. Colocou ela no bidê e usou o chuveirinho para lavá-la. Por sorte a água do apartamento era aquecida e não assustou-a. Terminou tudo, sentindo-se um paizão e quando saiu com ela, limpa e arrumada, do quarto, a babá esperava com a mamadeira pronta e ele passou a bebê para ela e foi se arrumar para ir trabalhar e antes de sair, avisou.
— Vou me arrumar para ir trabalhar. Ali na mesinha de telefone, tem os números para onde pode ligar e pedir o que precisar, tenho conta com todos. Vou tentar arrumar mais alguém para revezar com você.
— Aqui, trouxe um cartão da minha agência, ligue e solicite, é garantido.
— Farei isso. O condomínio tem uma firma que limpa o apartamento, não se preocupe com isso e os móveis para o quarto da bebê devem chegar hoje, mas serão montados amanhã, que estarei em casa, não se preocupe. Alguma pergunta?
— O senhor sabe o meu nome e o meu contato?
Miguel sentiu-se um tolo, como esqueceu de algo tão importante?
Pegou seu aparelho e perguntou os dados da jovem.
— Denise de Carvalho. — se apresentou e deu o número do celular. — Não esqueça de avisar o porteiro, que agora tem uma filha que está com a babá e dê meu nome.
— É muita coisa, obrigada pela paciência. Qualquer coisa, me ligue, salve o meu número, já enviei. Vou indo.
Desceu, avisou o porteiro das novas moradoras e seguiu para seu carro, encontrando, novamente, um bilhete.
— Mas que abuso! Quem ele pensa que é? Qualquer um pode ter esse tipo de dificuldade, como se atreve a me julgar? Eu também preciso dormir, seu pretensioso.
Amassou o bilhete, mas não jogou no chão, entrou no carro e jogou no porta luvas. Saiu cansado e irritado e além de tudo que tinha que resolver com relação ao empreendimento, precisava cuidar das urgências de um bebê, sua filha, que como dizem, não pediu pra nascer.
" É tão estranho pensar que formei outro ser, como em uma receita, junta um ingrediente com outro e tem algo de bom, mas no caso, forma um bebê, que chora, come, suja fraldas e chora de novo e quando cresce, vira gente cheia de vontades e pensante em muitas coisas. Preciso tratar esse bebê, como a pessoa que será um dia, não como algo que me atrapalha e dá trabalho."
Chegou a empresa e pediu para a secretária ligar para a agência e contratar outra babá. Foi para o escritório e esqueceu o assunto, como fazem os homens, pois não têm capacidade de fazer duas coisas ao mesmo tempo.
*
Jéssica chegou no condomínio, estacionou o carro e ao entrar, foi direto perguntar ao recepcionista:
— Boa tarde. Sabe me dizer se o bebê ainda está no quinto andar?
— Sim, doutora, o bebê é do proprietário e tem uma babá cuidando dele, na verdade, são duas, que estão se revezando.
— Que bom, parece ser recém nascido.
— E é, não parece ter nem um mês, eu a vi hoje, com a babá, pegando sol, bem cedinho.
— Muito obrigada pelas informações. Se ela tem babá, então não chorou mais, não é mesmo?
— Não, não chorou.
— Que bom, preciso dormir.
Ela subiu e realmente estava tudo silencioso. Entrou em seu apartamento, tomou um banho, vestiu um baby doll e fez um jantar rápido, que tomou com um vinho doce rosé. Foi dormir relaxada e acordou assustada, com o choro gritado da bebê.
Ligou para a portaria:
— Pode verificar porque esse bebê chora tanto, por favor?
Miguel estava às voltas com a filha, que chorava na cestinha, enquanto ele lia o rótulo da lata de fórmula infantil, para saber como preparar, mas não sabia qual o peso e nem os dias de vida da menina.
— Por quê sou tão relapso?
Correu no quarto para ver os documentos da bebê, enquanto o interfone não parava de tocar. Pegou a receita prescrita pelo pediatra e atendeu o interfone, lendo.
— Agora tô enrolado, diga ao vizinho que não tenho culpa, a babá aprontou e tô sozinho. — desligou e foi preparar a mamadeira.
Quando terminou o preparo, a campainha tocou e ele pegou a filha, colocou a mamadeira em sua boquinha, e ela se calou no mesmo instante e foi atender a porta. Quando abriu, prestando atenção na filha, perguntou:
— Desculpe, sei que o choro dela incomoda, mas — olhou finalmente para a pessoa a sua frente e tomou um susto — quem é você?
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Atualizado até capítulo 65
Comments
Tânia Principe Dos Santos
será que essa mamadeira está bem preparada?
2025-03-20
2
Rosa Hosana Santos
pensei que uma das babás fosse dormir no local
2025-03-22
0
Expedita Oliveira
🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🥺🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤫🤫🤫🤫🤫🤫🤭🤭🤭🤭🤭❤️❤️❤️❤️
2025-03-20
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