Capítulo 12. Emoções e Planos

Ela jogou os potes, talheres e guardanapos, no lixo, amarrou o saco e levou-o para a porta. Ele correu e pegou o saco.

— Calma, eu levo o lixo, não precisa ficar tão chateada, por favor, foi só curiosidade.

Ele abriu a porta de serviço e foi até a porta da lixeira, jogando o saco no alçapão. Ela foi em direção a porta de sua casa, levando a vassoura e o balde e quando já estava entrando, ele a chamou:

— Espere.

Ela se virou para ele, séria, e perguntou:

— O que é?

— Eu só quero agradecer.

— Não precisa.

— Claro que precisa, obrigado.

Ele foi rápido,  aproveitou que ela estava com as duas mãos ocupadas,  segurou seu rosto e beijou seus lábios, um encostar mais firme, mas que deu para ele sentir a suavidade deles e depois largou-a rápido e correu para o seu apartamento, deixando uma vizinha aparvalhada, olhando para ele, estática. 

Ele fechou a porta e se encostou nela, com um sorriso bobo como um adolescente que deu o primeiro beijo na namorada. Seu coração batia acelerado e ele amou aquela sensação. Sentia saudade desse semtemto.de ansiedade, espectativa e sonho de ter um grande amor.

Bateram na porta e ele pensando que era ela, se aprumou, passou a mão nos cabelos e abriu a porta com um sorriso e o atendente da farmácia, ergueu as sobrancelhas, interrogativamente, mas achando lindo o sorriso.

— Entrega da farmácia, senhor. Dinheiro ou cartão.

Miguel demorou uns segundos para se recompor, desfez o sorriso e responde:

— Cartão.

Olhou para o outro lado do corredor e não havia ninguém lá. 

" Será que ela não sentiu nada? " Se perguntou, terminando o recebimento.

*

Jéssica ficou parada, vendo Miguel correr e entrar em seu apartamento, chocada com a atitude dele e com o que lhe causou um beijo tão inocemte.

Inocente?

Será que foi mesmo inocente? O barulho da porta do elevador chegando, a tirou do torpor e ela entrou rápido em seu apartamento e a porta se fechou, automaticamente, atrás dela e ela se escorou de costas nela e escorregou até sentar no chão do com balde e vassoura em suas laterais.

" O que está acontecendo comigo? Não posso gostar destas coisas, não posso ceder a esses sentimentos e emoções, nem mesmo por um homem lindo como ele e que já vem com um brinde espetacular. Põe a cabeça em ordem, Jéssica, você não tem o direito de iludir as pessoas. Você tem que ser frigida, Jéssica, frigida. Recomponha-se." Falou para si mesma.

Ela respirou fundo várias vezes, levantou-se no automático, guardou os utensílios na área de serviço, sempre recitando seu mantra:

— Você não pode, isso não é pra você. Você não pode  isso não é pra você.

Tomou banho, engoliu um calmante, se fechou em seu quarto com o ar condicionado ligado, deitou-se e dormiu. Levou um tempo, pois sua cabeça estava cheia de pensamentos e lembranças, mas o calmante fez efeito e ela apagou, tendo sonhos com cirurgias e médicos.

Enquanto isso, cresciam as visualizações nas postagens sobre o papai modelo e a fofoca se espalhou para além mar, onde se encontrava Célia. Ela tinha planejado bem, como enredar seu homem. Ele caiu como um patinho, interessado só em sexo e companhia, soltou a grana e não se deu conta, que foi culpa dela, tetem tido um bebê.

Claro que ele era precavido, sempre usava camisinha e gravava suas declarações de que não queria casar ou ter filhos, pois assim ela não podia exigir nada.as um dia, quando ele estava no banho, furou com uma agulha, todas as camisinhas, ainda dentro do invólucro e só precisou esperar, pena que ele terminou com ela antes.

Ele lhe deu um cheque polpudo, pensando que ela fosse fazer um aborto, mas ela era mais experya que isso. Havia registrado o DNA dele, em um banco de esperma, com o material de uma camisinha. Aprendeu na internet, como fazer e quando a bebê nasceu, fez o teste e o advogado entrou com o processo que já estava elaborado.

Não queria só um cheque, queria o sobrenome, queria ser chefe de uma grande empresa, uma socialite e esfregar na cara de todos que a usaram e largaram, que era capaz. Entregou a bebê e saiu do país, para que ele não tivesse a oportunidade de devolver o presente.

Mas agora seu plano estava começando a dar certo. Infelizmente  uma infeliz, entrou em seu caminho. Não foi do nada que Carlos se aproximou de Miguel, ele cumpriu bem o seu papel e quase conseguiu incriminar o pai, por negligência. 

Esse era o plano.

Dar tempo para ele se apaixonar pela menina e quando estivesse bem apegado, fazê-lo perdê-la e ele teria que aceitar casar com ela, caso quisesse continuar com a filha junto a si. Infelizmente, uma vizinha intrometida, acabou com seus planos. Confiou, também, demais, em quem tinha a reputação suja.

Mas agora, a sorte parecia lhe sorrir, pois ali estava uma razão plausível para uma denúncia, a exposição excessiva de uma menor de idade, com o pai, no hospital, por maus tratos. 

— Tá certo que não foi bem isso que aconteceu, mas já dá para fazer uma pressão.

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