Capítulo 15. Implicância

Miguel tinha consciência de ter passado a perna na médica e não iria deixar isso passar batido, reclamaria com quem a indicou. Onde já se viu, uma mulher que deveria defender as crianças, dar em cima do pai delas. Não sabia qual das mulheres o estava enfurecendo mais, se a mãe desnaturada, a advogada oferecida ou as tietes que o colocaram em evidência na internet.

Entrou no apartamento e recebeu sua filha, linda e cheirosa, dos braços da babá.

— Oi filha, tava com saudade do papai, tava? Papai tava com saudade dessa bebê. — fez gracinha com ela, que se escondeu em seu peito, sorrindo.

— Já vou indo, senhor Miguel. 

— Chamei um táxi pra você, tá pago e pode ir para onde quiser. Obrigado.

— Eu que agradeço, senhor.

Miguel levou até o elevador e deram tchau para ela e assim que o elevador fechou a porta ele foi direto para a porta da vizinha e tocou a campainha. Jéssica havia acabado de tomar banho e colocar uma roupa caseira e confortável quando a campainha tocou. Deu a porta e deu um sorriso feliz ao ver a doçura daquela menina tão linda na sua porta.

— Olha que menina mais linda, veio visitar a tia Jess, veio.

Ela chamou a menina com as mãos e ela se esticou para ir no colo da vizinha, que a pegou com gosto e ficaram se encarando sorrindo. Miguel ficou observando a interação das duas e se apaixonou. Se aquela mulher quisesse ele tocava na hora casar com ela.

— Boa noite, Jéssica. 

— Boa noite, Miguel. Adorei que trouxe ela para eu ver.

— Na verdade eu vim falar com você sobre a advogada e não podia deixar Gabriela sozinha em casa.

Jéssica murchou, ficou séria mas não falou nada.

— Quer entrar um instante?

— Sim, deixa eu fechar a porta do meu apartamento e pegar a chave. 

Foi o que ele fez e voltou, entrando no apartamento da vizinha pela primeira vez e vendo que tudo era muito claro e arejado parecendo com ela.

— Sente-se.

Ele esperou ela sentar para sentar-se também. Ficou observando a filha brincando com ela com seu rosto com seu cordão e ficou feliz pois sabia que poderia confiar nela cegamente.

— Então, a doutora Rachel foi muito eficiente em explicar tudo, mas no final, queria sair comigo e falou até em contrato de casamento.

A raiva subiu pelo peito e chegou a cabeça de Jéssica e ela precisou se concentrar na menina em seu colo, para se controlar. Miguel não entendeu a mudez dela e continuou:

— Ela me mostrou o que poderia ser o plano de Célia para me fazer perder a guarda e depois se oferecer para casar e eu poder ficar próximo da minha própria filha.

— Eu mesma sugeri isso a Rachel.

— Sim, concordei inclusive que Carlos pode estar envolvido nesta tramóia.

— Então,  onde se encaixa o jantar e o contrato de casamento.

— O jantar foi ela que me convidou para que pudéssemos conversar sobre essa forma de me livrar da Célia.

— Você está brincando com a minha cara? O que pensa que está fazendo difamando a minha amiga?

— Eu sou muito prevenido com tudo e se você quiser, lhe mostro agora mesmo como foi a conversa, pois tenho tudo gravado.

Ele pegou o celular conectou as câmeras de sua sala e fez voltar as fitas até o momento em que ela desabotoou a blusa.

— Deixe-me ver…

Ele aumentou o som do aparelho e passou para ela ver o vídeo, pegando Gabriela do colo dela para que ela pudesse ver a vontade.

— Meu Deus, se não estivesse vendo, não acreditaria. Nunca imaginei que Rachel fosse fazer uma coisa dessas.

— Desculpe, mas acho que temos dedo podre para amigos.

— De qualquer maneira, ela te instruiu o que deveria fazer?

— Não, somente a possibilidade de um casamento,para impedir Célia de continuar seus planos. O meu medo é dela continuar pondo em risco a vida de Gabriela.

— De qualquer maneira, o intento dela não deu certo, acredito que seria por isso o descaso de carros naquela noite. Talvez seja o caso de só aguardarmos para ver qual o próximo passo dela.

— Você parece estar com raiva de mim e eu não fiz nada.

— Não, você só é homem. Deve estar acostumado com as mulheres caírem em cima de você. Rachel não é assim, você deve ter dito ou feito algo, para que ela se sentisse a vontade.

— Não fiz nada, mas se você não acredita nem vendo, o problema é seu, mulher implicante.

Ele se levantou e foi em direção à porta para sair, ela correu na frente para abrir antes que ele pegasse na maçaneta.

— Eu vim só para lhe dar uma satisfação e agradecer a sua boa vontade, boa noite.

Ele passou pela porta que foi fechada assim que saiu e se dirigiu ao seu apartamento e também trancou a porta ficando encostado atrás dela novamente.

— Que mulherzinha insuportável!

Só então notou que Gabriela estava choramingando e fazendo beicinho apontando para a porta. Ela queria ficar com Jéssica. 

— Desculpe, amorzinho, mas ela não é a mamãe.

Ele foi até o quarto e deu a chupeta para ela, para que parasse de chorar, mas nada aquietava a menina.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***