" Corre, corre, corre!
Pelo interior da floresta negra, onde ninguém ousava entrar, a loba de Luz corria. Saltando galhos, desviando de árvores, pulando rios e fugindo até das sombras.
" Corra, querida, nunca mais nos pegarão, nunca mais seremos escravas de ninguém."
Luz conhecia muito nem aquela floresta, foi ali que se escondeu durante anos, depois que fugiu a primeira vez de seu pai. Mas assim que pôs os pés fora dali, logo foi encontrada e voltou aos servicinhos forçados de seu pai. Da segunda vez que fugiu, era mais velha e estava melhor preparada. Estudou muitas misturas de ervas e conseguiu uma mistura que escondia seu aroma natural.
Seu pai pensou que ela não ousaria mais fugir, depois da surra de cinturão que levou, mas ele não contava com seu despertar e quando precisou, sumiu, como havia planejado. Infelizmente, achou que estava segura na cidade e se descuidou, agora estava de volta a profunda escuridão daquela que a recebeu tão bem.
" Vamos descansar, Luzia, estaremos seguras aqui."
A loba colocou a mochila que segurava com as presas, no chão, farejou e olhou tudo a sua volta, puxou o ar com força e encheu bem os pulmões, para depois soprar sobre o chão molhado e o secar com a quentura de seu bafo, deixou Luz voltar e tomar sua forma humana. Pegando a mochila, Luz tirou de dentro os produtos de higiene que trouxe e foi até a nascente, que ficava a uns dez passos de onde estava.
Depois de limpar os detritos da jornada, de seu corpo, escovou os destes ainda sujos da caça que a loba deglutiu e voltou. Aquela parte da floresta era tão fechada, que a luz do sol não penetrava e por isso, não haviam folhas secas para juntar e formar uma cama, por isso aproveitou o chão preparado por Luzia, forrou seu pequeno pedaço de flanela e deitou para descansar por ter corrido dois dias inteiros.
*
Osnir recebeu informações novas e correu para avisar seu Alfa.
— Então ela seguiu para o noroeste do país, na área de mata mais fechada que se tem conhecimento?
— Sim, Alfa e parece que tem outro alfa caçando ela, os rastreadores toparam com outros rastreadores, perseguindo o mesmo rastro, se esconderam e ficaram escutando eles em seu acampamento.
— E quem é esse?
— Pelo que disseram, é um alfa rude e doente, que está próximo da loucura e comprou-a de seu pai, para tentar sobreviver acasalando com ela e fazendo-a sua luna.
— É um imbecil ignorante. Não adianta, nenhuma loba pode substituir a companheira autentica de um alfa. A não ser que ela tenha algo especial que não sabemos. — falou baixo, pensativo.
— Mas ele está tentando, sinal de que quer viver melhor e acredita que ela é a solução.
— Se só isso adiantasse, muitos não teriam morrido sem suas companheiras. Mas diga logo onde ela está?
— Ninguém conseguiu entrar na floresta negra, para onde ela foi.
— Bando de medrosos, pode deixar, eu mesmo vou. Mande vir o helicóptero, estarei lá em cima esperando.
Lucius pegou o elevador e foi para a área de pouso do helicóptero, esperar. Já fazia quase três dias que seguiam o rastro da fêmea e só agora tinham encontrado seu paradeiro. Ele não tinha medo dos folclores que contavam sobre aquela floresta, aquele lugar foi seu grande teste de maturidade. Venceu a floresta e ela lhe mostrou seus segredos, agora ele conhece cada canto dela e sempre é bem recebido.
Pediu ao piloto que o deixasse descer pela corda, bem acima das copas das árvores, no centro da floresta. Assim foi feito e ele se perdeu de quem o via do helicóptero. Largou a corda quando se firmou em um galho e a aeronave foi embora, enquanto ele descia. Captou os aromas no ar e percebeu o da fêmea, bem sutil entre os diversos cheiros da mata.
Tirou a roupa e deixou pendurada em alguns galhos baixos, chamou seu lobo e deixou por conta dele, encontrar o rastro. As árvores o saudavam, balançando seus galhos e através das frestas, via a luz do sol nascente iluminando precariamente o lugar. Seguiram andando rápido, sem correr para não perder o rastro. Sentiu que ela estava perto, pois seu aroma ficou mais forte. O lobo vibrava de antecipação e respirava forte, bufando algumas vezes e foi esse som que despertou a fêmea, que levantou, deixou sua loba no controle e fugiu.
Wolf, o lobo de Lucius, sentiu que a fêmea fugiu e amou iniciar a caçada, saiu em disparada, não mais seguindo só seu cheiro, mas todos os sentidos lhe informaram por onde ela estava indo. Chegaram a um espaço maior entre as árvores e ele a viu, correu mais rápido e saltou sobre ela, mordendo sua coxa direita e derrubando-a, ganindo, ao chão. Jogou seu corpo sobre o dela e prendeu-a, para que não reagisse.
Ela tentou se livrar de seu peso, então ele a marcou, entre ombro e pescoço e ela desmaiou. Ele saiu de sobre ela e olhou para a loba, que já deixava a forma humana assumir e ficou admirado de quem era sua companheira e uivou forte, para que todos soubessem que Lucius Werewolf, encontrou a fugitiva.
Logo uma equipe de rastreadores chegou ao local onde estavam e o helicóptero conseguiu encontrar a pequena abertura na copa das árvores e desceu a maca, para suspendê-los. O resgate foi feito com sucesso e logo chegaram à mansão do Alfa, em seu Condomínio, onde moravam os principais da Alcateia. Ele vestiu sua camisa nela, para esconder a nudez de sua fêmea.
A loba dela era linda e única, a verdadeira lenda entre os de sua espécie. A grande loba dourada. A lenda dizia que a loba dourada era a única que possuía dons preciosos de cura e premonição para ajudar seu povo e era uma alfa. No entanto, o lado humano da fêmea parecia totalmente contrário ao da loba. Magra demais, despeitada demais, suja e fraca, tudo em excesso.
Assim que pousaram atrás da casa, ele desceu, agradeceu e foi correndo para casa, onde sua governanta esperava na porta.
— Tudo preparado, Cleide?
— Sim, Alfa. Preparei o quarto amarelo.
— Justo o amarelo? Tá bom, depois vemos isso. — falou contrariado.
Subiu as escadas e foi para o quarto chamado amarelo, mas que era creme. Seguiu direto para o banheiro e percebeu que Cleide o seguiu.
— Pode deixar que cuido dela, Cleide.
— Mas, Alfa, não é conveniente.
Ele só rosnou e ela se afastou, contrariada por ele estar dando tanta atenção a uma mendiga desqualificada. A futura Luna, Célia, havia ligado para informar sobre a perseguição que estavam fazendo a uma mendiga e não iria gostar nada de saber da maneira que o Alfa estava tratando a desclassificada.
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Atualizado até capítulo 58
Comments
Silvia Araújo
quem vai ser a luna em
2024-11-15
1
juliana Sereno
Simplesmente amando /Tongue//Tongue//Tongue//Tongue/
2024-11-08
1
Maria Helena Macedo e Silva
geralmente os esnobes , esnobam o que não lhes pertence, brilhando com a luz do outro que quando sai ficam no escuro.
2024-10-25
2