Luz pensou, enquanto comia o lanche deixado por Osnir, em uma estratégia para sair daquele lugar. Olhou tudo dentro do banheiro, pegou os utensílios de higiene, que gostou, colocou nos bolsos e as roupas velhas e sujas, colocou na bolsa que veio as roupas novas. Saiu e foi em direção ao elevador, apertou o botão e quando chegou, entrou e subiu para um andar qualquer. Quando saiu, um guarda estava parado na porta e a olhou de forma estranha, ela perguntou:
— Esse é a andar da contabilidade?
— Você está no andar errado. A contabilidade é no terceiro andar.
— Obrigada.
Ela voltou a entrar no elevador e desceu no terceiro andar, saiu e deu de cara com outro segurança.
— Oi, vim entregar uma encomenda para a secretária do chefe da contabilidade.
— Segue o corredor e dobre a esquerda e volte logo.
— Sim, senhor.
Seguiu o caminho que o segurança informou e chegou na secretaria.
— Oi, pode me ajudar?
A secretária mediu-a de cima abaixo, identificando alguém que não devia estar ali.
— O que é?
— Pode jogar isso na sua lixeira.
— Tem uma lixeira na terceira porta à direita.
Ela seguiu a orientação e viu que era uma copa. Viu a lixeira e jogou a sacola no lixo, guardando os apetrechos de limpeza nos bolsos do casaco. Saiu rápido, voltou pelo mesmo caminho, se despediu do segurança e apertou o botão do térreo, saindo do prédio como se estivesse acostumada a andar por ali.
Assim que saiu do prédio, desejou voltar para aquele quarto aconchegante, mas não podia. A chuva continuava a cair e ela subiu o capuz e enfrentou-a.
Osnir estranhou a fala do patrão e o próprio, ao abrir os olhos para ver quem entrou, também ficou espantado.
— Que cheiro é esse?
— Desculpe, Alfa. Foi um morador de rua que precisei retirar da frente do prédio.
— Onde ele está?
— Bem, eu senti o cheiro de lobo e levei-o para tomar um banho no vestiário da segurança.
— É um homem?
— Creio que sim, se vestia como um, apesar de parecer muito delicado.
— Vá buscá-lo e troque de roupa.
— Sim, Alfa.
Osnir desceu e foi se trocar antes de buscar a pessoa. Bateu a porta do quarto e ninguém respondeu, entrou devagar, pensando que ele estava dormindo, mas surpreso, verificou que não havia ninguém ali. Puxou o ar com força, absorvendo o cheiro do ambiente e percebeu que não era um macho, mas uma fêmea e pelo visto, a Luna da Alcateia.
Saiu pelo corredor às pressas, falando com seus liderados e pedindo o máximo de atenção a uma pessoa vestida como homem, franzina, andando pelo prédio sem identificação. Seguiu o cheiro até o elevador, mas não tinha como dizer para qual o andar que tinha ido. Recebeu então as primeiras informações e seguiu até a portaria, onde localizou o aroma da fêmea até o lado de fora e se perdeu na chuva.
Não podia voltar e dizer ao Alfa que perdeu sua Luna, então convocou a Alcateia através da ligação mental coletiva, pedindo a todos que estavam pelas redondezas que procurassem pela jovem. Agora era só esperar. O pior é que não sabia nada dela, sequer a cor de cabelo ou dos olhos, que dirá o nome.
— Tô lascado…se pelo menos não estivesse chovendo…
Não teve jeito, precisou voltar e enfrentar o patrão, que não gostava de ser chamado de Alfa na frente dos funcionários, pois haviam humanos trabalhando na empresa que não sabiam da existência de seres metamórficos como eles. Subiu e entrou na sala sem bater, pois ouvia os passos do macho nervoso, andando para lá e para cá.
Lucian é um Alfa poderoso que espera sua Luna há muito tempo e é cobrado constantemente por isso. Sônia o infernizava para ocupar esse lugar ao seu lado, mas não era sua companheira e agora que sentiu o cheiro dela tão perto, só tem um inconveniente, era um macho, ou talvez um ômega. Não era o que esperava, mas…
A porta se abriu, tirando ele de seus pensamentos. Viu seu chefe de segurança entrar sozinho e não gostou.
— Então, onde ele está?
— Ela fugiu, Alfa.
— Ela? Fugiu?
— Sim e sim, Alfa. Depois que ela tomou banho, consegui identificar dentro do quarto, o cheiro da fêmea. Mas ela conseguiu ludibriar minha equipe e fugiu.
— Você está cometendo uma falha após a outra, Osnir. Que atitude tomou quanto a isso?
— Coloquei todos no rastro dela.
— Menos mal, mas creio que eu encontrarei ela mais facilmente. Me leve até o quarto que está com seu cheiro, quero sentir ele puro em minhas narinas.
— Sim, Alfa.
Lucius andou pela empresa com seu ar imponente, chamando a atenção de todos pela dominância natural que desprendia de si. Todos se viravam para contemplá-lo e alguns se atreviam a cumprimentá-lo, mas ele não respondia, tal era sua ansiedade em encontrar sua companheira.
Os lobisomens dos tempos modernos, já não são selvagens como os dos primórdios. Seu sangue foi sendo diluído pela miscigenação e a necessidade de se ocultarem dos caçadores, os fez se adaptarem, ao máximo, aos costumes humanos. Lucius gostava de fazer, nas luas cheias, o ritual de transformação e corrida pela mata, em uma maneira de manter viva as tradições.
Assim, eles se misturavam e viviam entre os humanos, se passando por pessoas normais, sendo que diziam ser de descendência nórdica, para justificar seu tamanho. Alguns chamavam ele de Thor, brincando com sua semelhança ao deus do trovão dos cinemas.
Ao chegarem ao quarto, ele puxou o ar com força e gravou em seu cérebro, o aroma mais delicioso do mundo, para ele. Sua vontade eta ficar ali, apreciando a sensação maravilhosa de ter sua companheira por perto.
— Como ela é, Osnir?
— Miúda, desnutrida, esperta…
— A aparência, Osnir. Cabelo, pele, olhos…
— Cabelos escuros, acho que é branca… quer saber, é melhor olhar as gravações.
— Tem horas que não entendo porque você é meu chefe de segurança.
— Ela estava de capuz, muito suja e só olhava para baixo, não vi nada dela.
— Então, vamos logo ver essas fitas.
Seguiram até a sala da segurança, com Lucius preocupado com a perda de tempo. Pelo tempo que ela saiu do prédio e eles começaram a rastreá-la, já era para tê-la encontrado ou ela já podia estar longe. Vendo as gravações, notou o porque de Osnir não conseguir definir sua aparência. Seus cabelos eram estranhos e não dava para definir através deles, qual a cor de sua loba.
— Fique e me passe as informações que receber, vou eu mesmo rastreá-la.
— Pode começar pelo parque nacional, perderam seu rastro por lá.
— Tudo bem, conheço muito 1bem aquele lugar, mas acho que ela não está mais lá, verifique as câmeras no entorno do parque e as estações de trem, assim como a rodoviária.
— Ok, Alfa.
Lucius saiu com seu porsche da garagem do edifício e seguiu para o parque, se identificou para o segurança, na entrada e seguiu até a proximidade da floresta, farejou o ar, depois de descer do carro, contornando o lugar. Identificou a direção, entrou pela trilha e encontrou o lugar onde ela ficava, mas não havia mais sinal dela ali. Absorveu mais o odor dela no lugar e saiu.
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Atualizado até capítulo 58
Comments
Suelen Andrade
tomara que encontre
2024-10-22
2
Suelen Andrade
que top demais;
2024-10-22
2
Suelen Andrade
uruuuuu ainda bem que percebeu
2024-10-22
2