Luna Fugitiva

Luna Fugitiva

Capítulo 1. Mendiga

               A chuvinha fina e constante molhava tudo e todos, deixando o dia cinzento e frio. Luz se viu tendo que se afastar do local onde se abrigava nos últimos meses. Uma cabana de papelão, no centro do jardim central, reservado a preservação de plantas exóticas e onde ela resolveu se abrigar. Entrava escondida e se aprofundava na floresta, se abrigando sob a frondosa árvore centenária. Mas a chuva que caía sem parar a obrigou a deixar seu local seguro e se aventurar pelos prédios da cidade.

                Foi para a área onde se situavam as maiores empresas, com seus prédios altos e espelhados, marquises grandes, onde, em certos locais, a chuva não chegava. Parou em uma das pontas, que fazia lateral a entrada do estacionamento subterrâneo. Seu corpo franzino, trajava roupas largas e masculinas. O casaco com o capuz cobrindo seus cabelos e impedindo que se visse seu rosto feminino, completava a figura andrógeno. O tênis velho, sujo e rasgado, mostrava a pobreza, mas ela não ligava, era livre.

Um automóvel diplomata preto, com vidros totalmente escuros, parou na entrada do prédio, passando por baixo da marquise e quando a porta abriu, um par de pernas femininas e elegantemente calçada com saltos agulha, saiu e pousou no chão com elegância. A mão com unhas bem feitas, pousou sobre a porta, quando ela se pôs de pé. Seu traje clássico de saias tubo preta e blusa branca, destacava sua silhueta feminina.

Ela segurou a mão estendida e se afastou do veículo, parando logo a seguir e olhando em direção ao ser que exalava o odor que incomodava suas narinas. 

— O que é aquilo? — perguntou.

— Parece um mendigo fugindo da chuva, senhora.

— Isso eu sei, mas o que faz ali, tirando a elegância da minha fachada?

O segurança olhou para a mulher sem expressar uma emoção sequer, achava a mulher do patrão, uma esnobe sem noção, que era melhor não contrariar, para não haver escândalos. Falou em seu comunicador auricular e outro segurança veio acompanhá-la, enquanto se dirigia até o "problema".

A mulher entrou ao perceber que o problema seria resolvido e se dirigiu ao andar da presidência, para encontrar seu resistente noivo, que já lhe dava nos nervos.

Osnir se aproximou da pessoa encolhida na parede, se abrigando da chuva e perguntou:

— Não tem para onde ir?

A figura acenou negativo com a cabeça. Osnir observou-a de cima a baixo e falou no comunicador:

— Preciso de traje completo masculinos tamanho P. Calçado 36? — perguntou ao que a pessoa estranha confirmou.

Terminou de falar e convidou-a a seguir com ele, no que não foi atendido, então ele usou de sua força e pegando-a pelo braço, arrastou-a pela entrada do estacionamento, para não passar pela recepção e entrou no elevador de serviço. Assim que a porta se fechou, ele explicou:

— Não vou lhe fazer mal, a senhora não quer lhe ver mais ali, mas sei que precisa de abrigo, senti seu cheiro e vou te levar ao dormitório dos seguranças. Lá, poderá tomar banho e se trocar, comer e depois descansar. Está bem assim.

Luz não levantou a cabeça, mas concordou, embora achasse que estava bom demais para ser verdade. Também sentiu o cheiro do homem e embora estivesse se escondendo desses tipos, estava bem longe do lugar em que deveria estar. Fugira de ser obrigada a viver com um homem ao qual não suportava,mas que a comprou de seu pai, um andarilho que não aguentava mais uma fêmea atrasando ele.

Luz perdeu a mãe há muitos anos, graças a seu pai, que nunca lhes deu um lar fixo e correto e sua mãe ficou doente e faleceu, deixando a filha a cargo do pai. Ela fugiu depois de escutar a conversa do pai com aquele ser asqueroso. Nunca correu tanto na vida e depois de muito correr sem destino, chegou a uma cidade, onde pediu esmolas nas ruas e conseguiu o suficiente para pegar um ônibus para uma cidade distante.

O ônibus não estava lotado e as pessoas se afastavam dela por causa do mau cheiro. Ela podia ter tomado banho na rodoviária, mas preferiu ficar fedida, para disfarçar seu cheiro. Demorou a encontrar um lugar distante e seguro, bem diferente das florestas por onde andou com seu pai e até aquele momento, não havia encontrado ninguém de sua espécie, mas não sentiu medo.

Desceram do elevador e Osnir sentiu o cheiro da pessoa, impregnado em sua roupa, mas não falou nada, trocaria de roupa depois. Seguiram até o vestiário dos seguranças e ele indicou o banheiro para o outro tomar banho. Lhe estendeu uma toalha, que pegou no armário e estava em um saco lacrado da lavanderia.

— Ai dentro tem sabonete, escova de dentes nova e creme dental. Pode usar o shampoo também. Quando terminar, as roupas novas estarão aqui.

Terminou de falar e depois que ela entrou no banheiro, trancando a porta, foi até a copa e pegando alguns ingredientes na geladeira, fez um sanduíche e levou para o quarto, com uma caixa de suco. Outro segurança chegou com duas sacolas de roupas e deixou com ele no quarto.

Assim que ouviu o chuveiro silenciar, deu um toque na porta, avisando:

— Aqui está a roupa, vou sair, fique a vontade, mais tarde eu volto para ver como está. Não fuja, tem seguranças por todo lado.

Luz escutou o aviso e não gostou de estar sendo vigiada. Abriu a porta só o necessário para pegar as bolsas no chão e puxar para dentro. O banheiro não era grande, mas era confortável. Tinha até um espelho de corpo inteiro e ela podia observar e ver como as pessoas a viam. Estava muito magra pela pouca alimentação que tinha. Seus cabelos pretos, estavam crescidos até abaixo do ombro, cheio de pontas, sem um corte específico e por isso pareciam sempre despenteados, não que penteasse, mas ficavam sempre do mesmo jeito.

Seu pai não ligava para mantê-la vestida bem ou com os cabelos direito, cortava com a navalha, quando começavam a dar trabalho. Seus seios pequenos ajudavam a disfarçar seu corpo feminino e apesar da vida selvagem que levava, não tinha marcas pelo corpo. Pegou as roupas nas sacolas e eram realmente masculinas. Vestiu a cueca, rindo e quando ficou pronta, percebeu que a blusa de malha, marcava seus seios e ela não tinha sutiã.

A sorte é que havia um casaco de capuz que ela vestiu por cima, disfarçando melhor, seu corpo feminino.

Osnir estava indo se trocar, quando ouviu o chamado do patrão e teve que subir imediatamente. Entrou na sala e o homem que estava de pé atrás da mesa, concentrado a observar uns papéis, parou. Era alto, forte e seu terno elegante não ocultava a definição de seus músculos. Puxou profundamente o ar e levantando a cabeça, de olhos fechados, falou, sem dúvida alguma:

— Minha!

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Comments

Joselia Freitas

Joselia Freitas

Parabéns autora por mais uma linda história estou adorando 👏👏👏👏💋❤️🌹🌹🌹🌹💯💯💯💗

2024-04-29

2

Nazivania Dias Carvalho

Nazivania Dias Carvalho

eu vou ler parece que e bom

2024-05-08

0

Ana Regina Fernandes Raposo

Ana Regina Fernandes Raposo

NOSSA NÃO VAI DAR PRA FUGIR.

2024-04-30

1

Ver todos
Capítulos
1 Capítulo 1. Mendiga
2 Capítulo 2. Fuga
3 Capítulo 3. Corrida
4 Capítulo 4. Briga
5 Capítulo 5. Crianças
6 Capítulo 6. Acusação
7 Capítulo 7. Compras
8 Capítulo 8. Lua de Sangue
9 Capítulo 9. Loba Dourada
10 Capítulo 10. Desespero
11 Capítulo 11. Perigo
12 Capítulo 12. Lobo Bom
13 Capítulo 13. Capitão
14 Capítulo 14. Acusação
15 Capítulo 15. Invasão
16 Capítulo 16. Frieza
17 Capítulo 17. Educação
18 Capítulo 18. A Marca
19 Capítulo 19. Visitas
20 Capítulo 20. Surpresa
21 Capítulo 21. Bonus Jason/Sônia
22 Capítulo 22. Pesadelo
23 Capítulo 23. Fedorentos
24 Capítulo 24. Coisa Estranha
25 Capítulo 25. Susto
26 Capítulo 26. Suspeitas
27 Capítulo 27. Ataque
28 Capítulo 28. Decisões
29 Capítulo 29. Salvamento
30 Capítulo 30. Muito Prazer
31 Capítulo 31. Dando Uma Volta
32 Capítulo 32. Correndo
33 Capítulo 33. Torturante
34 Capítulo 34. Adesivos
35 Capítulo 35. Revolta
36 Capítulo 36. Fúria
37 Capítulo 37. Caos
38 Capítulo 38. Renata
39 Capítulo 39. Ao Amanhecer
40 Capítulo 40. Amigo ou Inimigo
41 Capítulo 41. Tentáculos
42 Capítulo 42. Investigação
43 Capítulo 43. Rapidinha
44 Capítulo 44. Calmaria
45 Capítulo 45. Acabou a paz
46 Capítulo 46. Espera
47 Capítulo 47. Estratégia.
48 Capítulo 48. Dúvida
49 Capítulo 49. Parto
50 Capítulo 50. Achado
51 Capítulo 51. Profundidade
52 Capítulo 52. Efeito XX
53 Capítulo 53. Bonança
54 Capítulo 54. Selvagem
55 Capítulo 55. Volta pra Casa
56 Capítulo 56. Aceitação
57 Capítulo 57. Parto
58 Capítulo 58. Final
Capítulos

Atualizado até capítulo 58

1
Capítulo 1. Mendiga
2
Capítulo 2. Fuga
3
Capítulo 3. Corrida
4
Capítulo 4. Briga
5
Capítulo 5. Crianças
6
Capítulo 6. Acusação
7
Capítulo 7. Compras
8
Capítulo 8. Lua de Sangue
9
Capítulo 9. Loba Dourada
10
Capítulo 10. Desespero
11
Capítulo 11. Perigo
12
Capítulo 12. Lobo Bom
13
Capítulo 13. Capitão
14
Capítulo 14. Acusação
15
Capítulo 15. Invasão
16
Capítulo 16. Frieza
17
Capítulo 17. Educação
18
Capítulo 18. A Marca
19
Capítulo 19. Visitas
20
Capítulo 20. Surpresa
21
Capítulo 21. Bonus Jason/Sônia
22
Capítulo 22. Pesadelo
23
Capítulo 23. Fedorentos
24
Capítulo 24. Coisa Estranha
25
Capítulo 25. Susto
26
Capítulo 26. Suspeitas
27
Capítulo 27. Ataque
28
Capítulo 28. Decisões
29
Capítulo 29. Salvamento
30
Capítulo 30. Muito Prazer
31
Capítulo 31. Dando Uma Volta
32
Capítulo 32. Correndo
33
Capítulo 33. Torturante
34
Capítulo 34. Adesivos
35
Capítulo 35. Revolta
36
Capítulo 36. Fúria
37
Capítulo 37. Caos
38
Capítulo 38. Renata
39
Capítulo 39. Ao Amanhecer
40
Capítulo 40. Amigo ou Inimigo
41
Capítulo 41. Tentáculos
42
Capítulo 42. Investigação
43
Capítulo 43. Rapidinha
44
Capítulo 44. Calmaria
45
Capítulo 45. Acabou a paz
46
Capítulo 46. Espera
47
Capítulo 47. Estratégia.
48
Capítulo 48. Dúvida
49
Capítulo 49. Parto
50
Capítulo 50. Achado
51
Capítulo 51. Profundidade
52
Capítulo 52. Efeito XX
53
Capítulo 53. Bonança
54
Capítulo 54. Selvagem
55
Capítulo 55. Volta pra Casa
56
Capítulo 56. Aceitação
57
Capítulo 57. Parto
58
Capítulo 58. Final

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