Conhecendo a Beatriz

Thanatos ainda me olhava rindo, eu estava envergonhada não apenas da minha atitude anterior, mas também dos meus pensamentos, que por sorte ele não ouve.

— Depois te darei mais uns mimos. Agora vamos. Não posso deixar Beatriz esperando. — Thanatos alertou me chamando atenção.

— Ah! Quê? Desde quando eu sou sua? Não falei que aceitava isso. A história da fiel você disse que era apenas para proteção. — Eu falei receosa, Thanatos saiu rindo e desligando as luzes.

— Você disse com o olhar. Seu corpo confirmou agora. Se quiser, posso deixar só como um título e continuar comendo Laíse. Não sou fã de ficar correndo atrás de mulher, quando tem tantas se jogando para mim. — Thanatos falou segurando a porta para eu passar. Como diabos ele pode falar tanta merda e ter atitudes gentis?

— Acha que vai me conquistar com ameaças de pegar outras mulheres se eu fizer carranca? Não sou o tipo de mulher que você conquista assim. — Falei para ele que estendia a mão para me ajudar a subir na moto.

— Não sou do tipo que fica correndo atrás de mulher. Se tu quer, quer. Se não quer, tem quem queira. Não preciso forçar ninguém a ficar comigo. Não vou negar que tô doido para te levar para cama e ouvir você gemer meu nome, mas fica por sua decisão. Durmo com você ou com Laíse hoje a noite? — Thanatos perguntou me olhando. Empurrei ele.

— Vamos. Para casa de Thelma. — Eu não sabia o que dizer. Eu era casada. Queria dormir com o dono do morro que conheço praticamente 24h. Thanatos riu e ligou a moto. Definitivamente, eu enlouqueci.

Em Thelma foi rápido, tirei o sangue, examinei novamente o garoto que estava sem febre. A mãe ficou o tempo todo agradecendo Thanatos por algumas frutas e uma cesta básica que ele havia mando deixar. Parecia que não estava prestando atenção em nada, mas pelo contrário, Thanatos estava resolvendo todos os problemas sem precisa perguntar nada. Seguia sendo uma grande incógnita quem realmente era aquele homem.

Um dos "parceiros" de Thanatos levou o sangue para o laboratório, como ele havia me explicado. Me despedi de Thelma e pedi que ela fosse na clínica amanhã pela manhã. Assim poderia dizer o que o garoto tinha além da febre, que era apenas um sintoma de algo bem maior. Chegamos em casa, havia uma gritaria vindo da sala. Thanatos literalmente, me tirou da moto e correu para dentro de casa.

Antes que eu chegasse lá dentro, tudo se silenciou. Quando pisei na sala, Jade estava no chão. Parecia desnorteada.

— Você está bem? — Perguntei me agachando perto dela. Só aí notei que ela estava chorando.

— Eu não sei. Beatriz tem algo de errado. Ela não reage as coisas como uma criança normal. Ela é tão intensa com tudo. Tem algo de errado. Eu não sei o que é. Eu só tirei sem querer uma boneca do lugar. E o mundo parecia que estava se acabando. Eu só queria limpar. Ela não deixa ninguém tocar em suas bonecas. Eu não sei o que fazer. — Jade chorava. Eu abracei ela tentando acalmar.

— Onde Thanatos está? — Questionei. Queria realmente descobrir se a menina tinha mesmo algo de errado ou era apenas preocupação de Jade.

— No quarto de Beatriz, ele é o único que acalma ela, quando está assim. Com a mesma história. Cantando a mesma música. — Jade respondeu.

— Eu vou falar com ele. — Eu disse me levantando, mas ela puxou a minha mão.

— Não. meu irmão não quer que ninguém chegue perto ou veja a menina. E Beatriz vai surtar se souber que tem alguém dentro da casa. Ela odeia mudanças. — Jade parecia realmente preocupada. O que me deixou ainda mais alerta.

— Tudo bem. Pode confiar em mim. Eu sei o que estou fazendo. Aliás, Beatriz odeia contato, certo? — Perguntei para confirmar a suspeita.

— Sim, como sabe? Eu disse? — Jade questionou surpresa.

— Pode pedir para prepararem a comida que ela mais gosta? Vai ficar tudo bem, titia. — Passei a mão no cabelo de Jade que me olhava confusa e subi as escadas.

Não vou mentir e dizer que não estava nervosa. Muito mais pela reação do Thanatos que da criança. Parecia que ele queria proteger a garota de todos. Bati bem devagar na porta e entrei. O olhar de surpresa de Thanatos era enorme. A garota nem me olhou.

— Thanatos, vou tentar uma coisa, tá? Depois a gente conversa. — Já alertei a ele, para que não surtasse. Sentei no chão, distante da garota, mas onde poderia me enxerga bem. — Oi, Beatriz, eu me chamo Sarah. Sou médica. E amo bonecas. Você tem algumas muito bonitas do seu quarto. Qual é a sua favorita?

— O que você está tentando fazer? Beatriz não fala com... — Thanatos se calou ao ver a filha se levantando e indo na minha direção. Antes a garota pego uma boneca e me entregou.

— Ela é muito bonita. Você colocou um nome nela? — perguntei. A garota balançou a cabeça. Ficou em pé um pouco na minha frente.

— O que mais você gosta de brincar? Além das suas bonecas? Lego? De montar? — Perguntei. A menina apenas confirmou e voltou a sentar com o pai.

— Eu vou precisar de uma boa explicação. — Thanatos falou.

— Depois. Onde está os legos ou peças de montar dela? — estava focada.

— Estão no ali. — Thanatos aprontou para uma grande prateleira com vários prédios montando. — Ela monta e não quer que ninguém mais toque.

— Tem algum fechado? — eu queria ver como ela ficava ao montar.

— Acho que tem um lego que ela não montou ainda no guarda-roupa dela. — Thanatos olhava para Beatriz, que estava olhando para a boneca que estava na minha mão. Eu coloquei ela no mesmo lugar que a menina tinha tirado e fui atrás do Lego.

— Beatriz. Pode montar para mim? — Coloquei tudo em cima de uma pequena mesa e me afastei.

A menina me olhou rapidamente, o tempo inteiro ela não fazia contado visual. Seu olha estava perdido ou fixado em algo. Ela sentou na cadeirinha, na frente da mesa que estava os legos e em poucos instantes montou tudo. A atenção dela se voltou toda para aquilo. E montou divinamente, sem qualquer dificuldade.

— Papai, guarda. — Beatriz falou assim que terminou de encaixar tudo.

— Você fez um trabalho maravilhoso. Um dia pode me ensinar? Eu gosto muito de bonecas e de montar. Podemos ser amigas? — Perguntei sorrindo. A menina concordou. — Então, hoje, como amigas, vamos jantar juntas. Jade disse que hoje para o jantar tem a sua comida favorita. Eu tomarei um banho. Em 30 minutos, eu volto.

A menina não respondeu. Eu saí. Fui para meu quarto. Era exatamente o que eu estava pensando. Assim que entrei no quarto, me surpreendi com as minhas malas. Esqueci de perguntar ao Thanatos o que ele fez para recuperar tudo. De qualquer forma, eu preciso de um banho. Comecei a tirar minha roupa logo no quarto. O que eu não esperava era Thanatos entrando do nada.

— Eita! Cheguei em boa hora. É mô gostosa mesmo. Fiquei até animado. — Thanatos disse se aproximando.

— Se vira — Falei jogando um travesseiro nele.

— Que egoísta. Eu só ia te sentar no meu colo um pouco e te fazer gemer rapidinho. Eu nem tava pensando em tirar minha roupa. — Thanatos falava virado de costas.

— Você é muito safado. Onde eu coloquei minha calcinha? — Eu estava procurando quando Thanatos me puxou para seu colo. Ele estava sentado na cama.

— Posso te tocar? — Thanatos sussurrou no meu ouvi. Meu corpo inteiro arrepiou. Ele começou a beijar meu pescoço — Eu só vou te tocar quando você disser que eu posso.

— Eu não posso fazer isso. Sou casada. É errado. Mesmo que eu não esteja mais com ele. Não posso fazer isso — Eu Respondi.

— Se a única coisa que te faz não fazer isso, é esse assunto, então abre as pernas. — Thanatos falou bravo. — Vou dizer pela última vez. Você é minha. Esquece o que rolava no asfalto. Sua nova vida é essa. Curte ela. Esquece aquele idiota.

Antes que eu pudesse responder algo, senti as mãos delicadamente na minha intimidade. Ela sabia exatamente onde tocar. Acariciando devagar. Enquanto ele brincava com seu dedo em mim. Sua outra mão estava apertando meu seio. Não demorou muito para meu quadril obedecer o ritmo que ele me tocava. Parecia que conduzia a dança. Senti a sensação vindo. Tive que morder ele para não gritar. Eu nem acredito que cheguei no ápice, no colo dele, enquanto ele apenas brincava com seu dedo em mim.

— Melhor vestir uma roupa ou vou acabar querendo mais. — Thanatos brincou. Fui tentar me levantar minhas pernas bambearam. Thanatos riu e me puxou para seu colo novamente me entregando minha calcinha e o vestido.

— Você é malvado. — Eu disse olhando para ele

— Mais tarde você verá como sou malvado. — Thanatos falou enquanto eu me vestia

— Eu não tenho forças para tomar banho. — Ainda sentia minhas pernas fracas.

— Tudo bem, mais tarde te darei um bom banho. Agora que respostas. O que rolou naquele quarto? — Thanatos me perguntou e eu olhei preocupada nos olhos dele. — É problema, né? Tu se apresentou como médica. O que tu acha que Beatriz tem?

— Por enquanto, é apenas uma suspeita, fiz apenas testes básicos. Só quem podem confirmar é um neurologista ou um psicólogo. Eu não terminei minhas especialização em pediatria. O Félix não permitiu. Então, não tenho como dar o diagnóstico preciso, mas como geral, posso dizer que sua filha tem características Asperger. — Expliquei. Na mesma hora, Thanatos se levantou da cama.

— Tá dizendo que Beatriz tem autismo? Não faz sentido. Você conheceu ela por 10 minutos. — Thanatos disse andando de um lado para o outro com as mãos na cabeça.

— Eu disse, que não poderia dar um diagnóstico fechado, que teria que levar ela para um psicólogo ou neurologista. Eu, como geral, identifiquei características de Asperger. — Repeti para que ele pudesse entender que eu não estava diagnosticando.

— Isso é ou não é autismo? — Thanatos perguntou.

— Há variações do tipo de autismo, o termo espectro se tornou importante para ajudar a classificar uma pessoa que recebe o diagnóstico da doença, assim, podemos optar por formas diferentes de lidar com o tratamento, de acordo com a classificação do tipo e nível. Se minhas suspeitas se confirmarem, com o suporte certo, a qualidade de vida de Beatriz vai melhorar muito. Não se assuste. Posso te explicar direitinho tudo. — Estava nos olhos de Thanatos o medo ao ouvir o que eu estava dizendo.

— Vamos jantar. Beatriz odeia atrasos. — Thanatos se direcionou a porta e eu segurei sua mão.

— Hey! Vai ficar tudo bem. Nada disso muda quem ela é. Ao contrário, você só vai conseguir compreender melhor a forma que ela enxerga o mundo. Eu prometo que vou te ajudar. — Eu nem sei porque estava prometendo isso, mas Thanatos me olhou por um tempo.

— Espero que não esteja mentindo. Não ia gostar de matar você. — Thanatos disse segurando minha mão e descendo as escadas comigo. Impressão minha ou ele acabou de me ameaçar?

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Comments

Babi

Babi

Ela deve ser uma criança espectro autista

2024-03-29

3

Babi

Babi

Que horror

2024-03-29

0

Joselia Freitas

Joselia Freitas

Espero que ela ajuda ela,👏👏💋❤️💗🌹🌺💕

2024-01-02

1

Ver todos
Capítulos
1 Minhas preces foram atendidas?
2 Uma mão lava a outra
3 Oferta
4 Contrato
5 Me tornei a tal da fiel
6 Sobre escolhas
7 Conhecendo o lugar
8 Choque de realidade
9 Palavra de hoje: Privilégio
10 Conhecendo a Beatriz
11 Planos maquiavélicos de dominação dos homens
12 Eu estarei no controle
13 O primeiro dia no novo emprego
14 A confusão do guarda-chuva
15 Quando a gente chora
16 Batidas na porta
17 Mais um tapa na cara da realidade
18 Uma noite sossegada
19 Não se mexe com uma profissional do bisturi
20 Fogo e gasolina
21 Todos os dias na batalha
22 Marmita ou quentinha?
23 A cobra pode te picar
24 Existe o certo ou errado?
25 Escudo e espada
26 Partiu para o fluxo
27 A galinha e os pintinhos
28 A briga pela bala
29 Um doce amargo
30 Eu tenho um parque privativo
31 É apenas um inseto
32 Nada é totalmente controlado
33 Carnaval e uma pata quebrada
34 Despedida
35 Eu não me arrependo
36 Posso confiar Beatriz a você?
37 A calma no meio da tempestade
38 Legítima defesa
39 Trabalhe seu egoísmo
40 Uma noite tensa
41 O destino é sempre incerto
42 Saudade de você
43 A fuga
44 Toc toc toc
45 Uma fuga assustadora
46 A vida não espera nosso tempo
47 Troca de vasos
48 O desabafo de Thanatos
49 Uma promessa
50 O dono do morro está diferente
51 Uma mudança no rumo da conversa
52 Uma torre erguida
53 Queremos o melhor para quem amamos
54 O demônio surge
55 A maldição da família?
56 O início da maldição
57 Romeu e Julieta
58 Respira, não pira
59 A paz não chega
60 Fuga concluída com sucesso
61 O romance está no ar
62 Qual a resposta certa
63 O certo
64 A faísca da mudança
65 A verdade sobre Letícia?
66 O medo
67 O pior dia da minha vida
68 Alucinação ou realidade?
69 O presente
70 O que realmente aconteceu?
71 O pesadelo de Thanatos
72 A preparação para o novo capítulo
73 O fim do capitulo
74 VOLTAMOS!
Capítulos

Atualizado até capítulo 74

1
Minhas preces foram atendidas?
2
Uma mão lava a outra
3
Oferta
4
Contrato
5
Me tornei a tal da fiel
6
Sobre escolhas
7
Conhecendo o lugar
8
Choque de realidade
9
Palavra de hoje: Privilégio
10
Conhecendo a Beatriz
11
Planos maquiavélicos de dominação dos homens
12
Eu estarei no controle
13
O primeiro dia no novo emprego
14
A confusão do guarda-chuva
15
Quando a gente chora
16
Batidas na porta
17
Mais um tapa na cara da realidade
18
Uma noite sossegada
19
Não se mexe com uma profissional do bisturi
20
Fogo e gasolina
21
Todos os dias na batalha
22
Marmita ou quentinha?
23
A cobra pode te picar
24
Existe o certo ou errado?
25
Escudo e espada
26
Partiu para o fluxo
27
A galinha e os pintinhos
28
A briga pela bala
29
Um doce amargo
30
Eu tenho um parque privativo
31
É apenas um inseto
32
Nada é totalmente controlado
33
Carnaval e uma pata quebrada
34
Despedida
35
Eu não me arrependo
36
Posso confiar Beatriz a você?
37
A calma no meio da tempestade
38
Legítima defesa
39
Trabalhe seu egoísmo
40
Uma noite tensa
41
O destino é sempre incerto
42
Saudade de você
43
A fuga
44
Toc toc toc
45
Uma fuga assustadora
46
A vida não espera nosso tempo
47
Troca de vasos
48
O desabafo de Thanatos
49
Uma promessa
50
O dono do morro está diferente
51
Uma mudança no rumo da conversa
52
Uma torre erguida
53
Queremos o melhor para quem amamos
54
O demônio surge
55
A maldição da família?
56
O início da maldição
57
Romeu e Julieta
58
Respira, não pira
59
A paz não chega
60
Fuga concluída com sucesso
61
O romance está no ar
62
Qual a resposta certa
63
O certo
64
A faísca da mudança
65
A verdade sobre Letícia?
66
O medo
67
O pior dia da minha vida
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Alucinação ou realidade?
69
O presente
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O que realmente aconteceu?
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O pesadelo de Thanatos
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