Éden - Capitulo 16: Ave Divina

[Região Escaldante]

A Região Escaldante se ergue no horizonte como um oceano de areia interminável, onde o calor do Sol é uma presença inescapável, ardente e viva. Os poucos edifícios que outrora formavam uma cidade agora estão soterrados sob dunas douradas e fragmentos de rochas negras. As temperaturas, implacáveis, permanecem abrasadoras até mesmo à noite, nunca baixando de 35 graus. Mas o calor não é o único soberano dessa terra; ao longe, um vulcão imenso eleva-se como o guardião deste território, sua silhueta recortada contra o céu, cuspindo nuvens de cinzas e vapores, lembrando a todos do poder que detém.

Foi nesse lugar que os monstros elementais da terra e do fogo apareceram, transformando tudo o que existia em um deserto ardente e hostil. A fauna local, incapaz de suportar o calor extremo, praticamente desapareceu, restando apenas criaturas mutantes que aprenderam a se adaptar a essas condições quase infernais. Entre essas criaturas, há uma espécie em especial, um animal de porte médio e olhar astuto, que se adaptou primeiro e reivindicou o território como seu. O animal é forte o bastante para se defender de ameaças e imponente o suficiente para afastar muitos dos monstros; tornou-se, inclusive, objeto de reverência para o pequeno povoado que ainda habita essa região.

Ao oeste dessa vastidão escaldante, uma figura solitária se destaca. Com movimentos precisos, ela luta contra três monstros elementais de fogo. Em um golpe ágil e calculado, elimina um após o outro, e abaixa-se para recolher os núcleos dos monstros abatidos. Mas o solo traiçoeiro responde com violência. Espinhos de pedra emergem sob seus pés, forçando-a a saltar para trás. Outros três elementais de terra se revelam. Têm pele rochosa que brilha sob o sol, como uma armadura robusta, e seus olhos amarelos e ameaçadores fitam a caçadora com intenção de destruição. São maiores que a maioria dos elementais de sua espécie, graças ao peso de suas couraças.

Com destreza, ela saca duas adagas, assumindo uma postura de combate. Os monstros atacam em sincronia: um faz espinhos brotarem do chão, outro lança pedregulhos que cortam o ar em sua direção. Ela salta, torcendo o corpo para desviar das pedras, mas percebe o terceiro monstro em sua trajetória de aterrissagem, pronto para golpeá-la com um punho colossal. Flexionando as pernas, ela usa o braço do monstro como apoio e corre em direção à cabeça da criatura. Suas adagas cintilam, cobertas por uma aura de água em alta pressão, e ela murmura:

— Artes Assassinas: Adagas Mortíferas.

A lâmina traça um arco preciso, decapitando o monstro em um instante. Com um turbante envolvendo a cabeça e um véu sobre o rosto, apenas seus olhos se revelam. Um azul ciano, o outro verde claro, olham friamente para os dois elementais restantes. Eles tentam atacá-la de novo, lançando uma saraivada de pedras, que ergue uma nuvem de poeira. Mas ela surge atrás deles, como um fantasma, e diz em tom suave:

— Artes Assassinas: Passos Fantasmas.

Os corpos dos monstros caem ao chão, decepados em um movimento invisível. A mulher finalmente remove a máscara e o turbante, respirando fundo, revelando sua face. Sua pele clara reflete a luz do sol, e os cabelos castanho-escuros com pontas loiras caem sobre seus ombros. Ela verifica os corpos dos elementais de terra, mas apenas um deles possui um núcleo. Ela suspira, murmurando:

— Que sorte todos os três elementais de fogo terem núcleos... Agora, só preciso voltar.

Enquanto cobre novamente o rosto e parte para o leste, uma nova presença se aproxima da Região Escaldante. São Zack, Samuel e Renan, três viajantes cujas silhuetas contrastam com o cenário desolado. Ao avistar o imponente vulcão, Renan balança a cabeça, enxugando o suor que escorre no rosto:

— Embora a vista do vulcão seja incrível, eu detesto lugares quentes... — resmunga ele, abanando o rosto com a mão, o corpo definido e marcado por uma cicatriz no abdômen à mostra.

Ao seu lado, Samuel caminha tranquilamente, vestindo apenas um short, e retruca com um olhar divertido:

— Então, por que veio? — diz ele, arqueando uma sobrancelha enquanto exibe seus músculos com cicatrizes de cortes antigos.

— Acha que eu tive escolha? — Renan resmunga, com um sorriso bobo e o olhar distante. — Eu preferia estar com a Senhorita Aline e Roxyne… ah, só nós três, e eu deitado no colo delas... poderia morrer feliz.

O rosto de Samuel contorce-se em desgosto, e ele dá um passo para o lado, afastando-se do amigo com desconfiança.

— Esse cara é totalmente doente da cabeça... — murmura para si mesmo, evitando olhar diretamente para Renan.

À frente deles, liderando o grupo, Zack caminha em passos firmes, carregando Emi no ombro. Sua presença é imponente, com o torso cheio de cicatrizes, músculos definidos e densos que denotam força e resistência. Com um movimento breve, ele para e se vira para os companheiros, sua voz autoritária quebrando o silêncio:

— Escutem, vamos procurar por esta área separadamente. Se encontrarem algo que pareça a entrada de algum laboratório, disparem os sinalizadores. Caso não encontrem nada, voltem para este ponto e aguardem o retorno de todos — Samuel, com um suspiro cansado, ao lado de Renan, que parecia distante, com um sorriso tolo nos lábios.

— Tá bom, tá bom, — murmurou Samuel, rolando os olhos.

Renan, distraído em suas fantasias sobre a Senhorita Aline, murmurava baixinho para si mesmo, os olhos vidrados de desejo:

— Ahhh, não, Senhorita Aline… não toque… nesse luga— Paf!

Um tapa vigoroso na cabeça interrompeu sua divagação. Samuel, impaciente, cruzou os braços e estreitou os olhos. Renan recuperou-se, já com a expressão cheia de indignação, e ambos começaram a discutir.

Zack, que observava tudo à frente, lançou um olhar indiferente para os dois briguentos e pensou com uma expressão neutra:

— Um pavio curto, outro pervertido… Que combinação.

Renan, ainda furioso, resmungou uma ofensa para Samuel:

— Você é tão feio que parece que foi feito pelo C* com r**a mole!

Samuel, nada intimidado, riu com um desdém calculado e retrucou:

— Você é tão patético que aposto que sua certidão de nascimento veio junto de uma carta de desculpas da fábrica de preservativos.

Antes que pudessem seguir com as provocações, Zack se aproximou, e com um gesto firme e impassível, deu um cascudo em cada um. O impacto os jogou de cara ao chão, encerrando a discussão de uma vez por todas. Com os olhos fixos e gelados, Zack alertou:

— Movam-se logo. Se continuarem, na próxima vez não vou usar as mãos.

A ameaça, dita num tom tão calmo e contido, fez os dois imediatamente se levantarem e saírem em direções opostas sem uma palavra. Samuel seguiu ao norte, Renan para o oeste, enquanto Zack tomou a trilha para o leste.

Na extremidade leste da região, a mesma mulher misteriosa que enfrentara os monstros agora se encontrava cercada. Vestindo suas roupas largas e finas, lutava contra uma horda de elementais de fogo e pedra que a atacavam com uma ferocidade implacável. Ela desviava dos ataques com agilidade, mas o número era vasto, e não importava sua habilidade, cada movimento deixava novos cortes e queimaduras em sua pele. Em um momento, um elemental de fogo atinge seu turbante, arrancando-o junto com a máscara. Ela recuou, protegendo o rosto exposto, mas sua expressão permanecia determinada.

Conseguira abater metade dos monstros, quando os restantes decidiram atacar em uníssono, combinando fogo e terra num cerco de chamas e pedras. Ela saltou, escapando por um triz, mas foi surpreendida por uma rajada de pedregulhos que vieram de cima. Com um olhar afiado, concentrou energia nas lâminas, envolvendo-as em uma corrente d'água em alta pressão, e sussurrou:

— Artes Assassinas: Adagas Ágeis.

Ela moveu as adagas em um ritmo vertiginoso, formando um escudo de cortes que despedaçava os pedregulhos. Mesmo assim, alguns fragmentos conseguiram atravessar, acertando-a no braço e na testa, que começaram a sangrar. Ainda no ar, viu os monstros se reunirem abaixo dela, prontos para atacá-la assim que tocasse o chão. Com os olhos determinados, ela sentiu sua energia fluir e liberou uma explosão azulada que tomou forma, como a sombra de um ceifador sinistro que pairava atrás dela.

— Artes Assassinas: Técnica Especial - Açoite do Deus da Morte, — murmurou, e num movimento ágil, as adagas transformaram-se em chicotes de água que cortavam o ar com brutalidade.

Os monstros foram destroçados, um a um, enquanto os chicotes de água dilaceravam pedras e chamas, e ela aterrissou no chão, exausta e ferida. O campo de batalha ao seu redor estava devastado, o chão esmagado e coberto de estilhaços. Tentando erguer-se, pressionou o braço machucado, mas dois monstros evoluídos de fogo e terra surgiram diante dela. Seus olhos se arregalaram.

Os elementais atacaram com uma força avassaladora, arremessando-a longe e fazendo-a rolar pelo chão. Ela tentou se levantar, mas uma nova rajada de fogo e pedregulhos já se aproximava. Sabendo que não teria tempo de desviar, levantou a guarda e fechou os olhos, esperando o impacto.

O calor e a força do ataque a envolveram… mas, de repente, ela sentiu uma corrente de ar diferente, e percebeu que não estava mais no chão. Abriu os olhos lentamente e viu que estava nos braços de Zack, que a resgatara no último instante. Com uma tranquilidade plena, ele aterrissou com ela no chão e perguntou, sua voz profunda e serena:

— Consegue ficar em pé?

Ela piscou, encantada com a visão daquele lindo homem forte e protetor, os braços musculosos segurando-a com firmeza e gentileza. Sentindo o rosto corar, ela balbuciou:

— Si-sim… Eu consigo.

Ele a colocou cuidadosamente no chão, enquanto a pequena Emi saltava de seu ombro. Sem uma palavra a mais, Zack lançou um último olhar para os elementais evoluídos, assumindo uma postura de combate.

— Vou terminar isso rápido, — declarou, sua voz um tom suave grave.

Em um instante, Zack disparou para a frente, desviando das rajadas de fogo e quebrando os pedregulhos que vinham ao seu encontro com socos precisos. Quando chegou perto dos monstros, parou bruscamente, fincando o pé no chão. O impacto deixou uma pequena cratera sob seu calcanhar, e ele ergueu o punho, concentrando uma aura sombria que começou a puxar o ar ao seu redor.

— Técnica Sem Forma: Limiar Sombrio.

Num único movimento devastador, Zack desferiu o soco à frente, e a aura explodiu em uma onda de destruição, que atingiu os monstros como uma lâmina invisível, apagando-os num instante. Quando a poeira baixou, ele voltou à postura inicial, tranquilo e com o olhar sereno. Sarah, ainda surpresa e encantada, quase não percebeu um elemental que se esgueirava para atacá-la pelas costas.

Antes que pudesse reagir, Zack se moveu com uma velocidade relâmpago, puxando-a pelo ombro para desviar do golpe e segurando o ataque do monstro com a outra mão. Num movimento rápido, lançou o monstro ao ar e desferiu um soco que atravessou o ar e destruiu a cabeça do inimigo. Voltando a atenção para Sarah, ainda segurando-a pelos ombros, ele murmurou:

— Precisa ser mais cuidadosa.

— Eu... Desculpe, eu vou… tomar mais cuidado, — respondeu ela, corando. — Qual é o seu nome? Eu sou Sarah.

— Zack, — respondeu, soltando-a. — O que fazia sozinha nesta região?

— Estava voltando para casa, depois de coletar oferendas… E você, Zack? O que faz por aqui?

Ele retirou uma pequena pomada medicinal da bolsa e entregou para ela, com um olhar atento.

— Apenas de passagem. Use isso no braço, vai ajudar. Preciso seguir em frente.

Sarah segurou seu braço, antes que ele pudesse se afastar.

— Espere! Eu moro perto daqui… posso te recompensar. E também te apresentar à Ave Divina, guardiã do meu vilarejo. Ela pode te abençoar.

Zack ponderou, intrigado.

— Ave Divina? Hm… Posso levar mais dois que vieram comigo?

Sarah sorriu suavemente, assentindo para Zack. Não haveria problema em levá-los até o vilarejo. Com um gesto calmo, Zack puxou um sinalizador, disparando-o no ar, que explodiu em uma luz intensa que se dissipou no céu claro. Depois disso, ele e Sarah aguardaram no ponto de encontro.

Enquanto esperavam, Zack se ofereceu para ajudá-la a passar a pomada medicinal nas feridas, trabalhando com precisão. Cada toque de suas mãos era firme e gentil, e Sarah, embora ferida, não tirava os olhos dele, absorvendo cada detalhe de seu rosto e corpo. Os traços sérios, As cicatrizes que marcavam sua pele, os músculos definidos sob a pele — tudo a fascinava, mas Zack parecia alheio à admiração que provocava.

Não demorou muito até que Samuel e Renan finalmente chegassem, ambos ofegantes após a corrida pelo calor escaldante. Samuel, com o olhar atento, percebeu a presença da jovem e questionou:

— Zack, encontrou a entrada? E… quem é essa? — perguntou, os olhos percorrendo Sarah com uma curiosidade discreta.

Renan, no entanto, tinha outra abordagem. Com um sorriso aberto e olhos brilhando de interesse, aproximou-se de Sarah e comentou com entusiasmo:

— Quem é essa deusa ao seu lado, Zack? Vai me apresentar, ou quer guardar toda essa beleza só pra você?

Zack apenas balançou a cabeça, e com a frieza característica, fez as apresentações.

— O mais baixinho se chama Samuel, e esse atrevido aqui é o Renan — Disse, com um tom indiferente — Essa é a Sarah.

ele explicou que Sarah os havia convidado para o vilarejo e mencionou a lenda local da Ave Divina, uma guardiã espiritual que, segundo ela, poderia conceder bênçãos. Samuel levantou as sobrancelhas, intrigado pela história da ave sagrada. Renan, por outro lado, estava mais interessado em Sarah. Ele pegou delicadamente sua mão e inclinou-se para beijá-la, com um sorriso que julgava irresistível.

— É um prazer em conhecer uma dama tão encantadora, Sra. Sarah — murmurou ele, tentando segurar seu olhar com uma intensidade calculada.

Mas Sarah rapidamente puxou a mão de volta e, sem hesitar, deu-lhe um tapa firme, que ecoou com um som claro. Ela foi para o lado de Zack, mantendo uma distância decidida de Renan. Embaraçado, ele fez uma careta, cruzando os braços enquanto tentava disfarçar a frustração.

A jornada até o vilarejo foi relativamente rápida. Conforme se aproximavam, o cenário mudava drasticamente. Os três viajantes ficaram surpresos ao ver a movimentação. Apesar da hostilidade da região, o vilarejo era próspero e cheio de vida. Pequenas casas de pedra, tendas coloridas e mercados ao ar livre compunham o cenário. O povo parecia genuinamente feliz, com um ar de tranquilidade que contrastava com o ambiente árido ao redor. A maioria dos habitantes eram mulheres de porte esbelto, que se ocupavam de trabalhos mais complexos, enquanto os homens dedicavam-se às tarefas manuais e à construção.

Enquanto Sarah os guiava pelas ruas, olhares curiosos e admirados os seguiam. Muitas das mulheres olhavam para os viajantes com interesse genuíno, apreciando a visão dos corpos musculosos, suados e bem treinados. Entre os três, Zack era quem mais atraía atenção, com o porte firme e o semblante sério, suas cicatrizes e olhos penetrantes despertando uma admiração silenciosa e um fascínio quase reverente.

Sarah os levou até um local onde poderiam se sentar para comer. Eles foram servidos com pratos locais, ricos em especiarias e sabores intensos, e ela se acomodou ao lado de Zack, vigilante e observadora. Sempre que alguma jovem o encarava por mais de alguns segundos, Sarah lançava um olhar afiado, como quem afirmava sem palavras que ele já tinha companhia.

Depois de comerem, Sarah os guiou a um local mais isolado, cercado por árvores antigas e pedras talhadas. Ali, num altar de pedra, ela começou a preparar as oferendas para a Ave Divina. Colocou cuidadosamente os núcleos que havia coletado durante a luta. No instante em que o último núcleo tocou o altar, uma transformação atmosférica tomou conta do lugar. Uma energia intensa pairava no ar, tornando a respiração mais densa e o clima, antes calmo, agora era opressivo. O vento começou a soprar, erguendo folhas secas e poeira ao redor deles, formando uma corrente que parecia animada por uma vontade própria.

Foi então que a Ave Divina apareceu.

Dos céus, surgiu uma figura imponente, uma criatura de plumagem negra e rubra, imensa, com asas que se estendiam como véus luminosos ao redor dela. Cada batida das asas criava uma corrente de ar que fazia o chão vibrar e os corações baterem mais forte. A aura que emanava dela era ao mesmo tempo bela e avassaladora, e seus olhos, de um amarelo profundo, pareciam sondar cada um dos presentes com uma sabedoria que transcendia o tempo.

A criatura observou Sarah, depois passou seu olhar pelos três forasteiros. A presença era tão poderosa que até Renan, conhecido por sua irreverência, estava imóvel, os olhos arregalados em reverência e admiração. A Ave Divina então inclinou a cabeça e soltou um canto grave e penetrante, uma melodia que reverberava dentro de cada um deles, como um chamado ancestral.

Zack, ainda sob o impacto da visão, manteve-se firme, encarando a ave com um respeito contido e solene. Ele sentia a energia envolvê-lo, como se estivesse sendo pesado e julgado por uma entidade muito além de sua compreensão. Sarah, ao seu lado, murmurou em tom quase religioso:

— Este é o guardião do nosso povo, aquele que vela por nossas vidas e nos concede sua proteção…

Os viajantes permaneceram ali, mudos, sob o olhar sábio da Ave Divina. Ela, por fim, ergueu as asas e, num movimento que parecia abençoar o ambiente, liberou uma chuva de pequenas faíscas douradas que se dissolveram no ar, deixando para trás uma sensação de paz e um calor suave.

Quando a figura majestosa começou a se alimentar dos núcleos, Sarah se virou para Zack, um sorriso contido, mas satisfeito no rosto.

Samuel, por outro lado, estava maravilhado com a Ave Divina.

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(Arte Conceitual, Sarah)

(Arte Conceitual, Região Escaldante)

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Comments

Alin3

Alin3

Samuel e Renan discutindo é uma obra de arte 🤣🤣🤣🤣🤣🤣

2023-02-25

1

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