Éden - Capítulo 13: Frenesi

Rayka se levantou lentamente, envolta em uma aura densa e gelada que parecia pesar sobre todos à sua volta. O ar ficou carregado de tensão, e as expressões no rosto dos presentes congelaram, como se o tempo houvesse parado. Samuel, estático, encarou-a com uma mistura de confusão e apreensão, a voz fraca mal saindo de seus lábios.

— Rayka... — murmurou, sem saber o que dizer, incapaz de processar o que estava acontecendo diante de seus olhos.

De repente, um estrondo ecoou pelo ambiente. Algo caiu do teto, uma criatura grotesca que misturava partes de louva-deus com o corpo flamejante de um monstro elementar, sua cabeça, no entanto, era perturbadoramente humana. O ser avançou em direção a Rayka, que permanecia de costas, a cabeça baixa, murmurando palavras indecifráveis enquanto apertava os punhos com tanta força que o sangue começou a escorrer entre seus dedos.

O monstro atacou com suas afiadas garras de louva-deus, golpeando o chão com tanta força que uma nuvem de poeira se ergueu. Quando a poeira finalmente assentou, Rayka havia desaparecido. O som de trovões reverberou pelo local, e o monstro sentiu um calafrio percorrer sua espinha. A atmosfera ao seu redor ficou sufocante, pesada, enquanto ele percebia que Rayka estava atrás dele. Sua Armadura Tempestuosa cintilava, envolta em eletricidade, e ela levantou a cabeça lentamente, ainda murmurando.

— Matar... — sussurrou, revelando um olhar vazio, de puro ódio, com os olhos arregalados, vermelhos e desprovidos de qualquer brilho humano, seu corpo coberto de sangue.

O monstro, tomado pelo pavor, sentiu a morte à sua espreita. Tentou recuar, mas Rayka desapareceu num piscar de olhos, surgindo ao seu lado. Com um único soco devastador, fez o corpo da criatura simplesmente desaparecer do tórax para cima, transformando carne e chamas em poeira. Rayka virou a cabeça, seu olhar ainda fixo no teto, os olhos sem vida, mas cheios de uma sede assassina.

O silêncio foi interrompido pelo som metálico de um alto-falante se ligando.

— Ahhh! Que cena magnífica! Essa sua expressão arrepiante... quase me apaixonei! — a voz de TK ecoou pelo ambiente, eufórica. — Mal posso esperar pelo próximo! Quarto teste, começando agora!

Uma nova criatura emergiu, abrindo um buraco no chão com sua chegada. Era uma fusão aterradora de um escorpião com um ser elemental de raios. Seu ferrão reluzia com eletricidade pura, enquanto avançava para o ataque. As pinças do monstro se moveram com velocidade, tentando prender Rayka, mas ela deu um simples passo para o lado, esquivando-se com precisão. O golpe errante cortou o ar, gerando uma onda de pressão.

Sem hesitar, Rayka agarrou uma das pinças, agora envolta em uma eletricidade vermelha que pulsava ao seu redor. Com um aperto monstruoso, ela arrancou a pinça do corpo da criatura em um único movimento. Um grito de dor estrondoso ecoou pelo campo, e o monstro, em desespero, lançou uma descarga elétrica violenta em sua direção. No entanto, os raios se desviaram no último segundo, distorcendo o ar ao redor de Rayka, incapazes de tocá-la.

Num instante, Rayka desapareceu novamente, avançando com uma velocidade que rachou e afundou o chão de onde ela partiu. O monstro, movido por puro instinto, atacou com seu ferrão, mirando diretamente na cabeça dela. Mas Rayka inclinou-se suavemente para o lado, desviando do golpe com uma precisão assustadora. Num movimento fluido, ela parou subitamente, tão rápida que o som do vento só chegou depois, e aproveitando a inércia, girou o corpo com uma força descomunal.

Seu chute, envolto em raios vermelhos, gerou um clarão que cegou momentaneamente todos os presentes, seguido pelo estrondo de um relâmpago que sacudiu o ar ao redor. O golpe era tão rápido que distorceu o espaço à sua volta, e antes que qualquer um pudesse processar o que estava acontecendo, o monstro foi desintegrado. Restaram apenas as pernas, imóveis no chão. A cena deixou todos que assistiam boquiabertos, pasmos diante da devastação e do poder brutal que Rayka exibia sem qualquer esforço aparente.

Rayka voltou à postura ereta, os olhos fixos no teto, sem vida, mas carregados de uma fúria assassina. Sua voz cortou o ar como uma lâmina fria:

— Próximo... — disse com uma rispidez inabalável, a aura mortal ao seu redor pulsando como um aviso silencioso.

Do alto, o som metálico da voz de TK retornou, impregnado de sarcasmo e excitação:

— Santo pai, desse jeito vou acabar me apaixonando! Vamos para o quinto teste! — disse ele, sua voz eloquente e irônica, quase saboreando o caos.

Mais uma criatura desceu das alturas. Desta vez, era uma aberração desfigurada, composta de partes de monstros diversos, uma fusão grotesca e caótica de carne, metal e energia. Rayka permaneceu imóvel, indiferente, sua expressão tão fria quanto a morte que trazia. Apesar da aparência deformada, a criatura era veloz. Avançou com uma velocidade aterradora, desferindo um golpe violento. Rayka, com um movimento mínimo, levantou a mão, segurando o ataque com facilidade. A força da colisão fez o chão tremer atrás dela, mas sua expressão continuava vazia, quase entediada.

Inclinando a cabeça ligeiramente para o lado, Rayka apertou a mão da criatura com força descomunal, fazendo os ossos estalarem. Com um movimento brusco, lançou o monstro para o alto como se fosse um brinquedo quebrado. Apontou para o céu com um dedo, sua voz fria e precisa.

— Técnica Ofensiva... Raio Executor.

Um raio azul de proporções colossais rasgou o ar, emanando um estrondo que sacudiu todo o campo de batalha. A energia envolveu a criatura, queimando sua pele grotesca até que nada restasse além de cinzas que lentamente caíam do céu.

Rayka observou as cinzas com desdém e, sem mudar o tom ou a expressão vazia, disse novamente:

— Próximo...

As cinzas ainda flutuavam pelo ar quando outras sete criaturas surgiram, uma após a outra, cada uma mais poderosa que a anterior. As batalhas se intensificaram, as feridas começaram a aparecer no corpo de Rayka, mas sua expressão permanecia inalterada. Ela lutava como uma máquina impiedosa, indiferente à dor ou ao cansaço, destruindo cada adversário com a mesma frieza.

O penúltimo teste trouxe uma criatura diferente: um monstro humanoide de pele negra e olhos vermelhos brilhantes, uma figura que lembrava uma variante sombria. Rayka, sem perder tempo, lançou um raio vermelho em sua direção. No entanto, o monstro desviou o ataque com uma única mão, sua velocidade e precisão impressionantes.

Antes que Rayka pudesse reagir, ele desapareceu de sua vista, surgindo acima dela em um instante. O chute pesado que desferiu foi evitado no último segundo, com Rayka se movendo lateralmente, o corpo ágil como o de uma serpente. Sem hesitar, ela carregou um soco envolto em raios vermelhos e o desferiu contra o monstro, que foi arremessado contra a parede, causando um impacto estrondoso. No entanto, ele sofreu apenas danos leves.

Rayka não deu tempo para ele reagir. Com um salto mortal, avançou, desferindo o mesmo chute devastador que antes distorcia o espaço. Mas o monstro, com reflexos afiados, se abaixou, e o chute de Rayka passou direto, pulverizando a parede atrás dele. Aproveitando a posição, o monstro agarrou o pé de Rayka e a lançou para o alto com força brutal.

Enquanto Rayka ainda estava no ar, o monstro flexionou os joelhos e saltou, sua velocidade absurda transformando-o em um borrão. Com um soco carregado de energia, ele a atingiu no meio do ar. Rayka cruzou os braços para bloquear o ataque, mas o impacto a jogou violentamente contra o teto. Usando a força do impacto, ela se impulsionou de volta, descendo com velocidade avassaladora e desferindo um chute devastador no monstro, que ainda estava no ar. Quando os dois colidiram no chão, a poeira e os raios vermelhos tomaram conta do local.

Em meio à poeira, Rayka foi arremessada, mas estabilizou-se no ar com agilidade sobre-humana. O monstro emergiu da nuvem de destroços, um buraco grotesco se regenerando em seu estômago. Embora seu corpo estivesse coberto de feridas, Rayka manteve a expressão neutra, os olhos sem vida. Os dois se encararam por um instante, antes de desaparecerem simultaneamente.

O campo de batalha virou um borrão de golpes. Cada soco e chute trocado pelos dois causava rajadas de vento que sacudiam o ambiente, e cada colisão parecia fazer o ar vibrar. Eles lutavam em igualdade, mas o monstro possuía uma vantagem vital: regeneração. Rayka, por outro lado, não demonstrava sinais de desistir, apesar das feridas.

Então, algo dentro dela explodiu. Uma onda de energia brutal emanou de seu corpo, empurrando o monstro para trás. Envolta em uma força colossal, Rayka murmurou:

— Cansei... — Sua voz era calma, mas carregada de uma certeza mortal. A energia que vazava de seu corpo condensou-se em torno dela, seus raios agora negros com bordas azuis, seu cabelo e olhos assumindo o mesmo tom escuro. Ao dar um único passo, a pressão de sua aura fez o chão ceder sob seus pés. O monstro, que até então se mostrava implacável, tremeu. Ele sentiu o arrepio da morte iminente.

Num instante, Rayka desapareceu. O som de sua arrancada ecoou somente depois, enquanto ela surgia atrás do monstro. Com a mão tocando suavemente suas costas, ela resmungou:

— Técnica Especial: Trovão Negro.

O corpo do monstro paralisou. Pequenos raios negros começaram a sair de seus olhos, boca e orelhas. Ele estava sendo destruído de dentro para fora, desintegrado pelo poder incomensurável de Rayka. Ela, por sua vez, já se afastava, desativando a técnica e retornando à sua aparência normal.

Um filete de sangue escorreu por sua boca, mas ela limpou o sangue casualmente com as costas da mão e, olhando para o alto, disse uma vez mais:

— Próximo...

O som da voz de TK ecoou novamente, mais extasiado do que nunca.

— Ahhh! Que mulher! Estou completamente apaixonado! Último teste agora, madame! Boa sorte! — sua voz transbordava euforia, quase insana.

O chão se abriu mais uma vez, revelando uma figura singular. Um homem de pele pálida como um cadáver, com cabelos negros curtos e uma expressão vazia, trajando roupas de combate. Não havia qualquer energia visível emanando dele, mas Zack, com seu instinto aguçado, sentiu algo sinistro. Uma presença aterrorizante que os outros não conseguiam perceber. Enquanto isso, Rayka ativou sua Armadura Tempestuosa, e o ar ao redor dela pareceu crepitar com eletricidade.

Então, em um piscar de olhos, o homem desapareceu. Antes que pudesse reagir, Rayka foi lançada contra a parede com uma força brutal. Ela se estabilizou rapidamente, apenas para ser arremessada mais uma vez. O homem era absurdamente rápido. Mesmo com sua técnica ativada, ela não conseguia acompanhá-lo. Respirando fundo, Rayka se levantou, pronta para ativar sua técnica especial, mas o homem reapareceu diante dela num instante, com um golpe já preparado. No último segundo, ela ativou a técnica e conseguiu desviar. O lugar onde o punho dele acertou criou uma cratera profunda no chão.

Os dois se encararam, tensão no ar, como predadores avaliando o próximo movimento. Num instante, ambos desapareceram novamente, reaparecendo com os punhos colidindo no centro da sala. O impacto fez o ar vibrar ao redor, mas Rayka sentiu o gosto metálico de sangue em sua boca. O soco do homem era avassalador, muito além do que ela podia suportar. Seu braço estava inutilizado. Ela recuou, o corpo já no limite, sentindo a dor cravar profundamente.

O homem desapareceu de novo, surgindo diante dela, já com outro golpe preparado. Rayka estava indefesa, mas então, o som de um rugido cortou o ar. Um ataque em conjunto de Samuel e Renan irrompeu no campo de batalha. O rugido de dragão e o estrondo do vento sendo rasgado marcaram a investida dos dois, suas técnicas combinadas empurrando o homem pálido para trás, apesar de sua imensa força. Ele se defendeu com as mãos, quebrando a técnica antes que causasse maiores danos, restando apenas queimaduras e cortes superficiais nos braços.

Samuel e Renan correram até Rayka, postando-se à sua frente. A preocupação estampada em seus rostos.

— Rayka, já chega! Você precisa parar! — disse Samuel, os olhos fixos no homem pálido, mas sua preocupação voltada para ela.

— Senhorita Rayka, deixe que cuidamos disso. Você já fez demais — implorou Renan, os olhos cheios de apreensão.

Rayka, no entanto, avançou com passos lentos. Seu braço pendia inútil ao lado do corpo, mas sua voz soou baixa e fria:

— Matar... Eu vou... Matar...

Seus olhos, sem brilho e vazios, refletiam apenas uma vontade insana de destruir. A preocupação de Samuel e Renan se intensificou, seus corações pesados ao verem Rayka tão distante de si mesma, consumida pela fúria. Quando se preparavam para reagir, o homem pálido apareceu diante deles, pronto para atacar.

Mas, antes que o golpe caísse, Zack surgiu, seu punho conectando-se com o homem e o lançando para longe. Era um soco poderoso, suficiente para afastar o adversário por um breve momento. Com uma calma implacável, Zack disse:

— Levem a Rayka e saiam do laboratório. Vocês não têm chance contra ele, nem juntos.

Samuel hesitou, virando-se para Rayka.

— Mas a Rayka... Ela não está...

Quando ele se virou, Rayka já estava caída no chão, desmaiada. Zack havia a colocado para dormir, impedindo que o homem tivesse a chance de feri-la ainda mais. Samuel a pegou nos braços e, junto de Renan, correram em direção à porta de aço. Ao chegarem lá, ambos ficaram boquiabertos. A gigantesca porta estava destruída.

— Quem é esse cara? — perguntou Renan, incrédulo, enquanto corriam.

— Não faço ideia, mas ele está fora de qualquer padrão que já vimos. Não dá para medir sua força do jeito convencional — respondeu Samuel, carregando Rayka nas costas, o suor escorrendo por seu rosto.

Finalmente, os dois saíram da sala. Zack, por sua vez, se preparou. Tirou o sobretudo, arregaçou as mangas da blusa e olhou de soslaio para a pequena Emi, que observava a cena.

— Afaste-se — disse ele, a voz baixa, mas cheia de autoridade.

O homem pálido, implacável, tentou avançar na direção dos três que haviam escapado. Zack, no entanto, foi mais rápido. Ele desferiu um soco em direção à cabeça do adversário, mas o homem desviou, recuando rapidamente. Os dois se encararam por um momento, um olhar afiado que parecia cortar o ar.

A tensão na sala tornou-se palpável. O ar tremia com a simples presença de ambos, como se a atmosfera estivesse prestes a se rasgar. Era o prenúncio de uma batalha titânica. Dois monstros prestes a colidir.

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Comments

Alin3

Alin3

.

2023-02-22

1

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