Éden- Capítulo - 1: Destinos Cruzados

"Sem você eu não vivo, e com você meu tempo se esvai ,o que eu sou?"

...VIDA....

Um pesadelo... Era o que a minha vida havia se tornado. Nunca foi fácil, nem antes dos desastres. Orfão desde pequeno, cresci sem pai nem mãe, sem saber o que era uma família de verdade. Tudo o que eu consegui, fui perdendo ao longo do caminho. E o pouco que restou, também se foi.

Um homem morto. Essa era a melhor definição de mim agora. Sem rumo, sem propósito, com uma expressão vazia, desprovida de qualquer cor ou emoção. Eu não vivia mais, apenas sobrevivia. E, para mim, sobreviver era o mesmo que sofrer.

Quando Sophia morreu, chorei até a minha alma se desfazer. Carreguei seu corpo até o Éden, o lugar onde pensei ser o melhor, longe do caos, e a enterrei junto às rosas amarelas, que combinavam perfeitamente com seus cabelos dourados. Fiz uma lápide simples, decorada com algumas flores, e me despedi com a voz entrecortada:

— Obrigado por tudo, Sophia... Nos vemos no Éden.

Dei um sorriso cansado, mas sincero. Meus olhos, pesados de tristeza, a fitavam uma última vez antes de partir. Mergulhado em solidão e agonia, vaguei por um mês inteiro, até que o destino colocou alguém inesperado no meu caminho...

Fevereiro 15, de noite, seis meses depois...

Um grito agudo rompe o silêncio da noite:

— AAAAAAAH! — O som desesperado de uma mulher em pânico.

E então, o ruído grotesco de uma criatura monstruosa:

— CaRnEee... — O monstro se aproximava, sua boca escorrendo saliva, os olhos fixos na mulher caída no chão.

— Fica longe de mim! Alguém, por favor, me ajuda! Eu faço qualquer coisa! — A voz dela estava carregada de desespero.

De repente, uma voz surge do alto, com um tom despreocupado:

— Opa! Agora falou a minha língua!

Um jovem de cabelos curtos e meio ondulados saltou para o chão, interpondo-se entre a mulher e o monstro. Ele segurava uma espada em uma das mãos, vestindo uma camisa branca e uma jaqueta preta, com um dragão estampado nas costas. Seus olhos castanhos brilhavam com uma confiança quase irritante.

— Cara, de longe você já é feio... mas de perto, parece que tá de longe! — Ele deu uma risada curta, alongando os braços de maneira casual. — Não importa. Hoje, esse projeto de heterotop vai aprender como é ser gente.

Ainda se alongando, ele se virou para a mulher e, com uma expressão descontraída, disse:

— Olha, não querendo ser rude, mas... você poderia VAZAR daqui?

— S-sim! Claro! — A mulher levantou-se rapidamente e correu para se esconder.

O monstro, no entanto, não desviou o olhar. Seus olhos famintos continuavam fixos nela.

— CoMiiDaa... — ele rosnou, começando a avançar.

O jovem suspirou, balançando a cabeça em desaprovação.

— Rapaz, a sua situação tá feia. Mas relaxa, vou te dar um remédio... Olha o aviãozinhooo!

Com um movimento ágil, ele pulou na direção do monstro, sua espada se inflamando à medida que saía da bainha. Num corte rápido e preciso, ele dividiu a criatura ao meio. O monstro mal teve tempo de reagir antes de ser dilacerado pela lâmina incandescente.

Aterrissando no chão, o jovem balançou a espada, limpando o sangue, e a guardou de volta na bainha.

— Fácil demais. Agora, onde foi parar aquela mulher? — Ele olhou em volta, coçando a cabeça.

Um estrondo ecoou de uma casa próxima, seguido por mais um grito feminino:

— AAAAAHHHHH!

O jovem rolou os olhos e soltou um suspiro impaciente.

— Ah, não... De novo?! Deviam usar essa mulher como sirene de alerta nuclear! — Ele disparou em direção ao som.

Ao chegar, viu um homem empurrar a mulher na direção de outro monstro, tentando escapar por conta própria. Em sua fuga desesperada, ele se esbarrou no jovem.

— Sai da frente, pirralho do car4lh0! — O homem gritou em pânico, tentando empurrá-lo para longe.

Mas o jovem foi mais rápido. Segurou o braço do homem com uma força impressionante, sua expressão se transformando num sorriso sombrio.

— Vai aonde? Ah, espera... tive uma ideia.

O homem se debatia, tentando se soltar.

— Me solta, porr4! — Ele rosnou, mas a luta era inútil.

Com um brilho nos olhos, o jovem ergueu o homem, pronto para a sua jogada.

— Vou bater nesse filho da put4... com esse outro filho da put4!

Com uma gargalhada maligna, ele arremessou o homem diretamente na direção do monstro. O pobre coitado mal teve tempo de reagir antes de ser empalado pelas garras da criatura.

Ao mesmo tempo, o som de uma espada saindo da bainha e o brilho de fogo iluminou a cena. Num piscar de olhos, o jovem estava atrás do monstro, partindo-o ao meio com um golpe certeiro.

— Katchau — murmurou o jovem guardando a espada na bainha.

Coberto de sangue, ele se virou para a mulher, seu rosto sério, mas com um ar de deboche:

— O toba ou a vida?

A mulher o olhou, assustada e confusa.

— O-o quê...?

Ele não conseguiu segurar e soltou uma risada curta.

— Tô zoando! Só me fala onde você guarda a comida.

Antes que ela pudesse responder, um som estrondoso ecoou pelo local.

PAAA! O impacto reverberou pelo ambiente, o jovem foi lançado violentamente contra uma parede de concreto, rachando-a com o impacto. Ele caiu no chão com um baque surdo, gemendo de dor enquanto se levantava, com o corpo pesado, como se estivesse preso por correntes invisíveis. Ele cuspiu um jorro de sangue, limpando a boca com as costas da mão, sentindo o gosto metálico invadir sua língua.

À frente dele, uma criatura monstruosa se erguia. Diferente dos outros, esse era uma mutação aberrante, quase uma visão infernal. Sua pele, de um vermelho escaldante, brilhava nas rachaduras que atravessavam seu corpo como magma correndo em veias expostas. Seus olhos vermelhos como brasas eram cheios de malícia e inteligência, e o calor ao seu redor ondulava o ar, como se o próprio inferno tivesse decidido caminhar pela Terra.

Enquanto o jovem lutava para se firmar de pé, ele soltou um suspiro pesado, tentando regular a respiração.

— Argh... Desgraça. Então o boss resolveu aparecer, hein? — Ele sorriu com dificuldade, o suor escorrendo pela testa.

De cima de um dos telhados próximos, uma voz feminina cortou o ar com um tom severo:

— Você sempre brinca demais, Samuel. Devia prestar mais atenção ao seu redor.

A figura que falava pulou suavemente de cima da casa. Era uma mulher de cabelos longos e castanhos escuros, os olhos castanhos intensos brilhando com determinação. Ela usava um top branco, óculos, um colete tático carregado de armas e um short justo com uma cinta-liga, enquanto suas mãos estavam protegidas por luvas de dedo abertas. Em suas mãos, uma metralhadora semi-automática reluzia ao ser engatilhada.

Ela pousou diante dele, firme, os olhos fixos na aberração à sua frente.

— Deixa que esse aqui, eu cuido. — Sua voz era fria, quase calculista, enquanto seus dedos acariciavam o gatilho.

Samuel balançou a cabeça, se afastando enquanto limpava o sangue do canto da boca.

— Tá bom, Rayka, fica à vontade. Ele é todo seu. — Disse, retirando-se para uma posição mais segura, ainda visivelmente debilitado.

O monstro, percebendo a nova ameaça, avançou com uma velocidade impressionante, as garras incandescentes se alongando, tentando perfurar o corpo da mulher com um golpe devastador. No entanto, Rayka era rápida. Ela saltou para o lado, as garras do monstro cravando no chão, rachando o concreto ao redor.

A metralhadora dela começou a emitir um brilho azulado, raios crepitando pelo cano enquanto se energizava. Rayka, aproveitando o momento de vulnerabilidade do monstro, avançou sem hesitar. Em um movimento rápido e fluido, posicionou a arma bem na cabeça da criatura, que ainda estava presa no chão. Seus olhos brilharam com um misto de confiança e desprezo.

— Isso vai doer um pouquinho, — ela disse, piscando para o monstro com um sorriso malicioso antes de apertar o gatilho.

TRAAAAA! O som ensurdecedor da explosão de energia preencheu o ar. Um clarão cegante iluminou tudo ao redor, seguido pelos estalos dos raios que dançavam pelo corpo da criatura, atravessando sua carne como agulhas elétricas. O monstro convulsionou violentamente, seus gritos transformando-se em uma massa de som indistinguível antes de desabar no chão, sem vida.

Samuel, que observava de longe, tentou soltar uma piada, mesmo entre tosses:

— É... parece que ele entrou em... choqu-

Antes que pudesse terminar, Rayka lhe acertou um tapa na cabeça, interrompendo-o bruscamente.

— Samuel! Essa não é hora de piadinhas idiotas, você tá todo machucado! — Ela o encarava com uma mistura de preocupação e irritação, seus olhos brilhando intensamente.

— Ai, ai! E você acha que me batendo vai me curar, sua besta quadrada?! — Samuel reclamou, massageando o local onde levou o golpe. — E outra, por que diabos você demorou tanto para chegar?! — Samuel protestou, a indignação clara na sua voz enquanto os dois iniciavam uma discussão.

Rayka cruzou os braços, erguendo uma sobrancelha com irritação.

— Acha que sou um jato, é? Você que foi impaciente e saiu correndo na frente! — Ela retrucou, o tom firme, mas claramente exasperado com o comportamento imprudente de Samuel.

Enquanto isso, a mulher que eles haviam resgatado observava a cena de longe, os olhos arregalados, sem saber ao certo se devia se sentir aliviada ou preocupada. As palavras dos dois não faziam muito sentido para ela, e tudo o que ecoava em sua mente era uma única pergunta: "Quem são essas pessoas?"

A discussão entre Samuel e Rayka continuava, os dois se cutucando com respostas afiadas e reclamações, enquanto a tensão no ar lentamente diminuía. Era como se a batalha brutal de momentos antes tivesse sido apenas um pequeno incômodo no dia deles.

Finalmente, depois de trocarem farpas por longos minutos, ambos se viraram para a mulher, que observava com uma expressão confusa.

— Vai, fala logo! Onde tá a sua comida estocada? — Samuel perguntou, o tom emburrado, claramente ainda irritado por ter perdido a discussão.

A mulher piscou, tentando processar a mudança repentina de comportamento. Finalmente, com um aceno rápido, ela se virou e disse:

— Tá... me sigam.— A voz dela ainda trêmula, liderando o caminho.

Conforme eles caminhavam, o cenário ao redor parecia ainda mais desolado e sombrio, com o céu escuro iluminado apenas pelas brasas que ainda queimavam dos destroços. Samuel e Rayka continuavam lado a lado, trocando olhares de cansaço, mas prontos para o que viria a seguir, enquanto a sombra da criatura derrotada começava a se dissolver lentamente no chão.

Seguindo a mulher por um tempo, Samuel e Rayka chegam a um armazém colossal. O silêncio ao redor era pesado, quase sufocante. A mulher abre o enorme portão de ferro, revelando um estoque gigantesco de comida lá dentro. As prateleiras estavam cheias, uma visão rara em tempos como aqueles. Os olhos de Samuel se encheram de brilho ao vislumbrar algo específico.

— Rayka! Olha só... massa de pizza! — exclamou, correndo para as prateleiras com pulinhos quase infantis de felicidade.

Rayka, sempre mais cautelosa, tentou segui-lo, mas seu alerta veio tarde demais.

— Samuel, calma... isso pode ser uma ar...

Antes que pudesse terminar, um *clang* metálico ecoou pelo armazém. Uma jaula de ferro reforçado caiu do teto, aprisionando os dois. Eles haviam caído numa armadilha. Samuel olhou para cima, surpreso, enquanto Rayka cerrava os dentes em frustração.

A mulher, que até então parecia desesperada, virou-se para eles com o rosto cheio de culpa.

— Eles pegaram o meu filho... me perdoem. — Sua voz era baixa, quase um sussurro, enquanto ela saía do armazém sem olhar para trás.

Antes que pudessem reagir, o lugar começou a se encher de pessoas. Homens surgiam das sombras, armados e claramente prontos para fazer os dois prisioneiros falarem. Mas sobre o quê? O acampamento deles? Samuel e Rayka trocaram olhares rápidos, já antecipando que aquilo era mais do que uma simples tentativa de roubo.

Um homem se aproximou, destacando-se dos demais. Ele caminhava com arrogância, um sorriso sarcástico estampado no rosto. Usava um terno de cauda elegante, que parecia deslocado naquele cenário, e seus olhos amarelos brilhavam de maneira sinistra. Uma cicatriz cortava sua bochecha, complementando seus cabelos castanhos claros com alguns fios negros, curtos e bem alinhados. Sua voz era suave, porém carregada de malícia.

— Ora, ora, o que temos aqui? O infame Imperador das Chamas e a Imperatriz dos Raios. Faz tanto tempo... — disse ele, a ironia escorrendo de cada palavra.

Rayka, sempre prática, olhou de lado para Samuel.

— Você conhece esse cara?

Samuel, com o dedo casualmente cutucando o nariz, respondeu sem o menor interesse.

— Nunca vi mais feio.

As veias do homem saltaram em seu pescoço e têmporas, o rosto momentaneamente tomado por raiva, mas ele se recompôs rapidamente, sorrindo de forma tensa enquanto tentava manter o controle.

— Vocês realmente não têm noção da situação em que estão. Se fosse eu, estaria preocupado. — Ele aproximou o dedo de sua cicatriz, fazendo uma expressão exagerada, os olhos arregalados de maneira bizarra.

Samuel, sempre insolente, desembainhou sua espada, que logo começou a se envolver em chamas.

— Por que estaríamos preocupados? Vou cortar essas grades como se fossem tofu.

Com um avanço ágil, ele desferiu um golpe certeiro contra as barras da jaula. O som da lâmina cortando o ar foi claro, mas... nada aconteceu. As grades permaneceram intactas. Rayka e Samuel se entreolharam, perplexos. O homem, observando a confusão estampada no rosto dos dois, deixou escapar uma risada satisfeita.

— Eu avisei.— Seu sorriso se alargou, levantando as sobrancelhas com ar de superioridade. — E nem adianta, Imperatriz. Essas grades foram feitas sob medida para vocês. Nada de raios ou chamas vai funcionar aqui.

Rayka apertou os punhos, o olhar sério e calculista voltado para o homem, enquanto Samuel baixava a espada, sua expressão tornando-se mais sombria.

— O que você quer? — Samuel perguntou, o tom frio e direto.

O homem deu um passo à frente, o sorriso deformando seu rosto de maneira quase insana.

— Quero uma única coisa, meu caro Imperador: te ver sofrer.

Ele estalou os dedos com um gesto teatral, e o teto acima deles se abriu. Dois monstros enormes caíram dentro da jaula. Um era uma montanha de músculos protegida por uma armadura pesada, resistente ao fogo. O outro, igualmente imponente, estava coberto por uma armadura que absorvia a energia elétrica, anulando os poderes de Rayka. Samuel ficou visivelmente surpreso.

— Como diabos, esse desgraçado capturou essas coisas? — Ele rapidamente assumiu sua postura de combate, erguendo a espada novamente.

A luta que se seguiu foi brutal. Samuel e Rayka tiveram que se adaptar rapidamente. Os monstros eram diferentes de tudo o que já haviam enfrentado, mais inteligentes, coordenados. Samuel atacou o monstro resistente a raios, suas chamas dançavam ao redor da espada, enquanto tentava cortar a armadura resistente. Do outro lado, Rayka se movia como um relâmpago, carregando sua metralhadora com raios e disparando contra o monstro de fogo sempre que via uma abertura.

Eles atacavam em sincronia, Rayka disparando nos pontos vulneráveis enquanto Samuel cortava as armaduras, abrindo espaço para que ambos pudessem desferir golpes fatais. Mas a luta os deixava exaustos e feridos, cada movimento ficando mais pesado à medida que o tempo passava. Finalmente, depois de muito esforço, conseguiram derrubar as duas bestas.

Ofegantes e cobertos de sangue, eles se levantaram, prontos para continuar, quando o homem aplaudiu devagar, seu sorriso bizarro de volta.

— Impressionante! Não é à toa que vocês têm esses títulos de Imperadores.— Ele sorria, claramente entretido pelo sofrimento deles.

— Vai se ferrar...! — Samuel retrucou entre respirações pesadas, a expressão fechada de raiva.

O homem abriu a boca para dizer algo mais, mas foi interrompido por um som distante. Gritos.

Um de seus homens entrou apressado, com pânico claro em seus olhos.

— Chefe! Apareceu um monstro negro lá fora... Nunca vimos nada assim. Nada que temos funciona contra ele, nem mesmo o que usamos para subjugar os mutantes. — Ele falava rápido, o medo evidente.

O sorriso do homem desapareceu. Ele virou-se rapidamente, sua postura mudou para algo mais chateado.

— Entendi... Vamos recuar. Boa sorte para vocês dois. — disse ele, com uma última olhada sarcástica para Samuel e Rayka, antes de sair apressado.

Enquanto ele sumia na escuridão do armazém, os dois ficaram sozinhos, ainda presos, mas com a sensação de que algo muito pior estava se aproximando.

Depois de um tempo desde que o homem havia saído, o monstro negro irrompeu pela parede do armazém com uma força esmagadora. Era como se a própria escuridão ganhasse forma — sua pele completamente negra e olhos vermelhos brilhantes, perfurando a escuridão como faróis do inferno. Mas o que mais impressionava eram os cristais azuis que reluziam em suas costas, contrastando com o breu de seu corpo. Com mais de cinco metros de altura, ele era uma aberração colossal, impossível de ser ignorada.

Samuel, sentindo o terror subir por sua espinha, apertou o punho em volta de sua espada, tremendo de exaustão. Mesmo assim, tentou manter a voz firme.

— Rayka... eu vou ser a isca. Quando essa coisa destruir a jaula, eu vou atacá-lo e distrair. Você corre. Entendido? — Sua expressão era séria, mas ele sabia que estava apostando tudo.

Rayka se levantou, as pernas trêmulas, mas o olhar firme.

— Correr? E te deixar aqui? De jeito nenhum! — ela exclamou, recusando-se a abandonar o parceiro.

Samuel bufou, sem forças para discutir.

— Fala sério... mal consigo ficar de pé, mas se é assim, vamos de frente. Quando tivermos a chance, fugimos. — Ele apertou a espada com mais força, preparando-se para o inevitável confronto.

— Certo. — Rayka concordou, engatilhando sua metralhadora. Mesmo cansada, seus olhos faiscavam com determinação.

Como haviam previsto, o monstro destruiu a jaula com um só golpe, seus movimentos devastadores e precisos. Sem hesitar, Samuel avançou, sua espada envolta em chamas ardentes. Ele atacou as pernas do monstro, mas a lâmina sequer o arranhou. A criatura, reagindo rapidamente, desferiu um soco brutal. Samuel saltou para trás, escapando por um triz, enquanto a força do golpe criava uma cratera profunda no chão.

"Que monstruosidade...", pensou Samuel, sentindo o peso da situação.

Rayka, sempre rápida, aproveitou a brecha e disparou uma rajada de balas energizadas, mas o monstro sequer titubeou. Ambos estavam exaustos demais depois da batalha contra os mutantes.

De repente, o monstro avançou contra Samuel com uma velocidade assombrosa. ele ergueu a espada para se defender, mas o impacto do soco o lançou como um boneco de pano, colidindo violentamente com a parede do armazém. A dor irradiou por seu corpo, e ele quase apagou.

Enquanto ele tentava se recuperar, o monstro já estava sobre Rayka. Com um soco devastador, a força do impacto fez o ar ao redor dela explodir, e mesmo conseguindo esquivar, a pressão do vento a jogou contra um pilar de ferro. Ela bateu as costas com força, desmaiando instantaneamente.

A visão de Rayka caindo desacordada trouxe Samuel de volta à realidade. Ignorando seus próprios ferimentos, ele se ergueu com dificuldade e correu em disparada antes do monstro capturá-la. Conseguiu pegar Rayka nos braços no último segundo, afastando-a do alcance do monstro.

Ele sabia que não tinham chance de fugir. Não podiam correr, não podiam se esconder. Samuel cravou os olhos na criatura, que agora se aproximava lentamente, como se saboreasse a inevitável vitória.

— Eu não sei o que vai acontecer se eu usar isso nessas condições... mas não tenho escolha. — Ele olhou para Rayka, desacordada em seus braços, deitou ela no chão com cuidado, antes de firmar os pés no chão e erguer a espada. Ele apertou o cabo da espada com todas as forças que lhe restavam, seus olhos ardendo em chamas vermelhas. O monstro, instintivamente, sentiu a mudança na energia ao seu redor e avançou. Mas Samuel já estava pronto.

— Tarde demais! — bradou, com a voz rouca de esforço. — Técnica Esotérica: Chamas do Purgatório!

A lâmina de sua espada explodiu em chamas carmesin, uma energia destrutiva o envolveu por completo. Samuel avançou numa velocidade quase impossível de seguir a olho nu, e com um único golpe, conseguiu cortar o braço do monstro, que derreteu sob o calor infernal, fazendo o ar ao redor do corte oscilar de tanto calor.

Samuel caiu de joelhos, fincando a espada no chão para se manter de pé. Seu corpo estava no limite. Mas, antes que pudesse sequer comemorar a vitória parcial, ele viu o impensável: o monstro regenerou seu braço instantaneamente, um sorriso bizarro se espalhando por seu rosto distorcido.

— Sério? Só consegui arrancar um braço... e ele ainda se regenera? Tá de sacanagem... —Samuel sussurrou fracamente, completamente esgotado.

O monstro, agora impiedoso, avançou novamente, decidido a acabar com ele. Samuel, aceitando o inevitável, fechou os olhos, pronto para receber o golpe final.

Um estrondo forte de repente reverbera pelo armazém!

Samuel abriu os olhos num susto e se deparou com uma cena que jamais esqueceria. O monstro estava caído no chão, imóvel. E em cima de sua carcaça, uma figura imponente: um homem belo, de cabelos negros semilongos e levemente ondulados, envolto em um sobretudo negro. Seu olhar era vazio, sua expressão neutra. A luz da lua o iluminava, tornando-o quase etéreo.

Sem dizer uma palavra, o homem encarou Samuel, a presença dele emanava algo além de poder, algo que Samuel não conseguia definir.

As rodas do destino, finalmente, haviam começado a girar.

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(Arte conceitual, Ayden)

(Arte Conceitual, Rayka)

(Arte Conceitual do Homem Elegante)

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Comments

Alin3

Alin3

misericódia, o monstro ñ cai kkkkkk

2023-02-06

1

Alin3

Alin3

.

2023-02-06

1

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