Éden - Capítulo 10: Rivais E Reencontro

[Região Glacial...]

Uma cidade afundada no silêncio gelado. O horizonte era uma massa indistinta de branco, onde prédios desmoronados se erguiam como gigantes tombados, e carros abandonados estavam congelados no tempo. As árvores, despidas de folhas, eram apenas sombras tristes cobertas de gelo. Tudo parecia estar à beira da morte, exceto uma figura que lutava com fúria e precisão à beira de um rio congelado.

Renan, um jovem adulto de cabelos laranja-escuro desgrenhados, olhos de um azul-marinho penetrante, exalava uma confiança letal. Ele girava sua lança com uma fluidez que contrastava com o ambiente hostil, desferindo golpes rápidos e calculados contra um monstro de gelo. A criatura, de aspecto colossal, parecia esculpida diretamente do gelo da região, com espinhos afiados emergindo de suas costas e uma coloração azul que emanava frio por onde passava.

— Que frio dos infernos... — murmurou Renan, os lábios tremendo levemente, mas o sorriso cínico nunca deixando seu rosto. Ele recuou brevemente, ajustando a postura. Sua beleza era marcante, de traços estéticos e altura imponente. Vestia um casaco pesado de pele sobre uma calça térmica, que o protegiam da implacável ventania. Anéis enfeitavam seus dedos, enquanto brincos de pressão e um piercing no lábio acrescentavam um toque de rebeldia à sua figura.Seus anéis e brincos brilhavam sob a luz opaca, e sua lança, decorada com a boca de um dragão que se estendia até o cabo, reluzia como uma extensão mortal de sua vontade.

O monstro rugiu, suas garras cobertas de gelo cortando o ar. Espinhos de gelo dispararam de seu corpo como projéteis, mas Renan girou a lança com destreza, criando um escudo rodopiante que desviou cada ataque. Sem perder o ritmo, ele avançou, movendo-se com a graça de um predador.

— Arte da Lança Imperial: Garras do Tigre Imperial! — bradou ele, o som de sua voz firme se misturando ao uivo do vento. A lâmina da lança cortou o ar, rápida como um relâmpago. O golpe foi certeiro, dividindo o monstro em três partes limpas. O corpo congelado do inimigo se desfez em pedaços, espalhando sangue azul no gelo.

Renan balançou a lança, limpando os respingos e a guardando nas costas com um movimento casual, como se aquilo fosse apenas um treino matinal. Ele esfregou as mãos juntas, soprando nelas para tentar afastar o frio cruel que mordia sua pele.

— Ah... Faltava só uma gatinha pra esquentar esse inferno gelado — resmungou, com um sorriso malandro, seus olhos cintilando apesar do nariz vermelho.

Ele saiu do rio congelado, caminhando na direção do centro da cidade, suas pegadas logo cobertas pela neve que caía incessantemente. Não muito longe dali, Samuel, Rayka e Zack se aproximavam da região, parando ao avistar o cenário desolador.

— Comparado à Região Escura, isso aqui parece um parque — disse Samuel, andando na frente com uma confiança exagerada, mesmo usando apenas um casaco leve, calça e tênis de corrida. Suas duas espadas balançavam na cintura a cada passo.

— Anda mais devagar, Samuel — alertou Rayka, sua voz soando firme sob o grosso casaco térmico que vestia. — Desse jeito, você vai acabar caindo de cabeça.

Samuel apenas riu, ignorando o aviso.

— Se eu cair, mudo meu nome pra Osvaldo — brincou ele, continuando a caminhar. Mas, como se as palavras tivessem invocado o azar, Samuel pisou em uma superfície escorregadia e, com um grito, começou a deslizar descontroladamente até bater de costas em um carro congelado, ficando de ponta cabeça.

Rayka se aproximou com um sorriso provocador.

— Tá tudo bem aí, Os-val-do? — disse, esticando a última palavra enquanto zombava da situação.

Zack passou ao lado de Samuel, o riso contido nos lábios enquanto acrescentava:

— Levanta logo, Osvaldo. — Seu tom era calmo, mas o sarcasmo era evidente.

Samuel se levantou, sacudindo a neve das roupas com uma expressão de constrangimento. Ele se recompôs rapidamente e seguiu os dois, agora em silêncio, enquanto caminhavam em direção à área central da cidade.

Ao chegarem, Zack parou abruptamente.

— A partir daqui, vocês vão sozinhos. — Ele se virou para o lado, seus olhos varrendo a paisagem gélida.

— E você? — perguntou Rayka, franzindo a testa.

— Tenho algumas coisas a fazer por aqui. Nos encontramos neste mesmo ponto depois. Se acharem algum esconderijo, me avisem. — Ele jogou um sinalizador para Rayka, que o pegou com um aceno.

Zack seguiu para outra direção, deixando Rayka e Samuel sozinhos. Os dois continuaram sua busca por alguma entrada ou abrigo na vastidão congelada.

Depois de algum tempo, os dois avistaram, à distância, uma figura lutando contra vários monstros de gelo em um pátio aberto. Era Renan, cercado por cinco criaturas colossais. Ele mantinha uma postura firme, cada respiração visível no ar frio.

Um dos monstros avançou com um soco potente, mas Renan desviou com elegância, usando a lança para desviar o golpe e, num movimento fluido, usou o braço do monstro como apoio para pular por cima dele. Aterrissando atrás, ele girou a lança com precisão e desferiu um golpe vertical, partindo a criatura ao meio.

Os quatro monstros restantes dispararam rajadas de gelo simultaneamente. Renan, sem hesitar, flexionou os joelhos e segurou a lança pela ponta do cabo.

— Arte da Lança Imperial: Fortaleza Impenetrável! — gritou ele, girando a arma numa velocidade impressionante, criando uma muralha de vento ao seu redor que destruiu os ataques de gelo.

Aproveitando a brecha, ele lançou sua lança em um dos monstros, mas este defendeu, repelindo a arma para o alto. Todos os monstros avançaram, socos envoltos em gelo desferidos com fúria. Renan sorriu, usando o braço de um dos monstros para pegar impulso e saltar, agarrando sua lança no ar.

— Tchauzinho... Arte da Lança Imperial: Investida do Tigre Divino! — Com um rugido feroz, ele girou no ar, a lança apontada para baixo. O impacto no chão gerou um domo de vento cortante, rachando o gelo e esmagando os monstros. A marca de um tigre emergiu na superfície.

Renan suspirou, preparando-se para guardar sua lança. No entanto, um ataque repentino veio do alto. Ele defendeu instintivamente, mas o impacto o jogou no chão. Um monstro colossal havia saltado de um edifício, e agora o prendia ao chão com sua força esmagadora. Renan estava imobilizado, suas mãos suando enquanto segurava a lança contra o ataque brutal. Quando o monstro levantou a outra mão para o golpe final, um tiro ecoou.

A criatura caiu, sua cabeça perfurada por balas energizadas.

Renan virou a cabeça, e lá estava ela. Rayka. Para ele, naquele momento, parecia que o céu havia se aberto, uma luz divina iluminando sua salvadora.

— Então anjos existem... — murmurou Renan, ainda atordoado, olhando para ela com admiração.

— Parece que você está bem — respondeu Rayka, guardando sua metralhadora, desinteressada.

Renan se levantou num salto, o sorriso sedutor voltando ao rosto.

— Você poderia, por favor, me dizer o nome da jovem que salvou minha vida? — Ele segurou a mão de Rayka com delicadeza e a beijou, olhos cheios de charme. — Me chamo Renan.

Rayka puxou a mão e limpou discretamente na roupa.

— É Rayka.

— Ah, Rayka... Um nome tão belo quanto você. Sabia que nós dois combinamos? Ambos somos... magníficos. — Renan lançou um olhar narcisista, piscando para ela.

Rayka apenas revirou os olhos e continuou caminhando, ignorando completamente suas tentativas de charme.

Samuel se aproximou de Rayka, o ar ao seu redor mais frio do que a própria neve que os cercava. Seu olhar ia de Rayka para Renan, uma sombra de irritação crescendo em seu semblante.

— Por que você ajudou esse projeto de pelanza, Rayka? — perguntou Samuel, claramente incomodado, com uma sobrancelha arqueada.

Rayka suspirou, já repensando a própria escolha.

— Tô começando a me arrepender disso — disse ela, balançando a cabeça levemente, como se já pudesse prever o desastre iminente.

Renan, que até então estava distraído ajustando sua lança, ouviu o comentário de Samuel e se virou com um sorriso debochado no rosto.

— Quem seria esse toco de amarra jegue? — zombou ele, os olhos cintilando com malícia.

— O que você disse?! Repete se tiver coragem! — gritou Samuel, as veias saltando em seu pescoço enquanto sua mão já se movia para a empunhadura da espada.

Renan deu alguns passos à frente, aproximando-se com o mesmo olhar provocador.

— Toco de amarra jegue, e aí, vai fazer o quê? — desafiou Renan, o tom leve, mas com uma ameaça sutil no fundo.

Os dois estavam prestes a sacar suas armas. Samuel já preparava uma de suas espadas, e Renan, sua lança. O ar ao redor deles parecia eletrizado, faíscas quase visíveis enquanto se encaravam, prontos para um confronto explosivo.

— Já chega! Parem com isso! — gritou Rayka, posicionando-se entre os dois, empurrando-os para os lados antes que a tensão explodisse.

Renan deu um último olhar desdenhoso para Samuel.

— Você tá com sorte, tampinha. Se não fosse pela Senhorita Aline, você já teria virado purê. — Ele girou a lança antes de guardá-la com um floreio exagerado.

— Sortudo é você, Ichigo da deep web. Eu te fatiaria como sushi em questão de segundos — retrucou Samuel, embainhando sua espada com um movimento brusco.

Ambos viraram as costas ao mesmo tempo, murmurando "Hmph" em uníssono. Rayka, exasperada, passou a mão pela testa, como se precisasse de uma dose extra de paciência.

— Eu mereço... — murmurou, entre dentes, tentando conter o cansaço emocional que aqueles dois lhe causavam.

Depois de um tempo, Rayka explicou para Renan que estavam ali para investigar, e ele, sem hesitar, perguntou se poderia acompanhá-los. Samuel foi rápido em rejeitar a ideia.

— Nem pensar — resmungou Samuel, cruzando os braços.

Mas Rayka, ciente das habilidades que Renan havia demonstrado, decidiu que um reforço extra seria útil.

— Ele vem com a gente — disse ela, encerrando o assunto. Samuel apenas bufou, irritado, mas sabia que a decisão estava tomada.

Conforme seguiam pela região glacial, Renan, sempre que surgia a oportunidade, tentava impressionar Rayka, tomando a dianteira e verificando os arredores. Ele se jogava na linha de frente, atacando monstros com bravura exagerada, embora nem sempre saísse como o herói que imaginava ser. Em várias ocasiões, era lançado longe por socos de criaturas gélidas, e Samuel não perdia a chance de rir às suas custas.

Cada vez que uma batalha se aproximava, Renan e Samuel transformavam qualquer confronto em uma competição. Disputavam quem derrotava mais monstros, quem era mais rápido, ou simplesmente quem atraía mais a atenção de Rayka, transformando o que deveria ser uma missão séria em um duelo interminável de egos.

No meio de um desses combates, Rayka acabou escorregando em uma placa de gelo traiçoeira. Mesmo caída, ela manteve a calma, disparando sua arma e eliminando o monstro à sua frente com precisão. Samuel, que acabara de matar sua própria criatura, correu até ela, estendendo a mão para ajudar.

— Tá tudo be... — começou ele, mas foi interrompido bruscamente ao ser empurrado para o lado.

Renan apareceu do nada, afastando Samuel sem cerimônia.

— Se machucou em algum lugar, Senhorita Rayka? — perguntou Renan, estendendo a mão para ela com um sorriso confiante.

Rayka, já cansada da situação, recusou a ajuda e se levantou sozinha, batendo a neve da roupa.

— Eu tô legal, obrigada — disse ela, sem sequer olhar para os dois. Já caminhava à frente enquanto Renan a olhava, completamente enlevado.

— Como é bela... — murmurou Renan, perdido em suas próprias fantasias.

Samuel, vermelho de raiva, se levantou de um salto, caminhando rápido até Renan.

— Qual é o seu problema? Você é retardado? — disse Samuel, irritado, apontando um dedo no peito de Renan.

Renan, despreocupado, limpou o ouvido com o dedo antes de responder.

— Desculpa, cara... Você é tão baixo que o meu campo de visão não te detectou — respondeu Renan, com um sorriso de desdém.

A provocação foi o suficiente para que os dois começassem outra discussão acalorada. Rayka, finalmente sem paciência, suspirou profundamente antes de sacar sua arma. Sem hesitar, disparou entre as pernas dos dois, o som da bala zumbindo no ar e acertando o gelo.

Os dois congelaram no lugar, literalmente e figurativamente.

— Silêncio — disse Rayka, a voz carregada de uma ameaça velada. — Se eu vir vocês dois brigando de novo, o próximo tiro será um pouco mais para cima. — Ela os olhou de cima abaixo, seus olhos faiscando de irritação e logo voltando a caminhar.

Renan e Samuel trocaram olhares nervosos, suando frio, mesmo no ambiente gélido. Tentaram estender as mãos um para o outro, como uma trégua forçada, mas logo afastaram as mãos com desdém. Assim que Rayka parou e se virou para averiguar, os dois se abraçaram de forma exagerada, tentando parecer amigáveis. No instante em que ela voltou a caminhar, eles se empurraram, retomando o comportamento infantil, mas em silêncio.

Mais à frente, os três atravessaram o aeroporto congelado, seus passos ecoando pelo lugar vazio. Quando chegaram à cobertura, viram algo intrigante lá de cima: marcas recentes de aterrissagem na pista de pouso. Era um indício claro de que aquela era a entrada para o laboratório subterrâneo.

Rayka acendeu o sinalizador e o lançou para o alto, a fumaça vermelha se destacando no céu cinzento.

— Vamos voltar para o ponto de encontro — disse Aline, o tom autoritário.

— Sim, senhora — responderam Samuel e Renan em uníssono, embora fosse difícil dizer se era por respeito ou medo.

Saindo do aeroporto congelado, o ar parecia ainda mais pesado, como se o frio intensificasse a tensão. De repente, seis figuras surgiram no horizonte, envoltas em uma névoa gélida. Eram homens de pele azulada, sem expressão alguma, vestindo armaduras leves que pareciam feitas de cristal de gelo. Suas lâminas brilhavam à luz fraca, emanando uma ameaça silenciosa. Os três companheiros sacaram suas armas instantaneamente, os músculos tensos, preparados para o combate.

Renan foi o primeiro a reagir, porém, antes que pudesse tomar qualquer atitude, dois dos homens avançaram com uma velocidade sobre-humana. Eles colidiram com Renan antes que ele pudesse erguer sua lança, mas, com um movimento ágil, ele conseguiu repelir os ataques, seus olhos se estreitando em alerta. Esses adversários eram diferentes — ágeis, precisos, quase como máquinas.

Samuel e Rayka enfrentavam os outros quatro. Samuel, com sua espada em chamas, se movimentava como um raio, suas lâminas riscando o ar em direções caóticas, enquanto Rayka, com a frieza de uma atiradora experiente, esquivava dos golpes, sua arma disparando balas energizadas com precisão mortal. Mesmo em desvantagem numérica, os três lutavam com a eficiência de um time veterano.

No calor da batalha, as costas de Samuel e Renan se tocaram. Eles se entreolharam por um breve instante, sem trocarem palavras, mas a mensagem era clara. Quando os homens de gelo atacaram de ambos os lados, os dois saltaram ao mesmo tempo, suas técnicas se sincronizando de forma instintiva.

— Lâminas Meteóricas! — gritou Samuel, girando sua espada em alta velocidade, enquanto chamas alaranjadas cobriam sua lâmina.

— Investida do Tigre Divino! — bradou Renan, sua lança cortando o ar com um rugido feroz.

As duas técnicas colidiram com força brutal, criando uma explosão que sacudiu o gelo ao redor e lançou uma onda de choque pelo campo de batalha. Os homens de gelo atingidos foram cortados e esmagados ao mesmo tempo, suas formas despedaçadas jazendo no chão congelado. O som da explosão ecoou pelos edifícios em ruínas, silenciando momentaneamente o caos ao redor.

Quando a poeira da explosão assentou, os dois se viraram ao mesmo tempo, buscando Rayka com os olhos. Ela já estava de pé, ao lado dos corpos dos dois inimigos que enfrentava. Sua agilidade superava a dos homens de gelo, e, mesmo sem usar seu poder máximo, os havia eliminado com facilidade.

Antes que pudessem descansar, uma voz familiar ecoou de cima de um edifício próximo, fria e zombeteira.

— Parece que esses protótipos não foram suficientes. Uma pena. — A voz, carregada de desprezo, fez Aline e Samuel endurecerem suas expressões.

Os dois levantaram a cabeça, e lá estava ele, o Diretor TK, observando-os de cima com um sorriso irritante. Samuel sentiu o sangue ferver e cerrou os punhos. Rayka, sempre mais controlada, apenas estreitou os olhos. Mas, para surpresa de ambos, Renan tomou a dianteira, com a lança apoiada no ombro e um sorriso debochado no rosto.

— Olha só quem apareceu... o coringa de Chernobyl. — Renan lançou a provocação com naturalidade, sem desviar os olhos do adversário.

TK, intrigado, franziu o cenho.

— Você me parece familiar... já nos encontramos antes? — disse TK, esfregando o queixo, tentando puxar pela memória.

Renan, sem perder tempo, retirou a lança do ombro, uma ventania começando a girar ao seu redor. Seus olhos se fixaram em TK com uma intensidade sombria.

— Vou te fazer se lembrar — disse Renan, sumindo num piscar de olhos.

Quando reapareceu, estava atrás de TK, a lança pronta para perfurar. No entanto, TK defendeu o golpe com uma lâmina de gelo que se formou em sua mão, bloqueando o ataque com facilidade. Renan continuou desferindo uma série de golpes rápidos, cada movimento mais feroz que o anterior, mas TK, com um olhar tranquilo, analisava cada golpe. Foi então que a memória o atingiu.

— Ah, lembrei. Você é aquele moleque fraco. Eu jurava que tinha morrido naquele lugar. — TK sorriu de forma sádica. — Como foi ver a cena de perto? — provocou, seus olhos brilhando com crueldade.

A provocação acertou Renan como uma faca. Sua fúria cresceu instantaneamente, e ele girou o corpo com toda a força, sua lança brilhando com um poder destrutivo.

— Vou te matar! Arte da Lança Imperial: Técnica Destrutiva, Golpe Divergente! — gritou ele, os olhos ardendo de ódio. A ponta da lança cortou o ar em uma velocidade impossível, criando uma pressão que fez o ar ao redor vibrar.

TK arregalou os olhos, surpreso com a potência do golpe. Ele saltou do edifício no último segundo, escapando por pouco. O ataque de Renan passou pelo ar silenciosamente, e logo depois, o som de um corte fino rasgou o ambiente. A pressão do golpe foi tão intensa que cortou todos os prédios em linha reta, um barulho cortante ressoando pelo campo de batalha.

Ao aterrissar no chão, TK riu, ainda zombando da situação.

— Você ficou forte, moleque. Estou... orgulhoso. Crescem tão rápido... — ele fingiu enxugar lágrimas, num deboche descarado.

Aproveitando a distração, Samuel avançou por trás, suas lâminas envoltas em chamas. Mas TK, com um gesto simples, fez vinhas de gelo emergirem do chão, enroscando-se nos pés de Samuel. Ele recuou, cortando as vinhas com agilidade, enquanto Rayka disparava rajadas de bala. TK levantou uma barreira de gelo, bloqueando os tiros, mas Samuel, com um corte rápido, destruiu a barreira logo em seguida.

Antes que pudessem atacar novamente, TK desapareceu, surgindo no topo do aeroporto. Ele olhou para eles de cima, com um sorriso malicioso.

— Calma, calma, gente. Tem de mim para todos, mas, infelizmente, estou com pressa. Nos vemos logo. — Ele acenou de costas, já se afastando, como se a luta não fosse nada para ele.

Renan não estava disposto a deixá-lo escapar. Com um salto poderoso, ele alcançou a cobertura do aeroporto, sua lança desferindo um corte vertical no ar.

— Aonde pensa que vai?! — gritou ele, descendo com toda a força.

TK apenas estendeu o braço, segurando o golpe com uma mão coberta de gelo. Seus olhos brilharam de tédio.

— Ahh, é difícil ser tão popular. Eu até te daria um autógrafo, mas... como eu disse, estou com pressa. — Ele girou o corpo, desferindo um chute forte que atingiu Renan em cheio.

Com o impacto, Renan foi arremessado de volta ao edifício de onde havia pulado, seu corpo atravessando paredes de gelo. TK desapareceu no ar logo em seguida, deixando Rayka e Samuel correndo para ajudar Renan. Quando o tiraram dos escombros, ele ainda estava consciente, mas frustrado.

— Ele não vai escapar da próxima vez... — murmurou Renan, enquanto os três se dirigiam ao ponto de encontro, onde aguardariam Zack antes de invadir o laboratório.

[Dentro do Laboratório...]

O pesquisador loiro estava recostado em sua cadeira, saboreando lentamente seu café, o líquido quente oferecendo um raro momento de conforto em meio ao ambiente estéril e frio do laboratório. Seus olhos estavam semicerrados, quase fechando por conta da exaustão. A porta se abriu com um rangido agudo, interrompendo seu momento de tranquilidade.

TK entrou com seu habitual ar debochado, jogando-se na cadeira em frente ao pesquisador com o corpo relaxado e um sorriso sarcástico nos lábios.

— Foi mal a demora, sabe como é... um bando de fãs loucos resolveu me atacar no caminho pra cá. — Ele cruzou as pernas, como se estivesse num salão de chá e não em uma instalação científica secreta.

O pesquisador suspirou, sem nem se dar ao trabalho de erguer o olhar.

— Eu imagino... — murmurou ele, a voz arrastada, cheia de tédio. — E os protótipos? Como foram?

TK pegou uma caneca de café do lado da mesa do pesquisador, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo, e deu um gole tranquilo antes de responder.

— Rápidos... mas fracos. — Ele fez uma pausa dramática, estreitando os olhos como se estivesse prestes a compartilhar um grande segredo. — Sem poder de ataque real. Uma decepção, francamente.

O pesquisador deu outro suspiro profundo, como se aquilo fosse exatamente o que ele esperava ouvir.

— Era o que eu imaginei... — Ele passou a mão pelos cabelos, claramente entediado. — Quando acha que eles vão invadir?

— Não vai demorar muito, — TK respondeu, balançando a cabeça como se fosse uma conversa trivial. — Pretende usar os outros protótipos contra eles?

O pesquisador finalmente ergueu o olhar, suas pálpebras pesadas de cansaço.

— Essa é a ideia... Mas você cuida disso. Eu vou para a base central, estou morrendo de sono. — Ele se levantou lentamente, como se o peso do mundo estivesse em seus ombros, arrastando os pés em direção à porta.

TK o observava com um sorriso que se alargava cada vez mais, seus olhos brilhando com uma excitação perturbadora.

— Ah, claro, fofinho. Deixa comigo. Mal posso esperar! — TK deu um sorriso largo e perverso, seus dentes brilhando sob a luz fraca da sala. — Isso vai ser... divertido.

O pesquisador parou por um momento na porta, sem sequer olhar para trás, sua voz carregada de desgosto.

— Ahhh, perdi o sono só de ver essa sua cara... Sua iniquidade podre é um crime capital— murmurou ele, quase para si mesmo, soltando um suspiro frustrado.

TK, com a usual bizarrice, piscou para ele, inclinando a cabeça de maneira exagerada.

— Não diga isso, eu fico sem graça. Quer que eu te faça dormir, fofinho? — perguntou ele com um tom meloso, o sorriso sádico ainda dançando em seus lábios.

O pesquisador revirou os olhos com pura repulsa.

— ... Eu só espero que alguém te elimine logo... e da forma mais horrenda possível, de preferência. Até nunca mais. — Ele saiu sem mais palavras, fechando a porta com um baque seco.

TK recostou-se na cadeira, dando um gole final em seu café enquanto deixava escapar uma risada baixa e contida.

— Todo mundo me ama... — disse ele para si mesmo, fechando os olhos com um sorriso satisfeito. — É difícil ser tão... irresistível.

O que esse laboratório estava escondendo? Que tipo de experimentos eram conduzidos ali? As respostas para essas perguntas iriam se revelar em breve, junto com o que os heróis enfrentariam no próximo confronto.

O verdadeiro horror estava apenas começando.

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(Arte Conceitual, Renan)

(Arte Conceitual, Região Glacial)

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Comments

Alin3

Alin3

caralhooo, essa história ta cada vez melhor

2023-02-18

2

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