Cinco meses atrás...
Zack estava perdido. Um mês após a morte de Sophia, ele vagava sem rumo, como uma sombra de si mesmo. Não tinha propósito, apenas se movia por inércia. Ele parava apenas para o mínimo necessário: comer e dormir. Seus pensamentos estavam em turbilhão, e a única coisa que o mantinha em pé era o vazio que crescia dentro de si.
Foi nesse estado de apatia que Zack encontrou um monstro mutante de fogo. A luta que se seguiu não foi por bravura, mas por pura necessidade de sobrevivência. Ele não queria lutar. Seu corpo reagia por instinto, movido mais pelo desejo de continuar respirando do que por qualquer objetivo concreto. Os ataques do monstro eram devastadores – suas garras rasgavam a pele de Zack, as chamas queimavam sua carne, e a dor era constante. Mesmo assim, ele continuava a se mover, não porque quisesse vencer, mas porque seu corpo se recusava a desistir.
Caído no chão, sem forças, quando a morte parecia certa, algo dentro de Zack se acendeu. Seu corpo, contra toda expectativa, se esquivou de um golpe fatal. Aquele reflexo inesperado o fez se lembrar de uma promessa. Seus olhos, marejados de lágrimas silenciosas, encontraram o vazio enquanto ele murmurava, com a voz quebrada:
— Ainda não é a hora... certo, Sophia?
Ele apertou os punhos, fincando as unhas nas palmas das mãos até sentir o sangue escorrer. Levantou-se cambaleante, seus músculos em frangalhos, e avançou contra o monstro. Cada passo parecia uma eternidade. Em um último esforço desesperado, Zack desferiu um soco com toda a força que ainda restava. O impacto foi suficiente para jogar a criatura a três metros de distância. Algo extraordinário para alguém sem nenhum treinamento. Mas não o bastante para vencer.
O mutante, enfurecido, se preparava para dar o golpe final quando, de repente, uma figura surgiu das sombras. Uma mulher forte e imponente, de cabelos vermelhos como o fogo e olhos carmesins. Ela usava uma jaqueta preta e um top que revelava sua força física, complementada por calças de couro que realçavam sua postura de guerreira. Seus movimentos eram precisos e mortais. Com um ataque rápido, ela afastou o monstro com uma técnica de combate que Zack jamais tinha visto.
Quando a poeira baixou e o silêncio retornou, ela olhou para Zack com uma mistura de curiosidade e desprezo. A chuva começava a cair, pingos grossos e pesados molhando o chão enegrecido. Com uma mão na cintura, ela perguntou, enquanto gotas de água escorriam pelos fios de seus cabelos flamejantes:
— Garoto, você poderia ter morrido. Por que enfrentou um monstro que claramente era mais forte que você?
Zack, ainda deitado no chão, respirando com dificuldade, respondeu com um olhar vazio:
— Meu corpo se moveu sozinho... não tive escolha. Era eu ou ele.
A mulher inclinou a cabeça, intrigada. Algo naquele garoto chamava sua atenção, uma resiliência que ela não via em qualquer um.
— Hmm... — murmurou ela, dando um sorriso discreto. — Venha comigo, garoto. Se continuar assim, vai acabar morto em algum beco esquecido.
Zack ergueu os olhos, ainda sem expressão, e perguntou com a voz seca:
— E por que eu deveria te seguir? O que eu ganho com isso?
A mulher virou-se de costas, já começando a se afastar, mas parou por um segundo e respondeu com um tom provocativo:
— Não sei, bonitão. Mas você vai descobrir.
Zack, sem opções e intrigado pela força daquela estranha, decidiu segui-la. Enquanto caminhavam pela chuva, a curiosidade tomou conta dele.
— Como você ficou tão forte? — ele perguntou, a voz agora um pouco menos apagada.
Ela parou por um instante, mas não olhou para trás.
— Qual o seu nome, garoto? — perguntou ela, sem alterar o ritmo de seus passos voltando a andar.
— Zack.
— Certo, Zack. Vou te mostrar como fiquei forte, mas para isso, você terá que me aceitar como sua mestra. Entendido?
Zack refletiu por um segundo, hesitando, mas a ideia de se tornar mais forte o cativava. Ele precisava de algo, qualquer coisa, para se agarrar.
— Mestra? Hmm... tá bom.
A mulher deu um sorriso, ainda de costas para ele.
— Garanto que você não vai se arrepender dessa escolha, garoto.
— Estarei aos seus cuidados, mestra — disse Zack, agora mais determinado, mas ainda sem compreender o que estava por vir.
Os dias seguintes foram um inferno. O treinamento que sua nova mestra impôs a ele era cruel e implacável. Cada dia trazia um novo desafio, uma nova forma de empurrá-lo além dos seus limites. Seu corpo, já exausto, era forçado a quebrar as próprias barreiras, a reconstruir músculos, a afiar reflexos e a moldar uma mente mais forte.
Foram seis meses de luta constante contra si mesmo. A cada manhã, Zack despertava com o corpo moído, mas a lembrança de Sophia e Ema e da promessa que fizera a si mesmo o fazia levantar. O treinamento era doloroso, mas ele perseverava, guiado pela necessidade de se tornar mais forte, de não mais ser aquele garoto perdido e sem rumo. Agora, ele tinha um propósito, mesmo que fosse apenas sobreviver ao próximo dia de treino.
Quando os quatro meses se completaram, sua mestra o olhou com aprovação.
— Está na hora de você provar o que aprendeu. — disse ela. — Tenho uma missão para você. Uma missão de caça.
Zack respirou fundo. Agora, ele estava pronto.
{Voltando ao presente...}
— Alvo localizado. — A voz de Zack era fria e controlada, enquanto ele descia do corpo destroçado do monstro, os pés tocando o chão com suavidade, apesar da destruição ao seu redor.
— Nossa, que KS do caralh4... — resmungou Samuel, ofegante, apoiando-se na espada cravada no chão. Suas mãos tremiam, os músculos exaustos após uma batalha que, para ele, havia sido extenuante.
Zack, em silêncio, apenas lançou um olhar impassível para Samuel, sua expressão completamente neutra, como se as palavras do Samuel não passassem de um murmúrio distante. O silêncio entre eles era tenso, quebrado apenas pelo som do monstro que se regenerou parcialmente, ferido, se levantando lentamente atrás de Zack. A criatura, com seus movimentos pesados, ergueu o braço maciço, preparando-se para desferir um soco devastador.
— Ei! Cuidado! — gritou Samuel, seu corpo levantando guarda antes mesmo que ele percebesse o que estava fazendo.
Zack apenas suspirou, como se a presença do monstro fosse um mero incômodo. Lentamente, virou a cabeça, seus olhos faiscando com uma intensidade fria e mortal. O monstro, ao cruzar o olhar de Zack, paralisou no mesmo instante, como se o instinto de sobrevivência tivesse subitamente assumido o controle. A atmosfera ao redor ficou densa, carregada de uma ameaça invisível.
Com passos calculados, Zack caminhou em direção à criatura, seus punhos cerrados, os olhos agora brilhando com uma aura ameaçadora.
— Quando for atacar... — ele começou a dizer, sua voz baixa, mas cada palavra soava como um trovão distante. — Ataque para matar. E quando for destruir... — ele pausou, seu olhar penetrando o do monstro, que começava a se libertar da paralisia do medo. — Não deixe sobrar nada.
O monstro rugiu, quebrando sua paralisia e lançando um soco furioso em Zack. O impacto foi brutal, o ar ao redor se deslocando com a pressão do golpe, levantando poeira e criando uma onda de choque. A poeira tomou o ar, obscurecendo a visão de Samuel, que assistia impotente.
Quando a poeira finalmente baixou, o que se revelou deixou Samuel sem palavras. Zack estava lá, firme, o punho do monstro preso em sua mão. Ele segurava o ataque colossal com uma única mão, o braço esquerdo relaxado ao lado do corpo, como se aquilo não fosse nada.
— Estilo sem forma... — murmurou Zack, seus olhos fixos no monstro. — Punho sem sombra.
Num movimento rápido e devastador, o punho de Zack atravessou o peito da criatura, que explodiu em pedaços com uma força incompreensível. Fragmentos do corpo do monstro voaram em todas as direções, desintegrando-se antes mesmo de tocar o chão.
Samuel, que havia testemunhado tudo com uma mistura de choque e incredulidade, mal conseguia manter-se de pé. Sua visão começou a escurecer, e antes que perdesse a consciência, murmurou:
— Quem... quem é esse cara...? Tá de... hack...
E então, desmaiou.
Zack olhou para os dois caídos e soltou um longo suspiro, exausto, não fisicamente, mas pela cena que agora precisava lidar.
...----------------...
Samuel despertou com uma leve dor pulsante por todo o corpo. Sentia-se pesado, envolto em bandagens. A visão ainda turva, ele olhou ao redor e viu Rayka deitada em uma cama ao lado. O quarto era pequeno e iluminado por uma luz suave. Antes que pudesse entender onde estava, a porta se abriu. Entraram uma mulher de postura altiva e o jovem que obliterou o monstro.
— Quem são vocês? Onde eu estou? — perguntou Samuel, a voz rouca e fraca.
A mulher, de cabelos vermelhos flamejantes, olhou para Samuel de cima a baixo com um sorriso zombeteiro. — Então, esse é o famoso "Imperador das Chamas"? — disse ela, debochada. — Ele não passa de um pirralho tampinha.
— COMO É QUE É?! TAMPINHA É O SEU %$#@, SUA %$#@ DO %$#@! — Samuel, mesmo ferido, saltou na cama, a fúria o dominando.
A mulher riu, sem sequer se abalar com a explosão dele. — Pfff... Eita, se irritou tanto que teve até que censurar. — Ela gargalhou abertamente, divertindo-se com a reação exagerada de Samuel.
Zack, que estava ao lado, permaneceu sério. — Mestra, não é hora para brincadeiras. — Sua voz era calma, mas havia um peso de autoridade, embora ele falasse com respeito.
— Estraga prazeres... — disse a mulher, revirando os olhos. — Escute, pirralho. Meu nome é Roxyne, e esse garoto quieto aqui é o Zack, meu discípulo. Vocês estão no nosso esconderijo. Deveriam estar agradecendo por ele ter salvado suas vidas.
Samuel, ainda irritado, bufou. — Taa, valeu... E o que diabos vocês querem?
— Por Deus, como esse pirralho é rude — comentou Roxyne, cruzando os braços.
Rayka, finalmente despertando, ergueu-se na cama e, vendo a situação, interveio. — Peço desculpas pelo comportamento dele. Muito obrigada por nos salvarem. O que podemos fazer para retribuir?
— Finalmente acordou, Rayka — disse Samuel, ainda com uma pontada de sarcasmo.
— E tinha como dormir? Com alguém gritando como se estivesse em um show de heavy metal ao meu lado? — Rayka respondeu, esfregando os olhos, claramente irritada pela falta de descanso.
E assim, os dois começaram uma nova discussão acalorada. Roxyne e Zack, em silêncio, apenas observavam, ambos com a mesma expressão neutra, como se já estivessem esperando aquele tipo de cena.
Roxyne, impaciente, perguntou a Zack: — Em que buraco você encontrou esses dois, garoto?
Zack, sem alterar sua expressão, respondeu com simplicidade: — Num armazém.
A discussão entre Samuel e Rayka atingiu níveis de gritaria.
— VAI TOMAR NO SEU %$#@! — gritava Samuel, vermelhidão tomando seu rosto.
— VAI VOCÊ! O QUE VEM DE BAIXO NÃO ME ATINGE! — revidou Rayka.
Roxyne suspirou, colocando a mão na testa. — Ainda bem que o autor está censurando esses dois, senão esse capítulo não passaria na revisão.
Zack apenas assentiu, com a mesma cara de paisagem de sempre.
Depois de um tempo...
— TÁ BOM! JÁ CHEGA! — A voz de Roxyne cortou o ar, reverberando pelas paredes com uma intensidade assustadora. Sua aura, pesada e opressiva, encheu o ambiente, sufocando qualquer resistência. Samuel e Rayka, que ainda discutiam ferozmente, congelaram no mesmo instante, trocando olhares silenciosos enquanto a presença dominante da mulher pairava sobre eles.
— Ugh, vocês dois nem parecem estar feridos... — Roxyne cruzou os braços, observando-os de cima a baixo com um sorriso sarcástico. — Um casal bem energético, eu diria.
— NÃO SOMOS UM CASAL!— gritaram Samuel e Rayka em uníssono, os rostos corados de raiva e vergonha.
Roxyne arqueou uma sobrancelha, um sorriso malicioso brincando nos lábios. — Ah, entendi, não são... — comentou ela, sua expressão cheia de pretensão.
Ela fez uma breve pausa, deixando a tensão no ar aumentar antes de prosseguir, agora com uma expressão mais séria. — Bem, vou direto ao ponto. Estava pensando em enviar meu discípulo para outra missão. Só que essa é... complicada. Perigosa, na verdade. — Seu olhar ficou mais intenso, percorrendo os dois, avaliando suas reações. — Eu poderia usar uma ajudinha de vocês dois. E então, o que acham?
Samuel e Rayka se entreolharam, suas expressões suavizando. Mesmo sem palavras, o entendimento entre eles era claro. Não havia escolha. Precisavam retribuir a ajuda que receberam.
— Bem, não temos muita escolha, né? — Samuel falou com um suspiro, balançando a cabeça. — Precisamos retribuir de algum jeito.
Roxyne sorriu, satisfeita. — Ótimo. Descansem por enquanto e se recuperem. Zack vai explicar os detalhes da missão para vocês mais tarde. — Com isso, ela se virou e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.
Assim que a porta se fechou, Samuel deixou escapar um longo suspiro de alívio.
— Uff... Só dela sair o ar ficou mais leve. Como é que uma mulher tão jovem pode ter tanta presença? Ela me lembra o velho... — disse Samuel, olhando para o teto como se tentasse afastar o peso da opressão que sentira.
— Ser uma mestra tão jovem... realmente, ela não deve ser deste mundo. — Rayka concordou, ajeitando-se na cama e soltando um suspiro semelhante.
— Ooh... — murmurou Zack, seu olhar antes indiferente, agora revelava uma leve surpresa.
— O que foi? — perguntou Samuel, curioso.
— Nada... Só fiquei surpreso que vocês conseguem concordar em alguma coisa. — Zack respondeu, um traço de humor frio no tom.
— E eu pensei que você era uma porta, mas parece que você consegue fazer expressões, afinal. — Samuel rebateu, com um sorriso irônico, claramente satisfeito com a própria piada.
Zack ficou em silêncio, sua habitual expressão de pedra voltando a dominar seu rosto.
Depois de um breve silêncio, Zack começou a explicar a missão. Eles precisariam invadir o esconderijo daquele homem que havia aprisionado Samuel e Rayka. O objetivo? Conseguir informações valiosas. O fato de alguém conseguir subjugar dois mutantes elementares sem matá-los era um feito raro, sugerindo algo maior por trás dos eventos recentes. Eles precisavam descobrir quem ou o que estava por trás disso.
— Ah... uma coisa a mais — Zack acrescentou, quase como se estivesse se lembrando de algo importante. — Minha mestra... ela não é tão jovem assim. Na verdade, ela tem quase 40 anos. Só não digam que fui eu quem contou isso, ou eu vou acabar morto. Ela é... aterrorizante quando está com raiva. — Ele deu um leve tremor ao dizer isso, um arrepio involuntário percorrendo seu corpo.
Samuel e Rayka se entreolharam, incrédulos. A única coisa que passava por suas mentes era: "O que diabos ela fez com ele para deixá-lo assim?"
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Duas semanas depois...
Recuperados e mais preparados, Samuel e Rayka se juntaram a Zack para a missão. Durante esse período de recuperação, eles não apenas descansaram; treinaram intensamente com Zack. Apesar de todos os esforços, não conseguiram vencê-lo nenhuma vez em combate. Zack, com sua frieza implacável, sempre parecia um passo à frente. Porém, quando Samuel e Rayka uniam forças e atacavam em conjunto, as coisas mudavam. A sincronia entre eles era quase perfeita. Samuel avançava com força bruta enquanto Rayka, mais ágil, atacava pelos pontos cegos. Mesmo assim, Zack os derrubava, mas agora, com muito mais dificuldade.
Havia, no entanto, uma fraqueza notável: os ataques de Rayka não eram tão poderosos quanto os de Samuel, e ela ficava vulnerável após desferir seus golpes. Zack, sempre atento, percebeu isso e ensinou a Rayka uma técnica que aumentava sua ofensividade sem deixá-la exposta. Com isso, sua evolução foi notável, e a dupla se tornava mais forte a cada treino.
Com o fim do período de recuperação, os três estavam prontos. Partiram em direção ao sul, para uma região devastada e desolada, onde o esconderijo de seu alvo estava localizado. O terreno era caótico, repleto de ruínas e prédios destruídos, um cenário que falava de antigas batalhas. Ali, escondidos entre os destroços de um prédio, os três aguardaram pacientemente, até finalmente verem um dos subordinados do inimigo emergir de um buraco na rua.
Zack, Samuel e Rayka se moveram silenciosamente. Como sombras, abateram o subordinado rapidamente, antes que ele pudesse perceber sua presença. E quando o buraco começou a se fechar, os três pularam para dentro, infiltrando-se no covil subterrâneo.
O que encontraram foi uma instalação de pesquisas clandestinas. O local era vasto, com corredores longos e mal iluminados. Câmeras cobriam cada ângulo, obrigando Rayka a usar sua habilidade elétrica para desligá-las discretamente. Quando não era possível evitar os capangas, os três neutralizavam os inimigos em silêncio, escondendo os corpos nos recantos escuros.
Após o que pareceu uma eternidade de movimentos furtivos, chegaram a uma sala enorme. O ar ali dentro era pesado, quase sufocante. À sua frente, tanques de vidro gigantescos continham monstros e humanos, conectados a máquinas que pareciam realizar experimentos terríveis. Criaturas grotescas e corpos mutilados flutuavam nos tanques, sinais de que algo muito mais sombrio estava acontecendo ali.
Samuel deu um passo à frente, observando os tanques com uma mistura de horror e processando as imagens. — O que diabos está acontecendo aqui...? — murmurou, sua voz ecoando na vasta sala.
Zack não respondeu de imediato. Seus olhos fixavam-se nos detalhes, analisando cada conexão, cada experimento bizarro. Finalmente, ele falou, com a voz fria e controlada como sempre.
— Aqui é onde a verdadeira monstruosidade começa.
Ao ver o que estava diante deles, o sangue de Samuel ferveu. Seus punhos cerrados tremiam de raiva, os olhos ardendo com fúria contida.
— Esses desgraçados...— sua voz saía entre dentes cerrados, ecoando pelo ambiente. — Fazendo experimentos desprezíveis em humanos... quando nossa própria raça está à beira da extinção.
Rayka, ao seu lado, compartilhava o sentimento. Seus olhos, normalmente calmos, agora queimavam de indignação. — Eles não apenas capturam monstros, mas sequestram humanos também? — O tom de sua voz revelava o nojo e a raiva que sentia ao ver aqueles corpos indefesos flutuando nos tanques de vidro.
Zack permanecia em silêncio, mas sua expressão séria denunciava o desconforto. Os músculos tensos de seu corpo traíam a calma habitual. Era claro que a visão dos experimentos o afetava de uma maneira que ele não deixaria transparecer facilmente.
Então, um som seco de aplausos ecoou pela sala, cortando o silêncio como uma lâmina afiada. Os três se viraram rapidamente, os olhares fixos no homem que se aproximava com uma cicatriz que atravessava a bochecha, seus olhos brilhando com malícia.
— Ora, ora... o que temos aqui? — disse o homem com um sorriso sarcástico. — Três ratinhos se esgueirando pelo meu parquinho. E então, o que acharam do meu pequeno espetáculo?
Samuel franziu as sobrancelhas, incapaz de conter o desprezo. — Hmph! Sujo e imundo, igual à sua cara.
O sorriso do homem desapareceu. Ele estreitou os olhos e, sem dizer uma palavra, estalou os dedos. De imediato, o salão foi preenchido por capangas, mas esses eram diferentes. Eram altos, corpulentos, com armaduras negras que pareciam refletir a escuridão ao redor.
— Um presentinho para vocês. Espero que se divirtam. — disse o homem, com um sorriso frio, antes de se virar para sair.
— Aonde você pensa que vai?! — gritou Samuel, avançando com a espada desembainhada, o aço brilhando com chamas azuis intensas.
Antes que pudesse alcançar o homem, um dos capangas interceptou seu caminho. A força do adversário era esmagadora, o que fez Samuel arregalar os olhos por um segundo. Mas ele não recuou. Com um olhar sério, ele murmurou:
— Chamas Azuis...
Sua espada foi envolta por uma chama escaldante que faiscava no ar. Com um movimento rápido e preciso, Samuel cortou o capanga e sua armadura como se fosse manteiga, avançando como uma tempestade em direção ao homem de cicatriz. Ambos colidiram, atravessando paredes da instalação em uma explosão de destroços, até pararem em um vasto campo de treinamento, desolado e vazio.
O homem se levantou, limpando a poeira de sua roupa casualmente, como se a investida de Samuel não tivesse sido nada. — Que insistente você, hein? Obrigado pela atenção, mas... eu não jogo contra o time. — Um sorriso irônico se espalhou por seu rosto, zombando da determinação de Samuel.
— Cala a boca! Vou te bater tanto que até seu c4 vai fazer bico! — Samuel rugiu, assumindo uma postura de batalha, as chamas ao redor de sua espada dançando de forma ameaçadora.
— Então, o que está esperando? Vem! — provocou o homem, chamando Samuel para a luta com um gesto da mão, como se estivesse diante de uma brincadeira.
Samuel não precisou de outro incentivo. Ele avançou com fúria, e o homem o recebeu com um sorriso diabólico, iniciando uma batalha feroz de poder e força.
Enquanto isso, de volta à instalação, Rayka estava lutando para atravessar os capangas. Ela disparava contra eles, mas as balas tinham dificuldade em perfurar as armaduras reforçadas. Seu corpo já começava a se cansar, e a situação parecia cada vez mais crítica. Não era seu forte enfrentar múltiplos inimigos de uma só vez.
Quando um dos capangas levantou o braço para desferir um golpe fatal em Rayka, Zack apareceu, bloqueando o ataque com uma facilidade desconcertante.
— Vai atrás do tampinha. — ele disse sem tirar os olhos dos inimigos. — Se eu não estiver enganado, aquele homem é demais para ele.
— Obrigada. — Rayka acenou com a cabeça, grata, antes de disparar em direção ao campo de treinamento, passando pelos escombros das paredes que Samuel destruíra.
Chegando lá, o que viu fez seu coração parar por um segundo. Samuel estava caído no chão, o corpo surrado, mal conseguindo se mover. O homem de cicatriz estava prestes a desferir o golpe final.
Sem hesitar, Rayka envolveu-se em um manto de raios dourados e avançou com velocidade impressionante. Em um instante, ela desferiu um chute poderoso no homem, jogando-o violentamente contra a parede. Ela parou, respirando pesadamente, seu corpo pulsando com eletricidade, posicionando-se à frente de Samuel, seus olhos cheios de determinação.
— Pode descansar agora. A partir daqui, eu assumo. — disse ela com a voz firme, encarando o inimigo sem desviar o olhar.
— T-ta... — Samuel mal teve tempo de responder antes de desmaiar, exausto.
O homem de cicatriz se levantou, estralando o pescoço enquanto um sorriso perverso crescia em seu rosto. — Então, a Imperatriz resolveu aparecer... O Imperador das Chamas não foi nada... — Ele foi interrompido bruscamente quando Rayka desceu o pé sobre sua cabeça, cravando-o no chão.
— Você fala demais. — disse ela com frieza, olhando-o de cima, sua força esmagadora deixando o homem incapacitado.
O homem tentava se libertar, seus músculos tremendo com o esforço, mas não conseguiu. A força de Rayka era avassaladora. Com um chute poderoso, ela o lançou a metros de distância, posicionando-se de volta com uma expressão inabalável. Ela largou sua metralhadora no chão, assumindo uma postura de combate, seus olhos irradiando raios dourados de pura energia.
— Para alguém do seu nível, nem preciso usar minhas balas. Apenas minhas mãos serão o suficiente. — disse, envolta por uma aura elétrica, cada palavra impregnada de uma raiva controlada, mas feroz.
O homem, mesmo ferido, soltou uma risada insana. — Mmmwahahahah! Agora sim! Isso está ficando divertido! — Ele se levantou, com um brilho macabro nos olhos, pronto para continuar a luta.
E assim, o confronto entre Rayka e o homem de cicatriz estava prestes a começar, com uma tensão crescente no ar que anunciava uma batalha épica. O campo de treinamento desolado tornava-se o palco de um embate de poderes inimagináveis.
Estava para começar uma batalha inacreditável...
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(Arte Conceitual, Roxyne)
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Atualizado até capítulo 26
Comments
Estrela Cadente
Zack é vc mesmo?
2023-05-02
1
Alin3
to amando essa história 🥰
2023-02-08
1
Alin3
isso ta mt bom, quero mais pfvr
2023-02-08
1