Zack e o homem pálido continuavam se encarando, o ar entre eles parecia vibrar com a tensão crescente. Em um piscar de olhos, o homem pálido desapareceu. Zack reagiu no mesmo instante, virando-se e desferindo um soco poderoso para trás. Seus punhos se chocaram com força devastadora, criando uma onda de choque que varreu a sala, rachando o chão sob seus pés.
Sem hesitar, Zack atacou com a mão esquerda, tentando pegar o adversário de surpresa, mas o homem pálido agarrou o punho com facilidade, imobilizando-o. Eles começaram a medir forças, empurrando um ao outro com ferocidade. O chão sob eles começou a ceder, fissuras se espalhando em todas as direções como se a própria terra estivesse sofrendo o peso daquele confronto.
Zack notou algo estranho. O ferimento que Samuel e Renan haviam deixado no braço do homem havia desaparecido. "Regeneração?" Ele não teve tempo de pensar muito, e num movimento rápido, desferiu um chute ascendente. O homem pálido recuou no último instante, o chute passando e cortando o ar com uma pressão que fez os destroços no chão voarem.
Os dois se encararam novamente, sem uma palavra trocada, apenas o olhar letal de dois guerreiros determinados a destruir o outro. Como dois trovões, avançaram simultaneamente. Seus golpes, socos e chutes colidiam em uma sequência frenética, cada impacto gerando novas ondas de choque que tremiam as paredes e o teto da sala, fazendo o ar vibrar com a violência. A cada golpe, Zack ia aumentando a intensidade, pouco a pouco forçando o homem pálido a recuar.
Num momento preciso, Zack encontrou uma abertura. Ele desferiu um gancho poderoso que levantou o adversário no ar. Aproveitando a oportunidade, concentrou sua aura na mão, tornando o ar ao redor quase insuportavelmente denso. Seus olhos brilharam com um poder imenso, e ele gritou:
— Técnica Sem Forma: Colapso Vazio!
Zack disparou para cima em uma explosão de velocidade, seu punho carregado com uma energia tremenda. O homem pálido ergueu a guarda, mas o soco de Zack perfurou a defesa. A aura concentrada entrou no corpo do homem e explodiu para fora pelas suas costas, gerando uma pressão tão intensa que abriu um buraco no teto, indo direto até a superfície. Zack aterrissou no chão suavemente, enquanto o corpo do homem pálido caiu pesadamente logo depois.
Antes que Zack pudesse relaxar, uma aura negra começou a emanar do homem caído. Ele começou a se levantar lentamente, absorvendo aquela energia sombria. Seu corpo começou a mudar, sua pele ficando mais escura, e escamas apareceram em seus braços. Seus olhos se transformaram, agora parecendo os de uma cobra. Zack imediatamente adotou uma postura de ataque, sentindo o perigo aumentar exponencialmente.
O homem pálido não hesitou. Num lampejo, ele estava ao lado de Zack, desferindo um soco. Zack, por reflexo, ergueu o braço para bloquear, mas a força o arremessou violentamente contra a parede. Antes que pudesse reagir, o homem já estava novamente diante dele, desferindo uma sequência brutal de chutes. Zack tentou se defender, mas cada golpe o empurrava mais fundo na parede, rachando o concreto ao redor.
Então, o homem pálido concentrou uma grande quantidade de energia no punho e desferiu um soco devastador, que fez um buraco gigantesco na parede e levantou uma nuvem densa de poeira. Quando a poeira baixou, Zack estava afundado na parede, seu corpo ferido, a blusa rasgada e sangue escorrendo pela testa. Ele baixou a cabeça por um momento, como se estivesse derrotado, mas então ergueu o rosto, seus olhos frios e resolutos.
— Você é forte... mas ainda não posso me dar ao luxo de morrer— disse Zack, sua voz firme e letal, enquanto uma energia branca começava a emergir de seu corpo.
O homem pálido atacou de novo, desferindo uma série de socos velozes. Mas, quando parou, percebeu que Zack já não estava mais lá. Ele apareceu atrás do adversário, cuspindo um pouco de sangue no chão, e murmurou:
— A mestra me disse para não usar isso… Por causa da grave condição do meu corpo. Mas acho que não vou conseguir te matar sem isso... infelizmente.
Enquanto falava, a aura branca ao redor de Zack crescia, tornando-se quase sufocante. Seu cabelo começou a crescer, estendendo-se até suas costas, e seus olhos assumiram um tom prateado, intensos como a lua cheia. Pelo seu corpo, uma tatuagem negra em forma de tribal que pareciam pétalas de rosas, com bordas vermelhas, começou a surgir, se espalhando até alcançar um de seus olhos.
Zack absorveu aquela imensa aura branca, condensando-a dentro de si. Seu cabelo, agora completamente branco, fluía com o poder que emanava de seu corpo. O homem pálido tentou atacá-lo de surpresa, aparecendo atrás de Zack numa velocidade incrível, mas seu golpe foi interrompido. Zack segurou o punho do homem com uma mão, sem sequer olhar para ele, e com uma voz firme, disse:
— Não vou cair no mesmo ataque duas vezes...
Zack apertou o punho do homem com força esmagadora, virando-se lentamente para encará-lo. O ar entre eles parecia congelar por um segundo, e o olhar feroz de Zack deixou claro: agora era sua vez de atacar.
O homem pálido lutava com todas as suas forças para se libertar do aperto de Zack, seus músculos se contraindo em um esforço colossal. Ele desferiu um soco feroz com a outra mão, mirando diretamente no rosto de Zack. No entanto, Zack, com reflexos precisos, inclinou a cabeça para o lado, o golpe cortando o ar sem efeito. Ainda segurando o braço do homem com firmeza, Zack o puxou com violência para perto, seu punho carregado de energia, e desferiu um soco brutal diretamente no rosto do adversário.
O impacto foi devastador, arremessando o homem com tamanha força que ele colidiu com a parede, afundando no concreto. Antes que ele pudesse sequer processar o golpe, Zack já estava na sua frente, como uma sombra que não dava trégua.
— Cerre bem os dentes... — murmurou Zack, sua voz baixa, mas cheia de determinação.
Suas mãos começaram a brilhar com uma aura branca intensa, quase ofuscante. Em uma explosão de velocidade, ele desferiu uma sequência de golpes implacáveis, cada soco atingindo o homem pálido com precisão cirúrgica. A parede atrás dele se despedaçava a cada golpe, e o corpo do adversário afundava cada vez mais no concreto, que não conseguia suportar tamanha força.
Zack finalizou com um último soco, carregado de poder destrutivo, que não apenas criou uma enorme cratera na parede, mas também no chão ao redor, como se o local estivesse desmoronando com o peso da batalha. O homem pálido foi lançado com violência para o alto, mas recuperou-se no ar, avançando de volta para Zack com uma velocidade furiosa. Zack, no entanto, desviou com um simples passo para o lado, observando enquanto o corpo do homem começava a se regenerar de forma grotesca, a metade destruída se reconstituindo em um piscar de olhos.
No entanto, Zack percebeu que algo estava mudando. A aura do homem crescia, densa e ameaçadora, e ele parecia prestes a se transformar mais uma vez. Mas Zack, com olhos frios e calculistas, já estava um passo à frente. Num movimento quase imperceptível, Zack desapareceu e reapareceu atrás do homem, sem emitir qualquer som, sua voz cortando o silêncio com calma letal.
— Técnica Branca: Convergência.
Seu punho, carregado com uma energia concentrada além dos limites, atingiu o homem com um impacto avassalador. A energia não apenas perfurou o corpo do adversário, mas explodiu de dentro para fora, fazendo o ar ao redor tremer. O corpo do homem se desintegrou em pó, seu fim selado pela força esmagadora de Zack.
Zack recuou, seu corpo severamente exausto. Ele sentiu o efeito do esforço brutal que sua técnica exigiu. Tossiu, cuspindo muito sangue, seus músculos tensos, feridos pelo próprio poder que ele havia liberado. Emi, sua pequena companheira, correu até ele, subindo em seu ombro e lambendo seu rosto, como se soubesse que Zack estava à além do seu limite.
O som do alto-falante, que costumava soar a cada vitória, não apareceu desta vez. No entanto, o subterrâneo começou a tremer violentamente, com o teto colapsando em vários pontos. Zack, sentindo que não havia mais tempo, vestiu com dificuldade o seu sobretudo rasgado por cima da blusa em trapos e, ao se virar para sair da sala, sentiu uma presença. Uma energia fraca, mas estranhamente intensa, vindo de dentro da cratera na parede.
Sem hesitar, Zack avançou com passos pesados até a origem daquela força e, com um último soco, despedaçou o restante da parede, revelando uma sala secreta. No centro da sala, havia uma jaula de barras grossas, cheias de descargas de energia. Dentro, um Tigre Dente-de-Sabre albino com listras azuis e olhos brilhantes como diamantes despertava, assustado e rosnando ferozmente.
Emi desceu do ombro de Zack e caminhou até o tigre, como se conversasse em silêncio com o animal. Ela voltou e olhou para Zack, emitindo um som característico.
— Kyuuuu — fez Emi, balançando o rabo e direcionando os olhos para a jaula, dando a entender que o Tigre não atacaria.
Zack observou as barras eletrificadas, infundiu a pouca aura que ainda tinha nas mãos e, com um forte esforço, torceu as barras de metal até que elas se abrissem o suficiente para que o grande felino pudesse passar. O Tigre, hesitante no início, caminhou lentamente para fora da jaula, seus olhos observando Zack com uma mistura de cautela e respeito. Sem perder muito tempo, os três deixaram rapidamente o local, antes que tudo desmoronasse, o Tigre cedeu suas costas para Zack, vendo que, ele estava muito enfraquecido, assim acelerando a saída deles do local.
Quando chegaram ao ponto de encontro, Renan e Samuel estavam esperando. Ambos ficaram boquiabertos ao verem o enorme tigre albino carregando Zack. O impacto visual foi imediato.
— O que... é isso? — Renan murmurou, visivelmente impressionado.
— Coloquem a Rayka em cima dele. Ele é inofensivo — respondeu Zack, escondendo o seu cansaço, de forma direta, sem perder tempo, descendo das costas do Tigre.
Seguindo a instrução, Samuel acomodou Rayka, ainda desacordada, sobre o Tigre, e o grupo partiu em direção à casa segura. Ao chegarem lá, Rayka foi cuidadosamente tratada e colocada para descansar. A tensão no ambiente começou a se dissipar, exceto por um olhar curioso de Renan, que não conseguia tirar os olhos de Roxyne, que até então ele não havia visto.
— Quem é essa bela rainha? — Renan perguntou, cutucando Zack com um sorriso malicioso e levantando a sobrancelha sugestivamente.
Zack suspirou, percebendo onde aquilo iria dar.
— Roxyne... — começou ele, com uma calma resignada — Este é Renan. Ele se juntou ao grupo recentemente. Um especialista em lanças.
Sem perder tempo, Renan caminhou até Roxyne, pegando sua mão com confiança e, num gesto galante, beijou-a delicadamente.
— Prazer em conhecê-la, senhorita Roxyne — disse ele com um sorriso charmoso.
— Ora, mas que cavalheiro educado! Seja muito bem vindo, jovem. — Roxyne respondeu, com um sorriso divertido, claramente gostando da atenção, desviando o olhar para Zack logo em seguida, com um olhar de preocupação vendo o quão desgastado ele estava, apesar dos outros não notarem isso.
O ambiente descontraído fez todos relaxarem um pouco após os eventos tensos. Renan foi designado a dividir o quarto com Samuel, mas ambos protestaram ao perceberem que teriam de dividir o espaço.
— Eu não vou dormir no mesmo quarto que ele! — exclamou Samuel.
— Nem eu! — rebateu Renan, ambos se encarando, teimosos.
Infelizmente, o único outro quarto disponível era o de Rayka, que obviamente não estava em condições de dividir o espaço. Após trocas de olhares frustradas, os dois, sem opção, acabaram concordando em dividir o quarto, embora a rivalidade entre eles continuasse latente.
[Madrugada - 03:00 AM...]
Rayka despertou bruscamente, o corpo coberto de suor. Seu grito ecoou pelo quarto silencioso.
— MÃE! — exclamou, ofegante, o peito subindo e descendo enquanto tentava recobrar o fôlego.
A imagem do pesadelo ainda estava fresca em sua mente: a cena de sua mãe morrendo em seus braços, o corpo explodindo, como um fardo impossível de esquecer. Tremendo, Rayka se sentou na cama, pressionando uma mão contra o rosto, uma expressão de tristeza profunda dominando seus traços. Sua outra mão, ainda enfaixada e pendurada por uma tipóia, doía de forma surda, mas a dor emocional era muito mais intensa.
Ela se levantou, seus movimentos rígidos e incertos, como se cada passo fosse um desafio. Caminhou lentamente para fora do quarto, ignorando as pontadas de dor que sentia pelo corpo. A cada passo, o silêncio da casa parecia mais pesado, como se até o ar estivesse impregnado de seu tormento. Chegando do lado de fora, ela seguiu até a grande pedra à beira do lago, um lugar que sempre lhe trazia uma breve sensação de paz.
Ao se aproximar e se sentar na pedra, Rayka tomou um pequeno susto ao ver o Tigre Dente-de-Sabre albino, que havia ficado naquela área desde que foi libertado. O enorme felino a olhou por um momento antes de se aproximar, esfregando a cabeça gentilmente em seu ombro. Rayka suspirou e, lentamente, começou a acariciar a cabeça do tigre, sentindo a textura macia do pelo sob seus dedos.
O tigre ronronou baixinho, colocando a cabeça pesada sobre a pedra ao lado dela, como se quisesse compartilhar seu espaço de conforto.
— Você parece ser um tigre bem manhoso, que pelagem mais fofa e bonita— murmurou Aline, enquanto afagava as orelhas felpudas dele.
O tigre emitiu um rugido baixo, quase como uma resposta preguiçosa, abaixando as orelhas e balançando a cauda suavemente. Aline sorriu de leve, um sorriso tímido, quase imperceptível, enquanto continuava a acariciar o animal. No entanto, à medida que o tempo passava, aquele sorriso desapareceu, sendo substituído pela mesma expressão melancólica. Ela olhou para o lago, o reflexo da lua distorcido na água, e sussurrou:
— Eu sou uma pessoa horrível... — sua voz era um sussurro calmo, quase inaudível, mas carregado de dor.
Antes que ela pudesse mergulhar mais fundo em seus pensamentos, uma voz sonolenta veio de trás:
— Aaargh... O que você tá dizendo, Rayka? — perguntou Samuel, bocejando, enquanto se aproximava.
Rayka se virou, surpresa, e viu Samuel coçando os olhos. Ele se sentou ao lado dela na pedra, ainda parecendo meio adormecido.
— Você não deveria estar aqui fora, — disse Samuel, olhando distraidamente para o lago, com uma expressão sonolenta. — Precisa descansar.
— Eu acordei e não consegui dormir mais — respondeu Rayka, ainda acariciando o tigre, seus olhos fixos na água. — E você? O que te fez levantar?
Samuel suspirou e esfregou o rosto.
— Não tem como dormir com um cara que ronca mais que um motor de carro velho — ele resmungou, referindo-se a Renan.
Rayka soltou um suspiro breve, uma tentativa de riso que logo se perdeu. O silêncio se instalou entre os dois, pesado e desconfortável. O Tigre, incomodado com o silêncio opressivo, deu um leve toque com a cauda em Samuel, como se estivesse tentando fazê-lo falar. Samuel notou o gesto e, meio sem jeito, pigarreou.
— Se você quiser desabafar... — começou ele, tentando encontrar as palavras certas. — Eu tô aqui. Posso ouvir.
Rayka ficou em silêncio por alguns segundos, ainda olhando para o reflexo da lua na água. O tigre, percebendo a tensão no ar, se levantou lentamente e, sem fazer barulho, se afastou, deixando os dois a sós. Com a partida do animal, Rayka após um curto tempo finalmente começou a falar, sua voz baixa e hesitante no início. Ela contou sobre seu passado, os momentos iniciais difíceis que a moldaram, até chegar ao dia em que conheceu Samuel. As memórias fluíam como um rio, e a cada palavra, Rayka parecia mais frágil.
Por fim, sua voz quebrou, e as lágrimas começaram a escorrer silenciosamente por seu rosto.
— Eu matei a minha própria mãe... Sou uma filha horrível... — disse ela, a voz trêmula, olhando para o chão enquanto as lágrimas escorriam livremente.
Samuel, até então ouvindo em silêncio, virou-se para ela. Com um gesto suave, ele segurou a cabeça de Rayka e a trouxe delicadamente para seu peito, envolvendo-a em um abraço firme, mas gentil.
— Não é sua culpa, Rayka, — disse ele, sua voz profunda, mas incrivelmente suave. — Eu... não sou bom com palavras, mas o que eu sei, com certeza, é que você é uma mulher incrível. Qualquer um que te conheça sabe disso. E eu tenho certeza que sua mãe estaria orgulhosa de quem você se tornou. Ela mesma disse isso, lembra? Ela disse que estava orgulhosa de ter criado você.
Aquelas palavras pareceram quebrar a última resistência de Rayka. Ela começou a chorar descontroladamente, como uma criança, agarrando a camisa de Samuel com força, enquanto suas lágrimas encharcavam o tecido. Samuel não disse mais nada. Apenas continuou a acariciar a cabeça dela, em silêncio, deixando que ela liberasse a dor que segurava há tanto tempo.
Eles ficaram assim por horas, até que, exausta, Rayka adormeceu, ainda segurando a camisa de Samuel. Com cuidado, ele a pegou no colo, carregando-a de volta para o quarto. Ele a colocou na cama e a cobriu com delicadeza. Quando se virou para sair, sentiu um leve puxão em sua camisa. Rayka, mesmo adormecida, segurava sua camisa com a mão trêmula, como se estivesse sendo consumida por outro pesadelo.
Sem pensar duas vezes, Samuel se sentou ao lado da cama, segurando a mão dela. Mesmo com o sono pesando sobre seus olhos, ele esperou até que a mão de Rayka parasse de tremer. Eventualmente, ele também adormeceu ali, sentado ao lado dela, ainda segurando sua mão.
Um momento de paz... antes que a tempestade retornasse.
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Atualizado até capítulo 26
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Alin3
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2023-02-22
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