[De manhã, às 08:30 AM]
Zack acordou com a sensação familiar da língua de Emi lambendo seu rosto. Ele se sentou lentamente, ainda sonolento, sentindo o corpo dolorido e enfaixado. Enquanto se espreguiçava, seus músculos protestavam com cada movimento. Ele vestiu uma camisa amarrotada e observou Emi, já impaciente, parada na porta, esperando que ele a abrisse.
Zack sorriu de leve e se arrastou até a porta. Assim que a abriu, Emi escalou ágil pelo corpo dele, acomodando-se no topo de sua cabeça, como de costume. Eles começaram o caminho para acordar o restante do grupo, mas no meio do corredor, Zack foi interrompido por uma forte tosse. Ele parou, levando a mão à boca e, ao olhar para ela, viu o sangue manchando seus dedos.
— Acho que exagerei demais dessa vez — murmurou para si mesmo, a expressão permanecendo neutra, mesmo que seu corpo clamasse por descanso.
Ele continuou andando até o quarto de Samuel e Renan. Ao abrir a porta, encontrou apenas Renan, ainda jogado na cama, dormindo pesadamente. Zack cutucou o ombro dele, e Renan, meio sonâmbulo, começou a murmurar os nomes de "Rayka" e "Roxyne", o que fez Zack arquear uma sobrancelha, e também estranhando o fato de Samuel não estar ali.
Zack fechou a porta com um leve suspiro e se dirigiu ao quarto de Rayka. Ao chegar lá, abriu a porta com cuidado e encontrou Samuel dormindo ao lado da cama, apoiado na borda, com a mão de Rayka entrelaçada à dele. Zack ficou imóvel por um segundo, observando a cena. Era raro ver Samuel tão vulnerável e Rayka, mesmo em recuperação, parecia descansar melhor ao lado dele. Sem fazer barulho, ele sinalizou para Emi.
— Acorde eles, — disse Zack calmamente.
Emi desceu de seu ombro e trotou até os dois, lambendo os rostos deles para despertá-los. Samuel foi o primeiro a acordar, espreguiçando-se com um enorme bocejo.
— Aaaaarrrgh... Hã? Emi? Já é hora de acordar? — disse ele, ainda sonolento, sem perceber que estava segurando a mão de Rayka.
Logo depois, Rayka despertou, piscando lentamente ao ver Emi.
— Oi, Emi... obrigada por me acordar, — bocejou, sentando-se na cama com dificuldade, sem perceber que ainda segurava a mão de Samuel.
Os dois ficaram ali por alguns instantes, despertando gradualmente, até que de repente perceberam que ainda estavam de mãos dadas. Num movimento abrupto, soltaram-se rapidamente, ambos corando visivelmente. Samuel, tentando disfarçar o constrangimento, começou a assobiar enquanto olhava para o teto, e Rayka mexia no cabelo, também sem jeito.
Eles foram até a porta ao mesmo tempo, e ao tocarem a maçaneta juntos, suas mãos se encontraram de novo, tornando a situação ainda mais embaraçosa. O silêncio desconfortável foi interrompido quando Renan entrou de repente no quarto com energia exagerada.
— Bom diaaa, senhorita Rayka! Como está se sentindo? Se você não conseguir usar o braço... eu posso te ajudar... a comer, — disse ele, sua voz diminuindo ao perceber a tensão no ar.
Rayka e Samuel rapidamente afastaram as mãos e Renan, percebendo o clima, fez uma pausa e ergueu uma sobrancelha, com um sorriso malicioso.
— Vocês dois... — insinuou ele, com um olhar divertido.
— Não, não é nada disso! — exclamou Samuel rapidamente, agitando as mãos em defesa.
— Hmmmm... sei... — disse Renan, com um olhar cético, enquanto encarava Samuel com os olhos semicerrados.
Emi aproveitou o espaço aberto e correu para a sala. Enquanto os três seguiam para o café da manhã, Renan continuou lançando olhares desconfiados e divertidos para Samuel e Aline, que tentavam agir como se nada tivesse acontecido.
Quando chegaram à sala, Zack já estava de avental, terminando de colocar a comida sobre a mesa. Emi, como de costume, estava acomodada no topo da cabeça dele, observando tudo com atenção. Renan, ao ver a mesa repleta de comida, ficou maravilhado.
— Caramba, Zack! Isso aqui não é um café da manhã, é um banquete! — exclamou ele, sentando-se com um sorriso animado.
— Podem começar a se servir. Eu ainda preciso acordar a mestra, — disse Zack, tirando o avental e saindo da sala em direção ao corredor.
Samuel, ao ver as pizzas na mesa, quase saltou de alegria.
— Pizzaaa! — disse ele, com os olhos brilhando e começando a babar.
Zack caminhou até a porta do quarto de Roxyne e, após um breve suspiro, bateu duas vezes, chamando-a:
— Mestra, o café está servido.
Do outro lado da porta, uma voz sonolenta respondeu:
— Aaaargh... Já tô indo, garoto.
A porta se abriu e Roxyne saiu, os olhos ainda semiabertos, o cabelo bagunçado e usando apenas um short e sutiã. Ela caminhava sonolenta em direção à sala, sem notar o que estava vestindo. Zack a observou por um momento, respirou fundo e gentilmente segurou o braço dela.
— Mestra... vá colocar uma camisa — disse ele, sua expressão completamente neutra.
Roxyne, ainda meio adormecida, voltou para o quarto, enquanto Zack retornava à sala. Lá, Samuel já estava devorando pizzas vorazmente, enquanto Renan, com um sorriso malicioso, tentava alimentar Rayka, que recusava, virando a cabeça e insistindo em comer com a outra mão.
Zack se sentou e começou a comer seu sanduíche em silêncio. Logo depois, Roxyne entrou na sala, desta vez devidamente vestida, e Renan rapidamente puxou uma cadeira para ela se sentar. Ela se acomodou e pegou uma xícara de café, que Renan prontamente encheu para ela.
Após o café, Zack relatou as informações que havia conseguido. Ele explicou que a organização, além de sequestrar pessoas, estava realizando experimentos bizarros usando o núcleo dos monstros como base, tentando criar novas espécies. O laboratório em que eles estavam era um centro de pesquisas e desenvolvimento, e as experiências pareciam destinadas a aumentar o poder de fogo da organização. Roxyne, pensativa, deduziu que eles poderiam estar escondendo algo ainda mais perigoso.
— Nosso próximo alvo está ao norte, — disse Roxyne, com a voz séria. — É um lugar extremamente quente. Rayka, você ainda não está em condições de ir. A recuperação do seu braço e de suas outras feridas vai levar tempo. Dessa vez, só vão Zack, Samuel e o Renan.
Rayka, mesmo sabendo que era o certo, não pôde evitar sentir um misto de frustração e alívio por não participar da próxima missão.
Assim que terminaram de discutir os próximos passos, Roxyne olhou para todos e pediu calmamente:
— Vocês três, saiam da sala. Zack, fique.
Renan, curioso e um pouco desconfiado, virou-se para Samuel enquanto saíam.
— Por que será que a senhorita Roxyne quer que só o Zack fique? — perguntou, franzindo a testa enquanto se dirigia à porta.
Samuel não perdeu a oportunidade de provocar.
— Hmph, nem te conto... — respondeu, levantando as sobrancelhas de forma sugestiva, o tom de voz malicioso.
Renan olhou para ele, perplexo, tentando afastar os pensamentos que surgiam em sua mente. Sem querer prolongar a conversa, ele apressou o passo para sair.
Assim que a sala ficou vazia, Roxyne se ajeitou na cadeira, cruzando as pernas com elegância, enquanto tomava um gole de café.
— Conseguiu achar o que te pedi? — perguntou ela, com a voz casual, mas firme.
Zack assentiu, aproximando-se da gaveta perto do fogão. Ele retirou uma planta azul luminosa de dentro, que parecia pulsar com uma energia suave.
— Sim, mestra. — disse Zack, entregando a planta para ela.
Roxyne examinou a planta por um momento, um sorriso satisfeito aparecendo em seu rosto.
— Muito bom, garoto... Agora, tire a camisa e sente-se no chão. Vou começar o tratamento. — disse ela, levantando-se da cadeira e colocando a planta sobre a mesa.
Sem hesitar, Zack obedeceu. Ele tirou a camisa, revelando as costas musculosas, cobertas por cicatrizes de batalhas passadas, e sentou-se de costas para Roxyne. Ela pegou a planta e começou a dissolvê-la com sua energia, transformando-a em uma essência brilhante e fluida. Com movimentos lentos e cuidadosos, aplicou a substância nas costas de Zack, massageando suavemente enquanto a essência penetrava sua pele.
— Você usou a Técnica Branca, não foi? Mesmo eu avisando para não exagerar... você é mesmo um garoto bem problemático — disse Roxyne com uma mistura de preocupação e leve repreensão. — Ainda bem que conseguiu a planta, senão seria muito perigoso deixar seu corpo nesse estado. Isso vai doer um pouco.
— Argh... Peço desculpas, por te preocupar, mestra. É que eu não tive escolha. Vou tomar mais cuidado da próxima vez. — respondeu Zack, soltando um leve gemido, resistindo a uma forte dor interna que sentia enquanto a essência fazendo efeito.
— Concentre-se, faça a sua energia circular lentamente, vai diminuir a dor. — Disse Roxyne, com um tom de autoridade e zelo. — É bom tomar muito cuidado da próxima vez, embora esse tratamento vá concertar o seu corpo, não quer dizer que você vai estar imune a efeitos colaterais se você for além do limite.
O tratamento era doloroso, mas necessário. Zack havia excedido os limites de seu corpo, o que obstruíra as veias por onde sua energia circulava. Esse bloqueio limitava sua capacidade de usar energia em combate e, se não tratado, os danos seriam graves. A planta que ele trouxe era essencial para liberar essas obstruções, permitindo que ele lutasse sem se preocupar com os danos internos, claro, se não for uma situação de desgaste extremo.
Com movimentos precisos, Roxyne aplicou a essência, sentindo a tensão nas costas dele diminuir gradualmente.
— Você é sempre tão teimoso, Zack... — murmurou ela, a voz agora mais suave, enquanto terminava o tratamento.
Zack se levantou lentamente, sentindo o alívio em seus músculos, ainda que seu corpo estivesse exausto. Ele pegou a camisa e, enquanto a vestia, olhou para Roxyne.
— Obrigado, mestra. Te devo mais uma. — disse ele, puxando a camisa para o ombro.
Roxyne sorriu de maneira travessa, dando um passo para mais perto de Zack. Com um toque suave, ela deslizou a mão pelas costas dele, sentindo a firmeza dos músculos sob suas cicatrizes.
— Não precisa me agradecer, garoto... — disse ela, com um brilho nos olhos. — Eu já sabia que você tinha um corpo de deixar qualquer uma louca. Não me canso de admirar esse seu corpo monumental.
Zack virou-se rapidamente, pegando a mão de Roxyne com firmeza, mas sem agressividade. Seus olhos sérios se fixaram nos dela, e ele falou com uma intensidade que a fez prender a respiração.
— Não me provoque, mestra. — sua voz era grave e firme, com uma seriedade que fez o coração de Roxyne disparar.
Ela, por sua vez, foi pega de surpresa pela atitude dele. Desviou o olhar, seus olhos fixos em qualquer coisa além dos dele, e respondeu, mais tímida do que o habitual.
— Eu só estava brincando... — disse ela, sentindo o calor subir pelo corpo, o coração batendo acelerado.
Zack soltou sua mão suavemente, e sem dizer mais nada, caminhou em direção à saída. Vestindo a camisa, ele abriu a porta e, ao sair, deu de cara com Samuel e Renan, que estavam à espreita, ambos com expressões carregadas de insinuações. Samuel foi o primeiro a quebrar o silêncio.
— E aí, atacante? Quantos gols dentro foram? — disse ele, arqueando as sobrancelhas repetidamente, um sorriso travesso nos lábios.
Renan logo em seguida acrescentou:
— Então, quantos minutos na pressão pro feijão ficar mole? — completou ele, também erguendo as sobrancelhas, insinuando de forma descarada.
Zack passou por eles sem responder, seus passos firmes e a expressão séria. Mas antes de se afastar completamente, ele parou por um segundo, sem olhar para trás, e disse com um tom mais grave do que o usual, que fez o ar ao redor dele parecer mais pesado.
— Samuel, Renan... os dois para o campo de treino. Agora. — A autoridade em sua voz era inconfundível, e os dois sentiram a pressão imediata.
O clima de brincadeira evaporou no mesmo instante, e tanto Samuel quanto Renan se entreolharam, engolindo em seco. A energia ao redor de Zack era intensa, diferente de sua atitude habitual. Sem protestar, ambos seguiram em silêncio para o campo de treino, conscientes de que Zack não estava para brincadeiras.
Os dois engoliram em seco ao ouvir o tom sério de Zack. Rayka, observando de longe, não conseguiu segurar um riso ao ver Samuel e Renan claramente entrando em apuros. Sabia que aquele "treino" estava prestes a ser mais uma sessão de espancamento do que uma verdadeira prática.
Samuel e Renan tentaram, desesperadamente, coordenar ataques contra Zack, agora sem as limitações que costumavam conter seu poder. Mas por mais que se esforçassem, não conseguiam sequer tocá-lo. Zack desviava de cada golpe com uma agilidade sobre-humana, seus movimentos precisos e calculados, enquanto os dois lutavam como se tentassem alcançar uma sombra inatingível.
Do outro lado do campo de treino, Rayka observava a cena com um meio sorriso no rosto, encostada numa árvore. Enquanto assistia a Samuel e Renan serem derrotados repetidamente, sentiu um toque suave ao seu lado. O Tigre Dente-de-Sabre albino, que havia se aproximado silenciosamente, esfregou a cabeça em seu ombro, buscando carinho. Ela, com um gesto gentil, afagou as orelhas felpudas do grande felino, que ronronou baixinho, satisfeito.
— Você ainda não tem um nome, não é? — perguntou Rayka, olhando nos olhos do Tigre, enquanto continuava a acariciá-lo.
O Tigre respondeu com um rugido baixo, quase um murmúrio, e balançou a cabeça em concordância, como se entendesse perfeitamente a pergunta.
Rayka olhou para as listras azuladas que adornavam o pelo do Tigre, parecendo relâmpagos que corriam por todo o seu corpo poderoso. Um pensamento lhe veio à mente.
— Já que você é tão grande e essas listras lembram relâmpagos... Que tal Barak? — sugeriu ela, com um sorriso.
O Tigre, agora Barak, rugiu com mais entusiasmo dessa vez, balançando o rabo vigorosamente, claramente aprovando o nome. Rayka riu e continuou a acariciá-lo, enquanto o treino continuava.
Samuel e Renan lutaram o dia inteiro contra Zack. Nenhum dos dois conseguiu sequer um golpe limpo nele. Ao fim da tarde, exaustos e jogados no chão, ambos respiravam com dificuldade. Samuel, ainda ofegante, olhou para o céu e deixou escapar:
— Caramba... Zack, você é forte pra desgraça... Parece até um protagonista de Webtoon. — disse ele, entre respirações pesadas, ainda surpreso com a diferença de poder.
— Totalmente desbalanceado... Nerfem o homem... — acrescentou Renan, também lutando para recuperar o fôlego.
Zack permaneceu inexpressivo, observando os dois deitados no chão como se não tivesse feito mais do que um aquecimento leve. Esse era o novo nível de poder que ele havia alcançado, sem as limitações que antes o restringiam.
Nas semanas que se seguiram, os três se dedicaram a um intenso treinamento. Rayka apresentou formalmente o nome de Barak para todos, e o tigre rapidamente se tornou mais uma figura querida no grupo juntamente com Emi, a pequena raposa. Roxyne, por sua vez, observava Zack com mais atenção, ciente de que seu discípulo havia alcançado um novo patamar de poder, esboçando um sorriso de orgulho.
Zack, com sua paciência característica, ensinou Renan a controlar melhor sua energia, ajustando pequenos detalhes que faziam toda a diferença em combate. Ele também ajudou Samuel e Rayka a refinarem suas técnicas, compartilhando sua própria experiência em combate. O treinamento combinado de Renan e Samuel, no entanto, foi um desafio à parte. No começo, os dois tropeçavam em desentendimentos e falta de comunicação. Mas, com o tempo, aprenderam a trabalhar juntos com eficiência. E quando, finalmente, conseguiram sincronizar seus ataques o suficiente para acertar Zack, souberam que estavam prontos.
Agora, com a partida iminente, o clima estava carregado de expectativa. Emi, como de costume, já havia se acomodado dentro da roupa de Zack, pronta para a jornada. Barak, por outro lado, preferiu ficar ao lado de Rayka, se tornando o novo companheiro fiel dela.
Renan, sempre cheio de energia, correu em direção a Rayka, os braços abertos em um gesto exagerado de despedida.
— Senhorita Rayka, vou sentir tanta saudade— começou ele, antes de ser bruscamente interrompido.
Barak, que estava tranquilamente ao lado de Rayka, deu uma patada firme em Renan, jogando-o de lado com facilidade. Rayka soltou uma risada leve, enquanto Renan se levantava, atordoado, esfregando a cabeça e tentando entender o que havia acontecido.
— Ei! — exclamou Renan, com os olhos estreitos, claramente indignado ao ver que Samuel conseguia se aproximar de Rayka sem problemas. — Vocês têm um favoritismo descarado!
Samuel riu da situação enquanto Rayka o chamou com um gesto.
— Samuel, antes de você ir... podemos conversar? — perguntou ela, com um tom mais sério.
Barak, que antes havia sido implacável com Renan, permitiu que Samuel passasse sem sequer levantar a cabeça, deixando claro que o considerava confiável. Renan, ainda de pé e observando a cena, fez uma expressão de pura indignação.
— Que injustiça... — murmurou Renan, os olhos semicerrados, como se estivesse planejando um plano secreto para ganhar a confiança do tigre.
Pouco depois da breve conversa, o grupo finalmente se preparou para partir. O destino era o norte, uma região conhecida por seu calor escaldante. O ar estava carregado, como se antecipasse uma mudança brusca no horizonte. O sol começava a se pôr no horizonte, pintando o céu com tons de laranja e vermelho, enquanto uma enorme tempestade se formava à distância.
Rayka, ficando para trás com Barak, observou os três se afastarem. No fundo, sabia que uma grande provação os aguardava naquela jornada, mas por ora, apenas esperava que todos voltassem inteiros.
Uma tempestade estava se formando, não só no céu... mas nos corações daqueles que vagavam na imensidão incerta de suas mentes.
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Atualizado até capítulo 26
Comments
Alin3
continua, ou ñ sai do porão 🤣🤣🤣🤣🤣
2023-02-23
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