Éden - Capítulo 9: Região Gélida

[Organização… em um lugar subterrâneo]

Os corredores largos e frios do complexo subterrâneo ecoavam os passos firmes do Diretor TK, seu destino era uma das muitas salas de pesquisa, onde experimentos secretos eram realizados longe dos olhos do mundo. Ao entrar, a luz suave e esverdeada dos monitores iluminava um pesquisador que estava concentrado em realizar testes. No centro da sala, um grande tanque de vidro continha uma figura imóvel submersa em um líquido viscoso e brilhante.

Sem cerimônia, TK se aproximou, parando ao lado do pesquisador.

— E aí, como estão indo os testes? — perguntou ele, sua voz carregada de expectativa e malícia.

O pesquisador, com um jaleco amarrotado, os cabelos loiros desalinhados e olhos esmeralda preguiçosos que brilhavam sob a luz fria da sala, respondeu sem tirar os olhos do monitor, a voz preguiçosa.

— Faltam alguns ajustes... — murmurou, teclando com desinteresse. — Logo ele estará pronto.

TK olhou para a criatura no tanque com um sorriso sádico, seus olhos brilhando de excitação.

— Mal posso esperar para vê-lo em ação — disse, o tom tão macabro quanto seu sorriso.

O pesquisador, sem desviar os olhos do monitor, retrucou com desprezo.

— Você continua asqueroso como sempre — comentou, mais para si mesmo.

— Obrigado pelo elogio. — TK deu um tapinha no ombro do pesquisador. — Espero que você termine logo. Bye bye! — E saiu da sala com o mesmo ar de superioridade de antes.

Assim que TK desapareceu pelos corredores, o pesquisador soltou um longo suspiro, olhando para o ombro tocado.

— Ahh... vou ter que queimar esse jaleco... — murmurou, fazendo uma careta de nojo e voltando ao trabalho com uma expressão de cansaço.

 

[Voltando para o esconderijo... 06:30 da manhã]

Na tranquilidade do esconderijo, Zack ainda dormia profundamente, até ser abruptamente acordado por Emi, que pulou em sua barriga e começou a lamber seu rosto freneticamente.

— Huh? — Zack murmurou, abrindo os olhos devagar e afastando Emi com a mão. — O que foi, Emi?

— Kyuu! — Emi balançou o rabo, animada, antes de correr até a porta, como se dissesse que já era hora de levantar todo mundo.

Zack suspirou e se sentou na cama, ainda grogue.

— Entendi... já vou. — Ele olhou para a pequena criatura que já estava impaciente na frente da porta. — Kyuuu — Emi insistiu, sentada como se estivesse esperando há horas.

Sem camisa, o peito todo enfaixado por conta das batalhas recentes, Zack vestiu um moletom, pegou Emi e a colocou sobre sua cabeça. Juntos, foram acordar o resto da equipe. Ao passar pelo quarto de Samuel, percebeu que ele não estava lá. Rayka também não estava no quarto dela, o que o deixou surpreso. Aqueles dois raramente acordavam cedo.

Intrigado, Zack foi para a cozinha e decidiu começar a preparar o café da manhã. Vestiu um avental e, habilidosamente, colocou-se a trabalhar. Em pouco tempo, a mesa estava cheia de comida, incluindo uma pizza que parecia especialmente deliciosa. Depois de terminar, tirou o avental e se dirigiu ao quarto de sua mestra para acordá-la.

Ele bateu duas vezes na porta, antes de anunciar:

— Mestra, o café da manhã já está pronto.

Lá de dentro, uma voz sonolenta respondeu.

— Aaaargh... já vou, garoto...

A porta se abriu, e Roxyne, meio sonolenta e com os cabelos completamente bagunçados, apareceu. Como de costume, ela estava vestida de maneira imprópria — apenas lingerie.

Zack suspirou e fechou os olhos rapidamente.

— Mestra, por favor, volta para dentro e coloca uma roupa. Você vai tomar café da manhã assim? — disse, tentando manter a compostura.

Roxyne piscou algumas vezes, ainda grogue, e percebeu que estava apenas de lingerie.

— Hã? Mas ontem eu dormi de roupa... devo ter tirado enquanto dormia... — disse, sem muita preocupação, voltando ao quarto e fechando a porta.

Ela tinha essa mania estranha de se despir durante o sono, algo que Zack já estava acostumado, mas nunca deixava de ser constrangedor. Ele suspirou de novo e foi procurar Samuel e Rayka do lado de fora da casa. Depois de um tempo procurando, os encontrou dormindo, escorados um no outro, com uma coberta os cobrindo. Zack sorriu de canto, decidindo deixá-los dormir mais um pouco.

Voltando ao esconderijo, Zack resolveu treinar um pouco antes de comer. Quando Samuel e Rayka finalmente apareceram, Zack estava fazendo flexões com os pés apoiados para cima, um treino intenso.

Samuel, ainda bocejando e coçando a cabeça, aproximou-se.

— Você não cansa, não? — perguntou ele, esfregando os olhos.

— Vai abrir esses seus ferimentos de novo... — Rayka disse, enrolada na coberta e bocejando, sua voz ainda sonolenta.

Zack, com um movimento fluido, terminou sua flexão, saltando para ficar de pé. O suor escorria por seu rosto, mas ele estava calmo como sempre.

— Finalmente acordaram. O café já está pronto. Podem se servir... vou tomar um banho antes. — Ele usou a parte debaixo do moletom para limpar o suor, revelando os músculos ainda marcados pelos curativos.

— Kyuuu! — Emi correu atrás dele, claramente empolgada para tomar banho junto.

Zack pegou Emi e saiu da sala. Samuel e Rayka entraram e se depararam com a mesa cheia de comida. Os olhos de Samuel brilharam como os de uma criança.

— Pizzaaa! — ele gritou, já babando, enquanto corria para se servir.

Roxyne, agora devidamente vestida com roupas casuais, já estava à mesa, tomando café.

— Calma, ou você vai acabar com uma baita indigestão — disse ela, observando Samuel devorar fatias de pizza como se fosse a última refeição da vida.

Rayka, ainda sonolenta, se sentou e começou a comer, mas foi interrompida quando Roxyne, com um tom sugestivo e um olhar travesso, lançou uma pergunta.

— Zack me contou que vocês dormiram lá fora, juntos. Presumo que dormiram bem, não é? — Seu tom era cheio de insinuações, enquanto ela sorria de forma sugestiva.

Samuel engasgou violentamente com um pedaço de pizza, tossindo e ficando vermelho.

— Cof! Cof! Não aconteceu nada do que você tá pensando! — Ele levantou-se, completamente corado, tentando se justificar.

Roxyne levantou uma sobrancelha, o sorriso se alargando.

— Hmmm... sei... — disse ela, com um sorriso malicioso.

Samuel virou-se desesperado para Rayka, buscando apoio.

— Rayka, diz pra ela que não aconteceu nada!

Rayka, também corada, desviou o olhar enquanto mordia uma fatia de pão.

— É... é verdade... nnão aconteceu nada... — respondeu, mas seu tom hesitante só piorou a situação.

Roxyne riu.

— Então aconteceu alguma coisa... — Roxyne provocou, ainda mais divertida.

— Já disse que não aconteceu nada! — Samuel gritou, ainda mais vermelho, sua voz quase falhando de nervosismo.

— Pfft... Eu só estava brincando. Zack me contou que vocês dois dormiram perto do lago. — Roxyne deu uma risadinha, satisfeita por ter provocado os dois.

Samuel se sentou de volta, ainda envergonhado, enquanto Zack entrou na sala, o cabelo ainda úmido, com uma toalha sobre os ombros. Emi entrou atrás dele, o pelo brilhando depois do banho.

Zack olhou ao redor, notando o clima estranho, com Samuel e Rayka visivelmente corados.

— Mestra, você fez alguma coisa, né? — perguntou ele, já conhecendo bem os hábitos de Roxyne.

Ela deu um sorriso satisfeito.

— Só brinquei um pouco com eles, só isso.

Zack suspirou, pegando um pouco de comida e dando a Emi.

— Talvez eu não devesse ter contado aquilo pra senhora...

— Para de ser chato, garoto. — Roxyne riu, tomando mais um gole de café, satisfeita com o caos que havia causado.

Após todos terminarem o café da manhã, a atmosfera descontraída se transformou em algo mais sério enquanto Zack relatava a Roxyne os detalhes da missão. Ele explicou que não encontraram nenhum esconderijo da Organização durante a última expedição, mas se depararam com aquele cientista peculiar. Segundo o próprio cientista, ele não trabalhava para a Organização, o que deixava tudo ainda mais confuso. Zack também mencionou um fato curioso: Emi havia comido um núcleo de monstro, o que despertou imediatamente o interesse de Roxyne.

Intrigada, Roxyne fixou seus olhos carmesins em Emi, seus olhos brilhando enquanto usava suas habilidades para ver o interior da criatura. Após uma breve análise, ela viu algo inesperado.

— Emi agora possui uma energia pura dentro de si — disse Roxyne, pensativa. — Ao devorar o núcleo de outro monstro, ela absorveu a energia contida nele, ficando mais forte. Isso explica a evolução desses monstros… Eles podem evoluir comendo os núcleos dos outros.

A revelação surpreendeu a todos na sala. Rayka, curiosa, franziu a testa e perguntou:

— Então… o que aconteceria se um humano comesse um desses núcleos?

Roxyne parou por um momento, ponderando. Ela passou a mão pelo queixo antes de responder:

— Hmm... Acho que não seria algo muito bom. A energia contida em um núcleo é completamente diferente da de um humano. Se alguém comesse um, duas coisas poderiam acontecer: ou a pessoa explodiria, incapaz de lidar com a energia, ou... poderia se transformar em algo completamente diferente.

Samuel levantou uma sobrancelha, visivelmente desconfortável com essa ideia.

— Transformar em... outra coisa? — ele murmurou, já imaginando os piores cenários.

Roxyne, no entanto, não perdeu tempo. Com um gesto confiante, ela entregou o núcleo do Escorpião Rei para Emi, incentivando-a a comer. Emi hesitou por um momento, mas logo deu uma mordida. Assim que engoliu o núcleo, seu corpo começou a brilhar intensamente. Todos observaram em silêncio enquanto Emi crescia, uma nova cauda emergia, e sua forma geral se tornava mais robusta. A energia do núcleo era tão poderosa que Emi evoluiu em um instante, tornando-se ainda mais impressionante.

— Uau… — disse Samuel, pasmo com o que havia acabado de testemunhar. — Ela realmente evoluiu...

Zack também estava impressionado, embora tentasse manter a compostura. Roxyne, satisfeita com o resultado, voltou sua atenção para o próximo objetivo.

— Temos uma nova pista — disse ela, olhando para o grupo reunido. — Há rumores de que a Organização pode ter um laboratório na Região Glacial. Como o nome sugere, é uma região extremamente fria, um local perfeito para esconder um laboratório subterrâneo. Vocês precisam estar prontos para o que quer que venham a encontrar lá.

A reunião terminou, e Roxyne instruiu a todos para se prepararem e se recuperarem. Antes de se dispersarem, ela pediu para que Zack permanecesse na sala. Samuel e Rayka saíram, trocando olhares curiosos.

Zack se levantou, ficando de pé diante de sua mestra.

— O que a senhora precisa? — perguntou ele, ainda tentando adivinhar o motivo pelo qual foi chamado.

Roxyne o observou por um momento antes de responder:

— Preciso que você vá a outro local dentro da Região Glacial. Há algo que quero que você encontre por lá.

Zack assentiu, aceitando a nova missão sem questionar. O peso da responsabilidade não era novo para ele.

Depois de algum tempo de recuperação, todos voltaram ao treinamento. Zack começou a treinar Aline, ajudando-a a aperfeiçoar uma técnica destrutiva que vinha desenvolvendo. Rayka, determinada, treinava sozinha sempre que possível. Samuel, por sua vez, focou em aprimorar seu estilo de combate com duas espadas. Zack o ajudava em diversas lutas, forçando Samuel a explorar os limites de suas habilidades.

Depois de um longo dia de treino, Samuel estava jogado no chão, ofegante. Suas roupas estavam sujas e o corpo dolorido.

— Ah... Ah... Cara, você é forte demais... Mal consigo te acertar um golpe... — ele disse entre respirações pesadas. — Mas, sabe... Desde a primeira vez que nos encontramos, sinto que já te vi antes em algum lugar…

Zack, que estava encostado em uma árvore, cruzou os braços.

— Eu não me lembro de ter te visto antes — respondeu ele, com sua voz tranquila.

Samuel franziu a testa, tentando se lembrar.

— Hmmm... Ah! Lembrei! — exclamou Samuel, ainda deitado no chão. — Você não era aquele cara… aquele trans que estava lutando com um monstro no posto de gasolina?

A expressão de Zack ficou rígida, mas ele tentou disfarçar, desviando o olhar e suando frio.

— …Não, não era eu. Deve estar me confundindo — respondeu rapidamente, evitando contato visual.

Samuel se sentou devagar, confuso, mas insistente.

— Tenho certeza! O rosto daquele cara era bem parecido com o seu. Mesmo formato... — disse ele, gesticulando para o próprio rosto.

Zack respirou fundo, claramente desconfortável com o rumo da conversa.

— Eu nunca me vestiria como um trans. — E, com isso, ele saiu rapidamente, ainda suando frio.

Quando Zack se afastou, Samuel coçou a cabeça, pensativo.

— Hm… Aquele trans era bem bonito... Só percebi que era por causa das pernas — murmurou para si mesmo, franzindo o cenho ao lembrar da cena.

Três semanas se passaram. O grupo continuou treinando e se preparando para a próxima missão. Quando o dia da partida finalmente chegou, todos estavam prontos. Emi, como sempre, se recusou a ficar para trás. Zack, já acostumado, pegou a pequena criatura e a colocou dentro de sua roupa, escondendo-a confortavelmente.

Com todos prontos, o grupo partiu para enfrentar mais um campo de batalha.

 

Enquanto isso, no laboratório subterrâneo da Organização, a figura dentro do tanque de vidro finalmente abriu os olhos. O experimento havia sido um sucesso...

 

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(Arte Conceitual, O Pesquisador)

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Comments

Alin3

Alin3

o Zack foi descoberto 🤣🤣🤣🤣🤣🤣

2023-02-17

1

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