cap 15

ALLANA

Ele só pode ser maluco. Não vou deixar ele me machucar de novo. Minha resposta é não, mas ele não me ouve. É como se não tivesse falado nada. Então, por que perguntou se ia abusar de mim de novo? Pra que essa palhaçada de perguntar se pode continuar, se não ia aceitar minha resposta de novo?

Ou achou que eu ia aceitar só porque meu corpo aceitou seu toque? Meu corpo é desobediente. Não entende o que minha mente rejeita. Mesmo meu corpo ter sofrido nas mãos dele, só bastou ele acariciar que já se derreteu pra ele.

A briga de corpo e mente é constante, mas o meu corpo acaba ganhando, já que as sensações que ele me faz sentir são extremas, coisas que eu nunca senti antes, sensação nova essa que estou sentindo.

Ele entra em mim, e dessa vez não dói. Ele não está sendo violento, está indo devagar. Estranha essa nova sensação. Talvez se fosse com outro homem, eu me sentiria bem. Mas com ele não, com ele não consigo sentir o desejo de estar aqui, de estar com ele. Isso está me martirizando.

Alias, martirizando a minha mente, porque o corpo está totalmente entregue a ele. E a luta entre corpo e mente continua, e eu tento o máximo possível dar razão a minha mente, pois o corpo já perdi. Ele é um traidor nato.

Fecho a cara na raiva, tanto pra ele quanto pro meu corpo traidor. Estou gostando disso, e eu estou errada demais por isso. Vou castigar meu corpo assim que isso acabar. Não vou deixar ele ser a mercê dele desse jeito. Ele não pode perceber que está me dominando assim.

Mesmo gostando, não vou demonstrar pra ele isso. Vou ferir seu ego, deixar ele no chão, quem sabe assim ele me deixa em paz e volta para suas aventuras e me dá o divórcio, me deixa livre e para com esses abusos.

Quando ele termina, eu gostei muito de todas as sensações novas que ele me fez sentir. Talvez se tivesse feito assim na primeira vez, eu estaria apaixonada por ele.

Mas seu erro foi violar meu corpo pela segunda vez, afinal, eu disse que não podia continuar, e mesmo assim ele foi à frente sem minha autorização.

– Já pode sair de cima de mim.

Ele me olha fumaçando de raiva. Achou que eu morreria de amor agora por ele haha, nem em outra vida, satã maldito.

Ele me vira com tudo, e se enfia de uma vez, puxa meu corpo para trás, e é onde meu corpo me trai novamente, pois está gostoso mais do que da outra vez, e nem sei porquê, já que voltou a ser bruto de novo.

Tomara que tenha outra crise respiratória aqui. Eu vou embora e ele morre aí na cama sozinho.

Eu queria ser muda nessa hora também. Coloco minha boca no travesseiro, mas ele puxa meu cabelo, e sei que estou gemendo, minha garganta chega queima, e sei que ele está gostando, já que seus movimentos estão sendo cada vez mais frenéticos.

Sinto novamente o prazer tomar conta do meu corpo, e me tremo todinha.

Me deito, me saindo dele, e ele solta minha mão.

Sinto seu corpo molhado de suor nas minhas costas, beija meu pescoço e se levanta indo pro banheiro.

Me sento, passando a mão no meu rosto, que merda foi essa?

Ah, vou me chicotear inteira, corpo traidor. Não adianta só minha mente pensar que não, meu corpo tem que ajudar também.

Me enrolo no lençol e vou pro banho, a coisa melequenta começa a escorrer pelas minhas pernas. Entro no meu quarto já indo direto pro banheiro me lavar.

Me esfrego bem, pra judiar do meu corpo por ter aceitado isso.

Não mandei ele parar nenhuma vez, agora estou até arrependida de ter feito isso.

Não quero sentir nada por ele, nem mesmo atração, mesmo ele sendo bonito e gostoso do jeito que é.

Tenho que ser forte, tenho que colocar o meu plano em ação, preciso sair daqui para bem longe, onde ele não possa me achar nunca mais.

Termino meu banho, e saio. Coloco um pijama de dormir, e antes de me deitar, ele aparece na porta.

Ele está com umas folhas de papéis, e nelas estão escritos:

-- Me perdoe pelo o que eu fiz com você.

-- Me perdoe por ter abusado do seu corpo na nossa primeira noite.

-- Eu quero mudar por você.

-- Me ajuda a mudar?

-- Quero ganhar o seu coração, pois o meu você já ganhou.

-- Me ensine a te amar como você merece.

-- Dorme comigo??

Tá apaixonadinho, que fofo.

Ele vai passando folha por folha, e eu vejo que se eu quiser sair daqui, vou ter que fingir que ele pode me conquistar.

Fingir estar apaixonada até.

E quando ele menos esperar, dou um chute na bunda dele, assim saio e o deixo na merda, igual ele me deixou quando abusou de mim.

– Vou te dar só uma chance, se pisar na bola comigo, eu sumo da sua vida.

Ele sorri e balança a cabeça pra mim. Vem caminhando e gruda no beijo.

Retribuo o beijo na força do ódio, vou sair daqui já fazendo teste pra ser atriz de novela.

Ele sai do beijo e sorri, e pega na minha mão me conduzindo até o quarto dele, se deita me levando junto.

Viro as costas pra ele, e ele me abraça, dormimos de conchinha.

Acordo de manhã, e ele está com o braço em cima de mim, tiro de vagar, e vou no banheiro.

Faço minha higiene, e vou pro meu quarto trocar de roupa.

Quando termino, saio do quarto, e lá vem ele, cruza os braços e fica me olhando.

– O que foi?

Ele balança a cabeça e coloca a mão no rosto. Pronto, o satã enlouqueceu.

Ele passa por mim sem olhar pra trás.

Tô dizendo que é maluco.

Ele vai direto pro escritório, nem tomar café ele não toma, eu vou direto comer.

Toda hora olho para trás, pra ver se ele vem, e nada, até que ele passa direto do escritório pra porta de saída, eu me levanto e vou até a porta vê o que está acontecendo.

Ele entra no carro e sai apressado.

O que será que tá acontecendo com ele?

Ele passa o dia todo fora, não volta pra casa, e isso me deixa um pouco preocupada, não sei porquê, não era pra eu está me preocupando com ele.

Mais besta como sempre sou...

A noite cai, e é aí que ele aparece, está com semblante cansado, ele só me olha e sobe para o quarto.

Eu estranho e subo atrás dele, entro no quarto e ele tá tirando a roupa pra ir tomar banho.

– O que aconteceu???

Ele se vira me olhando e só balança a cabeça dizendo nada, e um sorriso fraco nos lábios.

Ele vai pro banheiro de cueca e eu me sento na cama.

Pego sua roupa e cheiro pra ver se tem cheiro de mulher, e não tem além do seu perfume amadeirado.

Coloco de volta no lugar, fingindo não ter mexido.

Fico aqui até ele sair do banheiro, ele já vem com pijama, eu me levanto indo até ele.

– Tá tudo bem mesmo?

Ele balança a cabeça e seus lábios dizem sim.

Mesmo odiando ele, sinto um aperto no coração, porque sei que ele não tá nada bem.

Ele se deita na cama, e eu me deito do seu lado, ele me abraça e dormimos juntos.

Acordo de manhã e ele já não está na cama, me levanto e faço a minha higiene, e vejo um bilhete seu em cima da cômoda.

-- Bom dia, minha linda. Terei um trabalho importante em outra cidade. Até amanhã à tarde volto pra casa. Beijos.

O que será que ele tá escondendo de mim?

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