DOMINIC,
"Dessa vez, darei o meu melhor por ela. Oferecerei todo o meu amor, e se ela não me amar, amarei por nós dois. O amor estará presente, e ela é tão doce que logo sentirá o mesmo que eu. Dizem que o amor é contagiante, estou torcendo para que seja verdade.
Pela segunda vez, a beijo e ela retribui sem protestar. Ela aceita o beijo de bom grado. Estamos dançando ao ritmo das batidas do coração. Movimento-a de um lado para o outro, e ela segue o passo, parecendo até uma dançarina de verdade.
Saio do beijo, encostando minha testa na dela, que ainda está de olhos fechados. Seu rosto é tão delicado que me perco nele de um jeito surreal.
– Eu já te amo tanto, Allana. Sei que estou sendo egoísta em te deixar presa a mim, mas não vou poder te deixar ir. Quando eu morrer, você herdará tudo o que é meu, e espero que não sofra com a minha partida. Seja forte e continue o meu legado. Você nunca mais precisará voltar a morar nas ruas, a partir de agora, é uma mulher multimilionária.
E se ela se apaixonar e sofrer com a minha morte? E se for tão forte que o choque a faça sofrer e entrar em depressão ou, pior, morrer também?
Não posso fazer isso com ela. Já a fiz sofrer muito. Não posso causar mais dor. Ela vai me odiar ainda mais do que já me odeia. Mas o que eu faço? Não estou pronto para me desapegar dela. Quero que ela esteja comigo em todos os momentos, mas só de pensar nela chorando com a minha morte, me corta por inteiro.
Paro a dança, e ela abre os olhos. Sorrio para ela, e ela vem e me beija. Olha só, ela veio por vontade própria me beijar, sem eu ter que pedir.
Estamos evoluindo. Retribuo o beijo com muito carinho, abraço-a forte em meus braços. Esse beijo que ela me deu mostra que está tão apaixonada quanto eu, ou ela nunca me beijaria.
Vamos para a cama, e me deito. Ela vem e se deita de frente para mim.
Tão linda... Ah, Allana, quem me dera se o meu tempo de vida fosse maior. Você nem imagina que daqui a dois meses estará dormindo nessa cama sozinha.
Acaricio seu rosto, e ela fecha os olhos.
Mas outro sentimento ruim me assola. Eu queria que ela se apaixonasse por mim, mas como ela vai ficar quando eu morrer?
O que é pior, a dor da perda ou a dor da desilusão?
Meu pai morreu um mês depois da minha mãe. Ela tinha um tumor no cérebro bastante avançado e morreu na mesa da cirurgia. Meu pai ficou tão triste, uma tristeza profunda, que morreu um mês depois, sem causa aparente.
O médico disse que o coração dele simplesmente parou.
Não quero que Allana morra. Não quero que isso se repita na minha vida. Vou ter que dar um jeito nisso, vou tentar resolver isso nesta semana.
Uma semana se passa, e o dia da minha morte se aproxima cada vez mais. Só consigo fazer poucas coisas sem me cansar, então sempre levo Allana para fazer coisas menos cansativas, para que ela não perceba, como ler alguns livros na biblioteca. Normalmente, ela lê para mim, já que não faria sentido eu ler para ela.
Nos divertimos muito na sala de jogos. Ela é muito inteligente, e até trapaceira. Ela agora está um doce, não está mais tão agressiva, mas ainda não a toquei, não além dos beijos, que agora são voluntários até mesmo dela. Percebo que ela está apaixonada, e isso agora me quebra por completo. Como vou deixá-la assim?
Estou no meu escritório, sozinho, enquanto ela está no quarto ainda dormindo. São 5:30 da manhã, e eu preciso resolver essa questão antes que eu morra e ela fique mal.
Ligo para o meu advogado.
– Bom dia, senhor Bernardes.
– Bom dia, Ramon. Preciso dos seus serviços com urgência.
– Claro, senhor. Em que posso ajudar?
– Preciso que abra um pedido de divórcio para mim.
– Mas você não tem nem um mês de casado, senhor.
– Tenho menos de 40 dias de vida. Não posso fazer minha esposa sofrer pela minha morte. Por favor, traga os papéis aqui, e resolveremos o restante do processo.
Ele concorda e logo chegará.
Não quero perdê-la, mas também não quero que ela me acompanhe na minha morte.
São 7:30 quando o advogado chega à minha casa.
Rosa o traz até meu escritório, e, assim que ele entra, eu tranco a porta.
– Senhor, tem certeza disso?
– Não tenho escolha. Mas tenho algumas coisas para colocar no processo.
– Pode falar, vou anotar tudo. – Ele se senta na cadeira de frente para mim.
– Quero que todo o meu dinheiro, tudo o que tenho no meu nome, seja transferido automaticamente para Allana assim que eu morrer. Ela não vai precisar se preocupar em correr atrás de nada.
– E se ela tentar matar o senhor para receber esse dinheiro? Desculpe, senhor. – Ele se desculpa ao ver minha expressão de raiva.
– Primeiro, ela só vai saber que herdou tudo após a minha morte. Segundo, se ela me matar hoje, só estará adiantando uns dias, já que minha morte é certa.
– Está bem, senhor. Farei como o senhor manda. Ainda hoje à tarde, trarei tudo pronto para ambos assinarem.
Afirmo com a cabeça, e ele sai do escritório.
Passo o dia no escritório. Não vou ter coragem de olhar para ela depois do que fiz. Às vezes, ouço batidas na porta seguidas da voz doce dela perguntando se estou aqui. Nesses momentos, me desmancho em lágrimas.
– MALDIÇÃO!
Droga de doença, e o médico não me liga para dizer que um pulmão novo chegou. Esse seria minha única esperança de viver ao lado dela.
Às 14:30, o advogado chega. Quando ele entra no escritório, Allana entra junto, com uma expressão brava em relação a mim.
Ele se senta, e ela fica ao seu lado.
Bom, chegou a hora da sua liberdade, Allana... e do meu sofrimento.
– Senhor, posso falar com ela agora?
– Ela é surda; você terá que escrever para ela entender.
– Eu tenho um filho surdo e mudo; posso falar com ela em libras.
Fico impressionado, mas agora chegou a hora, e não vou mais adiar.
– Vá em frente e me ajude a explicar, por favor.
Ele chama a atenção dela, e ela olha. Ele começa a se comunicar com gestos.
Seus olhos, que entraram aqui com raiva, vão mudando para tristeza, e lágrimas começam a cair.
Ela olha para mim e balança a cabeça.
– Divórcio? Você vai me dar o divórcio agora?
– Sim... Você está livre.
O advogado faz os gestos para ela.
– Diga a ela que me apaixonei por outra.
Ele olha para mim, e eu o instruo a falar.
E mais uma vez ele faz os gestos para ela que arregala cada vês mais os olhos com tudo que ele fala. Ela me olha incrédula, assina o documento que o advogado mostra, e vejo lágrimas caindo sobre o papel. Está sendo tão doloroso isso.
O advogado faz gestos para ela, que volta a me olhar. Ela fecha os olhos, e vejo mais lágrimas. Quando ela abre os olhos, está com raiva.
– Eu pensei que você tinha mudado, que tinha se transformado em um homem melhor, e de respeito, mas você continua o mesmo idiota e escroto de sempre, desde o princípio você... Eu te odeio, Dominic. TE ODEIO!
– Não me odeie, Allana. Eu te amo tanto.
Ela se levanta, toda atrapalhada, e sai do escritório. Baixo minha cabeça. Suas palavras, que me odeia, me destroçaram todo por dentro, como se nada mais importasse para mim. Nem preciso mais esperar os dias para morrer, pois eu já estou morto."
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Rosilene Oliveira
acho que ele tem que contar a verdade se não ela vai sofrer mais achando que ele traiu ela e tá abandonado
2025-03-12
0
Anonymous
Ele tem que contar a verdade pra ela ela não vai abandonar ele. Tb acho que ele não vai morrer
2025-03-29
0
Flora Nascimento
Talvez Ele vai dar uma ajuda pra Ela não ir mais para as Ruas. Espero Que Ele não Morre.
2025-03-14
0