cap 19

ALLANA,

Abro meus olhos e estou no hospital. Olho para o lado, e lá está ele sentado na poltrona junto comigo nesse quarto.

Estranho isso. Na maioria das vezes, eu sempre ficava sozinha no hospital. Meus tios inventavam que estavam trabalhando só para não ficar comigo lá. Minhas companhias sempre foram os médicos, enfermeiros e as famílias de outros pacientes, mas nunca alguém que disse ser meu acompanhante mesmo.

Por que ele está aqui? Por que não fica na casa dele e me deixa em paz de uma vez por todas?

Ele me diz que fui envenenada pela empregada da casa e que fizeram lavagem estomacal. Estou tomando soro e blá-blá-blá.

Eu me incomodo com seu olhar penetrante e viro olhando para a parede, mas ele me faz olhar para ele novamente e, aos poucos, vai se aproximando e me beija.

Um beijo carinhoso, com ternura, carinho, e esse beijo é como se ele quisesse transmitir seu amor por mim.

E apesar de ele estar bem mudado nos últimos dias, ainda não consegui e talvez nem vá conseguir fazer eu me apaixonar por ele. E se ele quiser lutar por isso, que lute sozinho.

Deveria ter percebido aquele olhar ameaçador que ela me deu. Ela se entregou bem ali, maldita.

Ele diz que a mandou embora de casa, que ela não está mais trabalhando lá. Pelo menos uma coisa boa esse "Satã" fez, né? Mas deveria tê-la mandado para a cadeia, já que tentou me matar.

Mas eu vou dar uma surra bem dada nela assim que a vir em qualquer lugar. Tenho certeza de que a gente ainda vamos nos encontrar.

Eu nunca fiz mal a ninguém, por que agora estão querendo me fazer mal sem eu ter feito nada.

Talvez tenha entrado no caminho dela. Percebi os olhares dela nele, e isso me indica que ele deve ser muito disputado.

Mas vou deixar ele para quem tem mais fome. Eu só quero sair desse casamento, seja como for. Não vou ficar presa a ele.

Fico o dia ali. À tarde, ele escreve que estou de alta.

Ele me ajuda a me trocar. Meu corpo está um pouco dolorido ainda, então seguimos devagar até a saída.

Com cuidado, ele me coloca no carro e se senta do meu lado, segurando a minha mão.

Ele já está parecendo um chiclete, não é possível isso. Como mudou assim do nada? Coitado se estiver apaixonado, vai ser humilhado. Vou fugir para bem longe dele.

Chegamos em casa, e ele me ajuda a subir a escada. Olho ao redor e só vejo a senhora que salvei na piscina e outra moça que não tinha visto ainda, a tal da Maria, não está.

Uma pena, porque ia fazer ela tomar do veneno até o "cool" dela fazer bico.

Chegamos no quarto, e ele começa a tirar minha roupa.

– O que está fazendo? — tento impedi-lo de tirar minha roupa, mas ele aponta para o banheiro, o que me faz entender que tem alguma coisa ali, ou será que é para me banhar? – Eu posso tomar banho sozinha, é isso que você quer dizer?

Ele balança a cabeça que sim, mas coloca a mão no peito.

Depois de totalmente pelada, ele me leva até o banheiro e enche a banheira. Me coloca dentro dela e se senta na borda com os pés do lado de fora.

Esse carinho todo que ele está tendo comigo, só tinha com meus pais. Isso está começando a mexer comigo. Ele está sendo tão carinhoso.

"Allana, não inventa moda. Você tem que sair das garras desse monstro."

Meu subconsciente fala alto na minha cabeça, e eu fecho os olhos virando o rosto para o outro lado.

Ele me lava, como se eu fosse uma criança. Não é abusado, é totalmente inocente os seus toques no meu corpo enquanto me ensaboa.

Depois que termina, ele ajuda a me levantar e me enrola na toalha. Me senta na cama e me veste.

Mas a pior parte é quando ele pega a escova para pentear meus cabelos, me fazendo lembrar da minha mãe.

Seguro sua mão com os olhos marejados, ele só sorri para mim e continua a pentear meus cabelos.

Fecho meus olhos, e vêm na minha mente as lembranças da minha mãe.

Ah, mãezinha, por que se foi assim, me deixando tão cedo.

Ele termina e pega na minha mão me deitando de frente para ele, e fica alisando o meu rosto com as pontas dos dedos, e sobe para a minha cabeça, e com esse carinho todo acabo dormindo.

Abro os olhos e vejo que já está bem a noite. Me levanto e ele não está no quarto, mas em cima da poltrona tem um vestido e um envelope.

Me levanto e pego o vestido. É lindo, perfeito.

Pego o envelope e tem um recado.

-- Quero fazer do jeito certo, começando do começo. Janta comigo essa noite? Te espero na área da piscina. Não demore.

Esse seu "não demore" me soa como uma advertência.

Tiro a camisola que ele me colocou, visto uma lingerie e coloco o vestido.

Coloco o sapato e prendo o cabelo em um rabo de cavalo, deixando a franja solta.

Faço uma leve maquiagem e uso um dos perfumes que ele me deu.

Me olho no espelho, e gosto do que vejo. Até eu me apaixonaria por mim mesma.

Desço as escadas, já vejo uma trilha de rosas pelo caminho até a área de lazer.

Vou seguindo por dentro dela, e próximo da piscina tem uma mesa com duas cadeiras, com uma proteção em cima.

Fiquei encantada, está tudo tão romântico.

Sinto ele tocar na minha mão, e quando eu olho para trás ele está sorrindo para mim. Que sorriso lindo, devolvo com a mesma intensidade.

De mãos dadas, seguimos até a mesa. Ele puxa a cadeira para mim, e eu me sento. Ele faz a volta e se senta na minha frente.

Ele levanta a mão, e dois homens vêm nos trazendo a comida.

– Por que está fazendo isso? Por que está sendo diferente agora?

Ele pega na minha mão e a beija, e me dá um sorriso.

– Se está fazendo isso para eu... eu... me deitar com você, a resposta é não, mas sei que você vai forçar de todo jeito.

O sorriso no seu rosto se desfaz, dando lugar a um olhar triste.

Ahhh, ele está fazendo tudo isso só para transar comigo. Sabia.

Ele pega um bloco de nota e escreve e me mostra.

-- Não irei forçar você a mais nada. Estou fazendo o que deveria ter feito com você, mas te prometo não trocá-la mais sem a sua permissão.

– Então me deixe ir embora, me dê o divórcio.

Ele balança a cabeça dizendo não, e escreve no papel.

-- Pode me pedir o que quiser, menos que te dê o divórcio ou que te deixe ir. Eu preciso de você, e não posso deixá-la.

Precisa de mim? Já até sei do que ele precisa.

Ter uma mulher ali na cama dele sempre que ele quiser. Essa conversa de amor e romantismo não me convence.

Terminamos de jantar, e ele pega na minha mão me levantando, seguimos para o quarto. Não disse que ele só queria transar.

Mas ele vem e me abraça, pega na minha mão, e começa a me mover de um lado para o outro, como se estivéssemos dançando uma música romântica.

Olho em seus olhos, e só encontro ternura neles. Cadê o homem que estava aqui a alguns a trás? O que fizeram com ele?

Ele se debruça e me beija, e eu aceito o beijo, um beijo calmo, cheio de sentimentos, carinho... ternura.

Acho que mordi a língua, pois acho que já estou apaixonada por ele, e não sei se vai dar certo ou não. Vamos ver no que isso vai dar.

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Comments

fabiana melo

fabiana melo

será que ele vai viver?

2025-03-09

0

Michelle Barreto

Michelle Barreto

eita

2025-02-06

0

Ivanilde T. Serra

Ivanilde T. Serra

com certeza vocês ainda vão se encontrar, vou ficar torcendo por esse dia, quero ver você esfregar a cara dela no chão.

2025-01-08

2

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