ALLANA
Durante o percurso até o hospital, ele não soltou a minha mão nem por um minuto. Parece até que passou cola potente, não desgruda por nada, parece um chiclete.
Ele está com uma máscara de oxigênio no rosto, está com os olhos fechados, mas o aperto de sua mão é bem forte. Ele é muito lindo, e deu para perceber que, ao mesmo tempo que ele é arrogante, ele é sensível. Nem me conhece e já saiu agarrando minha mão para ficar juntos com ele. É fofo, mas também muito estranho.
Apesar que ele não conhece ninguém, e eu mesmo que uma desconhecida, fui a única que percebi que ele estava passando mal, e o ajudei.
Mas não deixa de parece um maluco, mas ao mesmo tempo aparece um homem sozinho, que não tem ninguém. Seu rosto é lindo, mas com um semblante obscuro. Dá até um certo medo, ele intimida só com o olhar.
A ambulância chega ao hospital, e fui com ele até uma parte que era permitida. Depois, os enfermeiros me barram, falam alguma coisa, acho que foi para eu esperar aqui, estendendo a mão em forma de pare.
Mas o que vou fazer aqui? Eu nem sei quem é esse homem. Melhor eu voltar e vender minhas balas, pois ganho mais. Aqui não vou ganhar nada, a não ser que saia oferecendo para as pessoas que estão aqui, o que não é uma má ideia, já que tem várias. Um docinho acalma o coração.
Uma mulher de jaleco branco toca no meu ombro, começa a falar e eu a interrompo.
– Desculpa, eu só falo, não escuto. Se falar em libras, eu entendo. Se não, é só anotar em um papel que eu leio.
Ela coloca a mão no peito e abaixa a cabeça em forma de desculpa.
Ela me chama com as mãos e me leva até a recepção. Ela escreve no papel, e me entrega para eu ler.
-- Você é parente do paciente, senhorita?
– Não sou parente dele, eu estava vendendo balas no farol, e ele passou mal dentro do carro. Pedi ajuda, e ele me segurou para vir com ele. — Respondo calmamente para ela.
Ela me olha e volta a escrever no papel e me mostra.
-- Você sabe o nome dele?
– Não, senhora. Como disse, eu não o conheço. Mas ele deve estar com os documentos na carteira, não é? É só vocês mexerem lá nos bolsos que vão saber.
Ela balança a cabeça e pede para eu esperar com as mãos. Que saco, estou perdendo a chance de ganhar dinheiro aqui.
Ela sai e demora um pouco, depois volta e escreve no papel novamente.
-- Ele disse que você é noiva dele, me pediu para te levar até lá.
Dou uma gargalhada, noiva? Só pode ser brincadeira uma coisa dessas. De onde ela tirou isso? É até motivo de gargalhada alta.
– Eu sou moradora de rua, doutora. Acha mesmo que sou noiva daquele homem rico? Olha para mim, olha para as minhas roupas, e você viu as roupas dele, todo refinado de terno e gravata?
Ela me olha confusa, de onde veio essa conversa de noiva?
Ela pega na minha mão e me leva até o quarto onde ele está sendo medicado.
Ele me vê, e com seus olhos caídos me dá um sorriso. E eu fico até sem entender. Cadê o senhor arrogância? Aquele homem que fechou o vidro na minha cara.
Ele e a médica conversam, e eu fico perdida ali, sem saber o que fazer. Prefiro ir embora daqui.
– Bom, tchau, vou embora. Melhoras aí para você, moço. Mas tenho muita coisa ainda para vender. — Digo, já virando as costas para a porta, e a médica toca no meu braço, e me aponta para olhar para ele.
Ele manda eu me aproximar e pede para eu esperar com as mãos.
– Esperar o quê? Eu não tenho nada para fazer aqui. Eu nem conheço você, "homi".
Ele só manda esperar. Eu bufo com isso, que palhaçada é essa.
A médica me conduz até a poltrona, e eu me sento. Vou ter que esperar o belíssimo ter alta, só me faltava isso.
Leva mais ou menos umas duas horas até que ele esteja bem, e dou graças a Deus, pois não vendi nenhuma bala por causa dele.
Mas quando estou saindo, ele pega na minha mão e sai me puxando para fora.
Os policiais trouxeram o carro dele aqui para o hospital, e ele me leva até a porta e abre para eu entrar.
– Olha, cara, eu sei que você está agradecido por eu ter salvado a sua vida, mas eu não vou a lugar nenhum com você.
Ele aponta mais uma vez para eu entrar.
– Não vou entrar no seu carro. Eu vou voltar para minha área. Eu não tenho conta para pagar, mas tenho barriga para encher. Então, me dá licença.
Vou saindo e ele segura no meu braço, e com uma certa força me faz entrar no carro e tranca a porta.
Eu tento abrir a porta e começo a bater no vidro, ele entra do outro lado, liga o carro e já sai rápido.
Cruzo os braços e fico olhando pela janela. Esse cara é um idiota. Pensando bem, é melhor ele me levar mesmo de volta, já que ele me trouxe até aqui.
Só que percebo que ele não está me levando para o farol. Ele está fazendo um caminho diferente, e isso está me preocupando muito.
Até que ele para de frente a uma casa luxuosa. Que merda estou fazendo aqui? O portão enorme se abre, e ele entra.
Ele desce do carro, e eu fico com medo quando ele dá a volta e abre a porta do meu lado.
Vou para o lado do motorista, e ele se estica e pega no meu braço, e me puxa para fora, vai me arrastando, enquanto eu tento não ir com ele.
Mas ele abre uma porta grande e continua me arrastando até uma escada. Nessa hora, eu me seguro no corrimão, fazendo ele parar de me arrastar.
Olho para ele com medo, ele sorri e me pega no colo, e me joga sobre seu ombro.
– Me solta, seu troglodita, me põe no chão, eu quero ir embora daqui.
Ele continua me carregando enquanto eu bato nas suas costas. Olho para cima e vejo algumas pessoas, acho que são as empregadas da casa, todas de uniformes, nos olhando com a mão na boca.
Ele me carrega até o último quarto do corredor, abre a porta e me joga na cama.
Me joga mesmo, literalmente.
Olho para ele com raiva e medo, medo de ele tentar fazer alguma coisa comigo aqui.
Ele não diz nada, só sai do quarto fechando a porta.
Corro para sair também, e percebo que ele trancou ela.
Começo a bater desesperada para ele abrir, bato até a minha mão começar a doer.
Inferno de homem maluco, o que essa pega quer de mim?
Será que ele quer me vender? Ou vender meus órgãos? Ou será que ele quer que eu faça um transplante para ele?
Ah não, eu não vou dar meus órgãos para ele não.
Vou até a janela e vejo se eu pular vai dar certo, mas a casa é muito alta, e se eu pular vou quebrar as pernas.
Aí é meu fim mesmo, além de surda, aleijada.
Eu preciso pensar, eu tenho que sair daqui, ele é um maluco psicopata, pode até ser um serial killer.
Fico olhando para a janela, dando um jeito de fazer a fuga perfeita, até sentir uma mão nos meus ombros.
Olho para trás, e ele está sério, me entrega um papel, e com medo, eu pego e começo a ler.
" Durma bem esta noite, Allana, pois amanhã será o nosso casamento. Te espero no altar."
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Dora Henrique
gostei dos personagens e também da maneira que vc começou a estória espero que os dois se entenda e der um lição nos tio,porque tios são segundos pais quando eles morrem
2025-03-27
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Denise
autora maravilhosa eu falaria o mesmo kkkkkkkkkkkk
2025-03-17
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Lilith
tro-glo-di-ta (processando...) (palavra concluída em meu vocabulário)
2025-03-08
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