09 • Uma Casquinha?

...POV Kris...

— Tudo bem — disse Vic. — Bem, eu vou... — Virou-se de costas. — Posso mesmo ir primeiro?

— Posso ir com você? — Desculpa Deus, mas não resisti a tentação de falar aquilo. Ela virou o rosto para me olhar, sua boca estava entreaberta, parecia querer dizer algo, mas nada saia. — Estou brincando.

— Você pode — disse ficando de costas e percebi que retirou as mãos dos seios.

Naquele momento, eu quem fiquei com a boca entreaberta sem conseguir pronunciar uma palavra. Ela estava brincando, não era?

— Pode vir, eu... Eu não me importo. — Vic abriu o short e deixou o mesmo descer por suas pernas ficando apenas de calcinha.

Coloquei a mão em minha testa e engoli em seco. Eu devia agir naturalmente? Como controlar minha língua? Eu não conseguia não falar o que pensava.

— Você está mesmo falando sério? — Ainda não acreditava. Se fosse outra eu já estaria no banheiro e nua.

— Pela primeira vez na vida tomei duas cervejas, lá embaixo com as meninas — disse ela indo até a porta do banheiro. — Acho que ta me ajudando a não desejar me enfiar em um buraco. — Sorriu se encostando na porta e me olhando. — Vem ou não?

— Vou! — me apressei a dizer levantando.

Fiquei de pé já retirando a blusa, ignorando que ela estava me olhando e logo retirei toda a roupa. Foda-se o pudor, a babaquice dos pensamentos idiotas, tudo! Eu iria entrar naquele banheiro e tirar nem que fosse uma casquinha.

Paul estava errado, eu não precisaria beber para fazer besteira, mas Deus estava de prova que ela quem começou.

Victoria entrou no banheiro primeiro e enquanto caminhava até lá, ouvi o barulho do chuveiro. Parei na porta observando ela que mantinha os olhos fechados enquanto a água caia por seu corpo. Que corpo! Me aproximei do box a vi sorrir jogando água em minha direção. Me fiz de ofendida e segurei no braço dela, empurrando-a para tomar sem lugar embaixo do chuveiro, tentando não ficar olhando demais para cada parte de seu corpo ou ia pirar. A água desceu pelo meu, relaxando enquanto ela pegava sabonete líquido e passava em si.

Fechei os olhos pensando se ia valer a pena tirar casquinha e correr o risco de nossa amizade ficar super estranha, afinal eu não sabia o que esperar dela, Vic não tinha nada a ver com as outras garotas que peguei, não me apeguei e tudo continuou a mesma coisa.

Dei espaço para que retirasse a espuma do corpo e não pude deixar de analisar cada detalhe dela enquanto pegava o sabonete e passava em mim. Além dos seios lindos que pareciam atrair meus olhos, naquele momento ela fez o favor de virar um pouco para que eu pudesse apreciar o bumbum que era do tamanho perfeito para minha mão apertar com gosto. E de frente, o que dizer? Ela tinha uma boceta que a menos que me enfiasse entre suas pernas, não havia muito o que ver alí. E Deus, eu salivei, meu corpo quase entrou em combustão de tanto tesão senti naquele momento.

Vic saiu de repente me dando espaço e me enfiei embaixo d'água.

— Kris — Senti as mãos dela pegando em meu cabelo fazendo um rabo de cavalo. Passei as mãos no rosto eliminando a água para tentar olha-la. — Por que não corta o cabelo? — Franzi o cenho, nunca tinha pensado em cortar meus cabelos.

— Não sei. Por que cortaria? — Ela soltou meus cabelos e ficando de frente para mim puxou as mechas para as lados de meu rosto.

— Porque eu acho que um corte curto ficaria legal e a sua cara. — Sorri pegando as mãos dela e puxando seu corpo para baixo do chuveiro, onde ficamos as duas juntas. Seu corpo praticamente colado ao meu me acendeu de um jeito que só Jesus na causa.

O que estou fazendo? Me perguntei olhando ela de olhos fechados enquanto a água caía sobre seu rosto, mas me afastei e peguei o roupão.

— A bebida deve ter te embriagado mesmo. — Sorri sem graça saindo do box.

— Já acabou? — perguntou e confirmei.

Ela havia dito ter bebido e eu não poderia fazer aquilo, seria um grande vacilo. Peguei uma toalha e coloquei nos cabelos, logo depois sai do banheiro tentando conciliar as idéias. Não poderia agir por impulso, não com ela.

Após me vestir deitei e tentei não pensar muito ou ia pirar. Por sorte logo o sono me pegou e cai na inconsciência.

Pelo que percebi, Victoria não era daquele tipo que bebia e fingia esquecer tudo, ela sorriu corando quando se despediu de mim na manhã seguinte e saiu para a aula enquanto eu ainda estava tentando manter meus olhos abertos.

...POV Victoria...

As lembranças da noite anterior permaneceram rondando minha mente a todo momento durante o dia. Claro, eu estava espantada pela subida coragem de ficar nua na frente de alguém e ainda por cima tomar banho com ela. Gostei do efeito do álcool que me deixou um pouco mais desinibida, mas ao mesmo tempo fiquei com medo de Kris mudar comigo, achando que eu estava dando mole, afinal ela é lésbica.

Estava no intervalo e aproveitei para ler um pouco, mas era difícil me concentrar, me perguntando se aquele tipo de intimidade seria um retrocesso entre eu e Kris. Se nosso companheirismo não evoluísse para amizade e eu acabasse sendo para ela como a Cand, apenas alguém próxima, mas que não significaria muito, que não seriamos mais que conhecidas.

Por que é tão difícil fazer amigos verdadeiros aqui?

— O que esta lendo? — perguntou Charlotte sentando ao meu lado e ao olhar a capa do livro fez uma cara feia. —  Romance.

— Não gosta de romance? — Ela negou, toda metida.

— Quem gosta dessas coisas é a Ash. — Deu um sorriso.

— Não parece. — Arquei uma sobrancelha e ela maneou a cabeça de um lado para o outro.

— Ela esconde muito bem. — Bufou cruzando as pernas enquanto olhava as próprias unhas. Percebi que havia algo diferente em sua voz quando se referia a amiga.

— De você ela não esconde nada, não é? — Decidi tentar a sorte, afinal era raro aquelas duas não estarem grudadas. —  Admiro muito a amizade e a cumplicidade de vocês.

— É... — Ela suspirou não parecendo nada feliz.

— Algum problema? — Charlotte negou, mas decidi insistir. — Sabe que agora pode contar comigo, jamais diria a alguém qualquer coisa. O que fez por mim foi muito importante e eu só tenho vocês com quem contar, então pode confiar.

— Ash também te ajudou, eu sei que você deve a ela mais do que a mim.

— Charlotte não fale assim, você me ajudou tanto quanto ela. Eu tenho percebido como Ashley anda pensativa e distante, está sempre chateada e você acaba se dedicando a tudo sozinha praticamente. Você carrega a carga de saber e guardar os segredos dela. — Quanta bobagem. Por que eu estava me esforçando tanto? — Organiza os eventos e tudo referente a irmandade no lugar dela. Você é tão importante quanto a Ashley. — Dava para ver pelo olhar que Charlotte concordava em tudo.

— Você pareceu ver minha alma agora — disse ela pegando minha mão. — Estou tão frustrada, você nem imagina o quanto. Estou abrindo mão da pessoa que gosto porque...

— Olá meninas! — Ashley aproximou-se e Charlotte imediatamente largou minha mão.

— Oi Ash, vamos para a sala? — falou a outra ficando de pé.

— Oi Ashley. — Sorri olhando ela, mas logo voltei a olhar Charlotte que ainda parecia desconcertada.

— Depois continuamos falando sobre... — Ela pareceu buscar uma desculpa.

— O livro? Sim eu te conto como é. — Dei uma piscadinha para ela que sorriu.

— Livro de romance, Charlotte? Logo você... —falou Ashley rindo e já saindo em direção a sala.

Fechei o livro me perguntando quem seria a pessoa que Charlotte gostava e por qual motivo estaria abrindo mão? Já vi que nem elas duas mesmas eram sinceras uma com a outra. Lamentável.

No fim do dia não fiquei na biblioteca como de costume, já havia terminado de fazer o projeto e ia direto para a casa, então na saída acenei para Kris me esperar, afinal ainda estava a pé. Eu até ia ganhar um carro, mas acredito que quando meus pais vissem a divida do cartão de crédito iam desistir na hora. Estava ignorando as ligações constantes da minha mãe, pois ela insistia que eu fosse passar os fins de semana em casa e eu jamais faria uma coisa dessas. Eram os melhores dias no campus.

— Carona? — Kris leu meus pensamentos.

— Sim! — Enlacei meu braço ao dela que franziu o cenho diante do gesto. — Problema?

— Não, não! — disse contendo um sorriso e ambas caminhamos para o estacionamento.

— Ouvi umas meninas cochichando sobre você durante a aula — falei assim que entramos no carro.

— O que diziam?

— Alguma coisa sobre um cara correndo atrás de você. — Ela deu uma gargalhada.

— Ah sim, o brutamontes da festa. Nossa, aquela festa da Charlotte foi uma verdadeira droga.

— Eu que o diga. — Suspirei olhando através do vidro.

— Mas você apareceu toda linda, os caras ficaram loucos fazendo rodinha e tudo. — Sorriu.

— Por que não foi legal para você? — perguntei olhando ela que dirigia pelas ruas movimentadas do campus. — Até ficou com a Ellie, que eu sei.

— Ah... Foi meio complicado, teve um cara querendo me matar por defender o Paul e Ashley... Argh! — Ela fez uma careta ao dizer o nome.

— O que tem a Ashley? — indaguei curiosa.

— Olha, basicamente, Charlotte e ela me trancaram em uma sala onde Ashley me atacou. — Arregalei os olhos.

— Como assim atacou? Te bateu? — Kris riu negando.

— Não, ela me beijou. Fiquei tão surpresa quanto você agora... — disse rindo olhando minha cara de espanto. — Não queria que ninguém soubesse, mas como o Paul pode dar com a língua nos dentes, então melhor que eu mesma diga.

— Eu... Eu nunca imaginei.

— Muito menos eu.

Que estranho, a Kris parecia ter um ímã para garotas. O que ela tem afinal?

...POV Kris...

Após um bom banho, cada uma ao seu tempo, vale lembrar, nós fomos comer alguma coisa na lanchonete onde pedimos sanduíches e suco natural enquanto Vic me explicava sobre o projeto que eu nem comecei. Ela é tão inteligente que me faz sentir uma tapada quando se trata de trabalhos e atividades.

Quando terminamos, como ainda era cedo da noite e não tínhamos pressa pra voltar, Vic sentou-se no capô do meu carro enquanto eu ficava de pé, a seu lado, ambas olhando para um enorme letreiro piscando do outro lado da rua.

— Sobre ontem... — Comecei a falar.

— Desculpa se falei alguma besteira, de verdade eu nunca tinha provado cerveja antes. Até comentei sobre cortar seu cabelo. — Ela riu. — Mas minha tia é cabeleireira e me ensinou a cortar, se quiser posso aparar as pontas pra você. — Claramente estava mudando o assunto.

— Pode ser... — Virei o rosto para encara-la e quando nossos olhares se encontraram, nenhuma de nós disse nada, apenas nos olhamos até ela pular descendo do carro e bater o ombro no meu.

— Por que me olha assim? — perguntou.

— Não posso?

— Pode, mas por favor não leia meus pensamentos.

— O que tem neles que não posso saber? — Virei para, ela ficando de frente, apoiando as mãos no carro, uma de cada lado de seu corpo.

— Nada. — Deu de ombros desviando o olhar do meu.

— Você tem pensamentos sujo, Victoria? — Provoquei, mantendo os olhos nos dela.

— O quê? — Riu. — Tá louca? — Ela passou por baixo do meu braço e saiu caminhando em direção a porta do passageiro. — Vamos embora!

...POV Victoria...

Estava tudo tão confuso em minha mente, parecia que meu cérebro iniciou um técnica de alto defesa onde me tornava alguém completamente diferente. Não eram apenas minhas roupas e aparência, mas sim tudo em mim, nada estava como antes. Eu vinha pensando sobre coisas que jamais imaginei pensar antes.

Olhei para o lado e Kris estava séria enquanto dirigia. Olha só, até a Kris tornou-se outra comigo, justamente porque eu não era a mesma. As pessoas que antes me olhavam feio já me olham admiradas e eu gostava verdadeiramente disso. Já entrei no jogo há muito tempo e estava gostando, não tinha porque me questionar, apenas viver. Vivenciar tudo que a vida universitária tinha de melhor, ser alguém que jamais imaginei e se fosse para me arrepender um dia, que eu tivesse pelo menos história para contar aos meus filhos e netos, algo como exemplo a não ser seguido.

Talvez no fim eu case com alguém escolhido por meus pais e tenha filhos, como sempre sonhei, mas antes disso vou aproveitar o que o momento me oferece.

— O que esta pensando? — perguntou Kris ao estacionar o carro e desviei o olhar que ainda estava nela.

— Nada demais só... bobagens.

— Sobre? — Mordi o lábio inferior enquanto retirava o cinto.

— Sobre a vida, a minha vida.

— Olhando para mim? — Ela arqueou uma sobrancelha e deu um meio sorriso me deixando constrangida.

— Você faz parte da minha agora. — Abri a porta e sai, tentando evitar perguntas das quais eu não tinha respostas. Ela também saiu e caminhamos para a casa.

Quando entramos no quarto, Kris como sempre jogou-se na cama e fechou os olhos, mal tirou os sapatos, parecia cansada. A universidade realmente parecia sugar nossa vitalidade, era muito puxado o ritmo das aulas e toda aquela pressão fora delas.

Algumas pessoas eram afetadas pela ressaca das constantes farras e festas, outras viviam ocupadas criando brigaa e intrigas. Já os que não faziam nada sofriam bullying. Cada um era afetado psicologicamente de maneira diferente, outros nem tanto. Parecia uma prova de fogo, um treinamento para a vida adulta e profissional. Caso conseguissemos passar sem sequelas, teríamos feito errado.

Fiquei olhando a garota que tornou meus primeiros dias ali meio complicados e sorri ao lembrar como ela não me deixava dormir, sempre falando ao celular e gritando palavrões. Ao meu ver ela mudou de lá para cá, não sei se porque nos acostumamos a forma de ser uma da outra. Eu não conseguia negar que estava gostando de nossa aproximação. Não tinha uma hora do dia, durante as aulas, que não sentisse falta dela por perto para comentar sobre algo. Geralmente tentava evitar ficar muito perto, pois não queria parecer grudenta, ela mesma já tinha deixado claro gostar de espaço.

— Por que está me olhando de novo? — Me assustei ao notar que mergulhada em pensamentos nem percebi que Kris abriu os olhos.

— Pensei que estava dormindo — falei retirando meus calçados.

— O quê estava pensando? — Insistiu.

— Em como você era barulhenta e não me deixava dormir, mas agora cai e dorme. — Ela sorriu.

— Está sentindo falta? Eu tenho ficado pouco tempo com o Paul e o cachorro nem me liga ultimamente porque está ocupado com um carinha aí. Me trocou de novo.

— Então você só fica insuportável com ele por perto? — Ela riu confirmando. — Bom, boa noite! — Puxei o edredom e me enfiei embaixo dele, sem nem retirar a roupa que estava.

Tentei afastar qualquer pensamento, clareando minha mente para adormecer em paz.

...*...

...*...

...Feliz ano novo 🤍🤍🤍...

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Comments

Mary Lima

Mary Lima

É vai rolar algo muito bommmm/Tongue//Tongue//Tongue//Tongue//Tongue/

2024-08-07

0

A.G

A.G

Óbvio né minha filha kkkkkkkk

2024-06-13

1

Marilene Almeida de Jesus

Marilene Almeida de Jesus

feliz ano novo autora ,q seu ano comece bem e q tenha um ano repleto de paz, saúde e q consiga realizar seus sonhos em 2023,
podia postar uns capítulos como presente d ano novo pra nós 🤩😍🤩😍🤩❤️❤️

2022-12-31

5

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