FATE

FATE

Capítulo 01

...PASSADO...

— Cadê a princesinha do papai?

— Aquiii — gritou ela saindo do esconderijo atrás do arbusto, mas não avistou o homem. — Papai?

Alice olhou ao redor.

— Papai? — chamou novamente, mas estava sozinha.

De repente o vento soprou tão forte que a fez estremecer. Assustada, saiu correndo pela calçada até esbarrar em alguém e o choque fazê-la cair de bunda no chão.

— Cuidado menina — disse a mulher.

Alice via apenas os pés da estranha que calçava um par de sapatos de cor vermelha, assim como o lábios que a menina, amedrontada, avistou quando ela ahachou-se o suficiente para que pudesse ver parte de seu rosto, que tinha metade coberto pela aba do chapéu que usava. A menina viu surgir um sorriso perverso que fez um arrepio passar por seu pequeno corpo.

— Sabe de uma coisa? — disse a mulher diante dos grande olhos assustados daquela criança. — Diz a lenda que há uma bruxa nesse parque, que devora criancinhas feito você.

O grito de Alice pôde ser ouvido ao longe. A menina rapidamente ficou de pé e correu o mais rápido que pôde.

— Que maldade — disse a senhora pequena com rosto enrugado e corpo já um tanto curvado devido a idade, parando ao lado da outra. — Consegue sentir o medo dela?

Charlotte nada respondeu, mas a outra sabia que sim, ela tinha a capacidade de sentir o que os humanos sentiam.

— Não tem vontade de possuir seus próprios sentimentos? — perguntou Madalena. — Acredito que um dia, quando cumprir sua missão aqui, conseguirá sentir também. Alegria, raiva, medo, amor...

— Amor? — Ela tinha o olhar vago. — Quando isso acontecer, quando cumprir minha missão aqui, creio que irei apenas... desaparecer.

— É o que mais deseja, não é? Sumir. Mas eu acho que algo nesse mundo ainda vai te fazer mudar de idéia.

— Seus sentimentos de esperança quanto a mim são admiráveis Madalena, perduram por longas seis décadas.

Charlotte balançou um pacote de jujubas que tinha em mãos.

— Onde conseguiu isso?

— Estava no bolso da menina.

— Oh, vejo que mesmo após seis décadas de servidão você ainda consegue me surpreender.

Havia chegado o momento de Madalena, após longos anos servindo Charlotte. No início ela a considerava um irmã, mais tarde um filha. Já a mulher não tinha sentimentos humanos, por isso não era capaz de sentir-se como ela, por mais que apreciasse sua presença e todos os anos de servidão.

A linhagem de Madalena está fadada a servir Charlotte, geração pós geração, mas a pequena mulher nunca encarou aquilo como um castigo ou maldição. Foi de bom grado, mesmo deixando para trás o filho ainda pequeno. Naquele momento ela precisava partir e em seu lugar ficaria o homem, que desde pequeno já sabia qual seria próprio destino, ao contrário da filha, aquela garotinha amedrontada.

— Ela sequer tem idade para entender que não a abandonei. — Lamentava o homem, andando de um lado para o outro. — Alice crescerá sem saber o próprio destino. — Ele olhou Madalena, trêmula, mantendo-se por um fio de vida. — Diga alguma coisa!

— Você demorou a ter filhos, agora chegou meu momento, nada posso fazer — explicou.

— Maldita família! — gritou ele.

— Sequer deseja se despedir de sua mãe? — questionou Charlotte, que estava sentada em sua poltrona de couro, retirando uma jujuba do pacotinho. Ela observou a mesma entre os dedos por um momento. — Humanos... — Em seguida arremessou o doce em direção ao homem. A pequena guloseima na mão, aparentemente delicada da mulher, ganhou poder e força suficiente para arrebata-lo fazendo com que caísse de joelhos devido a intensidade da pancada.

Charlotte ficou de pé e se aproximou dele.

— Sua filha terá um longo caminho até aqui. Então conforme-se com seu destino. Ela cuidará do próprio, quando chegar o momento.

...PRESENTE...

...POV Alice...

...(Mensagens)...

...Marcela: "Como foi a sessão hoje?"...

...Alice: "Estranha. O lugar era sinistro. Fico toda arrepiada só de lembrar."...

...Marcela:"Você e esses seus arrepios."...

...Alice:"Sério, nada me tira da cabeça que sou médium ou seja la o quê.Tinha algum espirito ruim naquela casa.'...

...Marcela: "Ai Alice, para com isso! Sabe que fico assustada quando começa a falar dessas coisas."...

...Alice: "O pior você não sabe. Teve uma foto que eu juro, vi alguma coisa nela."...

...Marcela: "Para! Não quero saber, é muito assustador."...

...Alice: "Medrosa!"...

...Marcela: "Nem parece que é cagona também."...

...Alice: "Sou mesmo, mas agora estou na casa da Íris, tá rolando festinha e estou tranquila."...

...Marcela: "Curta aí, pois estou em casa sozinha e não quero saber desses seus papos sinistros."...

...Alice: "Devia vir!"...

...Marcela: "Sabe que não gosto dela. Me deixa quietinha aqui. Amanhã você vai comigo, não é?"...

...Alice: "Por que? O Pedro devia ir contigo ué, seu marido"...

...Marcela: "Queríamos muito, mas não tem como ele desmarcar um compromisso de trabalho."...

...Alice: "Ok, vamos lá fazer essa consulta. Não vejo a hora de ser titia!"...

...Marcela: "E eu mamãe!"...

...(...)...

Atravessando a sala observei o relógio que marcava nove e meia. Ao me aproximar das janelas puxei as cortinas de uma vez para que a luz entre no apartamento.

— Perfeito, um dia nublado. — Voltei a fechar as cortinas e segui em direção a cozinha.

Eu tenho pavor a dias nublados. Era impossível evitar a lembrança de que foi em um dia como esse que aconteceu, meu pai foi embora, simplesmente sumiu. deixando a mim e minha mãe, que anos depois, justamente em um dia nublado, tirou a própria vida ao descobrir um câncer.

— Odeio dias nublados — falei enquanto enchia uma xícara de café observando a geladeira onde havia um bilhete preso por um ímā.

"Nós vemos a noite. Beijos"

Deixou Íris.

Suspirei pesadamente.

Não é que eu não amasse mais ela. É que eu nunca realmente a amei. Eu sabia disso, mesmo assim estávamos juntas há seis meses, porque ela me amava e me mimava.

Nunca senti necessidade de dar e receber carinho, mas com Íris eu estava tentando sentir alguma coisa, só que o tempo foi passando e nada vinha acontecendo dentro do meu peito.

Meu telefone tocou lá na sala.

Larguei a xícara sobre o balcão e enquanto seguia até ele lembrei que na verdade era o despertador com o lembrete da consulta de Marcela.

Quando saí de casa já passava do meio dia. Eu tinha alguns minutos até chegar ao consultório, onde nos encontraríamos. Marcela já me ligava enquanto eu entrava no táxi, mas decidi mandar apenas uma mensagem avisando que logo chegaria.

Durante o percurso troquei mensagens com Íris e a modelo com quem trabalhei no dia anterior. Assim me mantive distraída até o carro parar e eu rapidamente me preparar para sair, mas antes notei que estávamos em um lugar diferente.

— Com licença, acredito que aqui não seja o endereço correto.

— Perdão, mas o GPS indicou esse

endereço.

Confusa, olhei para fora da janela, podendo ver os imensos portões de ferro pertencente a uma propriedade claramente antiga.

Definitivamente aquele lugar não era a clínica onde encontraria Marcela, mas mesmo assim desci do carro encarando a casa e estranhamente os imensos portões se abriram naquele exato momento. Eu não sabia porquê exatamente, mas era como se uma força maior estivesse comandando meus pés, fazendo com que desse cada passo que levava até às portas daquele casarão.

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Comments

Ana Faneco

Ana Faneco

já amando e curiosa também... continua autora querida

2024-06-04

4

Nataly Lopes

Nataly Lopes

Já curiosa e ansiosa por mais capítulos

2022-11-19

5

Ver todos

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