Capítulo vinte

Sol tentou se distanciar dos seus pensamentos por um certo período, mal conseguiu conversar com Mário no meio tempo em que estava voltando para o enorme apartamento, agora vazio. Percebeu que não teve nenhum momento para dizer sobre Elisa morar com ela no apartamento, percebendo também que havia uma pequena falha de comunicação com Hales.

Como seria os 12 meses? Brigando? Discutindo? Berrando um com o outro? Discordando sobre tudo? Sentia que já estava casada sem ao menos assinar o papel de casamento, um comprometimento que jamais saberia lidar sozinha. Imaginava também sobre parte dos seus sentimentos que Hales fosse do tipo que estaria em casa apenas para dormir à noite e o mundo seria a sua residência principal.

Ela queria muito pedir ajuda aos pais, caso fossem normais. Ficava considerando algumas vastas ideias, qualquer problema que eles possuíssem a solução seria vendê-la para alguém com muito dinheiro e isso a magoava demais.

Precisava lidar com a sua cabeça naquele instante, mas nada estava coerente.

 Caio quis brincar com a vizinha, uma menininha meiga e educada.

Sol entrou no quarto e jogou-se sobre a cama, agarrando o travesseiro e chorando, sentindo o estômago embrulhar novamente. Daquela vez não era o medo que a perturbava, era que teria que obedecer cada capricho idiota de Hales Alexandre. Ele tinha-a nas suas mãos e ela estava tremendo só de imaginar.

Ouviu a porta bater e o grito da sua amiga pedindo para entrar, Sol a permitiu com outro grito do quarto e ouviu o bater de porta. Elisa entrou chamando por ela, mas foi ignorada, ouviu a porta do quarto ser aberta e continuou deitada sem virar o corpo.

— O que houve? Está tudo bem? — Elisa perguntou subindo na cama. — Essa cama é mais macia que uma nuvem! Meu Deus!

Sol sentiu ela abraçando-a rapidamente.

— Quer que eu bata em alguém?

— Ainda não. — Sol virou-se e sorriu de lado, limpando as lágrimas. — Estava pensando nos meus pais...

— Pensando em quem? Aquele povo não é nada seu! São idiotas! Não ouse chamá-los de pais novamente porque eles não merecem esse título!

Sol chorou.

— Amiga, você é a pessoa mais incrível desse mundo, não precisa daqueles delinquentes para algo. Tem eu, tem Caio, tem Isac que não para de ir no seu antigo apartamento... — Começou a dizer e Sol prestou atenção, preocupada. — Só se lembre de que você é a pessoa mais importante do mundo para mim, só perde para Caio.

Sol sorriu.

— Eu te amo muito. — Sol falou e Elisa limpou as suas lágrimas.

— É verão, vamos para a praia e afogar os nossos problemas no mar. — Elisa sorriu e Sol assentiu.

— Vamos sim! — Sussurrou.

— Irei buscar Caio. Se prepare para irmos. — Ela levantou e caminhou na direção da porta.

— Elisa. E Isac? Como sabe sobre ele?

— Está procurando por você. Amiga, se não quer nada com ele, diga logo. O menino está igual Poseidon por uma gota d’água. — Sorriu brincando e Sol fez o mesmo. — Não magoe ele, sabe o que acho dessas coisas.

— “A mágoa destrói amizades”. — Sol disse com as mãos para cima. — Eu sei, vou falar com ele.

Elisa assentiu e saiu do quarto.

Sol entristece, pois, era exatamente o que estava fazendo com Elisa Sande, magoando-a com as diversas mentiras.

Enquanto isso, Hales observava a tela do celular com cautela, rastejando os dedos sobre as notícias do Instagram, mostrando algumas fotos suas ao lado de Sol. Algumas pessoas apontavam-lhe como uma amiga, outras como empregada e parte delas como alguém que ele usaria por uns dias.

A decepção era algo inevitável para Hales, sempre preocupado com os comentários virtuais ao invés da sua verdadeira vida, um caos absoluto.

— Solare disse algo? — Hales perguntou, ainda observando a foto dos dois.

Mário olhou-lhe e para a foto, depois voltou a olhar para o caminho.

— Não, senhor.

— Mais tarde iremos comprar algumas roupas para ela, é aniversário dos meus pais amanhã. — Hales rolou o dedo e observou os olhos de Caio numa foto.

— Sim, senhor.

Os cachos precedidos com os da mãe, lembrava os de Hales, na mesma proporção de cor. Ele rastejou os dedos e aproximou a foto no rosto da criança, observando os olhos verdes e as bochechas rosadas, com o queixo bem alinhado as orelhas retas.

Como um Alexandre, ele parecia com Hales e isso assegurava de que a sua mentira enganaria qualquer um.

— O menino é inteligente, senhor. — Mário falou e Hales assentiu. — Disse-me de que você só apareceu por sentir falta de Sol... Sra. Campos...

Hales virou o rosto na direção dele.

— Por que chamar assim?

Mário ficou em silêncio.

— O que ela tem que o faz pensar que pode chama-la assim, Mário? — Hales perguntou, questionando. O homem engoliu seco.

— Ela pediu para chamá-la assim, senhor. — Respondeu. — Chegamos.

Localizado num terreno de 1.120 m², poucos quilômetros da avenida Paulista, situado num bairro nobre com vistas longas para o horizonte de São Paulo, a mansão era a metade emoldurados pela estrutura metálica, com vidros e madeira ao redor, numa mistura harmoniosa, grande e acompanhada pelos corredores de árvores e flores.

Era ampla, moderna e funcional.

Hales guardou o celular no bolso e saiu do carro, ignorando Mário e entrando pelo jardim esverdeados da casa dos seus pais.

Uma construção levíssima

O jardineiro picotava algum galho, enquanto uma mulher conversava com ele. Hales observou os azulejos postos no chão enquanto caminhou na direção da porta e entrou, sem bater ou chamar por alguém. Passou as mãos no bolso da calça e desviou dos móveis indo na direção dos fundos, abrindo a porta de vidro e observando a piscina gigante.

A moça que trabalhava lá, segurava a bandeja com as limonadas, entregando para o seu pai que se mantinha sentado na cadeira de madeira, lendo o jornal e com os óculos de sol.

Na piscina, a sua mãe banhava tranquilamente.

— Boa tarde!? — Hales cumprimentou e o seu pai colocou o jornal sobre a mesa, pegando a limonada e levantando-se.

— Nos dê licença, Ágata. — O homem pediu com gentileza e a menina assentiu, erguendo os olhos para Hales no mesmo segundo.

Hales fixou os olhos na menina, com o cabelo preto amarrado para trás e o uniforme alinhado no corpo, ela bateu o copo sobre a bandeja e corou as bochechas envergonhada com o comportamento dele.

Ela assentiu e caminhou na direção da casa, entrando em disparada para a cozinha.

— Onde está Rosa? — Hales perguntou olhando para a porta.

— Estava transando com ela, tivemos que despedi-la. — O seu pai respondeu e Hales virou-se para ele. — Isso é o que você causa com a vida das pessoas.

— Desemprego? — Hales inquirou, irônico.

Augusto ficou sério, na direção dele.

— Destruição. — Augusto corrigiu, Hales rastejou os seus olhos na direção dele com raiva.

— Vai jogar todos os seus anos sobre uma única noite até quando?

— Hales, meu amor! — Ouviu a voz da sua mãe e virou na direção dela. — Por que não avisou que viria, meu filho? Eu pediria para Dores e Ágata prepararem algo.

— Não, mãe, vim avisar que trarei uma pessoa amanhã. — Ele falou, beijando a bochecha da mãe.

— Quem, querido?

— É a mulher do jornal? — Augusto perguntou.

— Sim. — Hales respondeu, autêntico. — Ela é uma...

— Não irá trazê-la. — Augusto disse. — Vi a foto, ela parece-se com...

— Mas não é ela. — Hales berrou. — Eu espero loucamente pela sua compreensão amanhã, pois irei apresentá-la para a família como a minha noiva.

— O quê? — A sua mãe segurou a mão do filho. — Noiva? Quem é esta moça, Hales?

— Uma ex-namorada minha. — Ele explicou. — Irão conhecê-la amanhã.

Ouviu o celular tocar no bolso da calça social.

— Com licença. — Virou as costas, já enfiando a mão no bolso e pegando o celular, para atender. — Sim? O que foi?

— Boa tarde, senhor Alexandre. — A voz masculina respondeu do outro lado. — Sra. Campos está na praia com um homem.

— O quê? — Berrou enraivado. — Que porrä de homem é esse?

— Não sei, senhor. Estão na praia nesse exato momento.

— Estou a caminho.

Desligou, correndo na direção da porta.

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Vitória

Vitória

Socorro kkkkkkkk

2023-06-20

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