Capítulo quatorze

— Ah, amiga...

Elisa ajudou a amiga juntar as suas coisas, em caixas pequenas e organizadas. Sol havia dito que teria que se mudar para mais perto da empresa, mas com a condição de que tudo seria pago por eles. A hora havia chegado e se sentia um peixe fora da água.

Não gostava de mentir, mas não queria quebrar as regras do contrato. O primeiro mês a ajudaria tanto que estava pensando em desistir de tudo aquilo, mas lembrou-se da validade do contrato, esperar doze meses para ir embora.

Não demorou muito e tudo já estava pronto.

Elisa se aproximou da amiga e segurou o seu braço, percebendo a euforia na pele dela.

— Está tudo bem, Sol?

— Estou. Eu só... não quero ficar longe de você. — Disse, virando para a amiga.

Não era apenas isso o problema que a desmontava, mas também não deixava de ser verdade. Nunca havia passado dias sem ver a amiga, sempre esteve ao seu lado para todas as coisas simples e tensas, não saberia o que fazer sem ela. Não teve tempo para sentir falta dos pais, mesmo que em poucos segundos sentia falta de alguma coisa.

— Não fique assim, sua boba. Heitor disse que estarei sempre por perto. — Explicou. — Vamos nos ver com tanta frequência que vai querer pular desse seu novo apartamento.

— Você poderia ir morar comigo. Hales... Quer dizer, Sr. Alexandre informou-me de que o apartamento é muito grande e espaçoso.

— Não será necessário, Sol. Não quero causar incômodo.

— E eu não quero ficar sozinha. — Sol abriu um sorriso. — Está decidido! Vou falar com ele amanhã no serviço.

— Eu te amo. — Beijou a bochecha da amiga, contente.

Ouviu o bater na porta e Sol pediu para entrar. Caio logo apareceu ao lado de Mário, sorridentes. Ergueu uma das caixas e entregou para o homem de terno, que se virou para levar para baixo.

Passaram o restante da tarde organizando o apartamento pequeno, deixando poucas coisas e pertences para trás. Entraram no carro e foram levados por Mário, para as ruas lotadas de São Paulo, se retirando de Liberdade.

Em Heliópolis, Morro FC, localizado na maior favela de São Paulo, poucos quilômetros do centro, se encontrava uma pequena casa, coberta por madeiras e um assolado de areia ao redor. Junto, muitas casas alinhadas e pequenas, sem a rigidez máscula do luxo da capital.

Um casal, chegava de Táxi por aquelas bandas. Desceram do veículo e puxaram uma pequena mala, uma em cada lado. A mulher, vestida num vestido de marca e se diferenciando das demais ao redor, caminhou de encontro à casa, enquanto o homem pagava o taxista. Logo seguiram depois os dois para a residência.

Discutiam algo.

Algumas janelas foram abertas para observarem a gritaria naquele começo de noite, causando um alvoroço na vizinhança.

— Inferno! Havia me esquecido de que esta porta é horrível para abrir. — A mulher gritou, enraivada.

— Se não tivesse gastado todo o nosso dinheiro com joias e roupas, teríamos uma porta nova. — O homem reclamou.

A porta se abriu, com o barulho fino a rastejar o ferro sobre o piso que já tinha uma rachadura alinhada sobre o chão.

— Você gastou a metade com putäs, pensa que eu não sei? — Ela berrou, jogando a mala no chão.

— As suas roupas são mais caras que as mulheres.

— E isso é desculpa para a sua infidelidade?

— Precisamos de mais dinheiro, não vou voltar a trabalhar. — Ele alfinetou, se sentando no sofá coberto de poeira.

Alguém bateu na porta, os dois logo levantaram-se.

— Quem é? Acabamos de chegar. — A mulher segurou o braço do marido, que tremia. — Vai lá, Roberto.

O homem obedeceu, abrindo a porta.

Outro homem, vestido de terno, entrou sem ser convidado e apontou uma arma na direção de Roberto, que tremeu mais ainda de medo. A mulher colocou as mãos no rosto, assustada com aquilo, depois o homem se ajoelhou ao chão e clamou por misericórdia.

A mulher fez o mesmo, ligeiro.

— Onde ela está? — O homem berrou.

— Eu não sei... não sei... não sei... — Roberto choramingava.

— Quero a metade do dinheiro se não a encontrar em duas semanas, ou irei matá-los. Estão me entendendo?

— Sim... sim senhor...

— Quando foi a última vez que a viram? — Ele destravou a arma e a mulher gritou, de susto.

— Na mansão... quando a vendemos. — Roberto respondeu.

— Ela fugiu! Com o bebê! Sabemos que ele está morto, mas precisamos dela ou tudo estará perdido. — Explicou o indivíduo.

— Fizemos o nosso trato, vendemos ela. Se deixaram-na fugir, não foi a nossa culpa. — A mulher grunhindo com a garganta, berrou com a cabeça baixa, mas com os olhos levantados.

O homem, enraivado, agarrou o pouco cabelo de Roberto e o ergueu com apenas uma das mãos, e o fez se levantar. Tentou gritar, mas o desconhecido apontou a arma na direção dos sapatos novos da vítima e puxou o gatilho, causando o almoço nos vizinhos com o barulho do tiro.

Roberto gritou, sentindo o tremor no pé esquerdo, o sangue jorrando por dentro do sapato de marca e parte dos seus ossos do pé quebrados. O homem o empurrou e ele caiu no chão, chorando pela dor.

A esposa, choramingou, sem poder fazer nada com o acontecido.

A vizinhança voltaram a fechar todas as janelas, pouco acostumados com aquele tipo de convivência. Até os gatos de ruas esconderam-se nas latas de lixo, procurando proteção. O homem, meramente conformado com o que fez, ergueu a arma na direção da mulher, que berrou ao choro.

— Eu irei procurar ela... por favor... eu irei... — Ela choramingava, enquanto o homem berrava com as mãos no pe.

— Duas semanas, apenas.

— Quem... quem o mandou? — Roberto berrou.

— Eu sou o vigilante, creio que já ouviram falar de mim.

Os dois ergueram a cabeça para o homem, amedrontados.

— Me mandaram fazer um serviço, eu sou bom em concluir ele. Então, estou dando-lhes duas semanas para encontrar ela ou a próxima bala será na cabeça dela... — Manteve a arma na direção da mulher.

— O que irão fazer com ela? — Roberto perguntou.

— Matá-la.

— Vocês disseram quererem só o bebê... E a deixariam em paz. — O homem começou a chorar.

— Cale a boca, Roberto! — A mulher gritou. — Não mandei ela fugir, agora que pague pelo erro.

Roberto virou o rosto para a esposa, magoado com o que ela acabara de dizer.

— Duas semanas. — O homem repetiu e virou as costas.

Passou pela porta, entrou no carro preto pouco distante na casa e dirigiu para longe, deixando o choramingar dentro da pequena casa na favela de Heliópolis.

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Comments

Anamariade Oliveira

Anamariade Oliveira

que história mais sem pé nem cabeça.Estou no capítulo 14 e devo ser muito burra porque até agora não entendi nada.

2023-10-16

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12 Capítulo doze
13 Capítulo treze
14 Capítulo quatorze
15 Capítulo quinze
16 Capítulo dezesseis
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18 Capítulo dezoito
19 Capítulo dezenove
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37 Capítulo trinta e sete
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