Pancadas de amor não doí

Ele olhou para Mirella que sorria dando um tapinha nos bíceps dele, o fazendo ranger os dentes.

— Aí que cara de cachorro raivoso é essa? Capitão nosso plano funcionou, você não viu? Ela está com ciúmes de mim com você.

Leonel suspirou desgastado, aquela brincadeira de fazer ciúmes era tão boba e podia afastar sua sereia cada vez mais, ao invés de faze-lá apaixonar por ele.

— Por favor, Mirella vá para sua casa, peça para o motorista lhe levar.

Disse sério de mais se levantou da cadeira, pois já havia perdido até a fome.

— Ok, também não precisa me olhar com essa cara de cão arrependido, tenho que ir trabalhar mesmo.

Leonel se despediu de Mirella, e subiu para falar com Tássala, a porta do quarto estava aberta, mas ela não estava lá, ele olhou para o banheiro e pode a ver na pia enxugando a face com uma toalhinha de rosto. Ali o Capitão engoliu em seco, ao constatar que ela estava chorando por causa dele.

Sem saber o que fazer e guiado pela emoção, ele acabou entrando fazendo ela se assustar e esconder o rosto.

— Sai daqui!

— Sereia eu te fiz chorar?

Perguntou cauteloso, ele estava se sentindo um verdadeiro idiota naquele momento.

— Eu não quero saber de você, sai daqui, me deixa em paz. Eu te odeio!

Disse brava, jogando a toalha nele com força, Tássala com lágrimas nos olhos, chorava por tantos motivos e principalmente porque não queria estar sentindo ciúmes do Capitão.

— Para me escuta eu... aquilo que viu... a Mirella e eu...

— São amantes, eu sei! Quer saber, fica com ela e me deixa ir embora daqui!

Bateu forte no Capitão com os punhos cerrados, ele tentou parar a fúria da sua sereia, mas ela o batia mais forte ainda. Por uma atitude impensada ele acabou segurando firme nos braços dela e a colocando contra a parede de maneira que seu corpo apertasse o dela, fazendo o coração de Tássala quase sair pela boca.

A respiração do Capitão ficou mais pesada ao sentir o corpo frágil de Tássala ser esmagado pelo o dele, aqueles olhos vermelhos e brilhantes tão assustados, ela parecia um bichinho preso numa armadilha.

— Diz que estava com ciúmes do seu capitão? Diz que o que estou vendo acontecer entre mim e você não é loucura da minha cabeça?!

Disse rouco a olhando nos olhos, ele estava a ponto de tomar os lábios dela naquele momento, com carência de sentir aquele beijo mornos entre os seus, Leonel fechou os olhos lutando por controle ou iria se perder de vez nos braços da sua sereia astuta.

O coração de Tássala batia mais forte que britadeira, de uma hora para outra sentiu as pernas vacilarem como nunca havia acontecido antes, as mãos que antes batiam no Capitão agora estavam sendo presas na parede a fazendo ficar indefesa. Quando o Capitão arrastou a barba no seu pescoço e deu um beijo ali, ela arregalou os olhos, pois alguma coisa bateu forte lá embaixo e não era seu coração.

Ali ela estava presa na rede do Capitão, a sereia agora estava sendo enfeitiçada pela sensação enlouquecedora que estava tendo. Ela estava imóvel, tentando entender porque seu corpo estava reagindo daquela forma, parecia estar gostando da sensação perigosa que aquele homem a proporcionará.

Sendo levado pelo desejo, Leonel encostou mais seu corpo no dela, fazendo Tássala sentir algo armado lá embaixo tocar no seu ventre.

— Por favor, faz alguma coisa, fala alguma coisa. Me bate, me chuta, ou eu vou fazer uma loucura.

Disse quase sem ar, ele acabou soltando as mãos dela, mas seu corpo ainda continuava colado ao dela. Por segundos as emoções se bagunçaram na cabeça de Tássala, ela acabou lembrando da forma em que o Capitão chegou ontem e de Mirella agarrando ele na mesa do café da amanhã, e a raiva tomou o controle.

— Foi você que pediu, então toma!

Deu um chute nas partes de baixo do Capitão o empurrando de cima dela, ele segurou seu volume morrendo de dor praguejando por ter pedido aquilo.

— Aiii meu saco, essa eu merecia por ter dado a maldita ideia.

Ficou morrendo de dor no banheiro, ela tentava se recuperar do que havia acontecido ali. Tássala levou as mãos ao rosto se punindo.

— Porque eu fiquei parada e deixei aquele cafajeste me beijar? Meu Deus, eu gostei do beijo do velho!

Falou espantada não entendendo suas emoções, até semana atrás ela acreditava friamente que o que sentia por Cassiano era amor, mas como foi capaz de perder o ar nos braços de outro?

Leonel que saia do banheiro acabou ouvindo aquilo, já que sua sereia pensou falando alto demais e não se conteve em esconder o belo sorriso, afinal gostou muito do que ouviu.

— Então você gostou do beijo do velhinho Tássala? Sério ou eu ouvi mal, quero disser, acho que ouvi bem até de mais.

Deu vários hehehe montado na felicidade, naquele momento ele até esqueceu da dor, e comemorava ao saber que ele estava conseguindo engatar aquela sereia na sua rede.

Tássala quando ouviu a voz do Capitão atrás dela ficou branca e se pudesse morreria ali para poupar a vergonha que sentirá na face.

— Não precisa ficar envergonhada, amar não é pecado!

Sorriu de felicidade, mas Tássala pensou que ele estaria zombando dela e pegou as chinelas furiosa acertando nele.

— Aí amorzinho para, eu sei que pancadas de amor não doi, mas eu prefiro beijinhos.

Ele estava tão feliz após aquela confissão de Tássala, que ela até podia pegar o chicote que ele dava o bumbum pra ela bater com gosto. Aquilo era o amor, transformava qualquer tubarão num belo golfinho só pra receber carícias.

— Olha aqui seu velho atrevido eu odiei seu beijo, eu quase ia vomitando ao pensar que sua dentadura pudesse cair na minha boca.

Falou o que veio pela frente, fazendo o Capitão arquear as sobrancelhas ao dar um sorriso bem desenhado mostrando sua bela arcaria dentária.

— Até hoje não ouvi reclamações de derrubar minha dentadura na boca alheia.

— Seu... Seu... — Ficou sem palavras—.

— O que? Continua? Velho reumático, o que mais deixa eu ver... Velho abusado, você percebeu que toda vez faz questão de me chamar de velho hahaha. É sério, eu estou começando a achar que é dos coras que minha sereia se amarra. E só pra deixar claro meus dentes são naturais.

Mostrou os dentes novamente, Tássala revirou os olhos.

— Eu te odeio!

Disse ela empurrando ele para sair da sua frente.

— Eu te amo! Agora vamos parar de namorar e ir ao shopping comprar seu vestido de noiva ah, e não esqueça da lingerie para nossa noite de núpcias.

Com essa ela acertou um travesseiro na cabeça dele furioso.

— Aiiii!

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