Um plano infalível

Ao chegar num bar dançante bem conhecido pelo Capitão, ele avista de longe sua fiel companheira de drinks. Ela assim que o vê se levanta erguendo a bebida em sua direção fazendo biquinho. Ele sorrir ao se aproximar e da um abraço apertado nela fazendo-a gemer.

— Assim vai quebrar todos os meus ossos bonitão.

Disse dando tapas no braço dele e logo sentou num banquinho para conversar mais a vontade com ele. Leonel vendo Mirella toda linda, ergueu a sobrancelha e falou tirando onda:

— Psi... Psi... está mesmo sozinha? Olha que não quero atrapalhar seus rolos.

Ela tomou um gole e revirou os olhos.

— Você sabe que quando você diz que vai aparecer eu dispenso todos só por você.

Disse levando novamente, só que agora foi sentar nas pernas do capitão que deu uma olhada nas suas coxas e logo a encarou.

— Eu devo ficar feliz com isso?

Sorriu, a ruiva mordeu os lábios e arrastou manhosa no pescoço de Leonel, o fazendo fechar os olhos com as carícias, mas logo em seguida colocou as mãos no ombro dela tentando tirar aquela tentação dali.

— Mirella, eu não estou a fim.

Disse um pouco sério, nem ele sabia o que estava falando, as palavras saíram de repente. Leonel não queria ser tocado e nem beijado por Mirella como sempre faziam.

— É sério? Mas, porque não está afim? Eu não estou atraente hoje pra você?

Perguntou um pouco ofendida.

— Não é isso, você é lindíssima, Mirella. Acontece que após minha última viagem algumas coisas mudou, e eu acabei me apaixonando por uma moça.

Disse sem graça, Mirella logo saiu do colo dele sentando no seu banquinho e pegando a sua bebida a virando toda de uma vez.

— Fala sério? Como isso foi acontecer? Se pelo que me lembro você vivia dizendo que nunca ia entregar seu coração novamente a uma mulher.

— Eu falei foi? — Sorriu fraco— Acho que não tive sucesso então. Ela é uma moça bem mais jovem que eu, e pra sua surpresa não gosta de mim.

Leonel falou bem sério e pegou o drink de Mirella e tomou todo em um só gole, enquanto ela abria a boca surpresa pela confissão.

— Mentira...! — Risos — Sabe isso seria cômico se não fosse trágico.

Enquanto Mirella ria muito da cara de cachorro abandonado do Capitão, ele mostrou os dentes furioso para ela.

— Se zombar da minha cara dessa forma nunca mais eu te dou um trato.

Ameaçou irritado, em seguida pegou uma azeitona para beliscar. Ele estava visivelmente sem jeito, só bastava Tássala para brincar com a cara dele.

— Falando nisso, pela sua cara esse trato nunca mais vai acontecer, recusou até meu beijo. Mas não tem problema quem sabe logo mais eu é que estou fechando as pernas pra você.

Leonel a encarou surpreso.

— Não vai me dizer que também está apaixonada?

Com essa Mirella quase engole as azeitonas.

— Coff! Também não é assim meu bem. Pra arriar seu coraçãozinho aqui só com muita dedicação viu, digamos que é um estagiário novato do escritório, eu fiquei de supervisioná-lo este mês.

— Hum... mas pelo menos ele te dá moral?

— Olha essa mulher, papai que é o louco pra deixar escapar? Só você mesmo.

Zombou dele.

— Me da um pouquinho dessa sua alto estima que estou precisando. Por acaso olhando assim pra mim, estou precisando de algum Botox no rosto? Meus cabelos estão grisalhos, tenho pé de galinhas?

Perguntou preocupado, de tanto Tássala ficar o chamando de velho ele já estava se sentindo um ancião.

— Você está brincando com minha cara não é? Você tá uma tentação de calças, para de ser bobo ou eu vou te dar uns tapas.

Leonel sorriu, afinal amigos eram pra levantar a bola um do outro. Ele gostava muito dessa afinidade que tinha com Mirella, se duvidar tinha mais afinidade com ela que com Manoel.

— Ela não gostou de saber de você, me pareceu emburrada quando saí de casa.

Falou mostrando um lindo sorriso ao lembrar da cara de Tássala ao saber que ele iria encontrar uma mulher.

— É sério que você me usou pra agarrar a gata?

— Antes eu pensei em tratá-la de forma grotesca do mesmo jeito que ela faz comigo. Mas sabe eu não sou do tipo cafajeste que destrata mulheres, então eu posso fingir ser um galinha e fazê-la ciúmes e você vai me ajudar.

— Aí meu Deus Capitão, se você não tem titica de galinha na cabeça, tenho eu em entrar nessa roubada. Olha aqui, se ela vier me bater eu desconto em você viu.

Falou sério, Leonel riu adorando a ideia de fazer ciúmes em Tássala.

— Me abraça agora!

Disse ele pegando na mão de Mirella.

— Tá tão carente assim?

Sorriu ao levantar, ele revirou os olhos.

— Cala a boca e me abraça, preciso que seu cheiro fique na minha roupa pra sustentar a farsa, marca também a minha camisa com seu batom vermelho.

Mirella deu um gargalhada.

— Vai dormir na casinha do cachorro hein.

— Não faz diferença eu já sou um próprio cachorro, eu só posso estar muito doido mesmo pra embarcar nesse teatro.

— É o amor...! Eu vou te dar umas ligadas em horários convenientes, quem sabe posso até aparecer na sua casa amanhã.

— Não, amanhã eu vou passar o dia passeando com ela, vou levá-la ao shopping para comprar seu vestido de noiva.

Mirella caiu o queixo ao ouvir aquilo, pois já não estava entendo mais nada.

— Como assim casamento se a moça ainda nem caiu de amores por você? Está acontecendo mais alguma coisa que eu não sei?

— Nada nada mais, só roubei ela pra mim, destruí um namoro e agora vou casar com essa mulher. Pode falar eu sou o cara!

Sorriu.

— Você está é maluco isso sim, acho que o balançar do navio afetou seu cérebro. Sério isso ou está tirando uma com minha cara?

Perguntou encarando o Capitão que só fazia rir. Os dois conversaram sobre amenidades, em seguida Leonel lhe deu carona até sua casa.

Na mansão Narvais Tássala não conseguiu dormir só pensando que talvez o Capitão estaria na farra com suas piriguetes, ela estava com muita raiva por ele já ser um velho e não se dar ao respeito. Bufou incomodada em não conseguir achar uma posição na cama, virava de um lado para o outro, às vezes levantava e ia olhar as horas no relógio chateada.

Após ter ido deixar Mirella em casa, o Capitão voltou para a sua bem animado pela bebida, quando entrou no quarto tentou não fazer barulho para não acordar Tássala, mas quando ele entrava de fininho a luz foi acesa de repente o fazendo levar um susto ao ver a cara de sua sereia bem brava, parecia ter até incorporado a Úrsula.

— Uiii que cara é essa sereia?

Disse sorridente, Tássala bufou ao sentir o hábito de bebida sair da boca do Capitão, e arregalou os olhos quando viu a marca de batom na camisa dele, imediatamente uma sensação estranha que tomou e um gosto amargo subiu-lhe a boca, o coração de Tássala acelerou forte quando ele se aproximou e ela pode sentir o cheiro de perfume adocicado que exalou dele fazendo seu estômago querer embrulhar.

— Uer ficou muda? Então tá eu vou dormir.

Disse tirando a camisa ficando só de calças em seguida tirou os tênis e o cinto, ele puxou o colchão de baixo da cama. Antes de deitar ele fez um coque nos cabelos para não embolar a noite. Cada movimento que fazia eram observados por Tássala que perdeu duas vezes o ar, ao ver ele sem camisa e de uma forma diferente agora, afinal ele era um homem grande e com braços fortes e peitoral largo e os cabelos e barba o fazia ficar bem atraente.

Um pouco sem jeito e bastante chateada, com uma irritação que ela não queria intender o porque, a fez abrir a boca sem pensar.

— Vejo que aproveitou muito bem a noite, esqueceu até a boca dela no seu pescoço.

Leonel mordeu os lábios ao ver que a sua sereia havia mordido a isca. Tentou prender o sorriso de satisfação mordendo os lábios para sustentar a farsa e se fez de desentendido para atiça-la mais ainda.

— Eu não sei do que você está falando, por favor apaga a luz eu quero dormir, estou cansado.

— Agora você está cansado não é? Mas antes não estava, olha aqui vê se não fala comigo até a droga desse casamento ser desfeito, e eu vou embora daqui pra longe.

Leonel ficou de bruços sufocando a risada no colchão, das duas uma ou ele estava vendo coisas ou muito iludido, pois Tássala parecia estar muito irritadinha com o fato dele ter supostamente ficado com outra mulher.

— Eu não estou falando, é você que está nervosinha por nada.

— Por nada? É sério mesmo? Olha aqui Capitão o senhor não tem mais dezoito anos pra bancar o adolescente irresponsável.

Ele ergueu a sobrancelha confuso, Tássala estava falando coisa com coisa. Vendo que não ia dormir, pois ela buzinava no seu ouvido igual abelha, ele sentou na cama encostando as costas na parede encantado com o seu show.

— Tá bom adulta, posso saber o motivo de tanta raiva? Eu só saí com uma amiga e me divertir é pecado? Como você fala eu já sou um velho e tenho que aproveitar meus últimos momentos na terra antes de ficar de pé junto.

Tássala inflou as bochechas enraivecida, queria matá-lo, o capitão era um sonso. — Pensou ela indignada.

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