Prometida Ao Capitão
Praia do mar é uma pequena cidade praieira, sem muitas agitações e raramente iam banhistas pelo alto índice de algas que empestava a beira da praia. Em outas palavras, era um lugarzinho pacato que escondia uma paisagem exuberante e seu sobre nome era calmaria, exceto quando a tropa do Capitão Leonel chegava, pois eles colocavam aquele pequeno vilarejo de pernas pro ar. Toda via sem ele por perto, a única agitação que se podia ouvir era a fúria do mar batendo fortemente nas embarcações.
Ali sentada na areia estava Tássala, encarando a imensidão do mar e suspirando ao lembrar da volta do seu marujo que havia saído para uma pescaria em alto mar.
Tássala estava muito apaixonada por Cassiano, um homem de trinta anos que a pouco mais de um ano veio morar em praia do mar, para ajudar o tio seu Genivaldo com seu pequeno negócio, ele era dono de uma peixaria que comercializava pescados para as cidades vizinhas.
Toda vez que Tássala ia comprar peixe, Cassiano sempre se mostrava gentil, e até dava a mais para ela, com tanta gentileza assim, os dois acabaram se tornando amigos e mais tarde essa amizade veio a se tornar amor. Isso causou o desespero de dona Viviana, que não aceitava que o filho fosse namorado da filha do bebum.
Viviana não gostava de Tássala e não escondia isso de ninguém, pois sempre estava empurrando o filho para os braços de Clara, a vizinha filha de dona Doroteia, chefe dos coletores de algas de praia do mar.
As moças de praia do mar tinham inveja de Tássala por ela ser muito bonita, e arrancar suspiros dos rapazes. Ela tem um corpo bem desenhado na medida certa, seus cabelos castanhos bem volumosos e dona de um olhar eletrizante. Os olhos verdes de Tássala faziam a combinação perfeita com seus lábios carnudos.
Estava a tardinha quase escurecendo, e ela aproveitava para apreciar o sol tímido ser engolido pelas águas, as garças voando para longe a procura de um bom lugar para repousar. Estava cansada, havia trabalhado o dia todo, e aquele lugar era seu calmante diário antes de voltar para casa.
– Tássala corre seu pai levou uma queda e bateu a cabeça no chão, ele estava muito bêbado e agora está manchando de sangue toda a calçada de dona Gorete.
Uma das vizinhas falou afobada, quase sem ar. Ao ouvir aquilo Tássala deu um pulo do chão, seu coração estava na mão. Seu pai havia prometido que hoje não ia beber, no entanto, mais uma vez não cumpriu a promessa.
– Aí meu Deus! Vamos lá!
Falou angustiada, ela saiu correndo em meio ao nervosismo. Chegando lá avistou o pai com a mão na cabeça, o chão ensanguentado. E ele cantando como se nada tivesse acontecido, muitos curiosos olhando a confusão, e dona Gorete brigando e expulsando o velho da calçada do bar dela.
– Sai daqui, vai sujar toda minha calçada e espantar meus fregueses.
Falou empurrando seu Calixto da calçada, e dando tapas nas costas dele para ele sair.
– Dona Gorete não precisa bater nele, não está vendo que ele mal consegue se segurar em pé.
Falou aflita vendo o pai naquela situação. Ela tentou o levantar, mas ele era muito pesado e não aguentava sozinha, todo mundo olhando e ninguém ia ajudar.
– Eu queria mesmo falar com você Tássala, seu pai não me pagou o que tomou pela bebida.
A mulher estendeu a mão em direção a Tássala, que tentava tirar o pai do chão, ela levantou o rosto e encarou dona Gorete em meio ao desespero.
– Eu não tenho como pagar, eu já avisei que não era para vender mais bebida ao meu pai.
Apontou séria para a senhora, Tássala mal tinha dinheiro para comprar a comida de cada dia, que sustentava ela e o pai de pé. Ainda tinha que resolver as dívidas do pai com as bebidas.
– Eu não quero saber sua velhaca, pode pagar ou eu vou na sua casa e pego o que eu ver pela frente. São 200 reais pela bebida da semana, e mais 150 da cadeira que ele quebrou na confusão de sábado.
A senhora falou com determinação na voz, encarando Tássala séria. Ali naquela vizinhança quase ninguém gostava da Tássala pelas confusões do pai.
– Minha filhinha, essa é minha filhinha Tássala.
– Papai por favor me ajuda, vamos para casa.
O velho senhor levantou cambaleando, Tássala colocou sua mão em seu ombro sustentando o peso do pai e agarrou na cintura dele, quase caindo pela força do pai, ela foi praticamente se arrastando até sua pequena casinha.
A Dona Gorete foi atrás brigando e mal Tássala abriu a porta, ela invadiu a casa e foi direto até o armário e pegou alguns alimentos que tinha dentro dele.
– Isso aqui é o adiantamento, mas vou voltar para pegar meu dinheiro, ou seu nome vai ficar novamente ficar estampado na plaquinha dos velhacos do mês.
– Não, dona Gorete, por favor, tenha compaixão, não faça isso. Eu vou dar um jeito de pagar a dívida do meu pai, só preciso de um pouco mais de tempo.
Tássala tinha horror dessas plaquinhas da vergonha, o povo de praia do mar tinha a péssima mania de fazer barraco por vento, e um desses foi ter inventado essa maldita placa da vergonha, onde cada estabelecimento colocavam bem na frente em letras grandes os nomes dos devedores, e o de Tássala sempre ficava na frente por causa das dívidas do seu pai.
Quando dona Gorete saiu, ela correu para ver o que tinha ficado no armário, e ficou triste ao ver ele vazio novamente, tinha apenas um pacote de biscoitos salgados já mexido. Ela sentiu a barriga roncar e acabou pegando para come-los, amanhã cedo iria ter uma conversa séria com o pai, tentar pedir um adiantamento a dona Doroteia para comprar comida e pagar a enforcada da dona Gorete.
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Foto tirada pela autora.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Hellen Valéria Santos Pinheiro
Começando hoje dia 20 de outubro de 2024 as 14:40...
2024-10-21
1
Ivete ristof figueira
preciso que coloquem audio nessa história. 🙏🏻🙏🏻🙏🏻
2024-10-05
0
Carmilurdes Gadelha
Também comecei agora
2024-07-14
4