Mordida de ciúmes?

Ao final do jantar as visitas foram embora, no quarto Tássala andava de um lado para o outro um tanto nervosa por passar sua primeira noite dormindo com o capitão sozinhos naquele quarto. Enquanto ela parecia aflita, ele não notará, pois estava sentado de frente a varanda da janela escrevendo no seu diário de bordo. Leonel tinha essa mania de escrever para aliviar seus pensamentos e ultimamente boa parte de suas páginas eram referidas nessa nova aventura e descoberta de sentimentos avassaladores.

— O que você está fazendo aí?

Perguntou curiosa, ela caminhou até ele e o viu fechar rapidamente aquele caderno a deixando de sobrancelhas erguidas pela curiosidade.

— Não é nada, é só anotações sem importância.

— Hum... posso ver?

Se aproximou fazendo o Capitão dar uma risada nervosa, sua dignidade estava ali, e ele não a deixaria pisar nela como sempre fazia.

— Mas é claro que não. São anotações pessoais, confidencial. Vai dormir já está tarde, amanhã vamos acordar cedo para ir às compras, temos que comprar roupas pra você e seu vestido de noiva.

Disse levantando e guardando o caderninho numa gaveta com chaves no guarda-roupa. Em seguida pegou a toalha e virou-se pra ela.

— Pode dormir se quiser, eu não vou te fazer nada. Vou dormir aqui nesse colchão que peguei do quarto de hóspedes.

Disse se abaixando e empurrando o colchão que estava debaixo da cama. Tássala se sentiu mais aliviada e sentou na cama dando batidinhas com os pés no chão.

— Tá ok, mas uma coisa depôs do casamento, quanto tempo eu ainda tenho que ficar aqui?

Leonel coçou a barba desgastado, aquela sereia era pior que mula velha, tinha que o dar graças a Deus por ele a ter livrado daquela vida miserável na qual vivia, ter o libertado de um homem sem pulso firme que acredita em mexericos.

—  O tempo que for preciso, por favor esqueça essa praia do mar, vai ser melhor pra você. Esqueça também esse tal Cassiano e viva o presente é pedir muito?

— Você é louco? Quer que eu faça uma lavagem cerebral? Eu posso até esquecer praia do mar, mas nunca vou esquecer meu primeiro amor.

Disse muito astuta encarando Leonel, que apenas deu risadas da cara dela.

— Aii meu primeiro amor... aí Cassiano... É sério que eu estou apaixonado por uma garota boba, cai na real, esse cara é uma furada, só você que não percebe, tá cega.

Disse um pouco alterado, pois já estava ficando de saco cheio dela o tempo todo falar em outro homem em sua presença. Ao perceber que ela estava assustado, pois jogou a toalha que estava em mãos fortemente na cama, a pegou e entrou no banheiro para esfriar a cabeça.

Tássala se deitou na cama se enrolando deixando apenas a cabeça de fora, estava um pouco triste pelo Capitão ter gritado com ela. Ele saiu do banheiro mais relaxado e só de toalhas, pois com a discussão esqueceu de pegar a roupa de dormir e levar para se trocar no banheiro.

Ele passou andando até o guarda-roupa, a toalha cobria só as partes de baixo deixando seu peitoral amostra, quando ele ia voltando para o banheiro seu celular tocou, ele deu meia volta para atender a ligação e foi até a varanda.

— Alô Leonel já soube que você chegou e não veio me procurar, já sei também que está com outra seu cafajeste, nem pra me avisar que fui deixada de lado.

A mulher na outra linha disse sorrindo, parecia um pouco bêbada, pois a voz estava arrastada.

— Mirella, você já está na gandaia?! — Disse sorrindo. — Sentiu saudades de ouvir minha voz?

Ao ouvir aquilo, Tássala se virou para observar, e deu de cara com as costas largas do capitão desnudo, gotículas água escorrendo pelos músculos bem torneados, os cabelos presos num coque e apenas uma toalha cobrindo suas intimidade a fez arregalar os olhos pelo que via. Mas em seguida parecia não gostar do que ouvia, pois Leonel estava muito sorridente conversando no outro lado da linha com uma tal Mirella.

— Está fazendo o que aí meu Capitão? Vem pra cá estou sozinha num barzinho, se quiser conversar ou outras coisas, quem sabe a noite é uma criança.

Disse dengosa doida para saber de todo o enredo da fofoca. Mirella era uma moça bonita beirando os trinta, no qual Leonel ajudou a sair da noite. Por muito tempo ele foi seu cliente vip. Ele conseguiu um emprego digno a ela no consultório de seu advogado, além de servir nas noites de solidão do Capitão, Mirella passou a ser uma ótima amiga.

— Quer saber eu vou me arrumar e já te encontro aí, preciso espairecer.

Ao invés de vestir a roupa de dormir, ele pegou uma calça escura e uma camisa casual e foi se trocar no banheiro, penteou os cabelos e passou muito perfume. Quando saiu do banheiro, seu perfume amadeirado exalou no quarto e Tássala que já estava desconfiada, levantou a cabeça o encarando calçar os tênis.

— Você vai sair?

Perguntou muito incomodada ao ver aquele sorriso zombeteiro no rosto dele.

— Vou e talvez eu volte tarde, boa noite Tássala.

Disse se olhando no espelho e pode ver pelo reflexo a cara de tacho dela.

— Vai sair com essa Mirella?

Insistiu em perguntar, fazendo Capitão a olhar com uma sobrancelha bem elevada.

— Vou sim!

Tássala engoliu em seco, e novamente pergunto:

— É uma senhora?

Dessa vez o Capitão deu muitas risadas, pois parecia que sua sereia estava muito curiosa, ele diria até que ela estava incomodada.

—  É claro que não, é uma moça bem linda, ela sim, sabe me dar carinho.

Quis a provocar e não se conteve em segurar as risadas.

— Ah é? Casa com ela então, e me deixa em paz seu velho mulherengo.

Disse com raiva sem saber o porquê, até ela não conseguia decifrar o que foi aquilo e achou melhor se deitar cobrindo-se toda para Leonel não ver o seu rosto.

— Ótimo vai dormir mesmo que o velho aqui vai tirar o ferrugem.

Jogou as palavras no ar engasgando com elas e tentando prender a risadas, ele estava feliz se aquilo não era princípio de ciúmes teriam que inventar outro nome.

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