12 • Hospital

Não consigo ficar sentada um minuto sequer devido ao nervosismo da espera por notícias.

Ainda lembrava de Alexa diante de mim perdendo a consciência aos poucos, enquanto eu chamava seu nome desesperada, até ver seus olhos fechar me fazendo pensar que havia morrido bem alí, em meus braços. Aquela imagem estava me assombrando, meu vestido ainda tinha manchas de sangue e eu não conseguia me acalmar.

Em uma de minhas idas ao banheiro tentando me manter em movimento, encontrei Eleanor falando ao telefone. Já tinha notado desde que ela chegou que não havia parado um minuto sequer de fazer e atender ligações.

— Não permita que ela entre. — Ouvi ao me aproximar. — Se necessário dê um sumiço nessa garota, mantenha ela longe daqui e da imprensa!

Não é preciso muito para saber de quem ela fala. Com certeza Hazel desejava saber notícias de Alexa tanto quanto eu.

Quando o médico finalmente surge nos informa que a bala não atingiu nenhum órgão e que Alexa ficará bem. Só então posse sentar e respirar aliviada.

Eleanor vai para o quarto assim que a filha é transferida, para observá-la de perto até que retome a consciência. Antes disso me pediu que ligasse para casa avisando, então utilizei o telefone na recepção para deixar o recado com a secretária de Sebastian, logo em seguida vou até a cafeteria no primeiro andar desse que é um dos hospitais mais caros do país e quem sabe até mesmo do mundo.

Acabo passando bastante tempo sentada observando o vai e vem de pessoas. Me permito relaxar um pouco depois de toda aquela loucura e tensão que foram as primeiras horas do dia.

Saindo da cafeteria visualizo uma enfermeira esbarrar em um rapaz e sair apressada, sem nem se desculpar. Pretendo continuar meu caminho, mas ao observar melhor desconfio que aquela é Hazel, então sigo ela que parece notar e ao invés de entrar no elevador vai pelas escadas, mas consigo alcançá-la assim que atravessa a porta que da acesso a aquela área.

— O quê você está fazendo aqui? — Seguro em seu braço e ela me encara com um olhar assustado.

— Vim para ficar ao lado dela! — responde puxando o braço. — Você nem mesmo a conhece, não tem mais direito que eu que estive com ela em todos os momentos difíceis.

Namorando Alexa durante todos aqueles anos com certeza Hazel sabe exatamente quem era a família Vielmont e o risco que corre, no entanto lá estava ela, sempre pisando naquele território.

Respiro fundo procurando palavras para usar, buscando uma forma rápida para afastá-la.

— Os anos que esteve ao lado dela nesse momento não determinam quem tem ou não mais direito. Casamos por conveniência, mas você acredita mesmo que não dividimos a mesma cama? Tem certeza que conhece ela tão bem? — Fixo o olhar ao dela que está claramente afetada por minhas palavras.

— Não importa o que diga, não vou sair daqui antes de vê-la — afirma secando uma lágrima que desce em seu rosto e aproveita meu breve momento de distração para tentar passar por mim, mas rapidamente bloqueio sua passagem colocando um braço na frente, espalmando a mão na parede. — Nossa ligação, você jamais irá entender. — Joga aquela frase e sai.

Abro a porta para ver se ela vai para o elevador, mas parece caminhar em direção a saída do prédio, então suspiro me encostando na parede. Espero que ao menos ela não tenha o azar de esbarrar em quem Eleanor havia encarregado de lhe dar um sumiço.

Depois de ir em casa tomar banho, volto para o hospital. Os jornalistas insistentes estão na porta e quase não consigo entrar.

Eleanor já tem ido embora quando chego. E Emily sai do quarto onde entro, vendo Alexa que passa os canais da TV com o controle na mão, não parecendo realmente prestar atenção no que faz. Ao ouvir a porta sendo fechada me encara rapidamente.

— Pensei que encontraria alguém com uma máscara de oxigênio, tão sedada que mal conseguiria abrir os olhos — falo me aproximando da cama.

— Estou tão sedada que mal consigo abrir os olhos. Satisfeita? — Sua fala é lenta, os olhos pesados confirmam aquelas palavras e ela aponta o controle para a televisão. — Isso, está me mantendo acordada.

— Por que? Você deve dormir, descansar. — Pego controle de sua mão e desligp a TV.

— Estava esperando você, sua idiota. — Arqueio as sobrancelhas ao ouvir aquilo. — Não tinha certeza de que as pessoas estavam falando a verdade, pensei que... Você tivesse se ferido também — confessa.

— Era de se esperar que você fosse uma chata até mesmo quando demonstra preocupação.

— Quem disse que eu estava preocupada com você? Só não queria notícias minha como viúva. Não tão cedo, afinal nossas famílias ainda tem muitos negócios a fazer.

Estreito os olhos encarando ela que vira o rosto, mas ao se mover um pouco geme de dor levando a mão ao local do ferimento que fica em algum lugar em seu abdômen.

Provavelmente perguntei umas quinze vezes se estava tudo bem, mesmo obtendo confirmação. Quando falei que passaria a noite no hospital ela me mandou embora outras vinte vezes, mas tudo que fiz foi me acomodar em uma confortável poltrona que no canto, pegar uma revista sobre o móvel e folheá-la. Assim ficamos em silêncio e logo ela adormeceu.

Assisto televisão. Olho na internet as últimas notícias. Caminho um pouco para me alongar depois de um tempo sentada e volto para a poltrona onde adormeci.

Abro os olhos percebendo que a noite caiu. O quarto esta escuro e quando olho na direção da cama de Alexa vejo a silhueta de alguém que faz meu coração acelerar. De repente a porta é aberta e a enfermeira acende a luz revelando Eloise na beira da cama da irmã.

Ela me encara sem dizer nada, enquanto isso a enfermeira administra a medicação e faz anotações, logo em seguida informa que Alexa provavelmente acordará apenas ao amanhecer.

— Lembra que prometeu ir a um lugar comigo nesse fim de semana? — fala Eloise assim que a mulher atravessa a porta, saindo.

— A Alexa...

— Não me interessa a Alexa! — Levanto rapidamente ao vê-la caminhar em minha direção. — Amanhã passaremos o dia juntas. — Ao dizer aquelas palavras ela me puxa pela cintura e arregalo os olhos.

— Eloise, aqui não! — Tento falar o mais baixo possível e me afastar, mas ela me mantém junto a si.

— Você gosta de correr riscos, lembra? — Enfia o rosto em meu pescoço e estremeço ao sentir sua boca em minha pele.

Ainda tentando afastá-la, seus lábios sugam meu pescoço e ao invés de excitação, como é comum sempre que alguém faz isso em meu ponto fraco, sinto nojo.

— Me larga! — Consigo afastá-la de uma vez e ela segura meu rosto com apenas uma mão apertando minhas bochechas com força.

— Tudo bem, amanhã teremos todo o tempo do mundo. — Me larga de uma vez e caio sentada na poltrona, mas aliviada por vê-la sair.

Me inclino apoiando os cotovelos nas pernas e escondo o rosto entre as mãos.

Eloise é completamente louca. Minha vontade é fazer com que todos saibam quem é a perfeita e bem casada presidente do grupo Vival, aquela que me enganou durante tanto tempo através de entrevistas onde dizia tudo o que os leitores gostariam de ler.

Quantas outras pessoas eram iludidas por aquela falsa imagem?

Levanto a cabeça novamente e me surpreendo ao ver Alexa com os olhos abertos, mas antes que meu coração saia por minha boca ela volta a fechar os olhos. Não esta de fato acordada.

Não sei em qual momento caio na inconsciência em meio a meus pensamentos, mas acordo ouvindo meu nome ao longe e quando abro os olhos noto que é Alexa quem me chama.

Encaro ela, bocejando, descabelada e com dor nas costas por ter ficado de mal jeito a noite inteira.

— Lave esse rosto e depois venha tomar café — diz ela.

Pisco algumas vezes tentando acordar de fato e observo que diante dela há uma bandeja.

— Café? — murmuro com a voz ainda rouca.

Pego minha bolsa e vou para o banheiro onde fico até deixar minha aparência melhor, afinal a forma que ela me olhou acabou me afetando. Minha autoestima costuma ser uma caixinha de surpresas, um dia me acho maravilhosa e no outro basta um olhar ou uma palavra de alguém e já me sinto horrível.

Saio do banheiro quando Alexa começa a me chamar parecendo disposta a encher minha paciência logo cedo. Na bandeja à sua frente, além de uma sopa feia que ela apenas mexe com a colher, há um copo de café e um croissant.

— Seu café vai esfriar — avisa. — Eu paguei caro para a enfermeira ir comprar isso, sabia? — diz ela e desconfiada sento na beirada da cama.

— De onde tirou dinheiro? — pergunto pegando o copo e logo levando-o aos lábios.

— Na verdade você está devendo 50 dólares para a enfermeira que foi comprar isso — informa me fazendo quase engasgar com o café ao ouvir aquilo.

— 50 dólares por isso? Meu Deus, com esse dinheiro eu... — Paro de falar ao lembrar de quem eu não mais sou. Ela sorri e mesmo desejando protestar, acabo rindo de seu descaramento.  — Posso te fazer uma pergunta? — Faço uma pausa observando surgir aquelas ruguinhas entre suas sobrancelhas.

— Desde quando a pessoa mais petulante que conheço pergunta antes? — Arqueio uma sobrancelha notando que ela soa engraçado, mas está aparentemente séria.

— Petulante? — Bufo fingindo indignação. — Bom, já que ganhei o título, então irei direto ao ponto. Por que você mudou comigo depois daquele dia em que sua mãe me bateu?

— Você acha que foi devido a isso? — Arqueio a sobrancelha e movo a cabeça confirmando, mesmo um pouco incerta. — Confesso que mudei minha forma de pensar depois de te ver fazendo aquela choradeira e ao saber como minha te tratou naquele dia, mas não é como se eu estivesse tentando me redimir ou sendo outra pessoa. Apenas... decidi te observar de perto.

— Você estava tentando me manter afastada bancando a idiota em alto nível, mas agora decidiu pegar leve comigo e esperar que ao invés de ficar me arrastando pelas beiradas feito a bela cobra que sou, fique a seu lado quando outra pessoa tentar atacá-la.

— Você é esperta, quase entendeu minha forma de pensar. — Ambas movemos a cabeça confirmando. — Tirando a parte da idiota em alto nível.

— Oh sim, claro. — Prendo o riso.

— Mas não se iluda. — A seriedade volta a tomar seu rosto e até mesmo seu tom de voz demonstra isso — Não é como se estivessemos do mesmo lado. Garanta sua própria sobrevivência, pois tenho Hazel e muito o que defender.

Ouvir isso me fez lembrar de tudo o que eu disse a Hazel no dia anterior e temi o quão furiosa Alexa ficaria ao saber.

— Que afronta mencionar a amante durante um café da manhã com sua adorável esposa — brinco tentando descontrair, mas ela apenas me lança um olhar antes de focar na sopa.

— Horrível! — Solta a colher fazendo careta após provar. — Me dá isso aqui. — Toma de minha mão o copo de café.

— Não, não, não! — Rapidamente pego de volta e fico de pé para impedi-la de alcançar. — Pessoas machucadas tomam sopinha. — Com a mão livre dou uma colherada no alimento e levo até a boca dela que me encara. — Vamos, eu sou sua esposa dedicada, esqueceu? Eleanor me daria um prêmio por estar alimentando a filha dela. — Ela toma a colher de minha mão e leva até a boca. — Você está se sentindo bem hoje? — pergunto voltando a sentar.

— Sim, pode ir para casa, não quero ter que ficar o dia todo com você no mesmo cômodo.

— Ok, de nada por me preocupar com você. — Dou de ombros pegando o croissant e dou uma mordida.

— Aproveita bem seu dia com a Eloise. — A frase de Alexa faz meu coração falhar uma batida.

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Comments

Anne Jay

Anne Jay

kkkkkkkkkk

2024-05-05

0

:)

:)

meu Deus to surtando

2023-01-09

2

Nataly Lopes

Nataly Lopes

Alexa e Hana poderiam se apaixonar

2022-10-05

3

Ver todos

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