03 • Engagement

— Volkmer! — Sobressalto levando a mão ao peito enquanto Emily ri se divertindo.

Estou de pé diante da enorme mesa da cozinha na mansão Vielmont provando diferentes tipos de doces para a festa de casamento. Ainda não aconteceu o noivado oficial, mas quando eu e Margot — madrasta de Katherine — chegamos, Eleanor já havia marcado a degustação.

— Hmm esse é bom — fala Emily, em seguida pega outro doce fazendo careta o observando. — Você está se empenhando mesmo nisso.

— O quê mais posso fazer? — Puxo uma cadeira e sento, sentindo minhas panturrilhas protestar devido o salto.

Antes de vir com Margot para a mansão, passamos em uma loja de departamento onde ela comprou várias roupas para doar durante o natal que será em breve.

— Deve ser difícil para uma mulher como você. — Arqueio as sobrancelhas me perguntando o quê ela quis dizer com isso e a observo se aproximar, parando ao meu lado encostando o próprio corpo na mesa. — Ouvi dizer que você sabia se divertir na França. — Quase engasgo com a água que bebo. — Alguém me disse que costumava ser uma mulher de muitas amantes. — Arregalo os olhos.

— E-esteve investigando sobre mim? — Tento usar meu melhor disfarce para não demonstrar o quanto estou assustada, me perguntando o quê Katherine esteve aprontando. — Pelo que vejo coletou informações falsas.

— Emily, já começou incomodar nossa cunhada?

Viro o rosto para a entrada da cozinha ao ouvir a voz de Eloise que parece ainda mais linda que em qualquer outro dia.

— Estamos apenas conversando, não é mesmo Kathe? — Emily pisca para mim e sai dando um tapinha no ombro da outra que se aproxima com as mãos nos bolsos da calça esbanjando aquele charme que me deixa até mesmo tonta.

— Tenha cuidado, minha irmã não tem senso de responsabilidade e desconhece a palavra limite.

Apenas confirmo com a cabeça. Mesmo que queira dizer alguma coisa, não consigo.

— Katherine, vamos embora querida — chama Margot entrando na cozinha. — Olá Eloise.

Levanto da cadeira e caminho para a saída sem nem mesmo olhar para ela. Consigo conversar com Emily sem problemas, mas a irmã que mais desejo poder conhecer melhor, me deixa muda.

Volto para o hotel com Margot que por sinal é o oposto do que imaginei. Não chega a ser uma perua igual Eleanor, pelo contrário, a mulher é simpática, por isso não consegui ser grossa com ela em momento algum.

A semana segue agitada. Sou obrigada a ir a tantos lugares com Margot e Eleanor que quando o dia da festa de noivado chegou estou exausta e meu nervosismo em níveis absurdos. Sei que terão muitos repórteres e não estou pronta para aparecer publicamente.

Usando um vestido de cor pérola, com detalhes em bordado, uma leve maquiagem e penteado feito por profissionais, sigo para o local do evento.

Assim que o carro para na entrada do local onde acontece a festa, sinto minhas mãos frias. Engulo em seco. Não estou pronta para isso, ser oficialmente noiva de Alexa, quem eu nem tinha visto desde aquele café da manhã, uma semana antes. Sei que o próximo passo é o casamento e esse é o que mais temo.

A porta do carro é aberta e respiro fundo retirando o casaco que tenho sobre os ombros, antes de sair. Há uma confusão de gente vindo em minha direção assim que fico em pé e os flashs quase me cegam. Levo a mão aos olhos protegendo minha visão e no mesmo momento sinto mãos em meus ombros me ajudando a caminhar passando por aquele bando de fotógrafos mal educados. Mantenho a cabeça baixa até finalmente entrarmos e quando me vejo livre daquela loucura levanto a cabeça, só então vendo que foi Emily quem me ajudou.

— Sua noiva quem devia estar aqui — comenta ela arrumando o próprio cabelo.

— Obrigada pela ajuda. — Olho ao redor a procura de Margot.

— Vamos entrar. — Emily me ofereceu o braço e observo decidindo se devo ou não entrar com ela. — Vamos, sou sua cunhada. — Abre um belo sorriso e tento relaxar entrelaçando o braço ao dela.

Entramos no salão, que está cheio. As várias mesas estão rodeadas por pessoas influentes, algumas que eu nunca vi, outras que vi algumas vezes em sites ou revistas. Caminhamos até na frente onde fica a mesa da família Vielmont e observo que Alexa ainda não está presente.

— Katherine, como está bonita — diz Sebastian assim que me aproximo e sorrio agradecendo. Ao lado dele esta Eleanor tomando champanhe e também Eloise que sorri assim que nossos olhos se encontraram. — Onde estão seus pais?

— Ah... Devem estar chegando.

— Alí estão eles — avisa Emily e só então percebo que ainda mantenho o braço entrelaçado ao dela, então aproveito para me afastar pedindo licença, indo até a mesa de meus falsos familiares.

— Querida, você está linda. — O primeiro ministro Joseph Volkmer segura meu rosto assim que me aproximo e tenho que me esforçar para não fazer careta devido o aperto.

— Pai... — Sorrio sem graça dando um passo atrás, logo vendo Steve que como sempre tem um sorriso divertido nos lábios.

— Onde está sua noiva? — pergunta o ministro.

Eu também gostaria de saber. Penso.

— Perguntaram por mim? — Viro assim que escuto a voz de Alexa que trás uma mão para minhas costas enquanto com a outra cumprimenta Joseph.

Sento com ela na mesa da família Vielmont e logo começaram os discursos. Claro que a celebração não é de um noivado, mas sim de uma união de poder entre famílias e eles não perderiam a oportunidade de discursar e declarar muita alegria por estarem se fortificando.

Joseph faz o maior discurso, afinal o motivo de tantas pessoas influentes estar presentes é na intenção de conseguir apoio político.

Eu já quase bocejo tomando um gole e outro de champanhe quando de repente Alexa fica de pé estendendo a mão para mim que arqueio as sobrancelhas, mas mesmo insegura levo a mão até a dela e levanto da cadeira.

Seguimos até lá na frente enquanto me pergunto qual saia justa vou me meter dessa vez. Alexa pega o microfone e estou tão envergonhada que não sei para onde olhar.

— Como todos aqui sabem e já foi dito por meu pai e sogro anteriormente, estamos noivas há algum tempo e essa cerimônia não passa de uma mera formalidade. No entanto, ainda não fiz algo essencial. — Ela que até então falava olhando para os convidados, vira para mim sorrindo, ainda segurando minha mão. — Mesmo já tendo feito o pedido, não poderia noivar com a mulher maravilhosa que é você, sem presentea-la com um presente à altura.

Fico embasbacada por ela parecer tão verdadeira em cada palavra, até mesmo a forma de olhar é convincente. Será que pessoas ricas frequentam um curso de teatro para passar por esse tipo de situação falsa, que com certeza é constante em suas vidas?

Alexa larga o microfone e com uma caixinha em mãos abri a mesma virando em minha direção. Arregalo os olhos vendo o enorme diamante no anel.

— Sorria — ordena entredentes sem tirar o sorriso do rosto.

Eu pisco confusa, mas ao voltar a me situar sorrio levando a mão livre ao rosto, em minha melhor atuação de surpresa e emoção.

Jamais imaginei passar por uma situação desse tipo. Estou morrendo de vergonha, mas não posso deixar transparecer.

Alexa desliza o anel em meu dedo e o objeto parece até mesmo pesar.

O lugar explode em palmas.

Quando penso em voltar para a mesa dando um fim essa situação constrangedora, minha mais nova noiva me surpreende puxando em minha cintura de repente e num novimento rápido me gira inclinando meu corpo para trás. Meus olhos arregalados encontram os dela que dá um sorriso um tanto perverso antes de unir nossos lábios.

Permaneço com os olhos arregalados, mas quando todos voltam a bater palmas, os fecho rapidamente sentindo a pressão daqueles lábios contra os meus. Mas dura somente até que seu perfume se infiltre em minhas narinas me deixando entorpecida. Ela me gira tão rapido quanto antes, me colocando de pé novamente. Estou tonta. Desnorteada. Por sorte seguro em sua mão quando voltamos para a mesa.

Ainda não posso acreditar no que aconteceu, quando o jantar começa a ser servido. A vergonha segue durante o resto da noite. Conto os minutos para voltar a me trancar no hotel e poder ser apenas eu, a Hanna que deseja gritar para extravasar toda essa tensão desde o começo da tarde quando dei início a toda a arrumação para o evento.

Depois do jantar peço licença e vou ao banheiro, onde aproveito que esta vazio para me olhar no espelho me perguntando o quê estou fazendo.

Observo a pedra em meu dedo e suspiro imaginando quanto dinheiro conseguiria com a venda, mas algumas mulheres entram e disfarço passando as mãos arrumando o cabelo. Em seguida saio, me deparando com Eloise que me causa um grande susto.

— Está tudo bem? — pergunta me vendo com a mão no peito.

— Sim, claro.

— Percebi que ficou desconfortável com o que Alexa fez.

Eu quase sorrio achando ela adorável por se preocupar comigo.

— Tudo bem, era necessário para tornar a coisa real. — Forço um sorriso.

— Vamos lá, sua tortura está prestes a acabar. — Sorrio confirmando e caminhamos de volta ao salão.

Quando nos despedimos de todos, Alexa segue comigo passando por toda aquela loucura dos paparazzis novamente, até chegar ao carro onde entramos juntas.

Suspiro aliviada por finalmente ir embora. Até mesmo sorrio sentindo uma certa paz depois de tanta tensão. Desço um pouco o vidro do carro, aconchegando a cabeça no encosto, apreciando o vento frio em meu rosto, durante alguns minutos.

— Você e sua mãe quem organizaram aquele jantar? — Viro o rosto, só então lembrando que Alexa esta a meu lado. — Não dava para ter contratado uma equipe e ficado longe disso? Contrataram o pior buffet...

— Com licença — interrompo —, se você não sabe, sua mãe praticamente me obrigou a fazer tudo pessoalmente, por sorte a Margot veio me ajudar.

— Agora a culpa é de minha mãe? — Estreito os olhos encarando ela. — Você nem mesmo serve para fazer uma atuação que preste. Senti como se estivesse beijando um cadáver.

Arregalo os olhos, e minha boca se escancara. Não acredito que estou ouvindo isso.

Quem ela é para julgar minha atuação?

— Escuta aqui senhorita diretora de Hollywood, não estava em meus planos passar por aquela situação bizarra que você criou de uma hora para outra. Algo digno de filme cafona! Não dava para ter preparado uma fala melhor? E aquela puxada pela cintura. Oh, céus, se eu pudesse teria...

— Teria o quê? — Nós já estavamos frente a frente quase nos peitando, quando percebo o motorista olhando através do retrovisor e sem graça volto a me encostar no banco. — Você devia agradecer ao fato de seu pai ser alguém com poder, caso contrário jamais poderia sequer cogitar encostar em uma mulher como eu.

Tenho que rir ao ouvir tal frase.

— Por que será que de todas as irmãs foi necessário um casamento arranjado para você, hein? — Vejo a furia nos olhos dela, mas quando abre a boca para revidar o motorista interrompe avisando que chegamos ao hotel. — Boa noite, noivinha. — Saio do carro com raiva quase tropeçando, e fecho a porta com força, ainda bufando.

Quando entro em meu quarto me encosto na porta fechando os olhos, agradecendo a Deus mentalmente por aquela sessão tortura ter chegado ao fim.

Retiro os sapatos e sigo até a cama onde me jogo toda esparramada, fitando o teto do quarto que é todo trabalhado em cores douradas. Relembro as palavras de Alexa. É difícil admitir, mas se não fosse todo o dinheiro de Katherine e a família, eu jamais chegaria a frequentar o mesmo ambiente que uma mulher daquela, que dirá ser beijada.

Mas eu realmente não quero ser beijada por Alexa Vielmont. Que insuportável!

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Comments

Anne Jay

Anne Jay

Eitcha Alexa poderia ter ficado sem essa

2024-05-05

0

Adriana Gomes

Adriana Gomes

só enrascada

2023-07-20

1

Raffa Almeida

Raffa Almeida

Pega a irmã hetero, vai ficar tudo em família mesmo 🤣🤣🤣

2023-04-09

2

Ver todos

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