06 • Fast and Rude

Não tenho tempo de voltar a olhar a garota, pois a moça com o microfone anuncia a hora da dança das noivas. Eu não estou preparada para isso, nunca dancei nada e pela expressão de Alexa, ela também não esta muito satisfeita.

Todos os convidados se aproximam do centro do salão para nos assistir e me afasto de Emily encontrando Alexa onde será nossa pista de dança.

A melodia que antes tocava dá lugar a uma valsa. A Vielmont me puxa de repente fazendo com que meu corpo se choque contra o dela e engulo em seco, nervosa por estar diante de tanta gente que me observa. Alexa não ajuda em nada, com sua forma grosseira de me puxar para si. Sua palma direita segura a minha enquanto a esquerda se posiciona em minhas costas, sem nunca desviar o olhar do meu. Nesse momento posso ver perfeitamente a cor escura de seus olhos e os traços delicados de seu rosto. Ela é a mais nova das irmãs, mais nova até mesmo que eu, mas sua aparência e ar superior lhe acrescentam alguns anos.

Eu quero dizer que não sei dançar, mas já é tarde demais. Alexa guia meu corpo e meus pés obedeceram de um lado para o outro, mantendo sempre a postura. E por algum motivo meu olhar esta preso ao dela, como se todos os meus movimentos estivessem sendo controlados por ela através dessa ligação que em momento algum é quebrada.

Entre um passo e outro vejo as ruguinhas surgirem no vinco entre sua testa e o olhar torna-se mais intenso, só então percebo que pisei em seu pé. Depois disso piso outras três vezes e ela faz uma cara que me causa vontade de rir, mas tento me segurar para não denúnciar meu divertimento com a situação, esquecendo os problemas que antes me atormentavam.

Logo os convidados começam a nos acompanhar na dança e após olhar para o lado e constatar que a grande maioria das pessoas já não tem o foco em nós, Alexa se afasta bruscamente, gira meu corpo e quase dou um grito devido ao susto do momento. Em seguida entrelaça nossos dedos e vamos em direção a mesa.

— Cumprimos todas as etapas, já podemos sair discretamente — diz ela parando próximo a mesa, pegando uma taça.

Vamos passar a noite em uma suíte do hotel, depois nosso destino é a mansão. A lua de mel supostamente será daqui a alguns meses devido o trabalho dela. Pelo menos essa é a desculpa que daremos em dois dias, quando teremos nossa primeira entrevista juntas. Sinto até arrepio só de pensar dar uma entrevista.

Quando as portas da luxuosa suíte presidencial são fechadas, eu caminho até o centro do cômodo e paro observando a janela com vista para uma belíssima e iluminada Nova York. Ao desviar o olhar, observo Alexa abrindo os botões da camisa e me sinto nervosa por estar sozinha com ela. Antes do casamento nos encontramos poucas vezes e em nenhuma delas nos demos bem.

— Você pode ficar com a cama — diz ela indo em direção ao bar.

Sigo para o quarto e o cômodo está com uma iluminação fraca avermelhada. Na cama há pétalas de rosas e um balde com champanhe sobre um móvel.

Retiro os sapatos e começo uma briga para conseguir abrir o vestido que está me matando, mas para minha total desgraça há uma fileira de botões na parte de atrás. Tento abrir os primeiros de cima, mas sem sucesso até chegar a conclusão de que a menos que peça ao rapaz responsável pelo serviço de quarto ou ligue para Margot, ficarei com o vestido até o dia seguinte.

Minha única alternativa é Alexa, mas protelo ao máximo que posso, até que vencida pelo inevitável.

Quando chego na sala vejo que esta vazia. Franzo o cenho me perguntando onde esta ela, afinal não ouvi a porta. Descalça, em passos lentos caminho em direção ao bar onde há um balcão e ela poderia estar do outro lado, mas quando já me aproximo, me assusto ao vê-la sentada no chão encostada na parte de trás do sofá, com um copo de wiskey na mão e o olhar fixo na janela.

Como não nota minha presença pigarreio chamando sua atenção e só então ela me encara.

— Você... — me interrompo.

Sinto-me estranhamente intimidada por seu olhar, desejando voltar para o quarto e dormir daquela forma mesmo.

— Qual o problema? — pergunta colocando o copo no chão.

— Você poderia me ajudar... — hesito, temendo que ela entenda errado. — Pode me ajudar com o vestido? — Vejo ela arquear uma sobrancelha, em seguida aquele mesmo sorriso que deu antes de me beijar no dia do noivado surge em seus lábios e me arrependi por ter feito aquele pedido.

Sem dizer nada Alexa levanta. Me assusto quando ao se aproximar segura em meus ombros e vira meu corpo de uma vez.

Rápida e grosseira.

Após ser pega de surpresa por seu movimento, ela começa a desabotoar os botões de meu vestido de forma lenta. Eu posso notar o quanto demora em cada um deles. E toda vez que seus dedos tocam minha pele sinto-me estremecer por dentro.

Nesse infeliz momento penso que Emily talvez tivesse razão. Faz muito tempo que não transo e meu corpo traiçoeiro está sensível a qualquer simples toque.

— Devemos consumar esse casamento? — Sua voz quebra o silêncio de forma assustadora.

Arregalo os olhos me afastando, segurando o vestido junto ao corpo.

— E-enlouqueceu? — Viro e a vejo sorrir.

— Emily certa vez comentou que você é insaciável. — Minha boca se escancara e aproveito que ela se afasta indo pegar o copo no chão, para fugir.

— Não acredito que isso está acontecendo comigo — murmuro fechando a porta. — Ah Katherine, se você não estivesse morta... — Não consigo terminar a frase, lembrar daquele fato é assustador.

Procuro na mala uma camisola, mas todas são extravagantes demais. Opto por um vestido de algodão, uma das poucas peças simples que a falecida tinha no closet, eu joguei ela alí sem que Margot visse, pensando justamente no fato de que eu não ia vestir uma camisola daquelas provocantes.

Após vestida retiro o edredom com as pétalas de rosas e jogo no chão, em seguida me enfio embaixo dos lençóis sem pensar em tirar maquiagem ou fazer qualquer outra coisa, desejando que esse dia tenha sido apenas um sonho ruim.

Em poucos minutos escuto a porta da frente sendo fechada e me pergunto para onde Alexa está indo, então lembro daquela loira.

Estaria ela indo encontrá-la? Justo na noite do casamento? E se alguém as visse? Bem, não é de minha conta. Viro tentando não pensar nisso e dormir, mesmo sabendo que é impossível.

Rolo na cama durante horas e quando canso de ficar deitada levanto para tirar a maquiagem. Tomo alguns goles do champanhe e fico pensando em como será a vida daqui em diante.

Percebo que já são três da madrugada quando Alexa volta fazendo uma barulheira, parecendo tropeçar em alguma coisa e praguejando. Provávelmente bêbada.

Pela manhã acordo ouvindo o barulho do chuveiro e abro os olhos justo quando Alexa sai do banheiro usando apenas uma lingerie preta. Não posso deixar de me surpreender ao ver seu corpo. De todas ela era a  que menos chamava minha atenção, mas nesse momento sou agraciada com a bela visão e involuntariamente sorrio pensando sobre essa ser uma bela cena em nossa primeira manhã como casadas.

Preciso puxar o lençol para cobrir meu rosto antes que ela perceba minha cara de safada.

— Saia debaixo desses lençóis — diz. — Precisamos ir para casa, tenho trabalho a fazer.

— Quem trabalha um dia depois do próprio casamento? — falo comigo mesma. E sou surpreendida quando ela puxa o lençol repetidamente, então observo que já está de calça, segurando uma blusa.

— Não é como se nós fossemos passar o dia transando. — Caminha saindo do quarto enquanto fala. — Você tem meia hora!

Em menos de uma hora eu entrava na mansão Vielmont. Não há ninguém para nos receber. Sigo Alexa que vai direto subindo a escada. Minha bagagem já havia sido levada para lá e a pequena mala que estava no hotel ficou aos cuidados do motorista que levaria para o quarto.

O andar superior é um tanto obscuro, um corredor com decoração antiga desde as paredes ao carpete e móveis com vasos que devem custar um absurdo.

As portas do quarto que Alexa entra são imensas e duplas, denunciando o quanto o cômodo é também grande e espaçoso. Assim que entro, vejo que há uma pequena escada de madeira que dá para um segundo andar, onde ao observar bem posso ver no máximo uma cama. No andar de baixo tem um sofá e duas poltronas com uma pequena mesa no centro, logo atrás do sofá, ao subir dois degraus fica a imensa cama com cabeceira suntuosa. O banheiro fica do lado esquerdo e no direito é o closet onde Alexa entra.

Observo tudo atentamente, imaginando que nunca vou conseguir me sentir confortável.

— Meus pais insistem que devemos dividir o quarto devido aos empregados — comenta saindo do closet, colocando um brinco na orelha. — Coloquei uma cama no andar de cima, você pode ficar com essa aqui. Apenas uma das empregadas pode entrar nesse quarto, a Lydia, lembre-se disso. — Ela sobe a escada e me aproximo do sofá onde coloco minha bolsa. — Não mexa em nada que não é seu. Não me incomode quando estiver descansando ou trabalhando. E não interfira em meus assuntos pessoais. — Reviro os olhos, cruzando os braços observando ela descer e caminhar em direção a porta sem nunca olhar em minha direção. — Isso é tudo, por enquanto.

Alexa sai, mas seu perfume fica no ar. E algo me diz que ela não esta indo trabalhar coisa nenhuma.

Caminho em direção a porta que dá para a sacada com vista para uma imensa e linda piscina, abro a mesma podendo finalmente respirar um pouco de ar puro, mas meu momento de paz é interrompido quando o motorista chega com minha pequena mala e avisa que Eleanor me espera na sala de visitas.

Temendo o que vem por aí, saio do quarto para encarar minha sogra, mas enquanto caminho pelo corredor em direção a escada sou bruscamente puxada para o interior de um dos tantos cômodos e após sentir meu corpo se chocando contra a parede, meus olhos se arregalam diante de Eloise que sorri, praticamente colando o próprio corpo ao meu. Sua mão vem para a lateral de meu pescoço e seus longos dedos deslizam até se entrelaçar aos cabelos de minha nuca onde ela dá um leve puxão me fazendo inclinar a cabeça para trás. Minha boca, que está entreaberta, parece congelada assim como todo o meu corpo diante de tal situação inesperada

— Finalmente tenho você aqui — sussurra aproximando o rosto de meu pescoço e desconfio que meu coração vai parar a qualquer momento.

Ela roça o nariz em minha pele e um arrepio de espalha por meu corpo traiçoeiro. Minha mente é a primeira a parar de funcionar e eu não consigo pensar em mais nada.

— Agora você é minha — afirma de maneira assustadora.

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Comments

Anne Jay

Anne Jay

Caraí

2024-05-05

0

Anne Jay

Anne Jay

Medo

2024-05-05

0

Míope aleatória

Míope aleatória

qu-que isso kkkkk até eu fiquei sem ar agora kkkkkkkk

2024-04-16

0

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