Durante toda a manhã, Exu treinou Léo e Thaís.
Surpreendentemente, Léo conseguiu dominar parcialmente os conhecimentos de seu eje e emi, no tratante da capoeira; conseguindo estar próximo do ritmo de treinamento de Thaís.
Exu, claro, empolgou-se mais, tornando o treinamento mais intenso, porém, Cláudio foi quem interrompeu, dizendo:
— Exu! O almoço está servido e precisam de um banho.
Léo e Thaís, salvos por Cláudio, se jogam no chão, rindo.
— Exu arrancou nosso couro! — Léo brinca.
— Culpa sua! O que foi aquilo tudo!? — Thaís responde, rindo. — Meu pai amado! Menino, aquilo foi incrível… ‘cê ‘tava fingindo, só pode, duvido que não sabia nada de capoeira!
— Não sabia mesmo. — Exu diz. — Léo era um rapaz, que temia: sofrimento e morte. Logo, evitava se envolver com qualquer coisa que o levasse a estes dois caminhos. Era covarde, mas um sobrevivente nato. Sem contar que suas palavras sobre não ter treinado pela própria fraqueza têm um ponto de verdade.
— Exu me esculachando! — Léo ri. — Mas, tudo bem, sei que dei muito mole…
— Es… cula… chando… — Thaís repete, olhando para Léo.
— Humilhando! — Ele esclarece.
— Ah, ‘tá! — Ela gargalha.
— Usem o rio para tomar banho. — Exu diz, voltando-se na direção da casa. — Thaís, você pode levar seu irmão.
Thaís surpreende-se com a ordem.
— Mas… err… — Suas bochechas coram. — E-Exu, to-tomar banho junto?
— Que menina maldosa e maliciosa! — Exu gargalha. — Não disse que deveriam tomar banho junto, mas não proíbo. Se é o que quer, menina Thaís.
Um intenso frio percorre a espinha da menina e seu corpo esquenta com velocidade. Numa súbita reação de autodefesa, Thaís pula como um gato, caindo de pé, afastada de Léo.
— O quê!? Não… n-não… não… Nada disso, nem pensei em nada maldoso, Exu. Que horror! V-vem, Léo. Mostro o caminho, aí ‘cê toma banho primeiro… e eu tomo banho depois.
— Menina Thaís, quer ver o menino Léo tomando banho que eu sei. — Exu gargalha. — Agora, eu entendi.
— QUÊ!? Não é n-nada disso! Léo, eu juro… faz assim… tomo banho primeiro, então.
— Agora, menina Thaís quer seduzir o menino Léo, se banhando na frente dele. — Exu segue a brincadeira.
— Ah! N-não… men… ai! Desculpa, Léo… Não é nada disso! Exu, ‘tá me complicando… ai, meu pai! Vem, Léo.
Exu e Léo riem da postura de Thaís.
Ela toma o jovem pela mão, sem pensar.
Estremece ao perceber que o fez, mas finge que nada ocorreu.
Léo, um sedutor nato, observa o nítido interesse de Thaís, mas nada diz, apenas segue.
Ambos chegam a um rio, onde o canto lírico de uma mulher soa, linda e suavemente. Ouvindo, Léo fica absorto, distante, sentindo como se o canto estivesse o chamando.
— Léo, acorda! — Thaís chama. — Não vai, se não quiser. Quem canta é Oxum, mãe das águas e a mais bela dos Orixás… também uma das mais voláteis, então, cuidado!
— Imaginava… ‘Cê já foi lá?
— Ela é minha mãe. — Cora.
— Entendo… Vai, menina, vai… Banho! Fico aqui e não vou a lugar nenhum, tudo bem!?
Thaís encara suas mãos, atadas, por algum tempo.
— Léo… — Finalmente, diz. — Quer… quem é sua mãe?
— Minha mãe… acho que não tem problema dizer, eu acho.
— Esquece… Exu não quer que diga, ‘né!? — Ela ri, sem graça. — Desculpa pela curiosidade.
Léo aproxima-se da menina e afaga sua cabeça, gentilmente, sem desvencilhar suas mãos.
— Tudo bem, Tatá. Somos irmãos… e isso que importa, ‘né!?
Thaís fita os olhos de Léo. Sente sua gentileza de forma íntima e apenas paralisa, encarando-o.
— Vai, porquinha. — Ele sorri. — ‘Tá fugindo do banho?
— E-eu… não! Que coisa, Léo! Você é mau.
— Eu!? — Ele ri. — O que fiz?
— Nada… exatamente nada!
— Ai, mulheres! — Ele ri alto. — Fico aqui, ‘tá bom, Tatá?
— Isso, fica aí! — Ela manda.
Thaís segue ao banho, refletindo que o jovem provavelmente não fez nada daquilo por mal, além disso, ele já amava outra mulher. Claro, isto não significava que ela não conseguiria conquistar seu coração um dia. Logo, ela não desistiria.
Lava suas roupas ao terminar e veste. As curvas de seu corpo ficam mais acentuadas com o tecido molhado, inevitavelmente, chamando a atenção de Léo.
— Caraca, mulher! ‘Mó corpão. — Léo brinca, ao vê-la, acostumado com uma conduta muito menos polida, sem tantos dedos com as mulheres.
— Q-quê!? Quem? — Acanha-se. — Como assim?
— Você… Seu corpo é lindo! Parabéns… Bença Deus. Que saúde, ‘hein!? — Ele ri, seguindo com a brincadeira.
— Léo, se não vai-
Léo interrompe sua fala, pondo o indicador nos lábios de Thaís, com o semblante mais sério.
— Shhh. Só me dá um tempo, ‘tá!? Sei que não posso ter quem amo agora, mas posso aprender a amar de novo… Então, tenha paciência comigo. Não fugirei para sempre.
— ‘Tá… bem… — diz, com olhar esperançoso.
— Vou ‘pro meu banho porque não sou porquinho. — Ri.
Thaís chacoalha a cabeça, para recuperar-se do atordoamento que o menino a causou. Empurra Léo, levemente.
— Vai logo! — Manda, observando-o se afastar.
“Onde estava esse tempo todo? Queria ter te conhecido antes… acho que ‘tô me apaixonando. Pode deixar, Léozinho… Espero e prometo que cuidarei de suas feridas.”, pensa, serrando os punhos, com um sorriso no rosto e tímidas lágrimas nos olhos.
Léo, no banho, pensa precisar superar sua antiga vida e deixar Rebeca seguir com a própria. Possivelmente, ela não encontrou seu corpo e, com isto, crerá que ele fugiu ou coisa similar. Era necessário superar para conseguir fazer o que desejava por ela e por si mesmo, dentro e fora de sua família.
Serra os punhos, sentindo a água correr por seu corpo.
Seus pensamentos lhe distanciam da realidade, porém, a sensação do caminhar de mãos em suas costas o trazem de volta. Elas seguem acariciando suavemente até seu peito.
— Thaís? — Questiona, procurando quem fora responsável. — Não brinca assim, por favor! — pede. — Quem está aí?
Observando, nada ele encontra aos arredores.
— Agora entendo porque minha filha lhe deseja tanto. — Uma voz doce, sensual, feminina lhe diz. — Venha a mim nessa madrugada. Diga a Exu que quero lhe ver!
O jovem assente, reverenciando em agradecimento:
— Ora iê iê ô, Oxum!
— Gostei! Amo ser cortejada e reverenciada. Venha e, quem sabe, dou-te um presentinho, belo rapaz!
Léo engole seco. Ao terminar o banho, lava sua roupa, veste-se e sai da água apressadamente em busca de Thaís.
Assim que a avista, toma sua mão, dizendo:
— Vamos! Temos que ir!
— O que houve, Léo!? — Thaís pergunta, surpresa.
— Oxum. Mensagem para Exu. Precisamos ir.
— T-tudo bem… Vamos!
Ambos apertam o passo. Chegando, vai direto a Exu, conta-lhe o ocorrido no pé do ouvido e ao terminar, Exu cai na gargalhada.
— Então, teu pai e eu precisamos correr. Parece que estamos competindo… e ‘tá acirrado!
— Como assim!?
— Não se preocupe. Não é ruim. Só será divertido!
— Tudo bem… — Tranquiliza-se.
— Então, menina Thaís, o passeio foi bom? — pergunta.
— Sim, Exu. — Sorri.
— Olha… Perdeu a vergonha… O que significa? — brinca.
— Nada. — Ela ri. — Deixa quieto. Exu é curioso. Que coisa!
— Não está mais aqui aquele quem perguntou! — Ele ri.
Eles se juntam para a refeição.
Cláudio, com semblante péssimo, apenas se cala. Léo muito preocupado também tem pouco, ou nada para conversar. Thaís, apesar de preocupada com Léo, acaba se perdendo nas fantasias aonde vê-se nos braços do jovem.
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Atualizado até capítulo 97
Comments
Raquel Souza
ksksksksk, ele é amável
2022-06-14
1
Raquel Souza
corre, corre
2022-06-14
1
Raquel Souza
OMG
2022-06-14
1