~ Kate
— Onde você está?
Pressiono com força o aparelho em minhas mãos; com uma preocupação e raiva crescentes, bem como o alívio em saber que esta viva.
Olho em volta. Os seguranças estão me olhando esperando eu dizer o que fazer. Já sabem pelo meu rosto que algo está errado.
O ruído aumenta como se o sinal de localização estivesse falhando.
— Jess, pelo amor de Deus. Me diz onde tá que eu busco você.
Um choro e mais ruídos. Ela estava cansada, talvez fraca. Sabe lá o que fizeram a ela.
— Eu achei q...que ele me amasse. E q...que quisesse ficar comigo, Kate.
Mais choro.
— Mas ele não me ama...
Jura Sherlock? Penso. Esperou sua mãe morrer pra descobrir isso?
— Falamos sobre isso depois, prima. Você precisa vir pra casa, agora. Me deixa ir até aí e conversamos. Deixa eu te buscar. Onde você está?
Mais chiados. E já estou agoniada com o suspense em sua voz e a chamada cortando parte de suas palavras..
— Merda Jéssica. Me fala onde você está!
— Mi...or Lake
É so o que consigo ouvir antes de mais chiados e a ligação cair.
Sigo para o carro de um dos seguranças e entro no banco de trás.
— Dirija até mirror lake. — Ordeno sem pensar duas vezes.
Eles não questionam.
Porque lá? Como foi parar lá? O que ela fazia perto do lago?
Meu coração salta enquanto o homem no volante dirige o mais rápido que pode em meio ao trânsito. Não estávamos longe.
Da casa é uns dez minutos de carro até o Parque Nacional White Mountain. Entramos até onde é possível ir de carro. Deixo os sapatos e desço com o celular enquanto retorno a chamada para o número desconhecido. Ninguém atende.
— O que vamos procurar?
Ouço um deles perguntar enquanto me seguem e sacam suas armas.
— Minha prima.
Avanço pela trilha que conheço com a palma da minha mão. Mas desta vez, não estou com roupa e sapatos apropriados para caminhada. O que me trás certa dificuldade.
Meu sinal começa a oscilar, mas insisto na chamada que ainda não é atendida. E sei que o que estou fazendo é loucura. Uma total idiotice quando deveria ligar pra polícia ou pelo menos avisar Kevin onde estava indo.
Mas preciso encontra-la, e esperar pela polícia pode resultar em mais dias de angústia sem nenhuma pista. Corro como se não houvesse amanhã.
Meus pés sentem o impacto das pedras e galhos na descida até o ponto mais baixo da montanha onde fica o enorme lago. Minha saia rasga no alto da coxa quando pulo para alcançar o outro lado da trilha.
Vou traze-la pra casa custe o que custar, e todo esse joguinho de romance vai parar, ou eu mesmo a interno!
Não demoramos pra chegar pela trilha que nos leva ao leste do lago. Eu conheço todos os atalhos desse lugar. Cresci explorando.
Olho em volta me deparando novamente com a beleza do lago. Fazia pouco tempo desde a última vez que pisei aqui. Longo demais comparado àquele que mudou completamente minha vida.
Como imaginei, o lago esta deserto. Ninguém nadando ou às margens fazendo piquenique com a família ou se pegando atrás de alguma árvore, pois a noite esta caindo e o frio aumenta neste período. Os turistas e moradores de propriedades próximas se recolhiam para o conforto de um café ou chá em frente a uma lareira.
— Não tem nada aqui.
Ouço a voz de um dos homens. Sei disso.
Talvez esteja louca de ter vindo aqui.
Caminho para o outro lado, pela grama próximo a margem.
Pensa, Kate.
Onde ela estaria?
Aqui é o lugar perfeito pra alguém que planeja sequestrar alguém ou esconder um corpo. Os guardas florestais eram escassos nesse horário em que as rondas eram feitas após escurecer.
Onde você está, querida. Me ajuda a te encontrar.
Vejo os dois homens se olharem procurando entender o que fazíamos ali.
Até que um insight me atinge!
Uma das casas que Kevin e eu reformamos não era longe dali. Se eu atravessasse para o outro lado do lago, daria para vê-la e acessa-la por terra firme.
Tento me lembrar dos novos donos. Não os conheci, mas o nome não era estranho. Satoris. Isso!
— Tem um casa á uns quinze minutos daqui.
Sei porque eu e Kevin havíamos feito esse percurso várias vezes até vende-la.
Eles assentem e nós começamos a correr pela margem fazendo uma curva em s até avistar uma linda casa em madeira branca e vidros fumê. Era como uma caixinha de vidro. Linda e assustadora.
As luzes de fora estavam acessas chamando atenção ao anoitecer.
Ela possuía um pequeno píer em sua lateral que a tornava ainda mais elegante.
Com sorte, Jess poderia ter pedido ajuda aos novos moradores.
Damos a volta até ficar nos fundos dela.
— É aqui. — Digo debaixo da clareira que ficava nos fundos com bancos feitos de troncos elegantes, uma rede presa de uma árvore á outra e uma pequena foqueira, no momento apagada.
— Vamos chamar e ver se eles podem nos ajudar.
Eles assentem e se aproximam da casa. Espero do lado de fora.
As chances de ter alguém ali são pequenas. Uma casa assim só serve para um fim de semana ou férias no verão. Por isso tivemos dificuldades em passa-la. Todos amavam Mirror Lake, mas ninguém moraria nele. Exceto os compradores com quem fechamos aquela venda.
Vejo os agentes entrarem na casa e eu sigo para o píer.
Subo na plataforma velha e caminho alguns passos sentindo a madeira sob meus pés ranger enquanto olho o celular e vejo que não há nenhum sinal.
Peço a Deus que me ajude a acha-la. Não conseguiria perde-la também.
— Estava me esperando?
Droga! A mesma pergunta daquele dia soa atrás de mim, me fazendo soltar o aparelho num susto infeliz. Deixando-o cair por entre o espaço da madeira mergulhando no lago.
Era ele.
Meu corpo não me dá tempo para decidir se grito para chamar atenção dos dois agentes ou se o encaro. Já estou me virando com fúria em sua direção disposta a tirar tudo dele. Até sua vida, se precisasse! Dessa vez o medo não me pararia.
— Onde ela está! O que fez! — Grito desferindo socos em sua direção totalmente fora de mim. A raiva me consome em ondas incontroláveis. Consigo acertar seu queixo com força. Mas não sinto golpes de contra ataque. Raziel apenas me joga no chão com um baque oco e prende minhas pernas com seu joelho enquanto sua mão está em meu pescoço. Ele me mantém ali com seu corpo acima do meu. Minhas costas doem.
Ele é muito forte.
— Não é assim que se trata um bom cliente.
Sua voz é rouca e urgente. E vejo um fio de sangue no canto de seu lábio inferior onde o acertei. Isso me causa uma pequena satisfação.
— Não está longe. — Completa olhando em volta.
— O que fez com ela? — Tento mover meu pescoço, mas está preso.
Raziel parece um anjo sob o anoitecer. Alguns raios de sol estão desaparecendo e Seus olhos negros brilham enquanto seus cabelos balançam dando a ele um ar menos maligno, porque o céu atrás dele é uma mistura perfeita de cores.
Ele me encara como se analisasse o que tem dentro dos meus olhos e por um segundo me perco em sua íris que assume um tom vermelho.
Ele é realmente um homem lindo.
— Oi priminha.
A voz dela me tira do transe antes de afundar.
— Oh meu deus, Jess! Corre!
Digo isso tentando me soltar das mãos grandes que nem parece fazer esforço para me manter ali.
- Não ouviu? Corre e peça ajuda!
Ela entra em meu campo de visão, bem acima da minha cabeça, com um sorriso tranquilo no rosto. O que me faz ser atingida por total confusão.
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Atualizado até capítulo 29
Comments
Nalú Faria Machado
ela atraiu até lá para o safado poder pegar ela
2022-07-02
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