Gabriel, O Professor de Magia

Eu não conseguia parar de pensar no que tinha acontecido: A garota simples que eu havia encontrado praticando magia no campo era, na verdade, a princesa de Alexandria e ela me queria como seu professor. Qual eram as probabilidades de isso acontecer?

Eu não sabia se tinha tomado a decisão correta ao aceitar o pedido dela. Na real, acho que agi pelo impulso – o que era raro de acontecer – mas, na minha cabeça, a Illyssa era apenas uma garota como qualquer outra e eu iria dar aulas a ela do mesmo jeito que eu dei para a filha da minha antiga vizinha, a única diferença iria ser o tema das aulas. Mas a realidade se mostrou ser bem diferente e, por mais que Illyssa realmente aparentasse ser uma menina rica, ela ser uma princesa era a última coisa que passava pela minha cabeça.

— Cara, eu estou começando a pensar sériamente se eu devia ter recusado aquela proposta. — Falei.

— Relaxa! Eu acredito que você vai se sair bem.

— Ah, eu não sei...

— Além do mais, ela disse que ainda ia falar com o pai dela sobre isso.

Esse era um bom ponto. O pai dela poderia muito bem recusar isso tudo. Vai que ele era mesmo um cara rigoroso? Talvez, ele não iria aceitar um garoto tão jovem ensinando magia para sua filha, ou mais ainda, talvez ele nem fosse acreditar que eu conseguisse usar magia, dado o quão jovem eu era.

— De qualquer forma, ela parece realmente ter valorizado o que você ensinou para ela.

— Eu basicamente só a ensinei a ser concentrar de forma mais eficiente.

— Mas isso fez uma grande diferença. Afinal, ela disse que não fez nenhuma evolução durante quatro meses.

— Hmm, é verdade. Mas se eu realmente me tornar professor dela, só isso não vai ser o suficiente.

— Então, é melhor você estudar um pouco mais também.

De fato. Eu achava que o conhecimento que eu tinha sobre magia naquele momento era o suficiente, visto que, aparentemente, o nível dela era inferior ao meu. Ela conseguia usar feitiços de nível iniciante dos elementos fogo, raio e água até então; já eu conseguia usar de todos os elementos e ainda um de nível básico do elemento ar. Nós tínhamos uma certa distância entre nossas habilidades, porém ela não iria durar muito, então eu também teria que estudar mais. Mas isso tudo supondo que eu fosse ser contratado.

— Eu vou dar uma lida mais profunda naquele livro de magia depois. Vou ver se consigo tirar mais algumas informações dele.

— Eu acho uma boa ideia.

O livro não era tão profundo. Como o nome dizia, ele possuía apenas ensinamentos básicos sobre magia. Porém, eu ainda não tinha lido ele por completo. Apesar de eu achar que eu não iria encontrar muitas informações tão relevantes assim, eu tinha que dar o meu jeito.

...****************...

No dia seguinte, nós começamos a procurar pelo castelo logo pela manhã. Eu confesso que estava um pouco nervoso, pois não sabia o que me esperava lá e, também, porque eu nunca tinha posto meus pés em um. Eu tinha uma boa noção na minha cabeça de como um castelo comum se parecia, no entanto, eu também sabia que existiam diversas outras estruturas que fugiam totalmente da imagem estereotipada de um castelo, mas também poderiam ser consideradas como um.

Nós andamos por um bom tempo, mas não havíamos encontrado ainda. Pensamos que ia ser fácil de achar, pois, como era um castelo, acreditávamos que ele iria se destacar das outras estruturas comuns do Reino de Alexandria, seja lá como ele fosse. Contudo, não estávamos o encontrando em lugar algum e tivemos que perguntar para algumas pessoas. Nós seguimos todas as direções que nos foram dadas e, no final, achamos o tal castelo. Ele ficava ao norte do reino e era enorme.

Nós perdemos muito tempo procurando e eu pensei que a Illyssa poderia ter tornado tudo mais fácil ao simplesmente dizer onde o castelo ficava. Porém, ela devia achar que todos os cidadãos do Reino deviam saber sua localização, sem falar que ela também não parecia saber que nós não éramos dali, mas, se sabia, disfarçou muito bem.

A entrada do castelo era composta por um portão enorme e era guardada por dois soldados com armaduras e lanças em suas mãos. Eles nos viram se aproximando e logo se puseram na nossa frente.

— Alto lá! — Um dos guardas disse enquanto fazia um sinal de "pare" com a mão. — Identifiquem-se.

— Bom dia. Eu me chamo Gabriel Hoffman, e esse aqui é o meu irmão, Jonathan.

— E o que vocês querem?

— Nós viemos falar com a princesa Illyssa. Ela nos pediu para vir hoje aqui falar com ela.

O guarda nos encarou com uma enorme desconfiança, mas resolveu ceder.

— Ok, eu vou chamar ela.

Esse guarda então entrou e foi chamar a Illyssa, enquanto o outro ficou conosco nos vigiando. O guarda que ficou não tirou os olhos de nós nem por um segundo e eu me senti um pouco intimidado com isso. Tudo que eu queria era que a Illyssa aparecesse rápido e, por sorte, foi o que ocorreu. Ela veio correndo até nós.

— Gabriel! — Ela parecia estar bem animada. — Você veio!

— Eh... Sim. Você me pediu para vir, não foi?

— Sim! Verdade! A propósito, oi, Jonathan!

— E aí, tudo bem? — Ele acenou com a mão.

ㅡ Tudo, sim! E você?

— Eu tô bem também.

— Que bom!

Após as introduções, a princesa pegou em nossas mãos e saiu nos puxando.

— Venham! Eu vou levar vocês até meu pai.

Ela ia nos levar para dentro, mas um dos guardas nos parou de repente.

— Esperem aí! Tenho que revistá-los primeiro.

Naquele ponto, eu já não estava mais tão nervoso e aceitaria ser revistado de boa. Eu não estava com nada que pudesse me incriminar de algo, só que, quando o guarda ia fazer o trabalho dele, a Illyssa se pôs na nossa frente e o impediu.

— Afonso, eles são meus convidados. Não é necessário revistá-los.

— Sinto muito, senhorita Illyssa, mas esse é um procedimento padrão, então eu realmente preciso...

— Afonso! — Illyssa falou em um tom mais elevado e bateu o pé no chão. — Eu já disse que isso não é necessário!

— Ok, senhorita Illyssa... Entendido.

— Muito bem.

O Afonso recuou e até eu fiquei com certo medo ao ver a Illyssa agir daquele jeito. No final de tudo, nós não fomos revistados, a princesa pegou em nossas mãos novamente e saiu nos puxando que nem antes.

— Vamos, irmãos!

Eu e o Jonathan olhamos um para outro com uma cara meio confusa e apenas seguimos o fluxo.

Após entrarmos no salão principal do castelo, nós ficamos pasmos. Era enorme e lindo. Havia um carpete vermelho se estendendo até o final dele, um grande lustre no teto e as janelas eram de um estilo meio gótico. Haviam guardas e empregadas circulando por toda a parte, e alguns até nos lançaram olhares desconfiados, dando a entender que nós éramos algum tipo de intrusos para eles. Mas, como estávamos sendo levados pela princesa, ninguém veio tirar satisfação e, talvez, todos acharam que nós éramos os novos amigos estranhos da Illyssa. Eu não sabia que tipo de amigos ela tinha, mas, realmente, nós devíamos ser diferentes de qualquer adolescente que já havia pisado naquele lugar.

Nós fomos andando, ainda sendo puxados pela Illyssa, e eu estava olhando as coisas ao meu redor. Era um lugar bem bonito e organizado, e beleza e organização são duas coisas que eu aprecio, apesar de serem relativas. Eu prestava atenção em todo o ambiente, até que olhei para frente e o vi, o Rei. Ele era um homem alto, tinha cabelos meio grisalhos e uma barba respeitável. Era a figura de um homem imponente. No entanto, ele não parecia usar as roupas típicas de um Rei e também não tinha uma coroa em sua cabeça, o que me deixou meio intrigado. Contudo, eu tinha certeza de que ele era o Rei.

Ele parecia estar discutindo algo com algum de seus serviçais quando nos aproximamos.

— Papai!

— Ah, você voltou, Illyssa!

Ao ouvir sua voz, fiquei um pouco surpreso pela forma que ele falou com ela. Foi em um tom bem calmo e amigável, um pouco diferente do que eu esperava. Eu não ficaria surpreso se ele fosse o homem rigoroso que eu havia imaginado no dia anterior, mas, para nossa sorte, esse não parecia ser o caso.

— Quem são seus convidados? — Ele perguntou.

— Esse aqui é o Gabriel, o garoto que me ensinou magia ontem, e esse é o Jonathan, seu irmão.

Ok, ela supervalorizou um pouco o que eu fiz por ela. Eu apenas dei algumas dicas, não diria que eu "ensinei magia" a ela.

— É um prazer lhe conhecer, senhor. — Eu e o Jonathan dissemos. Nós havíamos treinado o que falar na noite anterior.

— É um prazer conhecer vocês. — Ele disse enquanto se aproximava de nós. — Me chamo William Lancaster, mas podem me chamar de Lorde William. Minha filha falou bastante de vocês ontem, principalmente de você, Gabriel. É verdade que você conseguiu fazê-la usar a magia de fogo?

— Ah, eu apenas dei algumas dicas. O esforço dela foi o que contou mais.

— Hmm... Entendi. Bem, ela também disse que queria ser sua aluna.

— P-Pois é, ela perguntou ontem se eu poderia dar aulas à ela.

— E você aceitou?

Eu olhei rapidamente para o meu irmão e depois olhei de volta para o Rei.

— Sim. Eu aceitei.

— Ótimo! Creio que está tudo bem então!

"Só isso? Ele vai aceitar assim tão facilmente?", eu pensei.

— No entanto...

"Aha! Eu sabia! Ele não vai permitir", eu pensei de novo.

— Eu tenho uma condição para que isso aconteça.

— E qual seria essa condição, senhor? — Perguntei, confuso.

— Você terá que duelar com o atual professor de Illyssa.

— É o que?! — Eu, Jonathan e Illyssa nos espantamos e falamos isso ao mesmo tempo.

— Papai, isso é mesmo necessário?

— Sim, filha. Eu me preocupo com a sua educação, então eu preciso saber se a pessoa que vai te ensinar é realmente capaz disso.

Eu fui pego de surpresa total. Eu até entendia o lado do Rei, mas não tinha condições de eu fazer aquilo. O professor da Illyssa com certeza era um exímio mago e eu era novo demais para morrer. Eu não podia fazer aquilo de forma alguma.

— Você aceita, Gabriel? — Lorde William perguntou. — Essa é minha única condição.

Eu ia dizer não. Naquele momento, eu até estava a fim de poder ensinar a Illyssa, mas enfrentar outro mago estava fora de cogitação. Eu estava pronto para recusar, porém a Illyssa veio até mim e agarrou meu braço.

— Gabriel, você tem que aceitar! Eu sei que você pode vencer o meu professor!

— Mas, mas...

— E, além do mais, eu sinto que vou evoluir muito mais rápido com você me ensinando!

A partir daí, eu fiquei indeciso e não sabia o que fazer. Eu estava muito confuso com tudo. A Illyssa estava quase implorando para que eu aceitasse, porém eu tinha descoberto os meus poderes mágicos havia apenas dois dias e não estava pronto para um duelo.

De forma repentina, olhei para o meu irmão em busca de algum direcionamento, mas não adiantou muito.

— Não olha pra mim, mano. Isso fica por sua conta. — Jonathan deu de ombros para o dilema que eu estava enfrentando.

Então, eu olhei de volta para Illyssa.

— Por favor! — Illyssa me lançou o olhar do cachorro entristecido.

E então, eu soltei um suspiro e respondi:

— Ok, eu aceito o duelo.

— Isso! — Ela comemorou.

— Ótimo! — Lorde William disse. — Vou levá-los até o Salão de Treinamento. Por favor, sigam-me.

Eu não estava nem um pouco seguro em relação a minha resposta, mas eu não podia mais voltar atrás e o duelo ia acontecer. Eu estava torcendo para que o professor da Illyssa fosse um mago meia-boca, porém eu sabia que isso muito provavelmente estava longe de ser a realidade. Eu tinha acabado de descobrir a minha magia e já ia duelar contra alguém que, talvez, já estivesse usando magia durante anos. Eu estava bem nervoso e pensei até que tinha assinado a minha sentença.

Seguindo Lorde William, nós três fomos para o Salão de Treinamento. No caminho, ele parou para falar com uma empregada.

— Silvia, peça para o Lenny me encontrar no Salão de Treinamento.

— Sim, senhor.

Nós andamos por um bom tempo até finalmente chegarmos ao Salão. Com isso, eu tive a impressão de que o palácio todo deveria ser enorme e, assim que nós entramos no Salão de Treinamento, eu percebi que aquele local também era.

— Uau! — Jonathan ficou pasmo. — Esse lugar é enorme!

O local parecia uma quadra escolar, só que umas quatro ou cinco vezes maior. Era realmente muito grande.

— De fato. — Lorde William disse. — Eu mandei construí-lo com uma estrutura reforçada. Ele resiste a praticamente qualquer feitiço do nível Iniciante até o nível Santo.

— Incrível... — Falei.

Totalmente impressionado, eu ainda fiquei apreciando aquele lugar por um tempo até que o Lenny finalmente chegou. Ele acabou sendo um pouco diferente do que eu havia imaginado.

— Mandou me chamar, senhor?

Ele era magro, um pouco mais alto que eu, usava óculos, vestia um robe de mago e tinha um corte de cabelo esquisito. Não era a exata imagem do forte mago que eu tinha na minha mente, mas eu ainda não sabia das habilidades dele também.

— Sim. Eu quero que você duele com este garoto. — Lorde William apontou para mim.

— Posso saber o motivo?

— Ele quer ser o professor da minha filha. Se ele ganhar, permitirei isso.

— Hmm, entendi.

Lenny veio até mim. Apesar de ele não ter uma aparência intimidante, acabei tremendo um pouco.

— Prazer, meu jovem. — Ele estendeu a mão. — Me chamo Lenny York.

— Prazer. — Apertei a mão dele. — Me chamo Gabriel Hoffman.

Nos dirigimos até o centro do salão e ficamos a uma distância de mais ou menos dez metros um do outro. Eu estava muito nervoso e estava tremendo um pouco na hora. No entanto, talvez eu não fosse simplesmente morrer se perdesse. Talvez, a única coisa que iria acontecer era que eu não iria poder dar aulas a Illyssa, mas, para ser sincero, eu estava muito a fim de ser o professor dela naquele momento. Nisso tudo, a única coisa que passava pela minha cabeça era "eu tenho que vencer!".

— Podem começar!

Ao sinal de Lorde William, o duelo se iniciou. Eu comecei usando o feitiço Estaca de Pedra, mas o Lenny se defendeu de forma bem ágil.

— Barreira de Pedra!

A Barreira de Pedra era de nível Básico. Era basicamente um muro com, no máximo, dois metros de altura e uma espessura que não passava dos trinta centímetros. A minha Estaca de Pedra viajou com uma velocidade incrível, mas se despedaçou completamente na defesa do Lenny. A reação dele me surpreendeu. Ele parecia ter bons reflexos e, assim que saiu de trás da Barreira de Pedra que ergueu, resolveu atacar.

— Chamas do Nexus!

Uma onda de fogo veio em minha direção. Talvez eu pudesse desviar só com a minha movimentação, mas eu me defendi usando magia de água.

— Muro de Água!

O meu Muro de Água não foi muito grande, mas foi o suficiente. Assim que as chamas colidiram com a água, uma nuvem de vapor foi erguida. Eu estava o tempo todo tentando pensar nos meus próximos passos. Eu queria terminar o duelo o mais rápido possível e eu não parava de pensar "eu tenho que vencer!".

— Estalactites Sincelos!

O feitiço Estalactites Sincelos consistia em lançar um pequeno grupo de estalactites bem finas e afiadas no oponente. Eu tinha visto esse feitiço naquele livro de magia, mas não havia testado ainda. Para minha sorte, eu consegui lançar o feitiço. Fiz cinco estalactites que foram voando na direção do Lenny, porém ele usou magia de fogo novamente para se defender e me atacar ao mesmo tempo.

— Bola de Fogo Colossal!

Uma Bola de Fogo enorme derreteu instantaneamente os meus Estalactites Sincelos e veio até mim. Aquela Bola de Fogo devia ter mais de dois metros e a velocidade e o tamanho dela me desnortearam.

— Barreira... droga!

Eu não consegui pensar em nada para deter o feitiço do Lenny e simplesmente corri para sair da frente. O Lenny estava totalmente focado e, ao olhar para a Illyssa e para o meu irmão, vi que eles estavam apreensivos. Eu comecei a ficar nervoso, porém eu pensei pela última vez "eu tenho que vencer!" e então, eu tentei concentrar toda minha mana no meu próximo feitiço.

— Rajada... de Vento!

Assim que eu lancei o feitiço, uma enorme ventania fez o chão do Salão tremer e viajou velozmente até o Lenny. Ele tentou se defender erguendo outra Barreira de Pedra, mas minha rajada de vento foi tão forte que a barreira se quebrou e o Lenny foi jogado para longe.

Todos ficaram perplexos com o que tinha acabado de acontecer, inclusive eu. Os três que estavam assistindo começaram a bater palmas e a Illyssa e o Jonathan começaram a comemorar.

— Já acabou? — Perguntei, ainda meio confuso. — E-Eu ganhei?

— Isso foi incrível, rapaz! — Lorde William disse enquanto vinha até mim. — É raro ver alguém tão jovem ser capaz de usar magia de nível Avançado.

— Hã? — Inclinei um pouco a cabeça. — Como assim?

— O feitiço de vento que você acabou de usar foi de nível avançado, não? Acho que é Sopro de Zefir o nome, mas não sei ao certo. De qualquer forma, foi algo fantástico.

— O-Obrigado, mas eu usei o feitiço Rajada de Vento e, até onde sei, ele é de nível Iniciante.

— Bem, com todo o poder que você pôs nele, esse com certeza não foi um feitiço iniciante.

Eu ainda não tinha entendido muito bem. Eu estava muito nervoso e o feitiço Rajada de Vento foi o único que veio na minha cabeça na hora. Eu não sabia se ele iria ser o suficiente, mas decidi arriscar pondo o máximo de poder possível nele e, pelo visto, deu certo.

Lorde William foi até o Lenny, explicou tudo e agradeceu pelos seus serviços. Depois, o próprio Lenny veio até mim.

— Você é um mago formidável, devo admitir.

— Hmm, obrigado.

— Bom, creio que a princesa estará em boas mãos daqui em diante.

— Vou tentar fazer tudo o que estiver ao meu alcance para ajudá-la.

— Fico feliz de ouvir isso! Boa sorte!

No final das contas, o Lenny era um cara legal que só queria o bem da princesa. E falando nela...

— Gabriel! — Ela veio correndo e se jogou em mim. —  Aquilo foi incrível! Você vai me ensinar aquele feitiço, né?

— B-Bem, vamos com calma por enquanto.

— Ah, ok! Creio que você esteja cansado agora.

É, eu estava, e precisava de um bom descanso no momento.

— Cara, aquilo foi demais! — Jonathan disse. — Por que você não me disse que conseguia usar uma magia tão poderosa?

— Porque eu também não sabia que conseguia...

— Hã? Como assim?

— Eu não sei, eu apenas... Segui o meu instinto. Sabe?

— Sei não. Mas você venceu, é isso que importa! — Ele deu um tapa no meu ombro.

Nós, então, fomos com Lorde William para uma sala discutir como tudo ia ficar. Tudo havia dado certo. Eu venci o duelo e iria me tornar o novo professor da Illyssa, nós apenas tínhamos que acertar os termos.

— Então, Gabriel, eu já separei um quarto para você aqui. — Lorde William disse. — Quando pode começar?

— "Um quarto”? Como assim?

— Você irá morar aqui enquanto estiver ensinando a minha filha.

— Sério? Mas e o meu irmão? — Olhei para o Jonathan, que estava em pé atrás de mim. — Ele pode vir também?

— Creio que não haja problemas nisso. Ele pode vir.

— Aí sim! — Jonathan não conseguiu conter sua empolgação.

Com isso, tudo estava de acordo e nós acabamos nos mudando para o castelo de Alexandria. Foi uma mudança rápida, pois não tínhamos praticamente nada para levar. Quando vimos nosso quarto, ficamos abismados. Ele era enorme, as camas eram super confortáveis e ainda tinha um armário para nós.

— Isso é muito melhor do que aquele cubículo em que estávamos! — Jonathan se jogou em sua nova cama. — Tão macia... Isso que é vida.

— É. Isso é bom mesmo!

Aquele quarto era bem espaçoso e bem confortável. Por alguns segundos eu cheguei a me questionar se era digno de estar em um quarto como aqueles, mas logo me lembrei que eu venci um mago para conseguir aquilo. Eu tinha total direito de usufruir do meu novo quarto.

— Vocês gostaram do quarto? — Illyssa apareceu em nossa porta.

— Sim, gostamos muito! — Jonathan respondeu com um sorriso no rosto.

— Fico feliz em ouvir isso!

Eu estava distraído arrumando minha cama e ela me chamou.

— Gabriel.

— Pois não?

— Espero aprender bastantes coisas sobre magia amanhã. Hehe.

— Não se preocupe, cara aluna, você irá!

— Ótimo! Durmam bem e... Até amanhã, professor! — Com um pequeno riso, ela fechou a porta.

Eu e o Jonathan deitamos em nossas confortáveis camas. Depois de quatro dias naquele mundo, eu deixei de ser um aventureiro faz-tudo e me tornei o professor de magia de uma princesa. Eu já havia atingido um patamar mais alto do que em quinze anos no meu antigo mundo e não conseguia parar de pensar nisso.

— Nossa vida deu um grande giro hoje, não foi? — Deitado com as mãos em baixo de sua cabeça, Jonathan perguntou.

— Verdade... Mas foi um giro bem legal até.

— Digo o mesmo. Boa noite!

— Boa noite!

Eu apaguei a luz e nós dormimos.

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