O carro seguia pela estrada em velocidade constante, cortando a paisagem turca que desaparecia no horizonte. O clima dentro do veículo estava silencioso, mas carregado. Minha mãe observava a paisagem pela janela, enquanto meu pai, Nikolayev, mantinha os olhos à frente, com sua postura sempre rígida, as mãos firmes no volante.
— Eu irei para a Itália com os Mansur — anunciei, quebrando o silêncio. — Julio não vai parar enquanto não tiver o que quer. E eu não pretendo deixá-lo tentar mais uma vez.
Meu pai desviou os olhos da estrada por um segundo para me encarar. Ele não pareceu surpreso.
— Você vai matá-lo.
Não era uma pergunta.
— Vou garantir que ele nunca mais ameace Aylla — confirmei.
Ele assentiu lentamente, como se estivesse processando a informação, calculando tudo que poderia acontecer a partir disso. Então, respirou fundo e disse:
— E o que você quer que eu faça enquanto isso?
— Cuide de tudo na nossa casa. Quero que acompanhe qualquer movimentação estranha. Se alguém ousar aproveitar essa situação para se virar contra nós, quero que seja eliminado antes mesmo de tentar.
Nikolayev sorriu de canto.
— Como sempre, direto ao ponto. Você tem minha palavra. Nada sairá do controle.
Minha mãe, que até então estava em silêncio, virou-se para mim, seu olhar carregado de preocupação.
— Você precisa voltar inteiro, Andrei.
Meus olhos encontraram os dela, e eu sabia o que sua preocupação realmente significava. Não era só sobre a guerra. Não era só sobre os riscos.
— Eu volto. — Minha voz saiu firme. — cuide com minha sogra por ligação dos detalhes do casamento.
O carro desacelerou ao se aproximarmos do hangar privado. No lado oposto da pista, Antony Mansur e Cassandra já estavam à espera, junto de Aylla. Eu os observei à distância enquanto descíamos do carro.
Meu pai virou-se para mim, pousando uma mão firme no meu ombro.
— Faça o que for necessário.
Eu apenas assenti.
Eva me puxou para um abraço breve, mas intenso.
— Cuide-se.
Soltei o ar devagar antes de me afastar e seguir em direção ao jato.
Aylla estava parada ao lado dos pais, os braços cruzados, o olhar atento em mim. Quando cheguei perto, ela apenas arqueou uma sobrancelha.
— Demorou.
— Sempre vale a pena esperar pelo melhor — retruquei, um sorriso discreto puxando meus lábios.
Ela revirou os olhos, mas não conteve o canto da boca que se ergueu levemente.
Subimos no jato juntos, e enquanto as turbinas ganhavam força, eu olhei uma última vez pela janela.
A Turquia ficaria para trás por enquanto.
A Itália nos esperava. E Julio não viveria para contar a história.
O jato cortava os céus, deixando para trás as terras turcas. O interior era espaçoso e luxuoso, como tudo que envolvia os Mansur. Aylla estava sentada ao meu lado, mexendo distraidamente no anel que usava no indicador.
Antony recostou-se na poltrona à frente e cruzou os braços, olhando para mim com a expressão séria de sempre.
— Você precisa de um lugar para ficar na Itália. Posso providenciar um loft de luxo para você no centro.
Antes que eu pudesse responder, Cassandra soltou uma risada baixa e balançou a cabeça.
— Loft? Que bobagem, Antony. Ele vai ficar conosco. Quero hospedar o futuro genro da casa.
Levantei a sobrancelha, interessado na ideia. Mas Antony negou na hora.
— Nem pensar. Isso seria o mesmo que dizer para ele comer o bolo antes da festa.
Aylla arregalou os olhos antes de soltar uma gargalhada alta.
— Pai! — Ela riu mais, balançando a cabeça. — Nós não vamos fazer isso!
Cruzei os braços, fingindo estar profundamente ofendido.
— Estou chocado com essa insinuação.
Ela ainda ria quando olhei para Antony com seriedade.
— Nunca desrespeitaria Aylla, nem a casa de vocês.
Antony me avaliou por um instante antes de assentir, satisfeito com minha resposta.
— Então fica resolvido. Você pode ficar no complexo. Mas em uma casa de hóspedes.
Aylla bufou.
— Pai…
Ele ergueu uma sobrancelha, desafiador.
— Isso é mais do que meus irmãos Lorenzo e Cesare jamais fariam.
Ela o olhou por um momento antes de sorrir, balançando a cabeça.
— É por isso que eu te amo tanto.
Antony sorriu satisfeito.
— E você aceita meus termos?
— Sim, aceito.
Soltei um suspiro discreto, divertido com a negociação deles. Por fim, nos acomodamos nos assentos, e o jato seguiu sua rota para a Itália.
Aylla recostou-se no assento ao meu lado, mordendo o lábio enquanto olhava pela janela do jato. Ela estava inquieta.
— Odeio admitir isso — disse baixinho, sem me olhar.
Virei-me um pouco, analisando-a.
— Admitir o quê?
Ela suspirou.
— Que tenho medo.
Minha expressão suavizou. Peguei sua mão e a entrelacei na minha, sentindo seus dedos se fecharem nos meus com firmeza.
— É normal.
Ela bufou, irritada consigo mesma.
— Eu sou uma Mansur. Fui criada para ser protegida, mas quero ser forte.
Acariciei suas costas devagar, tentando tranquilizá-la.
— O medo não é fraqueza, Aylla. E você é uma mulher. Deus fez vocês assim, mais delicadas, mais frágeis. Não significa que precisam apenas de proteção, mas que é normal, às vezes, depender de alguém que te ama.
Ela me olhou, sua expressão indecifrável.
— Você não me acha fraca por isso?
Soltei um riso baixo, negando com a cabeça.
— Você? Fraca? Nem se quisesse. Mas sabe o que vai me deixar muito mais tranquilo?
Ela ergueu a sobrancelha.
— O quê?
— Saber que, na Rússia, você será diferente.
Ela franziu o cenho.
— Diferente como?
Inclinei-me um pouco, olhando-a com intensidade.
— Não vai ficar em casa tricotando ou fazendo fofoca com as esposas dos soldados.
Aylla soltou uma risada baixa.
— Claro que não.
Passei um dedo por sua bochecha, aproveitando sua atenção fixa em mim.
— Quero que todos entendam que você não é qualquer uma.
Ela sorriu, balançando a cabeça.
— Então quer que eu ande por aí com uma coroa na cabeça?
Soltei uma risada baixa e puxei-a para mais perto, roçando os lábios na sua têmpora.
— Não precisa. Só o jeito como você anda já deixa claro que nasceu para ser rainha.
Ela ficou em silêncio por um instante, depois apertou minha mão mais forte.
— E você nasceu para ser o homem ao meu lado.
Sorri.
— Exatamente.
Ficamos ali, conversando e trocando provocações até que o piloto anunciou que pousaríamos em breve. A Itália nos esperava. E nossa luta também.
O que nos esperava lá era algo que eu ainda não sabia. Mas uma coisa era certa: Julio não teria tempo para planejar sua fuga.
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Atualizado até capítulo 55
Comments
Aldeir Rodrigues
mais ➕️ ➕️ ➕️ autora maravilhosa a história parabéns
2025-03-27
0
marlene cardoso dos santos
Vamos pegar esse Júlio Andrei.
2025-04-02
0
Andrea Freire
Eita que agora Júlio vai se ferrar
2025-03-28
0