Uma ameaça.

A volta para a Rússia foi algo que me tirava o foco de tudo ao meu redor. A distância que agora separava Aylla de mim só aumentava o desejo de tê-la ao meu lado. Sabia que não seria possível ainda. Não agora. Mas eu queria arrancá-la da Itália, longe de todos os perigos, longe de tudo o que a ameaçava. A verdade é que o tempo, por mais que fosse o nosso aliado, parecia um inimigo cada vez mais presente. Não conseguia ficar tranquilo enquanto ela não estivesse aqui, ao meu lado.

— Aylla, Andrei... ela tem algo especial, você sabe? Uma aura diferente. Não é como aquelas mulheres fúteis que encontramos em outras famílias. Ela tem um charme natural, algo que não pode ser comprado. E sua educação, o modo como se comporta... ela é uma verdadeira dama. Eu vejo algo nela que me faz acreditar que ela será uma grande aliada.

Eu a observei por mais um tempo, sentindo uma pressão crescente no peito, algo mais forte que qualquer impulso que eu já tivesse sentido. Quando finalmente respondi a minha mãe, minha voz era calma, mas com um toque de firmeza.

— Eu sei, mãe. Ela é diferente, não é? Não somente pela sua beleza ou pela sua educação. Há algo nela... algo que me atrai de maneira que eu não posso ignorar. Mas o que me impressiona mais é a força dela. Vejo isso nos olhos dela. Ela não é fraca. Ela não será facilmente dobrada.

Minha mãe sorriu, e seus olhos brilharam com aprovação. Ela sabia do que eu estava falando. Ela também sentia que Aylla não era apenas mais uma mulher. Havia algo de profundo nela que não podia ser simplesmente descartado.

— Você está certo, meu filho. Não é só sobre beleza ou educação. Aylla é forte. E vejo que ela tem uma coragem que muitas mulheres em sua posição não teriam. Ela será uma excelente parceira para você, Andrei.

Enquanto ela falava, continuei observando as fotos de Aylla, meu pensamento ainda preso na mulher que, sem que eu soubesse direito, já estava dominando meus pensamentos e ações. Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que havia riscos, e minha mãe, como sempre, me conhecia o suficiente para perceber a tensão em meu silêncio.

Ela deu um passo à frente, interrompendo meus pensamentos.

— Não pense em riscos agora, filho. Pense no que Aylla representa. Você sabe o que é melhor para você.

Eu a encarei por um momento, respondendo com um sorriso discreto. A tensão e os desafios seriam inevitáveis, mas, quando se tratava de Aylla, eu sabia que nada mais importava. Ela seria minha, e eu faria tudo o que fosse necessário para mantê-la segura e ao meu lado.

E mesmo enquanto olhava para aquelas fotos, o que mais me consumia era o desejo de tê-la aqui, de tê-la em minha vida de uma forma que nenhum risco ou ameaça poderia impedir.

— Seis meses — murmurei para meu pai. A ansiedade estava começando a se tornar mais difícil de segurar. — Seis meses serão os mais difíceis.

Ele apenas assentiu com um leve aceno, sua expressão imperturbável.

— Se você acabar com os riscos antes do tempo, podemos encurtar isso.

Eu sabia que ele tinha razão. A pressão era grande, mas eu tinha algo maior em mente do que apenas eliminar as ameaças. Eu queria que Aylla estivesse segura, e não somente por agora, mas para sempre. O risco não desapareceria em um dia, mas eu não iria ceder até ter o controle total sobre a situação.

Quando chegamos em casa, fui imediatamente chamado por meu subchefe. A conversa sobre o casamento, como sempre, não foi nada fácil. Quando ele soube sobre minha decisão de me casar com Aylla, sua reação foi imediata, com aquele tom de desprezo que sempre me fazia querer explodir.

— Você vai se casar com uma mulher italiana? — Nikolai perguntou, o riso em sua voz como se a ideia fosse ridícula. — Você não acha que vai ser difícil? Não vai ser bem aceito, Andrei. Você vai colocar uma mulher estrangeira aqui dentro, Andrei? Não sabe o que está fazendo. Não vai ser respeitada entre nós. Ela será vista como uma frágil novidade, algo para os outros rirem.

Eu o encarei com um olhar gelado, minha voz baixa e firme.

— Ninguém tem o poder de decidir além de mim, e a decisão foi tomada.

Ele parou por um momento, sem entender bem o tom da minha resposta, mas logo retomou a postura, tentando me desafiar.

— Você pode ser filho do grande Nikolayev, mas uma mulher italiana não será aceita aqui, não sou o único aqui que pensa assim.

A tensão na sala aumentou. Eu sabia que a opinião dele não mudaria, mas a minha já estava decidida. Não importava o que qualquer um dissesse. Aylla seria minha, e ninguém teria o poder de interferir em minha decisão.

Minhas palavras saíram cortantes, sem qualquer dúvida em minha voz.

— Não importa o que você ou qualquer outro pensem, Nikolai. Aylla será minha. Ela será a minha rainha. E ninguém, absolutamente ninguém, vai impedir isso.

O silêncio que seguiu foi denso, mas não me importei. Eu sabia que quem tentasse me impedir morreria, ele só bufou e não ousou me responder.

Com a voz calma, mas sem esconder a autoridade que carregava, eu disse:

— Nikolai, você deve respeito a mim, a todos aqui, e especialmente a Aylla. Se você continuar com essa conversa, tanto você quanto qualquer um que ouse falar sobre ela de forma desrespeitosa, não verá mais o sol nascer. — Eu não precisava elevar a voz, as palavras já estavam claras o suficiente.

Ele me encarou, o olhar tenso, e por um momento parecia que ele ia protestar. No entanto, o peso da ameaça nas minhas palavras finalmente atingiu-o, e, com uma expressão raivosa, ele levantou e se virou, indo embora sem mais nada a dizer. A porta se fechou com um estrondo, deixando o ambiente pesado, mas o silêncio depois da sua saída foi quase reconfortante.

Minha mãe, que havia ficado quieta até aquele momento, me olhou com uma mistura de preocupação e aprovação. Ela sabia o quanto essa situação poderia ter se complicado, mas eu havia feito o necessário para garantir que ninguém, nem mesmo Nikolai, tentasse interferir no que estava decidido.

Eu olhei para ela e disse com firmeza:

— As coisas de Nikolai devem ser retiradas da mansão imediatamente. Ele cruzou a linha e essa ameaça à Aylla não será tolerada. Se qualquer outro homem se atrever a dizer o que ele disse, não haverá mais lugar para ele aqui nem em lugar algum.

Ela acenou com a cabeça, compreendendo a gravidade do que havia ocorrido. Não havia mais espaço para discussões, apenas para seguir em frente. Eu estava disposto a lutar para garantir que a aliança com Aylla fosse selada e que ninguém ousasse minar isso. O futuro estava traçado, e nada ou ninguém iria desviar minha determinação.

Naquele momento, eu sabia que minha decisão estava mais forte do que nunca. Aylla seria minha, e ninguém, nem mesmo Nikolai, impediria isso.

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