Oficializando o noivado.

A festa estava acontecendo ao nosso redor, mas, por um instante, o mundo se resumiu a uma única visão: Aylla .

Ela estava deslumbrante. Seu vestido, ousado na medida certa, abraçava suas curvas e deixava clara sua essência indomável. Era uma peça turca, cheia de detalhes, que combinava com seu espírito livre e audacioso. O tecido fluía conforme ela se movia, como se obedecesse ao comando natural do seu corpo. Os cabelos estavam presos de uma forma que destacava seu pescoço e a pele macia que eu ansiava por tocar.

Eu queria.

Queria agora.

E, pelo olhar que ela me lançou por cima do ombro, sabia que ela também queria a mim.

Mas a noite ainda estava somente começando.

Recebemos muitas palavras amigas dos turcos presentes, desejos sinceros de felicidade e prosperidade. Alguns apertos de mão firme, outros tapinhas no ombro, brindes erguidos para saudar nosso compromisso.

E então, veio o momento das homenagens.

Me preparei e falei:

— Desde o primeiro momento em que você vi, eu sabia que você era diferente. Você tem o espírito mais livre que já conheci, a coragem que desafia qualquer limite e a luz que ilumina até os cantos mais escuros da minha vida. Eu te admiro antes mesmo de entender que te amava.

Os olhos dela se encheram de lágrimas, e eu apertei levemente suas mãos, continuando:

— Aylla, eu sou um homem que aprendeu a lutar antes de amar, que conheceu a dor antes do afeto. Mas você… você reescreveu minha história. Com você, aprendi que o amor não enfraquece, ele fortalece. Que se entregar a alguém não é perder-se, mas encontrar-se.

Vi um sorriso tremendo em seus lábios, e senti meu próprio peito apertado.

— Prometo ser seu porto seguro, mesmo quando as tempestades vierem. Prometo te proteger, te apoiar e, acima de tudo, caminhar ao seu lado, nunca à sua frente, porque você nasceu para voar, e eu estarei sempre aqui para te acompanhar.

Passei os dedos pelo rosto dela, secando uma lágrima solitária que escorreu por sua bochecha.

— Você é minha tempestade e minha calmaria, minha loucura e minha paz. E eu não quero, nem poderia, viver sem você. Prometo te amar, hoje, amanhã e em todos os dias que nos primeiros dados.

A emoção nos envolveu, e naquele instante, eu soube com cada fibra do meu ser: ela era minha. E eu era dela. Para sempre.

Os avós de Aylla, Eymen e Yasmin, se aproximaram primeiro. Falavam em turco, suas transmissões de emoção e tradição.

— Allah size huzur, bolluk ve uzun bir ömür versin. — Que Alá lhes concedeu paz, abundância e uma vida longa.

— Kalbiniz her zaman aynı ritimde atsın ve yollarınız aydınlık olsun. — Que seus corações batam sempre no mesmo ritmo e seus caminhos sejam iluminados.

O peso daquelas palavras ancestrais me atingiram como uma onda quente. O amor deles pela neta e a aceitação por mim eram claros em cada sílaba.

Cassandra e Antony foram os próximos, trazendo a herança italiana.

— L'amore che vi lega sia eterno come il tempo, forte come la roccia e dolce come il miele. — Que o amor que os une seja eterno como o tempo, forte como a rocha e doce como o mel.

— Che la vita vi riservi solo gioia e che possiate costruire una familia su basi solide. — Que a vida lhes traga somente alegria e que possam construir uma família sobre bases sólidas.

E, por fim, meus pais Nikolayev e Eva, trazendo a tradição russa.

— Пусть ваш союз будет крепким, как узы, созданные самой судьбой. — Que sua união seja forte como os laços criados pelo próprio destino.

— Наполненных любовью e ponиманием. — Desejamos a vocês muitos anos juntos, cheios de amor e compreensão.

Seguro a mão de Aylla enquanto ouvia todas aquelas bançãos. Ela estava emocionada, e eu senti meu peito expandir com a certeza de que nunca, em toda a minha vida, tive algo tão valioso quanto ela.

E então, veio a dança e ela trocou de roupa me deixando maluco.

Aylla se moveu e começou a se movimentar ao som da música turca. Era uma dança sensual e cheia de significados, com gestos que conheciam mais do que palavras. Seus quadris se moviam no ritmo da batida, os braços erguiam-se com moda e os olhos nunca saíram dos meus.

Ela estava me provocando e cada homem nos olhando.

Cada passo parecia calculado para me deixar ainda mais inquieto, mais desesperado para tomá-la em meus braços e arrastá-la para um canto qualquer. Meu maxilar travou, minhas mãos se fecharam em punhos, e tive que lembrar que havia quantidade de homens e mulheres nos observando.

Mas, Deus… como ela esperava que eu me segurasse?

Assim que a música terminou, e ela veio em minha direção, aplausos explodiram ao redor. Mas tudo o que eu vi foi Aylla. Seu corpo quente e levemente ofegante ao se sentar ao meu lado.

— Você quer me matar, não é? — murmurei contra sua pele.

Ela sorriu, inocente. Falsa inocência.

— Foi só uma dança, Andrei.

Eu ri com a voz rouca.

— Você sabe muito bem o que fez.

Ela piscou, divertida, mas depois sua expressão suavizou. Nossos olhos se encontraram, e, naquele instante, eu descobri que sim, já amava ela.

— Eu tenho certeza, Aylla — falei, minha voz carregada de emoção. — Eu amo você.

O sorriso dela foi genuíno, carregado de sentimentos.

— Esses três meses serão os mais difíceis da minha vida — confessou — Mas eu anseio pelo “sim”.

Segurei seu rosto entre as mãos e pressionei um beijo em sua testa.

— Eu daria o mundo para não ter que esperar…

Ela suspirou, encostando a cabeça no meu ombro.

E ali ficamos, no meio da festa, com todas as vitórias sobre nós e o coração transbordando de amor.

A noite estava no auge, a festa pulsava ao nosso redor, mas tudo o que importava para mim era Aylla.

A música mudou, o ritmo ficou mais profundo, mais carregado de emoção e desejo. Eu não tive escolha—ou talvez tivesse tido, mas nenhuma que não envolvesse segui-la até o centro da pista.

Aylla sorria de lado, aquele sorriso travesso que me fez perder o juízo, e retrocedeu um passo, me chamou sem palavras. O brilho nos olhos dela me desafiava, me convidava a entrar em seu jogo.

Eu entrei.

Minhas mãos buscaram sua cintura enquanto ela se movia lentamente ao som da música. A melodia carregava um misto de paixão e intensidade, e cada toque, cada deslizamento dos nossos corpos fazia uma atmosfera entre nós se incendiar.

Ela virou de costas para mim, o corpo alinhado ao meu, e eu deslizei as mãos por seus braços, descendo até sua cintura. O aroma dela—uma mistura de jasmim e especiarias—entorpecia meus sentidos.

Aylla se afastou por um segundo, somente para girar e voltar para mim, nossos rostos tão próximos que meu coração martelava no peito.

— Isso não é justo — murmurei, os olhos cravados nos dela.

Ela riu, deslizando as mãos pelo meu peito antes de entrelaçar nossos dedos e me puxar para um movimento mais rápido, sem nunca quebrar o contato visual.

A batida forte da música fazia ecoar o que sentíamos. Cada passo que dávamos juntos era uma promessa silenciosa, cada giro, um desafio, cada toque, uma confissão sem palavras.

Eu a girei de novo, desta vez segurando firme sua cintura e trazendo contra mim em um só movimento. O calor entre nós se intensificou, os olhares prendiam mais do que qualquer corrente.

— Você gosta de me torturar, não é? — minha voz saiu rouca, mal reconhecível.

Aylla mordeu os lábios com as bochechas vermelhas, e balançou a cabeça lentamente.

— Gosto de dançar com você.

Aquilo me fez sorrir.

— Ah, minha Aylla …então é assim que chama agora?

Ela não respondeu, apenas deslizou os dedos pela minha nuca e me deixou para mais perto, nossos corpos se moveram juntos como se tivéssemos ensaiados essa dança a vida inteira.

O resto da festa desapareceu. Não havia mais convidados, música alta ou olhares curiosos. Havia apenas nós .

E eu sabia, naquele momento, que esperar mil anos seria preciso para tê-la como minha esposa.

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