Uma longa espera.

Eu deveria estar assustada. Ou hesitante. Mas, na verdade, havia algo dentro de mim que me fazia sentir bem com a ideia de casar com Andrei Nikolayev. Era inesperado, mas a conversa na varanda apenas reforçou o que eu já intuía: ele não era como os outros. Não era um homem que esperava obediência cega ou que me subestimava. Ele me queria pelo que eu era, não pelo que poderia me moldar a ser.

E havia o desejo.

Era quase palpável, como eletricidade no ar quando ele estava perto. Seu olhar, seu tom de voz, até a forma como se movia... tudo nele era envolvente. Eu queria conhecê-lo mais, testar essa conexão e entender até onde aquilo iria.

Respirei fundo antes de voltarmos para o escritório. Assim que cruzamos a porta, senti os olhares femininos recaírem sobre mim. Minha mãe, Giulia, Alana, Rafa e até mesmo Eva, minha futura sogra, pareciam já saber o que havia sido decidido.

— Parabéns, Aylla! — Belinda foi a primeira a falar, me puxando para um abraço.

Alana piscou para mim, com um sorriso travesso.

— Nunca imaginei você casando tão cedo, mas se for com um russo perigoso e lindo, apoio completamente.

— Isso se ela conseguir domar a fera — Rafa brincou, olhando de Andrei para mim com divertimento.

— Eu não preciso domá-lo Rafa — respondi, com um sorriso de canto. — Preciso apenas o acompanhar.

Elas riram, mas o olhar que Andrei lançou para mim mostrou que ele entendeu a profundidade do que eu quis dizer.

Então, antes que qualquer um pudesse dizer mais alguma coisa, ele segurou minha mão e, diante de todos, deslizou um anel em meu dedo anelar.

Meus olhos foram imediatamente para a joia. Era uma peça magnífica, de ouro branco, com uma pedra escura no centro. Elegante, poderosa e, de alguma forma, exatamente o que eu escolheria.

Levantei o olhar para ele, arqueando uma sobrancelha.

— Como sabia que eu aceitaria? Veio com uma joia já? E se eu recusasse?

Andrei sorriu, aquele sorriso cheio de confiança e provocação.

— Sabia que você não resistiria ao meu charme.

Revirei os olhos, mas não pude conter o pequeno sorriso que escapou. Ele era atrevido, e eu gostava disso.

Meu pai se aproximou então, ao lado de Nikolayev. Havia respeito em seus olhares, mas também a firmeza que dois homens poderosos sempre carregavam em uma negociação desse porte.

— Vocês se casarão em alguns meses — meu pai anunciou, e percebi que não era um pedido. Era uma ordem.

Andrei não pareceu surpreso, mas vi a tensão em sua postura.

— Quero levá-la antes disso, podemos casar em dois meses — ele disse, sua voz firme, mas sem arrogância.

Meu pai negou com um movimento de cabeça.

— Antes de sentir segurança na Rússia, minha filha não sairá daqui, seis meses no mínimo.

Andrei cerrou o maxilar por um instante, antes de soltar o ar devagar.

— Eu a levarei em segurança, Antony.

— Só quando eu souber que não há perigo. Além disso, Aylla precisa terminar seu treinamento.

Virei o rosto para Andrei, esperando sua reação. Eu sabia que ele não gostava da palavra "meses", mas, no fim, ele apenas assentiu lentamente.

— Que seja — disse, sua voz carregada de algo que eu ainda não conseguia decifrar.

Mas, naquela noite, enquanto conversávamos mais na varanda, sozinhos outra vez, percebi que talvez ele tivesse gostado da ideia de me ter por perto por mais tempo, mesmo que à distância.

E eu, para minha surpresa, gostava da ideia de que ele me esperaria.

Mais tarde na varanda, a noite se estendia silenciosa ao nosso redor, mas entre nós dois, a tensão era quase tangível. O vento frio da madrugada roçava minha pele, mas a presença dele à minha frente era fogo puro. Andrei me observava com atenção, os olhos azuis sombrios e intensos, como se quisesse me decifrar por inteiro.

— Você pode esperar, Andrei — murmurei, cruzando os braços. — Será uma boa prova de fogo né.

Ele inclinou a cabeça, avaliando minhas palavras.

— Prova de fogo?

Assenti.

— Eu sei que você pode me proteger, mas os riscos não vão desaparecer de um minuto para o outro só porque você quer. Eu não sou ingênua.

Seus lábios se curvaram em um sorriso leve, quase como se apreciasse minha resposta.

— Então o que pretende fazer até lá?

Respirei fundo antes de responder.

— Vou terminar meu curso.

Seus olhos estreitaram ligeiramente.

— Curso?

Sorri já prevendo sua reação.

— Sim. Eu estudo estratégia e inteligência tática.

Dessa vez, seu sorriso se alargou, satisfeito.

— Isso combina com você.

— Eu sei — pisquei para ele. — Sou ótima nisso.

Andrei riu baixo, aquele som rouco e tentador. Ele se aproximou mais um passo, invadindo o meu espaço, me fazendo sentir o calor de seu corpo, a força contida em sua presença.

— Anseio pelo momento em que tomarei seu corpo por completo, Aylla — ele murmurou, os olhos fixos nos meus, cheios de promessas.

Mordi o lábio, um arrepio percorrendo minha espinha. O desejo pulsava no ar entre nós, mas não recuei.

— Podemos nos distrair até lá — provoquei, deslizando os dedos pelo seu braço. — Talvez com algumas fotos ousadas...

Seus olhos brilharam com algo sombrio, mas ele negou de imediato.

— Nem pense nisso.

Arqueei a sobrancelha.

— Ou?

Ele avançou de vez, seu corpo colado ao meu, seu rosto tão próximo que eu podia sentir sua respiração quente.

— Uma foto sua... só sua... me faria matar alguém.

Meu coração disparou, e por um instante, achei que ele fosse me beijar. Mas quando fiz menção de me afastar, apenas para provocá-lo, ele segurou minha cintura com firmeza e me puxou de volta.

Meu protesto se perdeu quando seus lábios tomaram os meus.

O beijo foi quente, intenso, carregado de um desejo bruto e inegável. Ele me segurava como se quisesse me marcar, me possuir ali mesmo. Minha respiração falhou quando suas mãos apertaram minha cintura, seu corpo pressionando o meu contra a grade da varanda. Beijei-o de volta com igual fervor, sem medo, sem hesitação.

Quando finalmente nos afastamos, ambos ofegantes, nossos olhos se encontraram e algo foi selado ali, sem precisar de palavras.

Eu já era dele. E ele, meu.

O tempo até o casamento seria apenas um detalhe.

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