A madrinha de Sn era uma mulher de aparência acolhedora, com um sorriso gentil e olhos que carregavam a sabedoria dos anos. Ela observava o jeito como Sn olhava para Zen, e como Zen, mesmo tentando manter a postura fria, não conseguia desviar o olhar de Sn.
Com um gesto educado, ela os convidou para entrar.
— Não fiquem aí parados na porta. Entrem, por favor. — Ela disse, abrindo mais o espaço para que Zen e Ji So pudessem passar.
O ambiente era aconchegante, o cheiro de café recém-passado e bolo caseiro preenchia a casa. Ji So, sempre educado, fez uma leve reverência e entrou, enquanto Zen permaneceu um instante na porta, analisando o local.
Sn cruzou os braços e bufou baixinho. Ele não precisava vir até ali, não precisava complicar mais sua vida.
Mas, no fundo, o coração dela estava em completo caos.
A madrinha foi até a cozinha e, em poucos minutos, colocou uma bandeja sobre a mesa da sala com fatias de bolo e xícaras de café quente.
— Por favor, fiquem à vontade. — Ela sorriu, servindo as bebidas.
Zen, educado como sempre, pegou a xícara com uma leve inclinação de cabeça em agradecimento. Ele ainda não dizia uma palavra, apenas observava Sn.
A madrinha sentou-se à frente dele e sorriu com gentileza.
— E então, posso saber o motivo de sua vinda ao Brasil, Zen?
Sn sentiu seu corpo enrijecer. Ela também queria saber isso.
Zen colocou a xícara sobre a mesa com calma e olhou diretamente para Sn.
— Vim buscar minha esposa.
O silêncio que se seguiu foi avassalador.
Sn sentiu o rosto esquentar.
O quê?!
A madrinha olhou para Sn, depois para Zen, e arqueou uma sobrancelha com curiosidade.
— Oh… esposa? Então é verdade? — Ela olhou para Sn, esperando uma resposta.
Sn engoliu em seco.
Ela sabia que o contrato de casamento com Zen não era real, mas a forma como ele disse aquilo… soou real.
— Não sou sua esposa de verdade, Zen. — Sn disse, apertando os punhos.
Zen se recostou na cadeira, observando cada reação dela.
— Você quer que eu desminta isso na frente da sua madrinha? — Ele perguntou, sua voz baixa e desafiadora.
Sn fechou os olhos por um segundo e bufou. Zen era um inferno na vida dela.
A madrinha riu baixinho.
— Vocês dois parecem aqueles casais de novela mexicana.
Ji So, que estava tentando se manter neutro, soltou um riso contido.
Sn olhou para Zen com raiva.
— Você não pode simplesmente aparecer e agir como se nada tivesse acontecido! Você me rejeitou, Zen. Você me fez sofrer!
Zen ficou em silêncio por um instante, depois disse:
— E agora eu estou aqui.
Sn sentiu um nó na garganta. Ele sempre fazia isso. Ele sempre jogava palavras curtas, mas que a deixavam sem resposta.
A madrinha bateu as mãos uma na outra, atraindo a atenção deles.
— Bom, independentemente do que aconteceu entre vocês, vocês vieram de longe. Fiquem aqui essa noite.
Sn arregalou os olhos.
— O quê?! Não!
Zen, por outro lado, sorriu de canto.
— Aceitamos a oferta.
Sn quis gritar. Era o inferno na Terra.
Ela não tinha mais para onde fugir.
A madrinha de Sn olhou diretamente para Zen e Ji So e sorriu levemente antes de falar algo em coreano.
Sn franziu a testa. Ela não fazia ideia do que estava sendo dito.
Zen manteve sua expressão fria, mas Ji So piscou algumas vezes, surpreso com o que ouviu.
Sn cruzou os braços.
— O que vocês estão falando? — Ela perguntou, tentando não demonstrar impaciência.
Zen desviou o olhar, levando a xícara de café aos lábios, como se não tivesse ouvido a pergunta.
Ji So, por outro lado, parecia um pouco nervoso.
— Ahn… bem…
Antes que ele terminasse, a madrinha sorriu e olhou para Sn.
— Nada demais, minha querida.
Sn semicerrou os olhos. Ela não era boba. Algo estava acontecendo.
— Eu conheço você, madrinha. Você nunca fala outro idioma sem motivo. — Ela acusou.
A madrinha apenas riu.
Zen, então, colocou a xícara sobre a mesa e se levantou lentamente. Ele olhou para Sn de cima, seus olhos intensos como sempre.
— Você não precisa saber agora.
Sn sentiu o sangue ferver.
— Eu exijo saber!
Zen inclinou a cabeça, um sorriso de canto surgindo em seus lábios.
— Então aprenda coreano.
Sn ficou boquiaberta.
Ji So arregalou os olhos, tentando segurar o riso.
A madrinha apenas sorriu de forma misteriosa, como se estivesse guardando um grande segredo.
Sn, no entanto, sabia que algo importante havia sido dito. E ela não descansaria até descobrir o que era.
Era madrugada quando Sn, ainda intrigada, decidiu ir até o quarto onde Zen e Ji So estavam hospedados.
Ela bateu na porta de Ji So primeiro. O secretário demorou alguns segundos para abrir, esfregando os olhos de sono.
— Sn? O que foi? — Ele perguntou, bocejando.
— Quero saber o que minha madrinha falou com vocês em coreano.
Ji So ficou tenso.
— Eu... eu não sei se deveria—
Antes que ele pudesse terminar, Sn já estava batendo na porta de Zen.
A porta se abriu lentamente, revelando o CEO em pé, com a camisa meio aberta e o cabelo bagunçado.
Seu olhar frio e penetrante encontrou o de Sn.
— Você nunca dorme, Sn?
Ela cruzou os braços.
— Não até você me dizer o que minha madrinha falou.
Zen suspirou e se afastou, deixando espaço para ela entrar no quarto.
Ji So hesitou, mas seguiu Sn para dentro.
Zen fechou a porta atrás deles e se encostou na parede, os braços cruzados.
— Por que isso te importa tanto?
— Porque era sobre mim!
Ji So olhou para Zen, esperando sua reação.
Zen ficou em silêncio por alguns segundos, então finalmente respondeu, com sua voz baixa e firme:
— Sua madrinha disse que já sabia quem eu era antes mesmo de me conhecer pessoalmente.
Sn franziu a testa.
— Como assim?
Ji So respirou fundo e completou:
— Ela disse que seu destino e o de Zen já estavam entrelaçados há muito tempo.
O silêncio preencheu o quarto.
Sn sentiu um arrepio subir pela espinha.
— Isso não faz sentido…
Zen finalmente se afastou da parede e se aproximou lentamente de Sn, olhando-a de cima.
— Ainda quer saber o resto?
Ela engoliu em seco.
Ele sorriu de lado.
— Então aprenda coreano.
Sn cerrou os punhos.
— VOCÊ TÁ DE BRINCADEIRA COMIGO, NÉ?!
Ji So se segurou para não rir, mas Sn já estava irritada demais para notar.
Ela apontou um dedo para Zen.
— Você vai me contar, nem que eu tenha que arrancar essa informação de você!
Zen apenas riu baixinho, como se se divertisse com a fúria dela.
Sn não sabia o que sua madrinha queria dizer, mas algo lhe dizia que sua vida nunca mais seria a mesma depois daquela noite.
Sn cruzou os braços, encarando Zen com raiva.
— Eu não vou sair daqui até você me contar o que minha madrinha disse!
Zen arqueou uma sobrancelha e sorriu de lado.
— Então vai ter que passar a noite aqui, porque eu só conto se você me beijar.
O coração de Sn deu um pulo.
— O QUÊ?!
Ji So, que estava escorado na parede, riu e disse algo em coreano para Zen.
Zen riu baixinho e respondeu no mesmo idioma.
Sn, já sem paciência, gritou:
— PAREM DE FALAR EM COREANO!
Ji So tentou segurar o riso, mas Zen apenas olhou para ela com aquele olhar frio e calculista.
— E se eu não quiser parar?
Sn bufou e se aproximou dele.
— Zen, para de ser infantil e me conta logo!
Ele inclinou a cabeça, analisando-a.
— Eu sou infantil? Ou você que está desesperada para saber a verdade?
Sn cerrou os punhos.
— VOCÊ—
Antes que ela pudesse terminar, Zen segurou o queixo dela delicadamente e se aproximou.
— Quer tanto saber, Sn? — Ele sussurrou. — Então venha buscar a resposta.
Ji So prendeu a respiração, esperando para ver o que Sn faria.
Ela olhou para os olhos frios de Zen, seu rosto tão próximo do dela.
O quarto estava tomado por tensão.
Sn sentiu o coração disparar. Ela não queria ceder.
Mas também não conseguia ignorar o fato de que, no fundo, ela queria beijá-lo.
Sn fechou os olhos e, sem pensar muito, beijou Zen.
Foi um beijo rápido, mas intenso. Seu coração batia tão forte que ela sentia que ia explodir.
Quando se afastou, Zen a observava com um olhar enigmático, um pequeno sorriso no canto dos lábios.
— Pronto. Agora me conta! — Sn exigiu, ainda sentindo as bochechas queimando.
Ji So deu risada, cruzando os braços.
— Ela realmente fez isso. Impressionante.
Zen suspirou e olhou para Sn.
— Minha querida esposa de aluguel, você realmente queria tanto saber assim?
Sn cerrando os olhos, resmungou:
— ZEN!
Ele riu de leve e finalmente respondeu:
— Sua madrinha me perguntou quais são as minhas intenções com você.
Sn piscou, confusa.
— O quê?
Ji So completou:
— Ela queria saber se Zen realmente te ama ou se você é apenas um "contrato" na vida dele.
Sn ficou totalmente em choque.
— E o que você respondeu?
Zen se inclinou em sua direção, ficando perigosamente próximo novamente.
— Isso… você vai ter que descobrir sozinha.
Sn ficou de boca aberta, indignada.
— ZEN!!
Ji So riu mais ainda, se divertindo com a situação.
Agora, Sn estava mais confusa do que nunca.
O que Zen realmente sentia por ela?
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 69
Comments