Antes de irem embora, Zen parou diante do pai. O silêncio entre os dois era carregado de algo que Sn não conseguia decifrar.
O senhor Kang, no entanto, não olhou para o filho.
Em vez disso, virou-se para Sn e sorriu levemente.
— Venha cá, minha filha.
Sn arregalou os olhos.
— Eu?
Ele assentiu e, então, tirou um pequeno estojo de veludo do bolso.
Sn ficou curiosa, mas sua surpresa foi ainda maior quando o senhor Kang abriu o estojo e revelou um colar delicado e elegante.
O pingente era uma pequena joia azul, brilhante como o céu ao amanhecer.
— Este colar pertenceu à minha falecida esposa. Quero que fique com ele.
Zen arregalou levemente os olhos.
— Pai…
Mas o senhor Kang não deu ouvidos ao filho.
— Venha, deixe-me colocá-lo em você.
Sn sentiu o coração acelerar. Aquilo… não era algo pequeno.
Receber uma joia tão importante de alguém como o senhor Kang significava muito mais do que simples aceitação.
Ela se inclinou levemente, permitindo que ele colocasse o colar ao redor de seu pescoço.
O toque do metal gelado fez Sn se arrepiar.
Quando o senhor Kang terminou, ele tocou de leve o pingente e sorriu, como se estivesse se lembrando de algo distante.
— Ficou perfeito.
Sn não sabia o que dizer.
Ela olhou para Zen, esperando alguma reação, mas ele estava com o olhar preso ao colar.
Naquele momento, ele lembrou-se de sua mãe usando aquela joia.
De repente, o passado parecia muito mais próximo do que deveria.
Zen franziu as sobrancelhas, desviando o olhar.
— Precisamos ir.
O senhor Kang apenas assentiu.
Quando Sn se virou para se despedir, o homem segurou suavemente seu braço e a puxou para um abraço rápido.
— Seja feliz, minha filha.
Zen esticou levemente os dedos, como se estivesse prestes a intervir… mas então parou.
Ele não sabia o que sentia ao ver aquela cena.
Quando finalmente saíram e entraram no carro, o silêncio entre os dois era quase sufocante.
Sn segurou o colar e sorriu de leve.
— O seu pai é… muito diferente de você.
Zen manteve os olhos na estrada, mas sua voz saiu mais baixa do que o normal:
— Você não sabe nada sobre ele.
Sn percebeu que tocou em algo delicado.
Mas, em vez de recuar, ela sorriu de canto.
— Aposto que ele pensaria o mesmo sobre você.
Zen não respondeu.
Mas, ao desviar o olhar rapidamente para Sn e ver o colar brilhar em seu pescoço, ele sentiu algo que não queria admitir.
Talvez… aquele contrato estivesse saindo do controle.
O clima no carro estava pesado.
Sn encarava Zen, tentando entender por que ele estava tão estranho desde que saíram da mansão do pai dele.
— Zen… o que tá acontecendo?
Ele apertou o volante com força, o maxilar travado, os olhos fixos na estrada.
Então, do nada, ele bateu a mão no volante com força.
— Sai do carro, Sn.
Sn arregalou os olhos.
— O quê?!
Zen soltou um suspiro irritado e repetiu, agora mais frio:
— Sai.
Mas Sn não se moveu.
— Eu não vou sair até você me dizer o que tá acontecendo!
Zen respirou fundo, tentando se controlar.
— Esse colar…
Sn tocou a joia no pescoço, confusa.
— O que tem ele?
Zen fechou os olhos por um segundo antes de encará-la com um olhar intenso e carregado de emoções que ele tentava esconder.
— Esse era o colar favorito da minha mãe.
Sn sentiu o coração apertar.
— Sua mãe…
— Ela faleceu há muito tempo.
O silêncio tomou conta do carro.
Sn não sabia o que dizer.
A única coisa que conseguia pensar era… por que o pai de Zen deu o colar para ela, então?
— Seu pai… ele nunca te contou onde estava esse colar?
Zen riu sem humor.
— Não. Eu pensei que tivesse sido enterrado com ela.
Sn sentiu um arrepio na espinha.
Agora entendia por que ele estava tão abalado.
Zen não queria mostrar que aquilo o afetava, mas era óbvio que estava mexendo com ele.
Ela respirou fundo e disse, com a voz mais suave:
— Eu posso devolver…
Zen negou com a cabeça, desviando o olhar.
— Não. Agora já está com você.
Sn mordeu o lábio, sem saber o que fazer.
Ele estava tão fechado, tão frio… mas seus olhos diziam mais do que ele gostaria.
Ela sabia que, naquele momento, Zen não queria discutir mais.
Então, apenas suspirou e abriu a porta do carro, saindo lentamente.
Antes de fechar, olhou para ele mais uma vez.
— Zen… você não precisa carregar tudo sozinho.
Ele não respondeu.
Sn apenas fechou a porta e começou a caminhar para o hotel.
Zen ficou ali por alguns segundos, em silêncio.
Então, socou o volante mais uma vez, frustrado.
Esse casamento de mentira… estava mexendo com ele mais do que deveria.
Sn caminhava pela estrada, sentindo as primeiras gotas de chuva caírem sobre sua pele.
Ela olhou para trás, vendo as luzes vermelhas do carro de Zen sumirem na escuridão da noite.
O coração dela apertou.
— Idiota… — sussurrou para si mesma.
O vento frio bagunçava seus cabelos, e a chuva começou a engrossar.
Sn abraçou o próprio corpo, tremendo um pouco.
— Ótimo. Agora vou pegar um resfriado!
Ela suspirou, olhando para o céu nublado.
— E eu nem sei pra onde ir…
Enquanto isso, em outro lugar da cidade…
Zen segurava o celular com força.
Ele já estava em seu apartamento, sentado no sofá, olhando para a tela, irritado consigo mesmo.
Sua mente não parava de pensar naquela cena.
Sn sozinha na estrada, debaixo da chuva.
Ele passou a mão pelos cabelos, soltando um suspiro pesado.
— Droga…
Finalmente, pegou o telefone e discou um número.
— Vá buscar a Sn. Agora.
Seu secretário não questionou.
— Sim, senhor.
Zen desligou e jogou o celular no sofá.
Ele tentava ignorar aquela sensação incômoda dentro de si, mas era impossível.
Por que ele simplesmente não conseguia ignorar aquela garota atrapalhada e teimosa?
De volta à estrada…
Sn estava encharcada.
A chuva caía com força, e cada passo seu fazia barulho na poça d’água.
— Eu sou muito azarada mesmo! — reclamou, esfregando os braços para tentar se aquecer.
Então, de repente, faróis iluminaram seu caminho.
Ela se virou e viu um carro preto parando ao seu lado.
A janela se abaixou e o secretário de Zen apareceu.
— Senhorita Sn, entre no carro.
Sn arqueou uma sobrancelha.
— Quem mandou você aqui?
— O senhor Zen.
Ela piscou, surpresa.
— Ele… mandou você me buscar?
O secretário apenas assentiu.
Sn sentiu algo esquentar dentro dela, mas apenas cruzou os braços e virou o rosto.
— Diga a ele que eu posso muito bem encontrar o caminho sozinha.
O secretário soltou um suspiro.
— O senhor Zen já imaginou que você diria isso. Ele pediu para avisar que, se você não entrar no carro agora, ele virá pessoalmente buscar você.
Sn arregalou os olhos.
Ela conseguia imaginar a cena.
Zen aparecendo irritado, brigando com ela no meio da chuva…
E, para piorar, ele estaria certo.
Ela bufou e entrou no carro.
Enquanto o veículo começava a andar, Sn olhou pela janela, mordendo o lábio.
— Idiota… — murmurou baixinho.
Mas, no fundo, seu coração bateu um pouco mais forte.
Sn chegou à mansão de Zen completamente encharcada.
Quando desceu do carro, abraçou o próprio corpo, tremendo de frio.
O secretário a guiou até a entrada, onde uma empregada abriu a porta rapidamente.
— Senhorita Sn, por favor, venha se aquecer.
Sn passou pela porta, sentindo o calor da casa envolver seu corpo.
A mansão era impressionante.
O hall de entrada tinha lustres enormes, móveis sofisticados e uma escadaria imponente.
Mas Sn não teve tempo de admirar os detalhes.
Porque, no meio da sala, Zen estava de pé, esperando por ela.
Ele tinha os braços cruzados, a expressão séria e fria.
Sn bufou e colocou as mãos na cintura.
— Então, mandou me buscar, mas nem tem a decência de perguntar se eu estou bem?
Zen arqueou uma sobrancelha.
— Você está bem?
Sn estreitou os olhos.
— Agora não vale mais!
Ele revirou os olhos e suspirou.
— Vá tomar um banho quente antes que fique doente.
Sn levantou o queixo, teimosa.
— Eu ia mesmo, não precisava da sua ordem, Senhor Frio!
Zen apenas ignorou a provocação.
— O seu quarto está pronto. A empregada vai te mostrar onde fica.
Sn arqueou a sobrancelha.
— Espera… vou dormir aqui?!
— Sim.
— Mas eu tenho um hotel!
Zen se aproximou, a encarando de cima.
— E quem é o dono do hotel?
Sn piscou algumas vezes.
— Droga…
Zen sorriu de canto, satisfeito.
— Agora vá para o quarto. Você já deu trabalho demais por hoje.
Sn bufou, mas subiu as escadas, seguindo a empregada.
Quando entrou no quarto, ficou boquiaberta.
Era enorme, com uma cama macia, um closet gigantesco e até uma banheira luxuosa.
Sn se jogou na cama, exausta.
Mas, antes de dormir, ficou encarando o colar em seu pescoço.
Ela ainda não entendia o que Zen realmente sentia por aquele colar…
Mas algo dentro dela dizia que esse casamento falso estava ficando cada vez mais complicado.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 69
Comments