Sn estava deitada na cama, ainda sentindo frio por causa da chuva.
Seus pensamentos estavam confusos desde que chegou à mansão.
Foi então que alguém bateu na porta.
TOC, TOC.
— Senhorita Sn, aqui está seu jantar.
Era Ji So, o secretário de Zen.
Sn se sentou devagar e caminhou até a porta, abrindo-a.
O cheiro da comida fez seu estômago roncar, mas ela não queria admitir.
— Obrigada, Ji So.
Ele assentiu, mas não saiu imediatamente.
Em vez disso, olhou para ela com curiosidade.
— Qual o motivo da briga entre você e o senhor Zen?
Sn suspirou, pegando a bandeja e voltando para a cama.
Ji So a observava, esperando uma resposta.
Finalmente, Sn encarou o colar em seu pescoço e disse:
— Foi por causa disso…
Ji So estreitou os olhos.
— O colar da mãe do senhor Zen?
Sn assentiu, pegando a comida e brincando com os hashis.
— O pai dele me deu… e ele surtou quando viu.
Ji So soltou um suspiro baixo, cruzando os braços.
— Então foi isso…
Sn levantou o olhar.
— Você sabe de alguma coisa?
Ele hesitou por um momento, mas depois respondeu:
— A mãe do senhor Zen era uma mulher muito importante para ele. Quando ela faleceu, ele nunca mais foi o mesmo.
Sn engoliu em seco.
— O pai dele nunca contou onde estava esse colar?
Ji So balançou a cabeça.
— Não. O senhor Zen sempre achou que o colar tivesse sido enterrado junto com ela.
Sn sentiu um arrepio.
— Então por que o pai dele me deu?
Ji So deu um pequeno sorriso.
— Talvez ele veja algo especial em você.
Sn corou levemente e desviou o olhar.
— Eu só sei que agora Zen me odeia mais do que antes.
Ji So riu baixo.
— O senhor Zen não odeia você.
Sn arqueou uma sobrancelha.
— Ele me mandou sair do carro no meio da estrada debaixo da chuva!
Ji So sorriu de canto.
— E depois me mandou buscar você.
Sn ficou sem palavras.
Ela não queria admitir, mas algo dentro dela sentia que Zen não era tão frio quanto parecia.
Ele só estava escondendo algo.
E Sn estava começando a querer descobrir o que era.
Sn ficou pensativa com as palavras de Ji So.
— Zen não odeia você…
Ela bufou e empurrou a comida com os hashis.
— Isso não significa nada. Ele só não queria ter trabalho comigo.
Ji So sorriu de leve.
— Se fosse só isso, ele teria deixado você lá.
Sn revirou os olhos.
— Tanto faz. Eu só quero dormir e esquecer esse dia horrível.
Ji So assentiu.
— Certo. Boa noite, senhorita Sn.
Ele se virou para sair, mas Sn o chamou antes que ele fechasse a porta.
— Ji So…
Ele parou e olhou para ela.
— O que mais você sabe sobre a mãe do Zen?
Ji So ficou em silêncio por alguns segundos, depois suspirou.
— O senhor Zen nunca fala sobre ela. Mas sei que ele a amava muito.
Sn franziu a testa.
— Então por que o pai dele me deu o colar dela?
Ji So sorriu de lado.
— Talvez ele veja algo em você que nem o próprio Zen consegue enxergar.
Sn sentiu um arrepio.
Ela não sabia explicar, mas algo parecia estranho.
Depois que Ji So saiu, Sn deitou na cama e segurou o colar com os dedos.
Ela se lembrava do olhar de Zen quando viu a joia em seu pescoço.
Ele não ficou apenas irritado… ele ficou machucado.
Sn suspirou, fechando os olhos.
— Esse casamento de mentira está ficando mais complicado do que eu imaginava…
E, sem perceber, adormeceu com o colar ainda entre os dedos.
Enquanto isso, no escritório de Zen…
Zen estava sentado em sua cadeira de couro, olhando para um copo de uísque sobre a mesa.
Ele não conseguia parar de pensar no colar.
Nos olhos de Sn quando ela perguntou por que ele estava daquele jeito.
Ele fechou os olhos, respirando fundo.
Então, pegou o celular e enviou uma mensagem para Ji So:
"Descubra por que meu pai deu aquele colar para Sn."
Depois, largou o celular na mesa, se encostou na cadeira e fechou os olhos.
Ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que encarar esse passado.
E, de algum jeito, Sn estava no meio disso.
Ji So chegou na casa do pai de Zen tarde da noite.
A mansão era tão grandiosa quanto a de Zen, mas tinha um ar mais acolhedor.
Quando entrou, viu o pai de Zen sentado em uma poltrona, enquanto alguns empregados organizavam o ambiente.
Ji So se curvou respeitosamente.
— Senhor, me perdoe por incomodá-lo a essa hora.
O pai de Zen sorriu levemente.
— Ji So, sempre tão educado. O que aconteceu?
Ji So respirou fundo antes de responder.
— O senhor Zen quer saber… por que o senhor deu o colar da senhora para Sn?
O pai de Zen ficou em silêncio por um momento.
Ele então sorriu, mas seu olhar parecia distante.
— Eu já esperava que ele reagisse dessa forma.
Ji So se manteve firme, esperando a resposta.
— Esse colar era muito importante para a sua esposa, senhor. Ele sempre achou que tivesse sido enterrado com ela.
O pai de Zen soltou um suspiro leve.
— Eu nunca tive coragem de enterrá-lo. O colar era o que minha esposa mais amava… e eu não queria deixá-lo embaixo da terra.
Ji So assentiu, compreendendo.
— Mas por que a senhorita Sn?
O pai de Zen sorriu de lado e pegou uma xícara de chá.
— Porque ela me lembra minha esposa.
Ji So arregalou os olhos.
— Como assim?
O pai de Zen tomou um gole do chá antes de continuar.
— A maneira como ela fala, como ela se atrapalha, como ela tenta enfrentar o Zen sem medo… Minha esposa também era assim.
Ji So ficou surpreso.
— Mas o senhor sabia que isso causaria um impacto forte no Zen.
O pai de Zen soltou uma risada leve.
— É exatamente por isso que eu fiz isso.
Ji So franziu a testa.
— O senhor queria que ele lembrasse da mãe?
O pai de Zen olhou para a lareira, onde havia uma foto de sua falecida esposa.
— Meu filho se fechou depois da morte dela. Ele precisa entender que o passado não pode controlá-lo para sempre.
Ji So ficou em silêncio por alguns instantes.
Ele começava a entender.
Sn não foi escolhida por acaso.
O pai de Zen queria que ela fosse a pessoa que o ajudaria a mudar.
Mas o problema era…
Será que Zen aceitaria isso?
Ji So se despediu educadamente e tirou um pequeno doce do bolso, entregando-o ao pai de Zen.
— Aqui, senhor. Um presente. Sei que gosta desses doces.
O pai de Zen sorriu ao pegar o doce.
— Você sempre atento, Ji So. Obrigado.
Ji So se curvou respeitosamente.
— Até logo, senhor.
Ele então saiu da casa e entrou no carro, voltando direto para a empresa de Zen.
No escritório de Zen…
Era tarde quando Ji So chegou à empresa.
Ele caminhou diretamente para a sala de Zen, batendo na porta antes de entrar.
Zen estava sentado atrás da mesa, trabalhando, mas sua expressão fechada mostrava que estava impaciente.
Sem levantar os olhos, ele disse friamente:
— Fale.
Ji So respirou fundo e contou tudo.
Sobre como o pai de Zen nunca quis enterrar o colar, sobre como Sn lembrava sua falecida esposa e como ele queria que Zen enfrentasse o passado.
Zen ficou completamente em silêncio.
Seus dedos se fecharam em punho sobre a mesa.
Seu olhar, antes impassível, agora estava cheio de pensamentos conflitantes.
Depois de alguns segundos, ele se recostou na cadeira e suspirou.
— Então… essa é a razão.
Ji So assentiu.
— O senhor está bem?
Zen ficou alguns segundos sem responder.
Depois, se levantou, pegando o paletó.
— Eu vou ver Sn.
Ji So levantou uma sobrancelha, surpreso.
— Agora?
Zen olhou para ele com frieza.
— Tem algum problema?
Ji So sorriu de leve.
— Nenhum, senhor.
Zen passou por ele e saiu da sala.
Seu coração estava acelerado.
Ele não sabia exatamente o que ia dizer para Sn…
Mas sabia que não podia mais ignorá-la.
Zen ficou parado, olhando para Ji So, absorvendo suas palavras.
— Minha mãe… era como Sn?
Ele franziu a testa, sua expressão ficando ainda mais séria.
— Isso não faz sentido.
Ji So manteve a calma.
— Seu pai disse que, quando eram jovens, sua mãe era tão atrapalhada quanto a Sn. Foi assim que eles se conheceram.
Zen desviou o olhar, como se tentasse se lembrar.
— Eu… nunca soube disso.
Ji So assentiu.
— Seu pai também disse que, quando viu a Sn, sentiu como se estivesse vendo sua esposa novamente. Por isso, deu o colar para ela.
Zen apertou o maxilar.
— Isso não muda nada.
Ji So sorriu de canto.
— Não? Então por que o senhor parece tão abalado?
Zen ficou em silêncio.
Ele sabia que Ji So estava certo. Algo dentro dele estava inquieto desde que viu aquele colar no pescoço de Sn.
Ele fechou os olhos por um instante.
Quando abriu novamente, seu olhar estava determinado.
— Vou vê-la.
Ji So arqueou a sobrancelha.
— Para dizer o quê?
Zen pegou a chave do carro e saiu da sala sem responder.
Seu coração estava acelerado.
Ele não sabia exatamente o que diria para Sn…
Mas sabia que não poderia mais ignorá-la.
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Atualizado até capítulo 69
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