O som das folhas secas sendo arrastadas pelo vento era a única coisa que se ouvia naquela manhã de outono. Aoi caminhava pela trilha do parque, com o vento frio acariciando seu rosto. Ela não sabia exatamente o que a havia trazido até ali, mas sentia uma pressão no peito, como se o destino estivesse se aproximando de uma encruzilhada que ela não poderia evitar. Seu coração estava pesado, como se algo estivesse prestes a se romper, embora ela ainda não entendesse completamente o motivo.
Souta estava esperando por ela no banco de sempre, debaixo da grande árvore que havia testemunhado tantos encontros e conversas ao longo dos meses. Quando ela o viu, seu coração deu um salto. Ele estava olhando para o horizonte, com uma expressão pensativa que ela conhecia muito bem. Mas algo em seu semblante parecia diferente. Aoi percebeu que havia algo de sombrio em seus olhos, algo que ela não conseguia compreender.
Ela se aproximou lentamente, sentindo seu próprio corpo hesitar. Algo estava no ar, uma tensão que não conseguia definir, mas que a fazia se sentir como se estivesse prestes a perder algo precioso.
— Souta… — chamou ela, sua voz um pouco trêmula.
Souta virou-se para ela, e ao olhar para seus olhos, Aoi sentiu uma dor profunda no peito. Ele parecia mais distante do que nunca. Não era como ele, não era como eles. A separação que ela temia, mas que nunca imaginou ser real, parecia iminente.
— Aoi, precisamos conversar — disse ele, sua voz suave, mas carregada de um peso que ela não conseguia compreender.
Aoi se sentou ao lado dele, sentindo uma estranha sensação de déjà vu. Como se já tivesse vivido aquele momento antes, como se já tivesse experimentado essa dor. O vento assobiava entre as árvores, como se a natureza também soubesse que algo estava prestes a mudar.
— O que aconteceu, Souta? — Ela perguntou, seu olhar penetrante tentando encontrar respostas nos olhos dele. — Por que você está tão distante?
Ele suspirou, olhando para as folhas caídas aos seus pés, como se elas contivessem a chave para o que ele precisava dizer.
— Aoi, eu… — ele hesitou, o olhar dele se desviando, e ela percebeu que ele estava lutando com suas palavras. — Algo aconteceu no meu trabalho. Eles precisam que eu me mude para Tóquio. É uma oportunidade única, e eu… não posso recusar.
O mundo de Aoi pareceu parar por um momento. As palavras dele soaram como um choque, uma descarga elétrica que a deixou paralisada. Tóquio? Ele iria se afastar? A separação que ela temia, aquela que ela sentia nas profundezas de seu ser, estava prestes a se tornar realidade. E ela não sabia como lidar com isso.
— Você… vai para Tóquio? — Ela perguntou, sua voz mais fraca do que ela gostaria de admitir.
Souta assentiu lentamente, o olhar triste, como se ele já soubesse o que estava prestes a acontecer, mas não pudesse evitar.
— Eu… não queria que fosse assim, Aoi. Eu… eu queria que as coisas fossem diferentes. Eu queria que a vida nos desse mais tempo, mais oportunidades. Mas, às vezes, precisamos tomar decisões difíceis.
Aoi sentiu como se uma onda de gelo tivesse se espalhado por seu corpo. Ele estava certo. Às vezes, as coisas não acontecem como esperamos. O tempo e o destino nunca são moldáveis. Eles eram como dois rios que haviam se cruzado por um breve momento e agora estavam se separando, fluindo para direções diferentes.
Ela não conseguia encontrar as palavras certas para expressar o turbilhão de emoções que a invadiam. Ela queria gritar, queria correr atrás dele e implorar para que ele ficasse, mas ela sabia que isso não resolveria nada. O que estava acontecendo era real, e ela precisava enfrentar isso, mesmo que seu coração estivesse despedaçado.
— Você vai… mesmo? — Ela perguntou, sua voz quase um suspiro.
Souta se virou para ela, e seus olhos estavam cheios de arrependimento. Ele queria fazer algo, mudar as circunstâncias, mas não podia.
— Eu… eu não sei o que dizer, Aoi. Não sei o que fazer. Isso está me destruindo também. Eu… — ele se interrompeu, tomando um longo fôlego antes de continuar. — Eu sinto muito. Eu realmente sinto.
Aoi sentiu um aperto na garganta, e as lágrimas começaram a se formar, mas ela as conteve. Não queria parecer fraca diante dele. Não agora, não quando a decisão já estava tomada. Mas a dor era insuportável. Ele estava indo embora, e ela não sabia como viver sem ele.
— Souta, eu… eu não sei o que fazer. Eu não posso imaginar minha vida sem você. — Ela disse, sua voz quase inaudível.
Ele estendeu a mão e tocou o rosto dela, como se tentasse dar algum consolo, algum conforto, mas ele também estava quebrado por dentro. Eles sabiam que, por mais que quisessem, o destino os estava separando. Era algo que estava além do controle deles.
— Aoi, por favor, entenda. Eu te amo, mas essa é uma oportunidade que pode mudar a minha vida para sempre. Eu… — ele começou a falar, mas ela o interrompeu, não porque não o entendesse, mas porque ela também sabia que esse não era o fim. Não ainda.
— Eu sei, Souta. Eu sei. Eu também te amo. Mas o que eu não sei é como seguir em frente com essa dor dentro de mim. Eu não sei como viver sem você ao meu lado.
Eles se olharam em silêncio por um longo momento, as palavras não ditas flutuando entre eles como um véu invisível. Aoi sabia que essa separação era inevitável, mas a dor que ela sentia agora era algo que ela nunca poderia ter previsto. O vazio que se instalava em seu peito era mais profundo do que qualquer coisa que ela já havia experimentado.
Souta levantou-se lentamente, seus olhos fixos em Aoi, e ela sabia que esse seria o último olhar que ele lhe daria antes de partir.
— Aoi, eu nunca vou esquecer você. Nunca. — ele disse, sua voz carregada de emoção. — Se o destino permitir, talvez nos reencontremos em algum outro momento, em algum outro lugar.
Ela assentiu lentamente, sabendo que ele tinha razão. Talvez o destino fosse cruel, mas ela ainda acreditava que, de alguma forma, suas almas estavam ligadas, mesmo que o tempo e a distância as separassem.
— Eu vou esperar por você, Souta. Sempre.
Com essas palavras, ele se virou e começou a caminhar para longe. Aoi ficou ali, sozinha, sentindo o vento frio acariciar seu rosto, sentindo como se o mundo inteiro tivesse desmoronado ao seu redor. Mas no fundo, ela sabia que, embora a separação fosse impossível de evitar, o amor deles nunca seria esquecido.
E, quem sabe, em um outro lugar, em um outro tempo, seus caminhos se cruzariam novamente.
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Atualizado até capítulo 20
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