Aoi caminhava pela biblioteca, perdida entre os corredores silenciosos repletos de livros antigos. O ar, denso de conhecimento e histórias esquecidas, sempre a fascinava. Mas hoje, havia algo diferente. Talvez fosse o frio que começava a se espalhar pelo ambiente, ou talvez fosse a sensação estranha que a acompanhava desde que encontrou aquele livro raro. Algo no fundo de sua mente dizia que havia mais ali, algo que ela ainda não compreendia totalmente.
Ela parou diante de uma prateleira antiga, onde os livros estavam empoeirados e guardavam segredos de outros tempos. Seus dedos deslizaram por eles, até que um volume encadernado em couro escuro chamou sua atenção. O título estava apagado, mas a capa, desgastada pelo tempo, parecia familiar de alguma forma.
Curiosa, Aoi retirou o livro da prateleira. Ao abri-lo, um pedaço de papel amarelado caiu sobre o chão. Era um pedaço de pergaminho, como se tivesse sido cuidadosamente guardado ali por muitos anos. Ela pegou o papel, seus olhos fixando as palavras escritas com uma caligrafia antiga e delicada.
"Para Aoi, que atravessou as estações comigo. Que a primavera nos encontre de novo, mesmo que as flores tenham murchado."
Aoi leu as palavras várias vezes, um frio inexplicável percorrendo sua espinha. O nome Aoi era raro, mas ela não podia negar a conexão. Era como se aquelas palavras tivessem sido escritas para ela, embora estivessem ali, antigas e empoeiradas, aparentemente de uma outra vida.
Com o coração acelerado, ela continuou lendo. O poema falava sobre a beleza efêmera das flores, a passagem do tempo e o desejo de reencontrar uma pessoa amada, não importa quanto tempo passasse. Mas o mais estranho era o nome assinado no final: *Souta*. O mesmo nome de seu amigo, de seu companheiro de jornada.
Aoi sentiu um nó apertar em seu estômago. Como isso era possível? Como poderia existir alguém com o mesmo nome de Souta, alguém que viveu há cem anos, e que aparentemente escreveu um poema dirigido a ela, ou à sua alma, ou àquele nome? As palavras pareciam ecoar em seu coração, criando um vácuo de confusão e curiosidade.
Ela sentou-se na mesa da biblioteca, o poema diante de si, tentando entender o que estava acontecendo. A sensação de déjà vu que a tomava não era mais apenas uma sensação vaga; agora, ela sentia como se houvesse uma conexão inegável entre ela e aquela pessoa de outro tempo. Mas quem era esse Souta? E o que ele tinha a ver com o Souta que ela conhecia, com o homem que caminhava ao seu lado nos dias de hoje?
Ela olhou novamente para o livro, suas mãos tremendo ligeiramente enquanto ela folheava as páginas amareladas. No final do livro, havia uma dedicatória, e ao lê-la, seus olhos se arregalaram em surpresa:
"Para Aoi, que sempre foi minha musa, minha lembrança e minha esperança. Eu, Souta, te prometo que, mesmo através do véu do tempo, estaremos sempre unidos."
Aoi sentiu uma onda de emoção a envolver. Era como se o passado e o presente se entrelaçassem de forma inexplicável. As palavras não faziam sentido, mas ao mesmo tempo, pareciam completamente naturais para ela, como se tivesse ouvido aquela promessa em algum lugar, em alguma outra vida.
Ela levantou-se, o livro ainda nas mãos, e saiu rapidamente da biblioteca. A noite caía sobre a cidade, mas o céu parecia mais claro do que nunca. O vento suave soprava pelas ruas vazias, e Aoi sentia uma necessidade urgente de encontrar Souta. Ele tinha que saber sobre isso. Ele precisava entender o que estava acontecendo, assim como ela.
Ela caminhou pelas ruas até a casa dele, o pensamento em sua mente a empurrando para frente. Quando chegou à porta, hesitou por um momento. O que ela diria? Como explicaria a sensação de que o passado estava tentando se conectar com o presente? E o que ele acharia dessa estranha coincidência? Mas a curiosidade a consumia, e ela sabia que não poderia esperar mais.
Bateu na porta com pressa, e logo Souta apareceu, surpreso ao vê-la.
— Aoi? O que aconteceu? — ele perguntou, olhando para o livro que ela segurava com firmeza nas mãos.
— Eu encontrei algo — respondeu ela, sua voz trêmula. — Algo que não posso ignorar. Você tem que ver isso.
Ela entrou rapidamente na casa, sentando-se ao lado dele no sofá. Aoi entregou o livro a Souta, seus olhos fixando-o com uma intensidade que ele não conseguia entender. Ele abriu as páginas lentamente, lendo as palavras escritas com aquela caligrafia antiga. A cada frase, seu rosto ia ficando mais pálido, até que, finalmente, ele chegou à última página, onde o poema estava.
Souta leu em silêncio, sua respiração ficando mais pesada à medida que ele assimilava as palavras. Quando terminou, ele fechou o livro, as mãos agora tremendo como as de Aoi momentos antes.
— O que significa isso? — ele perguntou, a voz rouca, quase inaudível.
Aoi olhou para ele, seus olhos inundados de perguntas. Ela não sabia como explicar, mas a conexão que sentia agora era inegável. O poema, as palavras, o nome... tudo apontava para uma verdade que eles ainda não conseguiam compreender completamente.
— Eu... eu não sei — disse Aoi, com um suspiro. — Mas sinto que isso está ligado a nós. De alguma forma, essa história que se passa há cem anos está se repetindo. É como se tivéssemos vivido isso antes, e agora estamos tentando lembrar.
Souta a olhou com um misto de confusão e medo. Ele queria acreditar, mas a ideia de vidas passadas e promessas antigas parecia algo distante demais. No entanto, ele sentia algo em seu coração, algo que o fazia questionar sua própria realidade.
— Mas como isso é possível? Como podemos ter vivido isso antes? — ele perguntou, sua voz cheia de incerteza.
Aoi não sabia responder. Ela também estava perdida. Mas havia algo em seu interior que dizia que as respostas estavam mais próximas do que pareciam. Talvez o que eles precisassem fosse apenas dar um passo à frente, juntos, para descobrir a verdade.
— Eu não sei — disse ela, sua voz suave. — Mas, de alguma forma, sinto que este é o nosso destino. Um destino que nos conecta de maneiras que ainda não entendemos. E talvez, apenas talvez, se nós dois acreditarmos, conseguiremos descobrir o que realmente aconteceu.
Souta a olhou nos olhos, e pela primeira vez, algo dentro dele se acendeu. A sensação de conexão era real, e ele sabia que não poderia mais ignorá-la. Juntos, eles começariam a desvendar o mistério do poema, da promessa não cumprida, e de tudo o que ligava suas almas.
Talvez, ao explorar o passado, eles encontrassem a resposta que tanto buscavam. E, talvez, o reencontro das suas almas fosse mais do que uma coincidência.
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Atualizado até capítulo 20
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