O ar havia mudado. O calor suave do verão começava a dar lugar a uma brisa fresca que soprava suavemente, trazendo consigo a promessa de um novo ciclo. O outono estava chegando, e com ele, o som das folhas secas dançando no chão. As árvores, que antes estavam cheias de vida verde, agora exibiam tons dourados e vermelhos, como se o mundo estivesse se preparando para uma nova etapa.
Souta e Aoi caminhavam lentamente pela trilha que agora os guiava de volta à cidade. A paisagem ao redor parecia ter se transformado, refletindo o que acontecia dentro deles. O laço que os unia, já forte e evidente, se tornava ainda mais inquebrantável à medida que os dias passavam.
Aoi estendeu a mão, tocando uma folha que caía suavemente de uma árvore próxima. Ela observou a folha por um momento, sentindo o toque macio de sua superfície antes de deixá-la cair em suas palmas abertas.
— O outono sempre me faz pensar sobre o que deixamos para trás… e o que ainda nos aguarda — disse Aoi, a voz tranquila, como se estivesse compartilhando uma reflexão profunda. — As folhas caem, mas não são perdidas. Elas fazem parte do ciclo, da renovação. Acho que, de certa forma, isso acontece conosco também, não é?
Souta olhou para ela, seus olhos acompanhando a folha que descia suavemente até o chão. Ele se aproximou dela, colocando a mão sobre a sua, como se quisesse, de alguma forma, marcar aquele momento.
— Eu costumava ver o outono como um tempo de despedidas, mas agora, ao seu lado, vejo que é, na verdade, um tempo de novos começos — disse Souta, com a voz firme, mas carregada de emoção. Ele se afastou um pouco, mas não soltou a mão de Aoi. — Você me ensinou que o que deixamos para trás, as perdas e os erros, não definem o que somos agora. Somos feitos do que escolhemos ser. E eu escolho estar com você.
Aoi sorriu suavemente, sentindo um calor invadir seu peito. Ela olhou para Souta, suas palavras tocando sua alma de uma forma que ela não sabia como expressar. A cada dia, ela sentia mais que ele não era apenas uma parte de sua vida, mas uma parte de sua essência, de algo que ela sempre buscou sem saber. Ele era a resposta para uma pergunta que ela havia carregado por tantas vidas.
— Eu sinto o mesmo, Souta. E, de alguma forma, eu sinto que este outono… este é o nosso outono, o nosso tempo — disse ela, as palavras fluindo de sua boca com uma clareza que ela nunca imaginara possível. Ela apertou a mão dele, sentindo a conexão mais forte do que nunca. — Eu sei que não estamos apenas começando uma jornada, mas que estamos cumprindo algo que já começamos há muito tempo, algo que veio de outras vidas, de outros momentos.
Souta olhou para Aoi, os olhos brilhando com uma compreensão silenciosa. Eles estavam em um ponto onde o passado e o futuro se encontravam, e juntos, eram a ponte que conectava tudo o que eles haviam sido e tudo o que ainda seriam.
— Às vezes, sinto como se o tempo fosse uma linha contínua, Aoi. Não importa quantas vezes nos separamos, o destino sempre nos une de novo — disse ele, com um sorriso tranquilo. — E eu sei que, enquanto estivermos juntos, nunca mais nos perderemos.
Aoi sorriu, seu coração acelerando com as palavras de Souta. Ela nunca havia imaginado que poderia encontrar alguém que falasse tão profundamente ao seu ser, alguém que a entendesse de uma maneira tão completa.
Juntos, eles pararam no meio da trilha, cercados pelas cores do outono. As folhas que caíam ao redor deles pareciam dançar, como se quisessem celebrar o que estava acontecendo entre os dois. O vento passou suavemente, acariciando seus rostos, e, por um momento, tudo ao redor deles se silenciou, como se o mundo inteiro estivesse aguardando o próximo passo daquela história que estava sendo escrita, lentamente, um dia de cada vez.
— O que você acha? — perguntou Aoi, sua voz cheia de suavidade. — Deixar as folhas caírem, mas ainda assim, seguir em frente?
Souta não respondeu imediatamente. Ele apenas olhou para as folhas que continuavam a cair, uma após a outra, como uma metáfora para o que estavam vivendo. Ele apertou sua mão com força, sentindo a intensidade do momento.
— Eu acho que podemos seguir em frente, Aoi — disse ele, finalmente. — E, quem sabe, a cada outono, as folhas que caem serão apenas um lembrete de que podemos sempre recomeçar.
Aoi fechou os olhos por um momento, sentindo a brisa suave tocar seu rosto e levando consigo todas as incertezas que ainda restavam. Ela não precisava de mais palavras. Tudo o que ela sentia estava ali, na conexão silenciosa entre eles, na certeza de que, independentemente do que o futuro reservasse, eles sempre estariam juntos, prontos para seguir em frente.
E assim, com as folhas caindo ao redor deles, o outono trouxe não apenas uma estação de mudanças, mas a promessa de que o laço entre Souta e Aoi seria fortalecido a cada novo dia. O tempo continuaria a passar, mas o que eles haviam encontrado um no outro era eterno.
O caminho que continuava à frente parecia agora mais claro, como se as árvores e as folhas caídas fossem os guardiões do que estava por vir. O outono, com suas cores quentes e melancólicas, envolvia-os em uma atmosfera de renovação e de resiliência. Eles caminhavam lado a lado, o silêncio entre eles não era vazio, mas preenchido por uma compreensão silenciosa, algo que se tornava mais profundo com cada passo.
À medida que avançavam, o sol começava a se pôr, tingindo o céu de tons de laranja e vermelho, criando uma paleta de cores que parecia refletir o próprio calor do vínculo que havia se formado entre eles. Souta olhou para Aoi, a imagem dela ao seu lado, tão serena, tão cheia de vida, preenchendo-o de uma sensação de paz que ele nunca soubera ser possível.
— Aoi... — ele disse, a voz mais suave do que antes. — Você já imaginou o que aconteceria se as folhas, em vez de caírem, decidissem ficar para sempre nas árvores? Como o outono seria, se as coisas não mudassem?
Aoi olhou para ele, refletindo por um instante. Ela viu a forma como ele olhava para o horizonte, como se estivesse ponderando algo muito mais profundo do que a simples observação do cenário ao redor deles. Ela sabia que ele estava questionando, não o mundo físico, mas a essência da vida, da mudança, e de como o destino os havia colocado juntos.
— Eu acho que o outono seria mais triste, de certa forma — respondeu Aoi, seu olhar fixo nas folhas que caíam suavemente ao chão. — Se as folhas não caíssem, elas não poderiam se transformar, nem se renovar. Elas seriam parte de um ciclo incompleto. E talvez, se elas ficassem para sempre nas árvores, perderiam o brilho, a intensidade do momento. Cada estação precisa de seu fim para dar espaço para o novo.
Souta sorriu, tocado pela sabedoria tranquila de Aoi. Ele sabia que ela não falava apenas das folhas, mas da vida, do ciclo natural das coisas, da aceitação das mudanças que, muitas vezes, eram dolorosas, mas necessárias para o crescimento.
— Eu entendo o que você quer dizer, Aoi — disse ele, parando por um momento e olhando diretamente em seus olhos. — Às vezes, eu sinto que nossos momentos são como as folhas caindo. Eles podem ser efêmeros, mas também são essenciais. Cada encontro, cada separação, nos transforma. E, de algum jeito, cada mudança é como um renascimento.
Aoi sorriu suavemente, e a expressão em seu rosto refletia a profundidade do que ele havia dito. Eles estavam juntos ali, naquele momento, porque haviam sido capazes de passar pelas estações da vida. As perdas, os reencontros, tudo havia se entrelaçado para que estivessem prontos para este novo ciclo, juntos. Era como se cada experiência que viveram, em todas as suas vidas, os tivesse preparado para isso.
— Eu nunca imaginei que o outono poderia significar tanto para mim — disse Aoi, olhando novamente para as folhas ao redor. — Mas, agora, vejo que ele é mais do que apenas uma estação. Ele é um reflexo de nossa jornada.
Souta assentiu, tomando a mão de Aoi com firmeza, como se quisesse garantir que nada os separasse, que eles permaneceriam unidos, não importando o que o futuro reservasse.
— Nós somos como o outono, Aoi — disse ele, suas palavras cheias de emoção. — Há beleza na queda das folhas, na forma como elas se entregam ao vento. Elas deixam para trás tudo o que foram para dar espaço a algo novo. E nós… nós também podemos fazer isso. Podemos deixar ir o que nos pesa, o que já não nos serve, e seguir em frente.
Aoi sentiu uma onda de emoção ao ouvir suas palavras. Era como se ele estivesse falando diretamente ao seu coração, tocando algo profundo que ela não sabia que ainda existia dentro de si. Ela apertou sua mão, sentindo que naquele momento, tudo parecia fazer sentido. O ciclo da vida, a queda das folhas, o renascimento – tudo isso se aplicava a eles. Eles não precisavam ter todas as respostas, não precisavam controlar o futuro. O que importava era o que eles estavam construindo juntos naquele momento.
— Vamos deixar o que não nos serve cair, então — disse Aoi, com um sorriso suave. — E caminhar juntos para o que vem a seguir.
Souta sorriu de volta, seus olhos brilhando com uma confiança renovada. Eles estavam prontos para tudo. O outono trouxe consigo a promessa de novos começos, e, com isso, a certeza de que juntos poderiam enfrentar qualquer estação da vida.
Enquanto continuavam a caminhar, as folhas caíam ao redor deles, como se o próprio mundo estivesse celebrando sua decisão. Cada passo que davam era uma afirmação de que o amor, a aceitação e o renascimento estavam ao seu alcance. O vento sussurrava suavemente, como se estivesse dizendo-lhes que, mesmo nas mudanças mais profundas, havia uma beleza imensa, um propósito que estava sempre presente.
O outono os envolvia, não como um fim, mas como um começo. E assim, com cada folha que caía, cada lembrança do passado que se desfazia, eles sabiam que estavam prontos para enfrentar o futuro, juntos.
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Atualizado até capítulo 20
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