CAPÍTULO 13

Ainda naquela tarde, eu estava no quarto da senhora Elina, penteando seus cabelos prateados com delicadeza. Ela se olhava no espelho com um brilho nos olhos, apreciando cada movimento meu.

Apesar da idade avançada e do peso do Alzheimer, sua vaidade permanecia intacta. Ela amava se arrumar, especialmente passar batom vermelho, e eu adorava vê-la se sentir bonita.

— E então, senhora Elina? Gostou do penteado? — perguntei, ajeitando os últimos fios.

Ela sorriu, seus olhos marejados de emoção ao se ver refletida no espelho.

— Está lindo, minha nora.

Meu coração se apertou levemente. Ela sempre me chamava assim. No seu mundo, Nathan ainda era uma criança de três anos e, na sua cabeça confusa, eu era sua nora. No começo, tentei corrigi-la, mas percebi que era inútil. Então, simplesmente aceitei.

— Está faltando algo muito importante — murmurei, pegando um batom vermelho vibrante e deslizando-o suavemente por seus lábios finos.

Ela se olhou novamente e abriu um sorriso largo, como uma criança ganhando um presente inesperado.

— Agora sim, estou uma dama!

Ri baixinho e a envolvi em um abraço apertado. Se pudesse, a esmagaria de tanto carinho. Ela me lembrava alguém que precisava ser protegida do mundo.

— E agora, minha dama encantadora, vamos até seu filho. — Anunciei, empurrando delicadamente sua cadeira de rodas em direção à sala.

Jacob estava sentado no sofá, imerso na leitura de um livro. Ao ouvir minha voz, ele ergueu o olhar, removendo os óculos com um movimento elegante.

— Olha só quem veio toda produzida para te ver! — brinquei, parando a cadeira bem à sua frente.

Ele pousou o livro de lado, um sorriso sincero surgindo em seus lábios. Seus olhos passearam pelo rosto da mãe, e um brilho de ternura os iluminou.

— Mamãe, você está deslumbrante. — Sua voz era carregada de doçura, e Elina sorriu, satisfeita.

— Minha nora cuida muito bem de mim — disse ela com orgulho.

Senti minhas bochechas pegarem fogo. Jacob arqueou uma sobrancelha, um pouco surpreso.

— Minha nora? — Ele repetiu, a diversão evidente em seu tom.

— Sim, você finalmente acertou, meu filho — declarou Elina, radiante.

Minha vontade era me enfiar debaixo do sofá. Jacob apenas sorriu, sem corrigi-la. Talvez, assim como eu, ele tivesse percebido que não adiantava contrariá-la. Em algumas horas, ela esqueceria tudo e voltaríamos ao mesmo ponto.

Ele segurou a mão dela com carinho, enquanto eu me sentei e peguei o celular, enviando uma mensagem para a instrutora de yoga recomendada pela médica. Depois, deslizei o dedo pelas redes sociais, mas logo perdi o interesse.

Suspirei, desanimada.

Yoga para gestantes... A maioria das aulas era feita em dupla.

Eu ficaria sozinha.

Mordi o lábio, sentindo um aperto no peito.

— Não dá... — sussurrei para mim mesma.

Jacob desviou a atenção da mãe e me observou atentamente.

— Mia, está tudo bem? — perguntou, sua voz carregada de preocupação.

— Sim, está sim, senh... Quer dizer, Jacob. Eu estou bem. — Forcei um sorriso, mas não soou convincente nem para mim.

Ele inclinou a cabeça levemente, estreitando os olhos.

— Não tente me enganar. Eu sei quando algo está te incomodando. Me diga, talvez eu possa ajudar.

Suspirei, hesitando.

— Infelizmente, acho que você não pode me ajudar nisso... — murmurei, olhando para as próprias mãos.