CAPÍTULO 09

         Ao chegarmos ao hospital, fui imediatamente tomada por uma sensação de pequenez. O prédio imponente, as paredes de vidro refletindo a luz do sol, a recepção luxuosa e silenciosa. Tudo ali transbordava elegância e poder, um lugar feito para pessoas ricas, importantes.

Engoli em seco e ajeitei minha bolsa no ombro, sentindo meu corpo enrijecer. Será que eu realmente pertencia ali?

— Pronta? — A voz de Jacob soou baixa e firme ao meu lado.

          Virei-me para ele, que já me observava com aquela intensidade característica. Seu olhar desceu até minha mão, que se fechava instintivamente ao redor da alça da bolsa. Ele percebeu minha hesitação.

Sem dizer nada, colocou a mão firme e quente em minhas costas, guiando-me com um toque seguro e protetor.

— Venha, Mia — disse ele, sua voz um misto de paciência e autoridade. — Não há nada com que se preocupar. Estou aqui.

          Deixei que ele me conduzisse para dentro. Cada passo que eu dava parecia me arrastar para um mundo que não era meu, mas, de alguma forma, Jacob fazia com que tudo parecesse menos intimidante.

Enquanto aguardávamos o atendimento, ele foi cumprimentado por vários funcionários. Todos o olhavam com respeito, alguns até com admiração. Era claro que ele era alguém importante naquele hospital.

Ele conversava com naturalidade, mas nunca deixava de lançar olhares discretos na minha direção, como se quisesse garantir que eu estava bem.

Até que, finalmente, ele se voltou para mim.

— Venha, Mia — chamou, sua voz mais baixa agora, quase íntima.

Levantei-me, sentindo um arrepio percorrer minha espinha.

A porta do consultório se abriu, e hesitei por um momento antes de entrar.

Jacob percebeu e, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, inclinou-se ligeiramente para mim.

— Quer que eu entre com você? — Sua voz era suave, mas carregava uma firmeza tranquilizadora.

Mordi o lábio, sem saber se deveria aceitar.

— Eu não quero atrapalhar — murmurei.

Ele sorriu de um jeito genuíno.

— Você não atrapalha. Vamos, eu a acompanho.

Meu coração aqueceu com sua gentileza. Apenas assenti, e entramos juntos.

        A médica estava sentada atrás da mesa, folheando alguns papéis. Ela ergueu o olhar assim que entramos, seus olhos analisando-me com profissionalismo e uma pitada de curiosidade.

— Mia — disse ela, sua voz carregada de um tom acolhedor. — Seja bem-vinda. Pode se sentar, fique à vontade.

Sentei-me e respirei fundo. Jacob permaneceu ao meu lado, as mãos nos bolsos do terno, sua presença sólida e reconfortante.

        A médica iniciou a consulta com perguntas básicas sobre minha gestação, meu estado de saúde e qualquer sintoma recente. Respondi a tudo com sinceridade, enquanto Jacob ouvia atentamente.

— Agora, vamos ver como está esse bebê — disse ela, sorrindo antes de se levantar e indicar a maca ao lado.

Meu coração disparou.

Deitei-me devagar, sentindo o nervosismo crescer dentro de mim.

— Com licença — murmurou a médica, puxando delicadamente minha blusa para cima, revelando meu ventre.

Fechei os olhos por um segundo, tentando me preparar para o momento que viria a seguir.

O gel frio tocou minha pele, e um arrepio percorreu meu corpo.

— Pronto para ver seu neto, doutor Frei? — brincou a médica, olhando para Jacob com um sorriso leve.

         Jacob cruzou os braços, o olhar fixo na tela.

— Mais do que pronto — respondeu ele, a voz levemente rouca mas intensa.

O aparelho começou a deslizar sobre meu ventre, e logo a imagem apareceu na tela.

— Olha o que temos aqui… — murmurou a médica, girando levemente a sonda.

Segurei a respiração quando vi aquele pequeno ser se mover na tela.

— O bebê está com um peso excelente, e a idade gestacional confirma quatro meses — explicou ela.

Então, o momento mais esperado chegou.

O som preencheu a sala.

Tum-tum-tum-tum-tum.

O coraçãozinho do meu bebê.

Meus olhos se encheram de lágrimas.

Jacob se aproximou do monitor, seu olhar cravado na tela. Eu vi. Ele sentiu. Foi como ouvir o coração de Tim.

A médica sorriu.

— Vamos ver se conseguimos descobrir o sexo do bebê.

Senti meu peito se apertar.

— É uma menina — murmurei, convicta, antes mesmo da médica confirmar.

Ela arqueou uma sobrancelha.

— Você já fez a sexagem fetal?

Neguei com a cabeça, mas minha voz saiu firme:

— Não… Mas eu sei que é. Eu a vi no meu sonho.

A obstetra sorriu de leve, voltando-se para a tela.

Jacob franziu o cenho, analisando as imagens com atenção, ele era médico e, obviamente, entendia do assunto.

— É uma menina — disse ele, sua voz carregada de certeza.

Antes mesmo da médica confirmar.

Ela riu suavemente.

— Uau, Mia… Você acertou. Parabéns. É uma menina forte. E olhe só…

Ela apontou para a tela.

— Ela está chutando agora.

Meu coração quase parou.

Vi minha pequena se movendo, cheia de vida.

Um soluço escapou de meus lábios.

Jacob olhou para mim. Nossos olhares se encontraram.

E sorrimos um para o outro.

Nem lembro a última vez que sorri assim…

        A consulta terminou pouco depois, e eu ainda sentia como se estivesse flutuando.

Quando saímos do consultório, Jacob parou ao meu lado.

Ele olhou para mim, um sorriso raro e genuíno curvando seus lábios.

— Uma menina… — disse ele baixinho, como se ainda estivesse absorvendo a notícia.

Engoli a emoção, assentindo com um sorriso trêmulo.

— Sim… Uma menina.

Leo, o motorista, se aproximou, surpreendendo-me.

— Mia, o Leo veio buscá-la. Eu preciso entrar em plantão agora — explicou Jacob. — Mas qualquer coisa, você me liga. Está bem?

Assenti, segurando minha bolsa, pronta para ir.

Mas, antes de partir, parei.

Virei-me para ele.

— Senhor Jacob…

Ele se virou imediatamente, como se esperasse algo.

         Aproximei-me um pouco mais e, com as mãos trêmulas, retirei a pequena foto da ultrassonografia do envelope.

— Quero que fique com isso — disse, estendendo a imagem para ele.

Jacob piscou, surpreso. Seu olhar deslizou da foto para mim.

        Por um instante, ele não disse nada. Apenas pegou a imagem com cuidado, segurando-a como se fosse algo frágil e precioso.

Então, um pequeno sorriso puxou o canto de seus lábios.

— Obrigado, Mia — murmurou. Sua voz soava diferente… mais suave. — Isso significa muito para mim.

Apenas sorri em resposta.

E então, virei-me e segui de volta para a mansão.

Sem saber que, naquele momento, algo muito maior estava mudando entre nós.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***